terça-feira, 2 de janeiro de 2018
Picuinhas De Casal
Alguns e-mails que recebo sobre relacionamentos abusivos, nem sempre são abusivos. Às vezes as pessoas são complicadas, difíceis e não conseguem enxergar o outro como uma outra pessoa, um outro universo, um outro ser independente e pensante.
A maior dificuldade é essa mesma, de se colocar no lugar do outro, entender o que se passa com o outro, saber o que pensa, o que gosta, como age, como quer viver, como quer compartilhar. Em vez disso instala-se uma enxurrada de acusações e cobranças, muitas vezes infundadas.
O que eu percebo é a falta de comunicação, como sempre.
A mulher gosta de falar, gesticular, discutir (nem todas), e o homem foge de discutir alguma coisa (nem todos). Ou seja, há quem goste de discutir e há quem não goste de discutir nada, independente quem seja.
Conviver com outro ser humano é muito complicado.
Aí pode aparecer alguém e dizer: "Ah, mas você nem é casada, como pode dar palpite e saber se é assim ou assado?".
Eu fui casada, sei como é difícil, e a questão nem é sobre casamento, mas sobre o ser humano e sua individualidade.
Quantas vezes você chegou pra a pessoa que vive com você e perguntou se ela estava bem, se queria que fizesse de uma outra maneira, se estava confortável assim, se gostaria de alguma ajuda, enfim?
E quantas vezes você reclamou pra a pessoa, essa mesma que vive com você, que não aguenta mais, que só você faz as coisas, que não há colaboração de nada, ou então que só sabe reclamar e não tem a dignidade em ajudar ou tomar a iniciativa de nada?
Fatos corriqueiros em todo casamento.
O que falta é o diálogo E a aceitação do outro como sendo diferente de você.
Há os costumes que carregamos de casa, do seio da família, de pai, mãe, avós, irmãos e afins. E esses costumes estão entranhados em nós e definimos eles como se fossem a verdade absoluta a ser seguida. Essa atitude é inconsciente. E não é errado seguir regras e costumes que aprendemos dos pais. Errado é pensar e querer que nossos costumes se prevaleçam sobre os costumes da pessoa que vive com a gente.
Talvez o motivo de hoje em dia haver tanta separação, sem ao menos tentar superar os problemas é esse, não ter a tolerância em seguir os costumes impostos pelo(a) parceiro. Hoje a maioria é independente financeiramente, o que faz pensar que não é necessário passar por situações de incômodo com a outra pessoa, se se pode viver sozinho ou então ir procurando, procurando, até encontrar alguém que se encaixe em nossa vida como queremos que ela seja.
Isso também não é errado, isso é liberdade, é livre arbítrio.
O erro é não tentar entrar em um acordo, aceitar o outro como ele é, sem querer moldá-lo ao seu jeito, e também se encaixar na vida do outro, aprendendo a viver de uma maneira diferente da sua, mas que seja tão boa quanto.
Quando há o conflito, o que se imaginou na preparação para o casamento, acaba pouco tempo depois. Por falta de diálogo, a vida se torna um inferno! E conversas não existirão, nem acordos, nem respeito, nem vida individual.
Vocês acreditam mesmo que quando há o casamento os dois se tornam uma só pessoa? E a individualidade fica aonde? Talvez fique com um soberano reinando e o outro apenas se calando e aceitando tudo que lhe é imposto. Aí sim, apenas um vive, o outro se conforma com o que tem e passa a viver uma vida que não é sua.
Um exemplo bem clássico, mas que existe: a mulher, em vez de falar claramente o que lhe incomoda, prefere comentar sobre a relação com as amigas, a mãe, a tia... E como mulher é um ser pensante e que tem várias terminações nervosas no cérebro, embaralha tudo e chega a sua própria conclusão de que está certa e que o homem que ela escolheu não deveria agir de tal maneira. Isso sem que ele saiba o que se passa na cabeça linda dela. E ela começa a investigar, fuxicar, cheirar, perseguir, e transformar a vida dele, e dela também, claro, num inferno.
Com isso, o que o homem faz? Vai se afastando, aquele carinho que sentia quando namoravam vai se acabando, não há o entusiasmo de antes, não entende porque ela mudou tanto da noite pro dia, não quer conversar sobre o assunto pra não piorar... E os dias vão passando.
E a mulher, pressentindo o homem distante, sem aquele interesse que antes sentia por ela, fica mais encabulada e o acusa de ter mudado tanto do dia pra noite.
E a vida continua aquele inferno, cada um pro seu lado, sem conversa, sem carinho, sem sexo, apenas fazendo as vezes do casamento perfeito e esperando só uma oportunidade pra jogar tudo pro alto e se separarem.
Outra situação: o homem percebe que a mulher está se dando bem, está evoluindo no trabalho, anda bem arrumada, tem amigos, tem vida própria, e começa a perseguição, o ciúme infundado. Confisca celular, quer senha disso, daquilo, proíbe de usar certas roupas, afinal agora ela é casada e tem que se dar o respeito, não quer saber de amigas por perto, enfim...
Então nessa situação, a mulher, em vez de conversar, prefere contar com a ajuda da amiga, aquela que tudo entende e que sabe como ninguém dar conselhos. Ela volta diferente pra casa, cada vez mais. O homem continua com cenas de ciúme, não elogia mais, não colabora com a casa nem com nada, vive de mau humor... Então ele prefere sair e beber com os amigos, desabafar, esquecer um pouco, ou seja, ele se proporciona sair e espairecer com os amigos, mas a mulher dele, por ser casada, tem que se dar o respeito e ficar confiscada em casa.
E a vida vai se tornando um inferno.
Não há o diálogo, não há a paciência e a admiração acaba. O homem não consegue entender nada, e a mulher, que pensa muito, não consegue perceber que o homem é diferente dela. Não existe ela querer impor sua rotina, seu raciocínio. O homem não percebe que a mulher tem hormônios com vida própria e isso é involuntário a sua vontade.
Um gesto busca uma consequência, e outra, e outra. Tudo por falta de diálogo e entendimento.
Falta de conhecer e respeitar a individualidade do outro.
Falta de aceitar que cada um é cada um e que a casa, agora deles, é deles, e não de um só que vai impor regras.
Talvez a vida íntima do outro seja até mais interessante que a sua. Talvez o que você poderia aprender com o outro, seja de grande valia pra sua vida. Talvez o modo complicado ou então a facilidade com que o outro encara as dificuldades seja a resposta pra superar qualquer pendenga do casal. Gentilezas não significam submissão. Gentilezas são gentilezas mesmo. E feitas com vontade, certamente serão retribuídas.
Aceitação.
Respeito.
Admiração.
Companheirismo.
Amor.
Um não vive sem o outro.
Simples.
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Escrevo sobre a vida e os momentos específicos emocionais.
Assuntos relacionados sobre a mente humana e como conviver com o outro sem a necessidade de mudá-lo.
O conhecimento é primeiro processo de cura.
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Um casamento com mais de 10 anos será que haverá felicidade completa?
ResponderExcluir.
Tema: * O Silêncio da Luzência em noite escura *
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Continuação de um feliz Ano Novo
Boa tarde.