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sábado, 9 de novembro de 2019

Eu, minha criança



"A criança interior é responsável pela nossa conexão com o nosso processo criativo, com o nosso poder de atrair o que queremos através da vibração de alegria que emanamos. Em desequilíbrio não criamos, viramos reféns das frequências que vibram de forma inconsciente, que traz para a nossa realidade todos os processos de espelhamento."
Texto de Renata Pereira.

"Vinde a mim as criancinhas, pois delas serão o Reino dos Céus";  Jesus.
Por que será que Jesus disse isso e ninguém entendeu, ou entendeu que somente as crianças que teriam condições de entrar no Reino dos Céus?
Para o Universo somos crianças em fase de aprendizado.
Infelizmente, e isso faz parte da evolução, ao longo da vida somos inundados com crenças e limitações infundadas. Mas isso também tem um propósito, essas crenças são para que possamos vivenciá-las e aprendermos a lidar com elas.
Todo tipo de processo não deve ser evitado e sim vivenciado, sem deixar que nos limite ao processo evolutivo.
Vamos nos lembrar da infância. A minha foi solitária, porém não sabia o que era ser solitária. Brincava sozinha e amava tudo! Criava meus próprios brinquedos: vaquinha de chuchu, boneca de espiga de milho, bolo de barro, cabana de folhagens, floresta imensa no meu quintal, enfim, eu era o brinquedo. E amava tudo isso. Toda criança tem esse processo criativo e que com o tempo se acaba. Ou então na infância mesmo, a criança é privada de brincar como deve ser, explorando sua imaginação.
Hoje é tecnologia, que também não é ruim, pois a criatividade pode ser desenvolvida na criação de infinitas ferramentas facilitadoras para o trabalho humano.
E mesmo assim ainda são privadas de exercer a criatividade. Talvez pela falta de incentivo,  não sei, e também por ouvir muitos "ditados", isso é pecado, tem que... para que... para ser... isso não dá dinheiro... moça de família... pai de família... ou seja, costumes impostos sem nenhum fundamento. (eu acho que não tem nenhum fundamento qualquer tipo de tradição).
Quando Jesus diz que o Reino dos Céus são das crianças, creio eu, é o modo como elas convivem com todos.
Não guardam mágoa, amam incondicionalmente, não têm preconceito, nem racismo, não sabem o valor do dinheiro e nem o valor das coisas, mas prezam e procuram muito o valor do coleguinha. Não são vingativos, riem de tudo, brincam, se divertem, criam, choram...
Tudo isso é a base para a vida adulta fluir... Já nascemos sabendo e não usamos essa sabedoria na idade adulta.
O que é preciso para ser próspero e abundante?
Tudo o que criança faz! Na inocência, sabe-se viver como adulto e adulto se esquece de sua criança interior.
Um detalhe sobre como não cultivar a ansiedade na primeira fase da vida. O soltar...
O soltar significa não ficar ansioso e nem duvidar que algo chegará até você. Essa é uma Lei poderosa do Universo para realizarmos nossos desejos. Você deseja algo, imagina-se na situação de já ter esse algo, com gosto, cheiro, tato, cores e depois solta, na certeza de que tudo é real e que já tem o desejo realizado. O Universo trará a você exatamente a sua imaginação. O Universo não sabe o que é real ou imaginário, não sabe se é bom ou ruim, se pode ou não pode. É o foco, a fé.
Onde entra a criança nisso? Criança já sabe o dom que tem, brinca, imagina, conversa com o brinquedo e... Depois vai dormir. Solta... E no outro dia começa tudo de novo, imagina tudo de novo e a imagem holográfica (como o Universo lê) fica em sua mente. Dependendo do que a criança mais gosta de brincar, esse é o projeto de vida dela. E daí vem o adulto e priva-a de todo o dom despertado, porque não é bom, não dá dinheiro blá blá blá.
E cria-se um adulto infeliz, com vida conjugal infeliz, trabalho infeliz, sem prosperidade e sem sonho nenhum.
Outro fato interessante, sobre os bebês e crianças menores. Por que são tão adoráveis? Acho que se não fossem, não teriam satisfeitos seus desejos, já que não sabem se comunicar direito. Tudo em bebê e em criança pequena é fofinho, é lindinho e quando aprendem algo são aplaudidos, abraçados, amados! Tudo que todo mundo precisa para prosperar.
Amor. Somente amor. Amor é a base de tudo e criança sabe disso como ninguém.
Elas emanam vibração de amor para nos atrair. Depois começam as chantagens e os famosos testes de nossa paciência. Mas basta um sorriso e pronto, tudo por água abaixo.
Dia desses, fui num evento e eu brinquei de jogar bexiga com o filho de uma amiga, no meio do povo lá. Todo mundo esperando e ele e eu jogando bexiga. Eu amava jogar bexiga quando era criança. Brincava sozinha, claro...
Por que perdemos todo esse encanto?
Podemos fazer um teste.
Quando tiver algo a ser resolvido e não encontrar solução e não ter a mínima criatividade pra isso, pergunte a sua criança interior o que ela faria pra resolver. Acho que você vai se surpreender.
Lembro quando meus filhos eram pequenos e eles viam algo e perguntavam o que era. Talvez um brinquedo diferente... E eu respondia apenas "é um brinquedo". Simples assim e eles se contentavam com a minha resposta. Até hoje eu dou respostas assim quando perguntam, por exemplo. o que vou fazer para almoçar? Eu só respondo "comida". E eles riem.
Por onde anda sua criança interior?

Clara Lúcia

terça-feira, 10 de julho de 2018

AS PANTUFAS DE NONNA


O tempo era meio esquisito no inverno, num dia um calor seco, no outro um frio cortante, daqueles de soltar fumaça pela boca. Ana Vitória nem podia sair de dentro de casa para brincar, devido a sua sensibilidade com o clima seco. Sofria no inverno a pequena. Mas invenções para brincadeiras é que não faltavam para entretê-la.
Ana Vitória, uma menina de cabelos encaracolados, olhos grandes e verdes, sardas no nariz e, no auge dos seus cinco anos, as janelas na boca eram inevitáveis. Os quatro dentes de leite da frente já não faziam mais parte de sua figura. Era uma criança doce, meiga, porém teimosa como uma mulinha em crescimento. Adorável quando queria alguma coisa, cativante para evitar broncas por alguma travessura, mas educada, que era o que mais importava.
Em sua casa, além dela e seus pais, sua bisavó vivia com eles em harmonia perfeita. Afinal que família não vive em harmonia quando se tem uma bisneta a querer brincar com a bisavó fazendo-a sentar no chão e cruzar as pernas? Ana fazia isso e depois gritava pela mãe para ajudar a nonna a se levantar. E ria da situação. Nonna se divertia demais! Fazia de propósito só para ouvir as gargalhadas da bisneta. E ficava mole quando sua neta, mãe de Ana Vitória, ia acudi-la para se levantar. Percy, mãe da pequena, tinha medo de nonna se machucar ou quebrar algum osso. "Que nada", dizia nonna, "aguento muita coisa ainda, fia".
E nesse tempo frio, Percy fez pantufas para nonna, toda colorida em crochê. Ela adorou! Qualquer ventinho mais frio que dava, lá estavam as pantufas a esquentar os pés da nonna.
Ana Vitória também ganhou pantufas, mas as dela eram de ursinho bem peludo. Tinham a sola antiderrapante e eram bem macias. Já as da nonna eram somente em crochê, sem sola antiderrapante nem nada. Mas  eram quentinhas e confortáveis. Nonna calçava-as e ficava sentada no sofá cobrindo as pernas com uma manta leve.
Ana Vitória ficava observando as suas pantufas e comparando com as da nonna. Eram diferentes uma da outra, apesar de terem o mesmo nome, deduzia a pequena. Ana indagava a bisavó sobre a sola não ter aquelas bolinhas, as antiderrapantes, e nonna apenas dizia que as pantufas que tinham bolinhas eram somente para crianças felizes poderem correr, brincar e não cair. Ana abria uma sorriso, colocava seu pé do lado do pé de nonna e comparava o tamanho, depois dava um beijo na bochecha dela e voltava aos seus brinquedos.
Num dia frio nonna preferia não se aventurar no chão com a bisneta. Mas engana-se quem imaginava que Ana Vitória ficasse quieta perto da nonna! Fazia questão de trazer seus brinquedos para perto dela, arrumava tudo em volta dos pés da nonna formando um círculo, e ali cantarolava com as bonecas e fazia chá para servir à nonna.
Percy ficava observando a criatividade da filha com a bisavó e sentia paz. A diferença de idade era de oitenta anos, porém não fazia a menor diferença. Nonna, encurvada e com os cotovelos apoiados nos joelhos, entrava na brincadeira e fazia tudo que Ana Vitória pedia. E riam descontroladamente das caretas que nonna fazia quando tomava o chá.
Percy, que ficava observando da porta da sala, ria também e se lembrava de quando era criança e nonna fazia chá para os netos. Era o chá de cheiro, saboroso e perfumado. Sempre era acompanhado por pão caseiro, bolinho de chuva ou bolo de fubá. Os netos se fartavam com as delícias de nonna! Depois de moça é que Percy descobriu o segredo do chá, apenas água com açúcar. E pensava que além desses dois ingredientes, havia também muito amor envolvido, muito capricho e bom humor. Percy fechava os olhos e imaginava o aroma do chá de cheiro com o pão caseiro invadir a casa... E olhava para a filha que brincava com nonna e se emocionava pela falta de seu bisavô e de seus pais, todos falecidos. A família havia diminuído, mas a energia do amor enchia a casa de Ana Vitória!
Não sabia por mais quanto tempo nonna estaria entre eles, mas fazia questão de proporcionar o maior conforto possível para ela. E fazia questão de Ana Vitória participar de tudo e ter uma lembrança maravilhosa da infância ao lado de nona por toda a vida.

Clara Lúcia

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Silêncio! Estou Ouvindo...


      Numa manhã de outono, terça feira, Alice acordara animada, afinal era dia de trabalho voluntário no Hospital do Câncer, na ala infantil, sua ocupação mais prazerosa.

      Para ela, o trabalho voluntário era mais que uma obrigação, pois anos atrás fora muito bem acolhida, cuidada e recuperada devido a um pequeno aneurisma que deixou-a em coma por uma semana.

      Trabalho voluntário sempre esteve nos seus planos, mas sempre havia uma desculpa para adiá-lo. E agora chegara a hora, agora era o depois... Depois do coma... Depois de quase morrer... Depois de se desgastar com futilidades... Depois de uma vida recheada de bens materiais e vazia de afeto.

      Alice ficava eufórica por encontrar as crianças, mas ficava na expectativa de algumas não estarem mais por lá, ou por terem voltado para casa ou por terem ido morar na casa do Pai. E lamentava, orava, ali mesmo, no meio de todos, com os olhos fechados, apenas mexendo os lábios e olhando para o alto, convicta de que Deus ouviria suas súplicas.

      No começo era difícil, Alice tinha crises de choro, de dor imensa, de revolta, mas foi se acostumando a fazer tudo com naturalidade. Incrível como acostuma-se com tudo, até com o sofrimento alheio. Via o brilho especial nos olhos das crianças, como se implorassem por vida, por salvação, mesmo não tendo conhecimento da gravidade da doença. Cruel, pensava, orava e continuava sua missão, com paciência, sorriso carimbado e um carinho na cabeça de cada criança.

      O que Alice queria era ficar o tempo todo por ali, mas pelas regras do Hospital, só era permitido duas horas semanais. Muito pouco, porém, melhor que nada. Eram as duas horas mais preciosas da semana.

      Um dia, andando pelos corredores, uma voz chamou-lhe a atenção. Parou na porta para saber de quem era aquela voz doce, que contava pausadamente e fazia gestos com a mão, mesmo a mulher acamada estando de olhos fechados. Não se conteve e se emocionou. Não interrompeu a senhora contadora de histórias e seguiu seu rumo.

      Nunca mais seus dias de voluntariado foram os mesmos. Depois de acariciar a cabeça das crianças, andava pelos corredores procurando a senhora meiga de voz suave e suas fabulosas histórias. Nunca mais viu-a. Dias se passaram e a curiosidade em saber da senhora não cessava.

      Um dia, brincando com as crianças, um pensamento lhe veio: "Mas claro, eu conheço essa voz!", pensou.

      Alice se lembrara daquela voz, das histórias, das fábulas...  No tempo em que estava em coma ela ouvia aquela voz... Aliás ela ouvia tanta coisa, familiares, médicos e enfermeiros... Contou tudo isto depois, mas aquela voz tinha marcado seu silêncio. Sempre aparecia no silêncio, na penumbra. Uma paz, uma vontade de viver... Por onde andava a senhora contadora de histórias? Ela falecera!

      Não se conteve em lágrimas, para estranhamento de todos, porque nem conhecia a senhora.

      Como não? Claro que conhecia! Ela me contava histórias enquanto eu dormia...

      Mesmo lidando com a morte, esta notícia caiu-lhe como um raio fulminante, como um punhal fincado no peito.

      É a lei da vida, a morte! Ela chega sem avisar e nos arranca a alma, nos dilacera e abre uma cratera no peito, difícil de fechar.

      É claro que ninguém entendeu nada... Claro que não! Mas nem precisava... Só Alice ouviu, só ela sentiu e só ela sabe o poder de uma palavra na hora certa. Um anjo humano que doa um pedaço da vida, uns minutos silenciosos, uma fresta de conforto a quem precisa, no dia certo, na hora certa e no momento adequado.

      Que Deus a tenha!

      Texto publicado em 16 de agosto de 2011. Editado.


segunda-feira, 9 de junho de 2014

Nem Tudo é Por Acaso


      Ainda estava chuviscando quando Helena saiu de casa, batendo a porta de casa, sem rumo. Estava cansada da vida e não queria mais voltar para aquele lugar onde simplesmente a maltratavam. Eram cobranças e mais cobranças, humilhações, palavras grosseiras, xingamentos...

      Sentada na calçada e arrepiada de frio várias lembranças lhe vieram à mente. Como no dia em que sua mãe trancara-a no galinheiro, quando passavam o fim de semana na chácara, com o Sol do meio-dia a queimar-lhe a pele branca, sem água, por um longo período. Helena ficava sentada num canto observando a vida das galinhas. Ciscavam, olhando para os lados e depois bicavam algo que achavam no chão. Depois se ajuntavam num canto com sombra fresca e ficavam cochilando. E como um relógio londrino pontualmente se empoleiravam em seus devidos paus para passarem a noite. As lágrimas lhe escorriam pelo rosto quando a mãe finalmente lhe permitiu voltar para casa. De cabeça baixa andava sem pronunciar nenhuma palavra. Entrava no quarto e se jogava na cama. Mas sabia que era tempo suficiente para sua mãe entrar e lhe mandar tomar banho, pois onde já se viu deitar na cama fedendo a galinheiro? Mais uma vez obedecia, calada.

      Sem saber que aquele lugar era perigoso, Helena continuava, chorando, de cabeça baixa. Carros passavam, buzinavam, mexiam com a garota e até ensaiavam uma parada para conversar com ela. Sorte que nunca acontecera nada com a jovem. Como dizia sua mãe, apesar de todas as agressões, que seu santo protetor era forte e estava sempre de prontidão porque por ela já estaria morta e enterrada.

      Helena não entendia o motivo de tanta agressividade. Ainda distraída sentiu um arrepio quando uma mão tocou-lhe o ombro. Olhou e não viu ninguém. Levantou-se e começou a caminhar, ainda de cabeça baixa e olhando para trás o tempo todo. Sentia que estava sendo seguida. Acelerou os passos. Começou a correr e atravessou a rua sem olhar para os lados. Não percebeu que um carro vinha em alta velocidade. Antes de chegar na metade da rua, tropeçou e caiu. As rodas passaram rente a sua cabeça arrancando-lhe alguns fios de cabelos. Helena levantou-se assustada, ofegante e começou a chorar compulsivamente. Um vulto, uma luz clara estava a sua frente e lentamente foi sumindo. Chorou...

      Na calçada olhava para os lados sem entender o que acabava de acontecer e correndo voltou para casa. Antes de entrar ouviu sua mãe desesperada ligando para a delegacia dizendo que sua filha havia sumido, que era sozinha e que não podia perder a única coisa preciosa que tinha no mundo. Helena se escondeu e chorou mais ainda. Viu a mãe sair aflita no portão e gritar seu nome. Limpou as bochechas encharcadas de lágrimas, saiu do esconderijo e se colocou frente a sua mãe.

     Compulsivamente a mãe correu e lhe abraçou, mas em questão de segundos empurrou-a e começou a lhe dar tapas na cabeça, xingando-a de vários nomes, alguns novos, outros antigos, outros tão ofensivos que Helena tapou os ouvidos, entrou e se trancou em seu quarto. Um sussurro lhe fez arrepiar, dizendo-lhe: "Aguente firme, falta pouco...". Helena levantou-se e ficou encostada na parede, num canto, olhando cada canto daquele pequeno cômodo úmido e bagunçado. Apenas uma cama velha e um guarda-roupas  sem uma das portas mobiliavam seu quarto. A luz era fraca para evitar o desperdício, como dizia sua mãe. Uma pequena janela mal ventilava e mal dava para entrar os raios de Sol.

      Helena se assustou com os murros que sua mãe dava na porta, mandando-a abrir pois merecia uma surra maior. Amedrontada, Helena escorregou o corpo na parede e sentou-se, abraçando as pernas. Deitou a cabeça nos joelhos e chorou como uma criança indefesa. Sentiu uma mão acariciar-lhe a cabeça. Arrepiou, se levantou assustada e abriu a porta. Preferia enfrentar a surra da mãe do que lidar com o desconhecido. Abraçou-a, dizendo que amava-a, e que não faria mais isso, que não mais fugiria. Clotilde, a mãe, ainda tentando se desvencilhar do abraço inesperado da filha, cedeu ao apelo indefeso e chorou também. A impressão que Clotilde tinha era que a pequena Helena não havia crescido, que ainda era aquela pequena gorduchinha de cabelos cacheados, amorosa, querida, indefesa, que num certo momento de fúria de seu falecido marido, ficou no meio dos dois numa briga. O pai estava armado e ela, calmamente, mesmo com pouca idade, conseguira tirar-lhe o revólver e este, sem querer, disparou direto em seu coração. Morte instantânea. Apesar das constantes ameaças e das surras, Clotilde defendia o marido. Era um homem bom quando estava sóbrio, dizia para todos. Um dia ele para de beber e tudo fica na paz, repetia incansavelmente, como um mantra, na esperança dos céus ouvirem e lhe concederem essa graça.

      Por uma bênção de Deus Helena não se lembrava desse dia. Clotilde se sentia perturbada até então, pois o grande amor de sua vida, mesmo que agressivo, lhe fora arrancado assim, por uma criaturinha tão indefesa.

      Clotilde se rendeu ao abraço carinhoso da filha e chorou... Pediu perdão a Deus, e a ela. Mentalmente, pois ainda não se sentia capaz de dizer palavras doces naquele momento. Era um começo, uma redenção, uma libertação. Questão de tempo para viverem bem a partir daquele dia.

      Clotilde se tornou mais serena, mais tranquila e casou-se novamente, com o dono da barbearia em que seu marido frequentava. Não o amava, mas era uma pessoa decente, calma, metódica e respeitadora. Uma vida tranquila e sem novidades para as duas. Helena ainda tinha crises de choro, ainda se assustava com clarões, com barulhos estranhos, com mãos geladas, com arrepios, mas sabia que com o tempo tudo sumiria, ou então aprenderia a lidar com seus pavores mesmo nunca mais ter sentido a presença do desconhecido, da mão no ombro, do afago na cabeça e nem dos sussurros.

      Fim.

      P.S. Eu não terminaria o texto dessa forma, decifrando tudo, mas sei que muitos ficariam indignados e curiosos, então aí está o final, redondinho.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Quase 19

Imagem Google

Esta semana morreu meu cachorro idoso... Quase dezenove anos. Dezoito e oito meses, pra ser mais exata.

A imagem é do Google mas é como se eu estivesse vendo ele, todo engravatado, quando tomava banho e aparava os pelos.

Um companheiro de uma vida inteira, mesmo nos meus momentos mais difíceis... Sim, ele estava segurando minhas pontas naquela fase ruim, nas tristezas, falta de paciência, falta de dar atenção... Mas sempre estava no meu pé, ao meu lado, onde eu estivesse.

Minha avó falava que é bom ter animais pois eles têm o dom de puxar pra si os fluídos negativos. São como pára-raios e nos protegem, como anjos.

Se eu fosse dar ouvidos a todos que vinham na minha casa e ficavam sabendo de sua idade, eu já o teria "matado" há uns cinco anos. Não teria coragem de jeito nenhum!

Ele não adoeceu... Viveu bem, nos seus limites, até o fim. Morreu deitado perto de sua casinha, de sua água e sua ração. Estava cego, surdo e sem olfato. Mas se nós estivéssemos por perto ele ia tateando com o focinho até esbarrar nas nossas pernas, abanava o cotoquinho do rabinho e ficava por ali. De uns anos pra cá reservei um lugar fechado pra ele. Não um lugar pequeno, mas que dava pra ele andar e saber onde estavam suas coisas. E sabia! Só no último mês é que deixei meus outros cachorros ficarem mais perto dele. O portão ficava aberto e iam e vinham, menos ele que não achava o portão, então ficava sempre no seu espaço. Os outros queriam brincar com ele, pulando em sua cabeça e ele, irritado, não enxergando nada e não sabendo de quem se tratava, ficava rosnando. Depois se acostumou e nem dava mais bola pros outros, os pentelhos arteiros da casa.

Na manhã em que ele não conseguiu mais se levantar, assim que me levantei, os outros já me avisaram. Olharam pra mim, latiram e foram correndo lá no fundo, no espaço dele, cheiraram ele e latiram pra mim como se estivessem me avisando. Foi de cortar o coração... E na manhã seguinte ele já não estava mais vivo...

O nome dele? Caco Antibes!

Meu protetor!

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

O Segredo de Lisa Miller


Última Blogagem Coletiva do blog Café Entre Amigos. 
Vamos participar? Cliquem AQUI!

      Depois que todos foram se deitar, Lisa, descalça, caminhou na ponta dos pés para não fazer ranger o assoalho antigo do casarão da família Miller, abriu a porta e se foi, sem rumo.

      A noite estava fria, mas não caía neve, apenas uma neblina densa que dificultava enxergar a estrada coberta por flocos brancos, porém sujos e escorregadios. As botas pesadas de Lisa Miller ajudavam-na a caminhar sem se estabacar no chão e chamar a atenção de algum possível andarilho que sempre passava por aquela região. Lisa, já sabendo que exatamente naquele dia o clima estaria bom, não titubeou e seguiu seu destino.

      Desde que nascera, Lisa era uma criança especial. Com dons capazes de quebrar qualquer pedra de um coração duro e rabugento. Bastava um sorriso daquela criança e a pessoa já se derretia toda colocando para fora seu lado mais amoroso e terno. Não havia quem não se encantasse com a pequena Lisa, gorduchinha e de bochechas rosadas. Os olhos puxados e melancólicos davam a impressão de tristeza, mas nunca ninguém vira Lisa chorar por sofrimento. Chorava sim, como toda criança, mas por dor, por algum tombo, algum arranhão ou algum corte no dedinho miúdo. Inocente demais, pura ao extremo, mesmo com a indiferença de sua mãe, conseguia amá-la e acarinhá-la, sabendo que logo após levaria uma bronca e um puxão de orelha, dos fortes, provocando um vermelhidão ardido. Lisa olhava para a mãe, com piedade, se afastava segurando as orelhas com as pequenas mãozinhas frágeis e ia chorar na sua cama, que ficava num canto da sala, pois na casa não havia acomodações suficientes para todos. Os outros irmãos, todos homens e mais novos que ela, dormiam com os pais. Lisa, desde bebê, fora acostumada a dormir sozinha, na imensa sala com poucos móveis.

      Cresceu, conseguiu arrancar a pedra de gelo do coração da mãe, que se tornou voluntária num orfanato, e se foi.

      No caminho, naquela noite escura e não tão fria, Lisa Miller parou, observou se havia alguém por perto, olhou para a lua que brilhava imponente no céu estrelado, fechou os olhos e abriu os braços. Num sopro, os braços viraram asas, suas roupas comuns se transformaram numa camisola comprida e branca, brilhante como uma estrela, os cabelos se alongaram e ficaram ruivos, da cor do fogo e Lisa começou a flutuar.

      Sua missão estava cumprida. Viera especialmente para a redenção de um anjo do demônio que teimava em permanecer na Terra, há centenas de encarnações, arrancando todos os fetos que germinavam em seu ventre. Lisa Miller tinha como missão quebrar a ruindade daquela alma, com amor, atenção, afeto e caridade, até que a luz Divina invadisse sua alma e transformasse numa mãe caridosa, para muitos filhos, quase todos do coração. Assim fez, assim Lisa se foi!

      Não sentiriam sua falta, pois todo o histórico de sua passagem pela Terra seria apagado e ninguém nunca saberia que um dia existiu uma garotinha tão doce como um pão da vovó salpicado de açúcar de confeiteiro, que quando encostava na boca se lambuzava e grudava nos lábios, que depois se transformava no beijo mais doce que alguém poderia ofertar. Essa era Lisa, um anjo do amor.

      Fim.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Viver de brisas

      Amanheceu e Cristina despertou com o cantar dos pássaros e maritacas, que todas as manhãs ficam nos fios de eletricidade da rua, em frente à sua casa, dando um bom dia a todos que por ali passam e despertando quem ainda dorme em suas casas. Abriu os olhos e em oração, pediu a Deus que mais um dia ela tenha forças e condições de chegar até à noite, tranquilamente.

      Acabara de se separar e, como toda separação, foi uma situação difícil que deixou muitos traumas e lembranças ruins. Agora era ela e as filhas, duas meninas, dois e quatro anos, a sobreviverem praticamente sozinhas. Cristina já trabalhava em casa desde que as filhas nasceram, mas o que ganhava mal dava para pagar as contas de casa. A alimentação, como era o ítem mais necessário, sempre ficava por último, e nem sempre sobrava o suficiente para alimentar as meninas com dignidade.

      Se levantou, arrumou o quarto, foi para a cozinha achar uma solução para aquele dia. Abriu a geladeira que tinha somente um pouco do arroz que sobrara do dia anterior, três cenouras e um ovo. E água gelada, claro. Pegou a água, encheu um copão e bebeu. Esse era seu café da manhã. Para as crianças, preparou um mingau com o que sobrara da farinha de trigo, com um pouco de água e açucar. Colocou em duas tigelinhas decoradas com joaninhas, salpicou canela em pó, preparou uma mesa com jogo americano, colheres pequenas e um copo de água para cada uma. No centro da mesa, colocou um vaso com flores naturais. Esperou que as meninas acordassem, e ficou imaginando o que faria para o almoço, com lágrimas nos olhos.

      Após a separação, quem ela considerava como sendo amigas, espalharam mentiras a seu respeito, fofocas, intrigas, e as pessoas foram se afastando aos poucos, inclusive sua família que tanto a paparicava. Mas Cristina sabia que isso acontecia por conta de sua situação financeira. E com a separação, foi perdendo tudo aos poucos, vendendo outras, só para poder pagar contas e colocar alimento em casa. Estava sem nada e sozinha. Mesmo assim não deixava que suas filhas percebessem qualquer coisa, qualquer dificuldade, e o que as meninas pediam, ela sempre dava um jeito de conseguir. E conseguia!

      Na hora do almoço, esquentou o arroz, ralou a cenoura e refogou com o ovo. Bom tempero, apesar das meninas não gostarem de cenoura. Arrumou a mesa como sempre fez, preparou o prato de cada uma, arrumando uma porção do arroz, usando uma xícara para dar forma, e ao redor, a cenoura com o ovo. Em cima, colocou um galho de salsinha. Enquanto as meninas perguntavam o que era aquilo, já fazendo cara de "não gosto", Cristina ia contando uma história, às vezes de princesa que estava de dieta, às vezes de crianças que estavam viajando para outro planeta e as meninas prestavam atenção e comiam sem reclamar.

      Nesse dia, Cristina não comeu nada; preferiu deixar o pouco que tinha para as filhas. Aliás, na noite passada, já havia resolvido que não comeria mais nada até conseguir pagar tudo o que devia e o alimento não fizesse falta para as filhas.

      Quando as meninas não estavam por perto, Cristina chorava, se ajoelhava no chão e agradecia a Deus por suas filhas não desconfiarem de nada, mas que lhe desse forças para passar os dias sem alimento, até que tudo estivesse regularizado. Enquanto estava de joelhos, toda sua vida lhe vinha à mente; todas as desavenças com o ex-marido, as intrigas da família, as dores das humilhações e agressões e isso sim, a fazia sofrer. Mas mesmo assim não reclamava, pois sabia que era uma questão de tempo para ela se ajeitar e viver com paz em sua casa. Mas a dor maior foi saber que sua família a condenou por essa separação, pois sempre acharam que eram o casal perfeito, que por terem uma vida confortável e farta, eram felizes juntos. O espanto de todos foi uma surpresa para Cristina, quando esta anunciou que estava se separando. Foi nesse momento em que percebeu que não era tão querida e respeitada como achava que era e resolveu enfrentar tudo sozinha, e começar tudo de novo, longe de todos. A família não mais a procurou e os amigos, aqueles que frequentavam as festas em sua casa, sumiram todos.

      Cristina olhava para as filhas e lhe doía o coração. As meninas tão pequenas, que só sabiam sorrir e brincar, saudáveis, carinhosas e espertas, nem imaginavam o que estava acontecendo em sua casa e pelo o que a mãe estava passando. Não comeria mais nada a partir daquele dia! Já era decidido. Na hora da fome, da fraqueza, Cristina ajoelhava e pedia forças a Deus, que não a deixasse cair, que a mantivesse de pé e que suas princesas não percebessem nada.
   
      No final do dia, uma amiga lhe telefonou e disse que a visitaria naquela noite. Sem ter como despistar a visita, pois sabia que passaria vergonha, pois não tinha como servir um simples café, mais uma vez rogou a Deus que ela ficasse pouco tempo e que dispensasse qualquer agrado.

      Na hora combinada, Leonor chega de carro, abraça a amiga que não via há anos, e Cristina não aguentando, chorou em seu ombro, soluçando, mas feliz em ver a amiga querida, amiga de infância. Não se recordava o motivo do afastamento das duas, mas isso nem importava agora; a amiga estava de volta e agora tinha com quem desabafar. Convidou-a a entrar. Leonor pediu sua ajuda, abriu o porta-malas e Cristina quase teve um surto quando viu vários mantimentos ali dentro, e quase desmontou quando Leonor disse que trouxera aquela ajuda para ela. Na mesma hora, Cristina não se conteve e caiu de joelhos, e chorando e orando em silêncio, agradeceu a Deus mais uma vez.

      Leonor, sem entender nada, ajudou a amiga a se levantar e disse que poderia contar com ela para qualquer emergência, pois soube de sua separação e do que estavam falando a seu respeito. Como a conhecia desde a infância, não acreditou em nada e pressentiu que a amiga estivesse passando por dificuldades. Sem antes perguntar se estava realmente bem, passou no mercado e encheu o carro e foi se encontrar com Cristina.

      A partir daí, Cristina ficou mais sossegada, conseguiu equilibrar o orçamento doméstico, colocou as filhas em uma creche próxima à sua casa, arrumou um trabalho e hoje vive feliz, ainda sozinha, mas cuidando das filhas e esperando o momento certo de toda a verdade aparecer e mostrar às pessoas, o quanto foram injustas com ela, o quanto a julgaram e condenaram. Pode demorar, pensava ela, mas um dia tudo vai se esclarecer; mas será tarde demais, pois aquele cristal que lhe unia à família e aos amigos, se quebrou e nunca mais voltará a ser o mesmo.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O que eu acredito

Pegando carona no blog de minha querida amiga Maria Izabel - Blog Memórias de Vidas Passadas, ela nos pergunta quando foi o primeiro sopro do espírito sobre nós de que temos lembrança, se foi pela dor ou pelo amor.
Eu fui batizada, crismada e também me casei na igreja católica, mas não era frequentadora, e nem sabia quais os princípios que ela pregava. Até que num momento de muita dor, angústia, sofrimento, por livre e espontânea vontade passei a frequentá-la. À partir daí fiz a primeira comunhão e fiz o mesmo com meus filhos que ainda eram pequenos.
Mas com o passar do tempo, o que pregavam já não me sustentava mais o gosto de estar numa igreja celebrando a missa. Parei de frequentar, mas estou convicta de que não preciso estar numa igreja para ter Deus ao meu lado. Prefiro visitar a igreja quando está vazia de gente, onde eu posso meditar e conversar com Deus, além de admirar toda aquela beleza. Eu sinto paz.
Além disso, eu discordo do que a religião católica prega, porque eu acredito também em reencarnação, espíritos, vida após a morte, céu e inferno. Tenho o livre arbítrio para isso.
Eu acredito que voltamos de vidas passadas sim, para resgatarmos ou pagarmos algo que ficou pendente. E acredito também que voltamos nas mesmas raízes familiares.
Vocês já tiveram a sensação de que conhecem a pessoa de algum lugar, mesmo sem nunca tê-la conhecido?
E em coincidências? E um lugar que vocês nunca estiveram, mas se lembram dele? Elas existem ou tudo está marcado no livro do Criador?
É certo que temos o livre arbítrio, que temos escolhas e trilhas a percorrer. Por que alguns sofrem mais, outros são tão pobres, outros são caridosos, outros se tornam bandidos? Alguém sabe realmente a explicação?
No meu pensar já nascemos com a essência, e mesmo educados numa certa família que também tenha mais filhos, nunca seremos iguais uns aos outros, ou com a mesma índole.
Eu tomo meu exemplo: sou completamente diferente de meus irmãos e de meus pais. Já cheguei até a pensar não pertencer à família. Bem, passou. Mas por bem eu me afastei um pouco deles, por opção minha, mas continuo na retaguarda em ajudar meus pais ou quem precisar. Só não frequento mais a família como antes. Opção minha que creio eu, foi necessário, ou até por sobrevivência.
Então como se explica uma educação igual e filhos tão diferentes? Não digo diferença de gênio ou de atitude, mas diferença de vida, como se fôssemos todos estranhos.
Família é tudo, é a nossa base, a raiz, mas até a página dois. Não somos obrigados a conviver com quem não nos quer bem, com quem nos apresenta somente indiferença, inveja, ódio, rancor... Cada um é cada um e não é o sangue que corre nas veias que nos liga por laços que não existem.
Família é amor, carinho, compreensão, atenção, afeto, presença, confiança, VERDADE...
Meu sangue é igual ao de todo mundo... vermelho! E o que me liga às pessoas não é o parentesco e sim o sentimento. Não consigo ficar em um local onde sei que pessoas me desprezam.
Agora, onde entra a espiritualidade em tudo isso?
Eu sou uma pessoa muito intuitiva, e sei que tenho avisos que me aparecem vindos de não sei onde, mas que existem sim. Não tem explicação. E pensando neste assunto eu elaborei uma explicação: talvez na vida passada algo ficou pendente e nesta vida, com as mesmas pessoas, apesar de grande parte delas me odiarem, estão aqui esperando meu perdão. Esta eu sei que é uma missão que tenho, que já cumpri.
EU JÁ PEDOEI TODOS AQUELES QUE UM DIA ME FIZERAM MAL, QUE ME ODEIAM E QUE NÃO ME QUEREM BEM.
Desejo à todas essas pessoas todo o bem, como eu desejo para meus filhos. Somos todos filhos de Deus, nem mais nem menos, viemos do mesmo lugar e voltaremos para o mesmo lugar. Nascemos sem nada e morreremos sem nada, quer dizer, levaremos só o que aprendemos nesta vida terrena, o amor, o perdão...
Eu não sinto ódio de ninguém, apesar de já ter feito um post sobre ódio à uma pessoa, mas isso foi momentâneo e o que eu realmente sinto por essa pessoa é pena, piedade, mesmo que essa pessoa continue me prejudicando pelo resto da vida, não consigo sentir nada além disso. Pena!
Não sei se tem lógica o que eu disse aqui, mas é o que eu sinto, o que já me aconteceu, os avisos que já tive e tudo que já me foi mostrado.
Eu não canso de dizer que sempre tive muita sorte na vida. Apesar de todos os tropeços, todas as pedras, todas as lágrimas, todas as dores, todas as perdas, sempre, sempre e sempre portas foram abertas, pessoas abençoadas se aproximaram, sonhos não foram apagados e o amor triplicou... Tudo teve solução, talvez não como eu queria, mas como Deus - que como Pai carinhoso cuida muito bem de mim - achou que fosse melhor para mim.
Não peço muito, mas agradeço o tempo todo. O bem mais valioso que tenho são pessoas de bem que me cercam, me ouvem, me dão carinho, que aparecem do nada, de longe, de outro país, de outra cidade, de outro mundo, mas estão todas aqui no meu coração e me ajudando a crer cada vez mais de que tudo vale a pena quando a alma não é pequena (alguém disse isso e não sei quem foi).
É muito pequeno achar que nascemos, vivemos,  morremos e só... Deus não faria isso somente, tudo tem um propósito, uma hora certa, um momento exato de acontecer o que tem que acontecer. Deus não faz milagre, mas nos mostra a estrada onde está o milagre. Mostra outros caminhos também, talvez mais curtos, mais floridos, mais perfumados, e a opção sempre é nossa. O livre arbítrio. Ele também conversa conosco o tempo todo, através das pessoas, essas pessoas que nos fazem tão bem... É Deus sussurrando em nossos ouvidos, dizendo que está de olho e que nos ama muito.
Só isso!


domingo, 28 de agosto de 2011

Domingo meloso...



Há dias que estamos precisando, necessitando muito de não sei o quê...
Há um vazio no peito, um nó na garganta...
Vontade de chorar... de sair andando... pensar, pensar, pensar...
Não sei se é saudade... Mas do quê? Do que não tive?
Saudade de um sonho... que ainda não se realizou... Mas que não me esqueço...
Não aquele sonho que sonhamos durante o sono... Esse é verdadeiro, que sonhamos acordados...
Vontade de ter alguma coisa, de ser alguém diferente, de estar com quem não se conhece...
Espero, espero , espero...
Vou em busca, mas onde? Onde está o sonho que me persegue?
Por que não aparece em minha frente e mostra a sua cara? Ou o seu coração? A sua alma?
Já que me conhece tão bem... sabe até quantas batidas por minuto meu coração é capaz de aguentar...
Então... Vai ficar escondido até quando? Me dê uma pista... Uma chance de achá-lo...
A respiração fica ofegante... A boca seca... E a lágrima cai...
Que vazio é esse no peito que me deixa muda, sem vontade de falar...
Sem vontade de me levantar...
Eu queria um anjo... Como Seth... Que cuidasse de mim... Que me entendesse...
Que me amparasse nas minhas quedas... Me desse os ombros para chorar...
Que me ouvisse em silêncio, apenas me ouvisse...
E que ficasse ao meu lado à noite até eu dormir... E sonhar que tudo isso é verdade e não vai se acabar...
Que nada é impossível... Sonhos são reais...
Seth...

segunda-feira, 14 de março de 2011

Anjos que nos aparecem

Muitos questionam a existência de Deus. Se ele existe, onde o encontramos?
Nas pessoas... Deus, através das pessoas, passa o seu recado. Bem, é o que eu acho e já presenciei isso.
Certa vez, indo buscar meu filho na escola que ficava perto de casa, caiu um temporal. Daqueles de arrancar árvores, com trovões, relâmpagos, ventanias e tudo a que tinha direito.
E eu no meio do caminho, não tinha onde me esconder. Fiquei debaixo de uma árvore - o que todo mundo sabe que não se deve fazer isso - mas não tinha outro lugar senão aquele.
Apavorada, comecei a orar e o portão em frente a arvore se abriu. Era a dona da casa, que abriu o portão pra ver a chuva... Vendo-me ali, sozinha, rua deserta por causa do temporal, me chamou que entrasse. Agradeci e entrei. Comecei a observar... Ela abriu o portão pra ver o temporal... Mas a casa dela tinha um grande quintal, que de dentro da casa dava pra ver o temporal.
Esperei que parasse, agradeci e fui embora.
Agora, numa rua sem muito movimento, debaixo de um temporal, somente eu na rua, como é que justamente aquela pessoa, daquela casa abriu o portão? Coincidência?
Numa outra ocasião, eu numa crise de depressão e pânico, a única coisa que eu conseguia fazer era chorar, chorar, chorar. Eram crises que duravam semanas...
Bateu em minha porta uma mulher oferecendo produtos por catálogo. Como não tinha condições de nada, dispensei.
Dois dias depois ela retorna, bate em minha porta de novo e pergunta como eu estava, se não queria ficar com o catálogo "sem compromisso". Fiquei.
Mas aí, papo vai, papo vem, e nos conhecemos um pouco mais. Ela morava no mesmo bairro, apesar de nunca a ter visto por lá.
Com esse papo nosso, parece que me distraí um pouco e naquele dia não chorei.
Dias depois a crise continuou... e a mulher volta pra buscar o catálogo. Abri a porta e ela, com um botão de rosa na mão, a primeira coisa que me diz:
- Vim aqui só pra lhe dar essa rosa... É do meu quintal... Jesus te ama muito... E está sempre do seu lado...
Pegou o catálogo, foi embora e eu nunca mais a vi.
Mas aquelas poucas palavras, aqueles segundos de atenção que ela me deu, devolveram um pouco da fé que eu tinha perdido. Um fato do acaso?
Quem lê a Bíblia sabe do que eu estou falando. Nunca ninguém viu Deus... Mas ele está presente em nós, de uma forma ou de outra.
Graças a Deus!