quarta-feira, 31 de julho de 2013

Cirque Du Soleil

Recebi esse vídeo, por email, e achei o máximo! Esse Cirque Du Soleil revolucionou mesmo!

Cliquem AQUI para assisti-lo. Fantástico!


Fundado em Baie-Saint-Paul, no Quebec, em 1984, por dois artistas de rua, Guy Laliberté e Daniel Gauthier, para comemorar do 450º aniversário da descoberta do Canadá pelo explorador francês Jacquer Cartier.
Cada espetáculo do Cirque du Soleil é a síntese da inovação do circo, contando com enredo, cenário e vestuário próprios bem como música ao vivo durante as apresentações.


Maravilhoso! Caro, mas o espetáculo vale o preço.

Alguém já assistiu?


segunda-feira, 29 de julho de 2013

Papa Francisco


Em pouco tempo ele já causou praticamente uma revolução na igreja. Ontem, na entrevista, disse que a igreja tem que ser viva, que tem que acompanhar as mudanças no mundo, que antes as regras impostas eram adequadas mas que agora o mundo é outro e é necessário rever conceitos.

Olha, eu confesso que antes, quando eu era pequena, tinha medo de padre, não digo medo, mas não entendia direito qual o significado da igreja. Só sei que quando ia às missas com meus pais não podia falar nada, nem olhar para os lados, não podia perguntar nada e não sabia a hora de sentar, levantar, sentar, levantar. Apenas tinha que ir, ficar sentada e calada. Cresci e não fui mais à missa nenhuma. Não entendia nada e não sentia necessidade de estar num lugar que, para mim, não fazia diferença nenhuma.

Mas mesmo assim, me casei na igreja católica. Mas ainda não me importava com os sacramentos e nem nada. Queria era entrar na igreja, vestida de noiva. Ainda não tinha feito a primeira comunhão. Naquela época, de minha infância, os pais batizavam e logo a seguir crismavam os filhos. E a primeira comunhão meus pais não me conduziram a fazer. E eu nem tinha ideia do que seria primeira comunhão. Só via fotos de meus tios, primos, com aquela roupa branca, uma vela nas mãos e me diziam que era a primeira comunhão. Mas como não podia perguntar nada para meus pais, ficava por isso mesmo.

Bem, me casei, separei e aí o sofrimento aumentou. Sem saída, sem ninguém para perguntar, para lamentar, para chorar junto comigo, procurei a igreja. Aliás, foi ouvindo Padre Marcelo e depois Padre Fábio de Melo que reencontrei a igreja católica. Me entreguei! Minha vida mudou num giro de 360º. Nunca mais fui a mesma pessoa. Estava me tornando até meio "carola" de tanto que sentia necessidade de estar na casa de Deus, orando, lamentando, buscando soluções e respostas.

Com o tempo fui percebendo que não adiantava estar somente na casa de Deus, tinha que ter Deus junto comigo sempre. Ele não estava só lá onde O procurávamos, Ele está em tudo o que fazemos, desde que O coloquemos em todos nossos atos. Fiz a primeira comunhão! E fui enxergando como era a vida de fiéis que comandavam a igreja, o que falavam, etc. Quer dizer, fui observando à minha volta o que acontecia. Sim, tinha o dízimo, mas não era obrigatório. Eu pagava sim, mas um valor tão mínimo que o retorno que tive por estar na casa de Deus, foi infinitamente maior do que o valor que eu pagava. E algumas frases que eu ouvia dos missionários, me deixavam intrigada.

Aqui perto de minha casa tem as comunidades, que fazem parte da Igreja que fica longe daqui. Então era numa dessas comunidades que eu frequentava. E sempre chamavam os fiéis para participarem da celebração. Eu sou tímida, tenho voz baixa, não gosto de andar no meio da multidão com todos me olhando. Não me sinto bem. Eu sou assim. E sempre me chamavam para participar da celebração e eu dizia que não, que preferia só assistir de onde estava. E sempre ouvia "você ainda não aceitou Jesus". E isso me deixava revoltada. Como assim não aceitei Jesus? Quer dizer que para aceitar Jesus eu tenho que fazer tudo o que me pedem? Bem...

Numa outra ocasião, a presidente (sim, tinha essa hierarquia também), começou a nos falar, antes da celebração, que o "povo" não participava de nada, não colaborava em nada, que ninguém fazia nada naquela comunidade. Achei isso um horror e vi muitos indignados pela forma com que nos tratavam, sem ao menos saber o que se passava com cada um.

Outra coisa que eu não gostava: tinha festa das crianças, então o dinheiro arrecadado, parte dele era usado para fazer festas comemorativas para a comunidade. Tinha bolo, balas, salgadinhos, tudo que criança gosta. E numa dessas festas, fui com meus filhos, que eram pequenos e que faziam o catecismo. Então, a pessoa que organizava tudo começava a servir (claro que todos ajudavam a servir, inclusive eu), cortava o bolo, um pedaço para cada um e depois ela escondia tudo dentro de um cômodo. Tinham crianças que não haviam ganhado nem bolo nem bala nem nada, então eu, inconformada, fui perguntar onde estava o bolo. A moça grosseiramente me disse que eles já estavam cheios que podiam ir embora e que a festa havia terminado. E lá dentro da mesa estava o bolo, com menos da metade cortado. Fui até  lá e cortei o bolo e entreguei para as crianças que ainda não haviam ganhado o bolo. Depois ajudei a limpar tudo e no final, vi cada missionário com um pacote com bolo, salgado, bala, refrigerante, levando embora para suas casas. Aí fiquei indignada de vez.

E assim fui abandonando a comunidade porque na casa de Deus é tudo compartilhado e acolhido. Se tem essa hierarquia e essa discriminação, eu não faço parte.

E agora ouvindo o Papa Francisco falando de humildade, acolhimento e compaixão, fiquei com esperanças de que a igreja mude de alguma forma e acolha melhor a quem procura uma palavra, um carinho, um abraço ou seja, que sinta Jesus dentro do coração, bem lá no íntimo, e O leve para todo lugar onde estiver.

Que Deus proteja nosso Papa, que Nossa Senhora o cubra com seu manto sagrado e lhe abençoe. Amém!

Para quem não viu a entrevista ontem, no Fantástico, clique AQUI!


sábado, 27 de julho de 2013

Esmalte e Textura

Esmalte antialérgico azul, Blog Simples e Clara

Esmalte antialergico azul
Jeans! Adoro azul, de todas as cores, todas as texturas!

Esmalte antialérgico azul, Blog Simples e Clara

Desde o final do século 19, as calças jeans, ou seja, rancheiras, já circulavam por aí. E aos poucos foram se aperfeiçoando e hoje dificilmente alguém nunca tenha usado um jeans.


A textura jeans, não tenho certeza, mas é a textura mais famosa em todo o mundo. Será?


Esmalte antialérgico azul, blog Simples e Clara
Esmalte antialérgico azul (liiiiiiiiiiiiiindo) MOHDA. Participando da Blogagem Coletiva da Fernanda Reali. Vamos, gente, participem!


sexta-feira, 26 de julho de 2013

Momentos de Inspiração - 3ª Edição


Participando da Blogagem Coletiva da M@amyrene. Quem gosta de escrever? Cliquem no link, vamos participar!

      Nome Esquisito - Culpa da Mãe

      - Tina, como foi ontem com aquele gato que você ficou na balada?

      - Nossa, me acabei de dançar com ele, ainda mais na seleção de bailinho. Anos oitenta. Que época boa que devia ser!

      - Qual o nome dele?

      - Kadu, deve ser Carlos Eduardo... Não quis ficar perguntando pra não me comprometer. Imagina ele perguntando meu nome inteiro? Cavo um buraco no chão e me enfio!

     - Nem morta, né? Mas se vocês continuarem a se encontrar, não vai ter como sair dessa. Vai ter que contar!

      - Nem me fale! Primeiro ele tem que ficar interessado em mim de verdade. Primeiro a parte boa e depois os defeitos de pós fabricação.

      - Eu fico imaginando você nascendo e seu pai indo no cartório soletrar seu nome pra moça...

      - Então, minha vida é essa: soletrar meu nome pra sempre!

      - Ainda bem que você é linda, porque se não fosse tão linda assim, cairiam de zoeira com você!

      - Tenho traumas horríveis com meu nome. E o primeiro dia de aula então? Eu faltava, chorava e minha mãe não entendia o porquê. Eu olhava com ódio pra ela, mas não podia fazer mais nada.

      - Acho que agora é permitido mudar o nome, se esse constranger a pessoa. Já foi atrás disso?

      - Sabe, Samanta, eu já pensei, mas esse nome é único, já tá enraizado, hoje eu ainda tenho um pouco de receio, mas consigo me divertir com ele agora. Passou a birra.

      - Imagina o seu Kadu perguntando qual o seu nome? Meu nome é Uitiney Keityellen Pereira. Qual será a reação dele?

      - Vou dizer a ele que tenho nome de princesa britânica. E ele vai se orgulhar de namorar alguém com um nome único no mundo. Daí eu mudo de assunto e ele esquece, já que ninguém guarda meu nome de imediato.

      - Acho que primeiro você tem que embebedar ele, encher ele de beijos, e falar bem sussurrado no ouvido dele... Tem que ser um momento todo especial, num lugar bem sedutor e você toda insinuante. Aí ele se esquece mesmo.

      - Besta! Só porque se chama Samanta de Alcântara Brandão e ter o brasão da família, fica fazendo bullying comigo. Isso é crime, tá?

      - Sua maluca! Vamos lá beber uma água de coco. Eu pago!

      Fim.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Doente Terminal


      Roberta, depois de mais uma sessão de quimioterapia, voltou para o quarto e dormiu. Sua mãe a acompanhava. Um ano lutando contra uma doença que ela já sabia, desde o início, que não teria cura. Sabia de sua morte premeditada e encarou todo o tratamento como uma guerreira, como sempre ouvia de todos. Nem se importava mais com os enjoos, as dores e os incômodos dos efeitos colaterais dos remédios. Apenas ouvia de todos, o tempo todo, a palavra esperança.

      Esperança de quê, pensava em seu silêncio, sabia que seus dias estavam terminando, que tivera a chance de repensar sua vida, seus erros e acertos e o melhor de tudo, se despedir das pessoas que tanto amava. Sentia nos olhos de cada um que a acompanhava, a dor e o sofrimento antecipado por uma partida dolorida e solitária. Ninguém sabia o que ela passava, o que pensava, o que queria, do que havia se arrependido, e o que ficaria para trás para sempre. Em seu silêncio apenas fechava os olhos e esperava pela hora marcada. Poderia ser hoje, amanhã ou daqui um tempo. Os médicos disseram que ela estava bem, que prolongara seu tempo, por milagre talvez. Mas Roberta sabia que não, que estava passando pelo que tinha que passar, que já estava escrito e que ela aguentava porque tinha que aguentar. Era forte e lúcida o suficiente para esperar a vontade de Deus em tirar-lhe daquele estado de tortura, tanto dela quanto das pessoas à sua volta.

      Dessa semana ela tinha certeza de que não passaria. Pelas visitas que andou recebendo, pelas pessoas que não via e nem tinha notícias há anos, apareceram para se despedir dela. Gente hipócrita! Muitos aqui me traíram, mentiram, riram nas minhas costas e agora vêm chorar lágrimas de colírio barato. Quando uma prima entrou em seu quarto, ela apenas olhou para sua mãe, indignada por permitir a entrada dessa pessoa que a odiava. Não se falavam há anos e agora ela vem, com um gesto de sinto muito e quem sabe, pedir perdão por qualquer coisa.

      - Oi, Roberta, como cê tá, querida? - perguntou a sonsa Neide.

      - Bem, e você? - respondeu, olhando bem no fundo dos olhos da traidora que havia jurado cuspir e pisar em seu túmulo. - É, prima, tá chegando a hora.

      - Fica assim não, vai dar tudo certo - emendou a prima.

      Roberta não suportando tamanha falsidade, virou para o outro lado e fechou os olhos. Pelo menos podia fingir não passar bem para não ter que suportar pessoas indesejáveis. E ficou ouvindo a conversa de Neide e sua mãe, na maior intimidade, como se sua vontade que Roberta se curasse fosse tão grande, que ela seria considerada a milagreira da família por querer tão bem uma pessoa que a qualquer momento se tornaria bondosa e santa. Roberta odiava e dizia para todos que quando morresse não queria o rótulo de santa e nem de boazinha. -"Inha" uma pinóia! - dizia, brava com todos que tentavam passar algum tipo de esperança.

      Neide ficou um bom tempo ao lado da cama, acariciando sua mão machucada por tantas agulhadas e isso irritava Roberta que tentava de toda maneira arrancar um pedaço da carne daquela mão traidora, com suas unhas, mas não conseguia devido à fraqueza do organismo. Neide ficava admirada pois sentia que Roberta apertava sua mão, pensando que fosse de gratidão. E chorava, emocionada.

      Depois que foi embora, Neide continuou sua vida fútil, como sempre teve e não voltou mais ao hospital. Fez sua boa ação do dia e fez questão de contar todos os detalhes para todos, da emoção em que Roberta ficou ao vê-la e o tanto que apertara sua mão. E tentava chorar mostrando realmente a emoção, mas as lágrimas não saíam.

      Roberta, mais uma noite sozinha, agora na UTI, entubada e aos cuidados de gentis enfermeiras, pensava na vida que teve. Aprontou muito, era danada desde sempre, inquieta, e se lembra de todas as vezes que sentira inveja das amigas lindas com cabelos longos. Ela era baixinha, rechonchuda e de cabelos ralos e curtos. Mas não era menos atraente do que as amigas lindas. Como ela mesmo dizia, se não nasceu linda, tinha que chamar a atenção de uma outra forma. E foi com liderança, ideias próprias e uma incontrolável coragem de enfrentar tudo e todos que conseguia conquistar alguns homens. E não era tão difícil se apaixonar por Roberta. Ela era do tipo mãezona, que defendia até os fios dos cabelos de quem ela achava que merecia defesa. Era justa até na alma e demonstrava isso para quem quisesse saber.

      Naquela cama de hospital, com os tubos a invadirem suas narinas e aquela agulha a lhe perfurar a veia, Roberta apertou os olhos, gemeu e chorou. Achava que seria a hora. Morreria sozinha, como tinha certeza que morreria. Na verdade ela sempre soube que todos eram solitários, mesmo acompanhados. Coisas que acontecem com cada um, são coisas solitárias, impossíveis de serem descritas ou imaginadas. Pensou em sua avó, sentiu saudades e alívio. Se encontraria com ela quando chegasse do outro lado. Será que há outro lado? Ela acreditava que sim. Pensou em sua mãe e no sofrimento que ela teria quando a filha partisse. Ninguém sofre mais do que mãe. E pediu proteção aos céus para que confortassem o coração de sua mãe guerreira. Esta sim era a verdadeira guerreira!

     Continuou de olhos fechados e começou a orar. Agradeceu a Deus pela vida, pelas oportunidades, pelos pais, pelos amigos sinceros, pela avó que foi antes dela para recebê-la quando chegasse lá, e agradeceu pela oportunidade que teve, mesmo que sofrida, por essa doença mortal. Teve tempo de rever pessoas, parentes, se despedir, desapegar, chorar... Só não suportava as pessoas sentirem pena dela por conta da doença. Todos morrerão um dia e nenhuma morte é melhor ou pior que a outra. Durante todo o tratamento ela não fez nada, além de repensar sobre sua vida. Não se preocupou com cabelos caídos, com olheiras e nem com picadas de agulha. Quem se preocupou mais foram os médicos que tentaram de todas as formas aliviar seu sofrimento. A dor é corporal, que logo se esquece, mas a dor da alma, de uma palavra indevida ouvida durante um momento em que está bem, uma traição, um descaso, um desprezo... Ahhhh, isso não tem cura. Dói pelo longo da vida. Roberta não era exceção de não passar por transtornos, era como qualquer pessoa que vive e que sofre. E em toda sua vida o que menos doeu foi essa doença que estava levando-a pouco a pouco, com dosagens homeopáticas, até o último suspiro.

      Roberta fechou os olhos e não mais acordou.

      Fim.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Amor e Loucura


Em tempos atrás viviam duas crianças, um menino e uma menina, que tinham entre quatro e cinco anos de idade.

O menino chamava-se Amor e a menina, Loucura.

O Amor sempre foi uma criança, calma, doce e compreensiva. Já Loucura era muito emotiva, passional e impulsiva, enfim, do tipo que jamais levava desaforo para casa.

Entretanto com todas as diferenças as crianças cresciam juntas, inseparáveis, brincando, brigando... Mas houve um dia em que Amor não estava muito bem e acabou cedendo às provocações de Loucura, com a qual teve uma discussão muito feia. Ela não deixava nada barato, estava furiosa como nunca com o Amor e começou a agredi-lo mas não só verbalmente como de costume. A menina estava tão descontrolada que agrediu o garoto fisicamente e, antes que pudesse perceber, arrancou os olhos do Amor.

O Amor sem saber o que fazer, chorando foi contar à sua mãe, a deusa Afrodite, o que havia ocorrido.

Inconsolada, Afrodite implorou para Zeus que ajudasse seu filho e que não castigasse Loucura.

Zeus, por sua vez, ordenou que chamassem a garota para uma conversa.

Ao ser interrogada a menina respondeu como se estivesse com a razão que o Amor havia lhe aborrecido e que foi merecido tudo o que aconteceu. Embora soubesse que não fora justa com seu amigo, a menina nunca soube se desculpar e concluiu que a culpa havia sido do Amor e que não estava nem um pouco arrependida.

Zeus, perplexo com a aparente frieza daquela criança, disse que nada poderia fazer para devolver a visão do Amor, mas, ordenou que Loucura estaria condenada a guiá-lo por toda a eternidade estando sempre junto ao Amor em cada passo que este desse.

E até hoje eles caminham juntos, onde quer que o Amor esteja com ele estará Loucura, quase que fundidos um ao outro.

São tão unidos que por vezes não se consegue definir onde termina o Amor e onde começa a Loucura.. E também por isso que usa-se dizer que o Amor é cego, mas isso não é verdade, pois o Amor tem os os olhos da Loucura.

Autor desconhecido.




sábado, 20 de julho de 2013

Uma Imagem 140 Caracteres - 16ª Edição


Dou um dente da frente pra quem me trouxer um chocolate quente e fizer uma massagem nas minhas costas... Morta com farofa!

Participando da Blogagem Coletiva do Blog Escritos Lisérgicos. Vamos participar? Só clicar no link.


sexta-feira, 19 de julho de 2013

Momentos de Inspiração - 2ª Edição


Participando da Blogagem Coletiva do Blog M@amyrene

      Eduarda chegou ao local marcado meia hora antes. Estava aflita e não sabia qual seria a reação de Jorge. Estavam juntos há pouco mais de três meses e num desses descuidos em que os jovens pensam que nada pode acontecer com eles, aconteceu. Estava grávida.

      Jorge não era flor que se cheire. Muito estúpido com coisas que fugiam ao seu controle, agressivo e vingativo. Eduarda não o amava, mas gostava do bom humor que ele tinha. Estavam juntos mas não haviam assumido um compromisso. Estavam juntos por livre e espontânea vontade e se encontravam de vez em quando. Eduarda era meiga, calma, gentil e até ingênua, como vivia repetindo sua mãe. Caía fácil na conversa das pessoas, na ilusão de serem todos bons, sem defeitos.

      Numa noite em que saíram de uma balada com vários amigos, Eduarda que não tinha o costume de beber, com o incentivo de Jorge e dos amigos, bebeu além da conta e terminou a noite num motel. Fizeram as contas da tabelinha e calcularam que nada aconteceria de ruim. De ruim não aconteceu, mas um bebê já estava a caminho.

      Eduarda ainda não contara nada a Jorge porque uma notícia dessa não se conta por mensagem e nem por telefone. Queria olhar em seus olhos e ver sua reação. Seria a pior reação de todas, pelo pouco que Eduarda conhecia de seu ficante. Mas se recusasse a assumir a criança, ela o faria sozinha com todas as consequências possíveis. Eduarda, além de tudo, era amorosa e ajuizada. Quando recebeu a notícia da gravidez, ela entrou em choque, mas com o tempo, começou a acariciar sua barriga e a imaginar a carinha do bebê. O instinto materno foi forte e mesmo em tão pouco tempo já conseguia pensar em sua vida dali para frente. Um sorriso tímido tomou conta de seu rosto e só voltou a ficar agoniada quando começou a pensar em como reagiria Jorge com a notícia.

      Ao longe avistou Jorge com todo aquele jeito de rebelde sem causa, caminhando ao seu encontro, sem rir, e com o nariz empinado. Segurou seu rosto e deu-lhe um beijo na boca. Depois chamou-o para sentar em uma sorveteria para que conversassem. Queria um lugar movimentado pois tinha medo de alguma reação mais agressiva do que de costume.

      Havia só uma mesa disponível e antes mesmo que a funcionária a limpasse, abelhas voavam à procura de alguma gota doce de sorvete derretido. Eduarda ficava se esquivando do voo descontrolado das abelhas e se levantou e esperou que a funcionária limpasse a mesa. Feito isso, pegou o resultado do exame de sangue e o entregou a Jorge.

     - O que é isso? Cartinha pra mim, meu anjo? - perguntou, com um sorriso torto no rosto.

      Leu, releu, fechou os olhos, deu um tapa na mesa e olhou nos olhos de Eduarda.

      - Como é que isso foi acontecer? Não podia! Não agora, entende? - resmungou em voz um pouco mais alta e fez com que as pessoas escutassem e se virassem para ele, assustadas.

      Ela não sabia o que responder e começou a chorar, discretamente. Depois de um tempo ele pegou em sua mão, beijou e disse que o que estava feito, estava feito e que assumiria a criança. Só não se casaria com ela porque ainda não se conheciam bem para assumirem nada, mas que ela poderia ficar despreocupada que ele não era nenhum moleque de deixá-la sozinha numa hora dessa.

      Eduarda enxugou as lágrimas, passou a mão em seu rosto e agradeceu. Ele fez o mesmo com Eduarda e lhe deu um beijo na testa.

      - Oi, mamãe... Meu anjo esperando outro anjo... - disse, olhando os olhos molhados da mãe de seu filho.

      O mais difícil agora seria encarar os pais que tantos planos fizeram para a única filha. Estavam em processo de mandá-la ao Canadá para aperfeiçoar o inglês e agora teriam que cancelar, ou adiar a vontade deles. Agora a vontade seria dela e do bebê, pelo menos por enquanto. Mas sabia que não enfrentaria nada sozinha. Jorge, apesar do jeito grosseiro e tosco, não fugia de suas obrigações.

      Fim.


quarta-feira, 17 de julho de 2013

Palavras de Autoajuda


Até que ponto essas frases de autoajuda influenciam nossa vida?

Sinceramente, apesar de gostar muito e de espalhar por aí de vez em quando, tem horas que enche o saco!

A realidade de cada um é bem outra.


Eu digo que é uma esperança momentânea, um aviso que as coisas podem estar ruins, mas que vão melhorar porque nem tudo dura para sempre, nem o ruim, nem o bom.


Eu acredito na lei da atração e que atraímos para nós o que queremos muito. Mas e as coisas ruins, os desastres, as doenças, as tragédias? Ninguém atraí coisa ruim. Ou atrai? Acho que sim, tem tantas pessoas pessimistas.


Essas frases são ótimas e que nos faz pensar, mas e no dia a dia, como ficamos? Na hora do sofrimento, da solidão, da depressão, como vou me lembrar dessas frases? Vou cuidar para achar uma solução para o problema e não ficar esperançosa com frases feitas.


Por outro lado, quando estamos muito para baixo, sempre aparece um anjo que nos sopra palavras lindas no ouvido e muda nosso foco. São palavras de autoajuda que nos faz esquecer por um momento que a vida não tá fácil e que é preciso reagir e ir por outro caminho. Já passei por isso e se não fosse anjo que consegue enxergar nossa alma, talvez não teria conseguido sair do fundo do poço. Mas essa saída do fundo do poço depende unicamente de cada um. Mesmo que o anjo nos dê a mão, os passos são nossos, as atitudes e decisões são nossas, a vida é nossa e também as escolhas e consequências.

Gente que tem o dom de levantar o outro, de acolher, cativar, abraçar, doar amor, carinho, atenção, ouvidos... Tempo disponível... Fé.

Gente iluminada que, acredito eu, que são enviados especiais de Deus para tornar nossa vida aqui na Terra  menos doloridal, menos difícil, mais leve e transbordando de amor.

Gente que nasceu para amar e espalhar o amor...

Gente que é um verdadeiro livro de autoajuda e que reconhece de longe uma alma sofredora precisando de umas palavras ou mesmo um gesto ou um olhar e principalmente os ouvidos para simplesmente ouvir o que o outro tem para falar.


Como eu disse e várias pessoas dizem, nada dura para sempre, tudo passa... É só deixar passar e esperar o novo.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Momentos de Inspiração - Continuação


      Uma Chance ao Amor

      Selma, depois que leu a carta de Fernandez, não teve mais sossego. Ficava inquieta, nervosa, agoniada e a pequena Luna percebia pois a mãe não tinha mais paciência em ficar com ela no pátio, para que ela brincasse e corresse com as borboletas. Resolveu então procurar Fernandez.

      No dia em que iria ao encontro do espanhol, não dormiu à noite. Se levantou bem cedo e já se arrumou toda perfumada e maquiada. Colocou um vestido leve e esvoaçante, com estampas de pequenas flores, e um sapato de salto médio. Parecia que o ar tinha lhe fugido do peito e que até os pulmões estavam conspirando contra seu bem estar. Já não bastasse o coração ingrato que não obedecia, agora se juntou a ele os pulmões!

      Chegou ao hotel e se fez anunciar. Fernandez pediu para que ela subisse em seu quarto pois a conversa seria longa. Selma pediu para avisá-lo que não subiria, que estaria esperando por ele na portaria. A recepcionista ao passar o recado, ouviu a resposta e sorriu olhando para Selma.

      Fernandez desceu e Selma quase teve um mal súbito ao vê-lo chegando, como se estivesse em câmera lenta, com aquele olhar matador e irresistível. Precisou se apoiar na parede para não despencar no chão e passar vergonha na frente dos outros hóspedes. Respirou fundo e abriu um sorriso acanhado enquanto Fernandez foi se aproximando. Ela teve a sensação de que ele a espremeria na parede de tão perto que chegou, com aquele sorriso arrebatador... Em instantes Selma se lembrou de todas as noites passadas num quarto daquele mesmo hotel, dos carinhos intensos, das mãos macias a lhe percorrer o corpo, a boca  sedenta de Fernandez que saboreava cada pedaço que pulsava e arrepiava, os olhos negros a lhe despir despudoradamente a alma, lhe arrancando suspiros, gemidos e sussurros de palavras obscenas que ela jamais diria para alguém.

      Ele chegou, pegou sua mão e a beijou carinhosamente perguntando se estava bem. Ela só conseguia responder que sim, com um gesto com a cabeça. Ela abia que ele percebia sua aflição e nervosismo. Convidou-a a sentar no sofá, ali mesmo da portaria do prédio, para que conversassem por alguns momentos, quebrando toda aquela euforia do primeiro reencontro.

      Ele conversava com Selma segurando sua mão delicadamente, olhando-a nos olhos e não cansava de pedir perdão pela atitude egoísta e canalha que havia feito há anos, quando a conhecera. Selma não conseguia disfarçar a excitação de estar perto daquele homem e só conseguia dizer que estava tudo bem, que já tinha passado, que o importante era o presente.

      Fernandez contou que se casara há dois anos, tinha uma filha linda, Rosália, mas que havia se separado há poucos meses. Disse que depois que teve Rosália é que se deu conta de como é ser pai. Mesmo tendo ficado de consciência pesada e culpado por ter deixado Selma grávida, não tinha noção de como agir como pai. Mais uma vez pediu desculpas e ela aceitou e aceitaria quantas vezes fossem.

      Fernandez perguntou pela filha e disse que a imaginava parecida com Selma, com sua beleza delicada, cabelos cacheados, olhos cor de mel e pele branca. Selma disse que Luna era bem parecida com ele, morena com olhos negros, e sedutora também, apesar de ainda ser criança. Ele riu e ficou olhando em seus olhos. Passou a mão em seu rosto e disse que sentira saudades dela, que realmente a amava e que a atitude de tê-la abandonado não foi atitude de homem e sim de um canalha. Selma sorriu, colocou sua mão sobre a mão dele e fechou os olhos esperando um beijo. Ele sorriu, entendeu o recado e a beijou delicadamente. Selma fraquejou e quase desmaiou em seus braços. Se não estivesse sentada, cairia no chão.

      Conversaram mais um tempo, entre um beijo e outro, e Fernandez disse que ficaria um bom tempo no Brasil, pois tinha planos em viver com Selma e Luna e quem sabe levá-las para a Espanha, para poder acompanhar a criação de sua filha Rosália. Selma sorriu, mas seu bom senso não permitiu que aceitasse de pronto. Disse que ficariam esse tempo juntos e se tudo se encaminhasse como esperavam, conversariam. Selma só sairia do Brasil casada com Fernandez. Ele aceitou as condições e a convidou para subirem ao quarto dele. Selma, com o coração aos pulos, empinou o nariz e disse que não, que antes ele conheceria a filha para terem uma afinidade. Só depois é que ela se envolveria com ele. Fernandez riu, olhou para ela com uma cara de não acreditar que seus encantos não teriam convencido aquela mulher. Gostou da situação e aceitou mais uma vez. Na verdade essa atitude o deixou mais encantado por Selma, pois sabia de seus valores e uma atitude contrária o faria pensar duas vezes antes de combinar um compromisso mais sério.

      Selma, ainda trêmula e ofegante, se despediu e foi embora. Fernandez ficou olhando-a caminhar, como uma gueixa, parecendo flutuar sobre o chão, cabelos esvoaçantes e seu perfume que se arrastava por onde ela andava.

      Fernandez ficou ansioso para conhecer a filha Luna e depois desse dia teve certeza de que Selma foi e sempre será a mulher de sua vida.

      Fim.

sábado, 13 de julho de 2013

Uma Imagem 140 Caracteres - 15ª Edição


O que é aquilo? Não acredito! Eu não vou andar com ele vestindo aquela roupa de jeito nenhum! Tão lindo e tão sem gosto...


Participando da Blogagem Coletiva do Blog Escritos Lisérgicos.Vem participar!!!


quinta-feira, 11 de julho de 2013

Momentos de Inspiração - 1ª Edição


Participando da Blogagem Coletiva da Irene Moreira, do Blog Mamyrene. Vamos participar?


Uma Carta no Tempo

      Selma, aproveitando o sol da manhã de primavera, observava Luna a correr na grama verde e fresca. Reparou que a pequena havia tirados os sapatos e se deliciava passando os dedinhos no tapete verdinho que cobria todo o pátio que ficava nos fundos de sua casa. Vez em quando se abaixava e pegava algum bichinho e deixava que andasse em seu braço rechonchudo até quase chegar ao cotovelo, mas pelas cócegas, ela ria e o tirava rapidamente daquele lugar, lascando-lhe um tapa de leve. Selma se divertia com a filha cheia de vida.

      Ouve um barulho e enxerga o carteiro a colocar cartas na caixa do correio. Selma avisa à filha que vai até o portão mas que volta já. Luna só dá uma olhada para a mãe e continua a correr em roda, imitando os movimentos de um avião tentando pouso. Selma sorri para a pequena e vai recolher as cartas.

      Olha uma a uma e se surpreende com uma delas. Volta ao banco de madeira envelhecida e com a pintura de verniz bem gasta pelo tempo, coloca as demais sobre o assento e fica uns minutos olhando essa carta misteriosa. A curiosidade é grande, do mesmo tamanho ou mais do que o medo de ler o que estaria por vir. Cria coragem e abre. Ela solta uma exclamação, coloca a mão na boca e olha para Luna que se assusta com a atitude da mãe, e corre até ela para ver o que tem em mãos.

      - Que isso, mãe? - pergunta a pequena, curiosa, mas sem ter noção do que está escrito, pois ainda não era alfabetizada.

      - É só uma carta, querida, volta a brincar a sim?

     Luna, sem pensar duas vezes, volta a correr pela grama, cantarolando e rindo das borboletas que pousam nas flores.

      Selma então abre a carta e começa a ler. Não acredita que ele teve o disparate de aparecer, mesmo que em poucas linhas, depois de tudo o que havia acontecido. Era do pai de Luna, Fernandez, um espanhol que enfeitiçou seu coração e simplesmente desapareceu depois que soube que seria pai.

      Selma, trêmula, continuou a ler e a balbuciar pequenos xingamentos, mas no fundo, bem no íntimo, um tremor tomou conta de seu corpo, as mãos gelaram e lágrimas lhe saltaram dos olhos, desobedientes e atrevidas, assim como fora Fernandez, quando estivera no Brasil há cinco anos. Sedutor, romântico, galanteador, cavalheiro, envolvente... E envolveu Selma de uma maneira que a fez acreditar em príncipes em cavalos brancos, castelos medievais e amor eterno. O amor seria eterno com a chegada de Luna, mas o amor era somente de Luna e de mais ninguém.

      Como ele teve coragem de se pronunciar, pensava Selma, revoltada e eufórica, inconformada e extasiada. Até pelas poucas palavras era visível sua paixão por aquele Don Juan espanhol. Como conseguia dominá-la mesmo de longe, depois de tanto tempo? Selma não sabia explicar e tinha medo de fraquejar e se perder em seus braços, seus carinhos, seus beijos... E depois o canalha sumir no mundo de novo.

      Releu a carta e aí que foi prestar atenção nas poucas palavras. Sim, ele estava no Brasil e queria vê-la. Pediu desculpas, confessou que estava errado e que queria conhecer a filha e, se possível, registrá-la com seu nome e ajudar a criá-la. Disse que depois que foi embora, deixando-a sozinha, não teve um dia sequer de paz. Parecia um castigo por ter abandonado mãe e filha. Despediu-se, deixou o endereço do hotel em que estava hospedado e que esperava resposta. Não sairia do Brasil enquanto não tivesse a resposta de Selma.

      Ela encostou a carta ao peito e chorou. Ficou comovida com as lindas palavras e com o modo gentil com que descreveu os momentos em que passaram. O amor ainda existia e isso Selma não se conformava. Não conseguia lutar contra um coração traiçoeiro e dono de si. Como pode um órgão dominar tanto um corpo inteiro? 

      Selma ficou olhando a filha brincando com as borboletas e a correr na grama. Suas bochechas estavam vermelhas e um suor já escorria de sua testa, de tão inquieta que Luna estava.

     Selma não sabia o que fazer, e ao mesmo tempo sabia que Luna tinha todo o direito de conhecer o pai. O medo maior era não resistir aos encantos de Fernandez e mais uma vez ficar magoada e abandonada. Não podia pensar nisso, pois o interesse agora era Luna com o pai. Não podia ser egoísta ao ponto de um capricho amoroso abalar a vida da filha que, com certeza e com o tempo, cobraria essa resposta da mãe.

      Sim, Selma já havia resolvido. Iria ao encontro de Fernandez. Primeiro sozinha para que pudessem conversar, e depois levaria Luna para se conhecerem. Era uma obrigação de mãe. O coração que se aquiete e que não dê vexame nesse tempo em que Fernandez ficaria no Brasil. Selma levantou a cabeça empinando o nariz e desafiou o amor. Vamos ver quem é mais forte, pensava, decidida e segura.

      E Luna, toda feliz, brincava e rolava na grama, livre, como uma borboleta.

      Fim.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

O Bebedouro Mágico


      Judith, mais uma vez teve que correr com a pequena Beatriz até o posto médico de seu bairro. A pequena acordou com crise de asma e rinite alérgica. Todo inverno é essa tortura para a mãe e para a filha que fica bem apática com a alergia nesse tempo seco.

      Judith conseguiu um encaixe nas consultas do dia, mesmo tendo que esperar algumas horas, ficou satisfeita e aliviada. Se não fosse a boa intenção das gentis atendentes, teria que pegar condução e ir até o outro lado da cidade, no Pronto Socorro. Ela evitava ter que levar Bia até lá, pois sempre voltava pior do que estava, devido a grande circulação de pessoas e seus vírus e bactérias.

      Um senhor cedeu lugar para que sentasse e colocasse Bia no colo. Só estando adoentada para que a pequena ficasse quieta e não disparasse seus olhares para todos os cantos em busca de algo interessante para ser desbravado. Bia era comportada, educada, mas como toda criança de cinco anos, era muito curiosa e inteligente.

      Enquanto estava quieta no colo da mãe, Bia viu algo brilhar diante de seus olhos. O bebedouro d'água.

      - Mãe, eu quero água - pediu com voz rouca.

      - Fique aqui sentadinha que eu vou buscar - respondeu, ajeitando a doce Bia na cadeira.

      Pegou um copo descartável, encheu-o pela metade e levou para a filha. - Bebe devagar, amor - disse carinhosamente para Bia.

      Ela pegou, bebeu aos poucos e enquanto isso olhava instigada aquele bebedouro estranho. Era novo e por esse motivo não o tinha visto das outras vezes que fora ao posto médico. Bebeu toda a água, esperou uns minutos e pediu mais à mãe.

      - Tá com sede? Vou pegar, espera!

      - Não, mãe, eu pego!

      E lá se foi Bia, passando no corredor longo, entre as cadeiras, até chegar naquele objeto inusitado. Havia um senhor enchendo o copo e Bia ficou observando como se fazia para encher aquele copinho branco e barulhento. Sim, o copo descartável fazia um barulho interessante e Bia o apertou tanto que rachou do lado. Não tinha noção de que a água viria como um jato, então chegou ao bebedouro, ficou na ponta dos pés para poder alcançar aquele botãozinho mágico e se esforçou para encher o copo. A água não saía. Tentou de novo e um jato veio de uma vez respingando em seu rosto. Mais que depressa Bia deixou que a água lhe enchesse a boca. Não sabia se ria ou se bebia a água. Judith vendo a cena de longe, se levantou e foi ajudar a filha.

      - Bia, você não pode se molhar, querida, deixa eu colocar água pra você.

      Ao pegar o copo, viu que estava rachado e pediu para que a pequena curiosa fosse até o balcão e pegasse outro. Ah, mas era assim que funcionava? Ficou contente por ter descoberto o grande segredo da água. Foi e pegou outro copo, novinho, dentro daquela embalagem com um monte de outros copos, todos novinhos.

      - Mãe, por que tem muitos copos lá?

      - São copos que a gente bebe a água e depois joga o copo fora, querida. - respondeu Judith.

      Bia pediu para a mãe que ela que gostaria de encher seu copo. Judith foi lhe explicando e Bia conseguiu a proeza tão esperada. Encheu o copo pela metade. Antes mesmo de voltarem ao lugar em que estavam sentadas, Bia bebeu toda a água e jogou o copo fora. Depois se sentou no colo da mãe e ficou observando algumas pessoas repetindo o gesto de pegar o copo, encher de água, beber e depois jogar o copo no lixo.

      - Mãe, minha barriga ainda tá com sede.

      - Tá bom, vai lá e coloca só um pouquinho de água - Judith orientou a filha.

      E mais uma vez Bia, toda orgulhosa de ter aprendido o processo da água mágica, pegou o copo, esperou sua vez, colocou só um pouco de água, bebeu e jogou o copo fora. Voltou e se sentou no colo da mãe.

     - Mãe, quero fazer xixi.

     Judith levou a pequena ao banheiro. Voltaram e antes de se sentarem, Bia correu para o balcão, pegou outro copo e repetiu tudo de novo, encantada com aquele bebedouro sem cor, mas que esguichava água só apertando um botão. Voltou para o colo da mãe. Agora nem se lembrava mais da asma e nem da alergia. O trajeto ela fazia correndo, sacudindo os cachos loiros, como molas grandes que, quando quicam no chão, ficam num sobe e desce sem se desgrudarem de sua base.

      Depois de muitos goles d'água e copos descartáveis no lixo, Bia nem se dava ao trabalho de voltar até à mãe. Ficava por ali mesmo, quem sabe auxiliando alguma outra criança que não soubesse como funcionava aquele brinquedo gigante e mágico.  

      Uma das atendentes, vendo a farra das crianças no bebedouro, foi até o balcão, retirou o pacote de copos descartáveis e o guardou num lugar mais alto, onde os pequenos não mais teriam acesso. Bia, inconformada, foi até a moça e perguntou o por quê ela teria colocado os copos lá em cima.

      - Tem muitas pessoas ainda que vão chegar e se os copos acabarem, vão ficar com sede. - respondeu para Bia, com um sorriso no rosto.

      Bia devolveu o sorriso e voltou para o colo da mãe. A mãe perguntou o que ela estava conversando com a moça e a pequena curiosa contou. Judith deu um beijo em sua bochecha e a apertou ainda mais em seus braços.

      Pelas contas de Judith, só mais duas pessoas estavam à sua frente para serem atendidas. E Bia, mesmo continuando a observar as pessoas a repetirem todo o processo de como beber água naquele bebedouro mágico, não mais pediu água. E o abatimento e cansaço que ela estava quando chegou ao posto médico, praticamente haviam sumido. Menos mal, pensou Judith.

      Fim.

sábado, 6 de julho de 2013

Uma Imagem 140 Caracteres - 14ª Edição


Não, se você pensa que vou acabar comigo justo no dia em que você acabou comigo, está muito enganado, seu idiota!


Participando da Blogagem Coletiva do Blog Escritos Lisérgicos. Para participar só clicar no link. Vamos?




sexta-feira, 5 de julho de 2013

Para se Roubar um Coração



Para se roubar um coração, é preciso que seja com muita habilidade, tem que ser vagarosamente, disfarçadamente, não se chega com ímpeto, não se alcança o coração de alguém com pressa.
Tem que se aproximar com meias palavras, suavemente, apoderar-se dele aos poucos, com cuidado.
Não se pode deixar que percebam que ele será roubado, na verdade, teremos que furtá-lo, docemente.
Conquistar um coração de verdade dá trabalho, requer paciência, é como se fosse tecer uma colcha de retalhos, aplicar uma renda em um vestido, tratar de um jardim, cuidar de uma criança.
É necessário que seja com destreza, com vontade, com encanto, carinho e sinceridade.
Para se conquistar um coração definitivamente tem que ter garra e esperteza, mas não falo dessa esperteza que todos conhecem, falo da esperteza de sentimentos, daquela que existe guardada na alma em todos os momentos.
Quando se deseja realmente conquistar um coração, é preciso que antes já tenhamos conseguido conquistar o nosso, é preciso que ele já tenha sido explorado nos mínimos detalhes, que já se tenha conseguido conhecer cada cantinho, entender cada espaço preenchido e aceitar cada espaço vago.
... E então, quando finalmente esse coração for conquistado, quando tivermos nos apoderado dele,
vai existir uma parte de alguém que seguirá conosco.
Uma metade de alguém que será guiada por nós e o nosso coração passará a bater por conta desse outro coração.
Eles sofrerão altos e baixos sim, mas com certeza haverá instantes, milhares de instantes de alegria.
Baterá descompassado muitas vezes e sabe por que?
Faltará a metade dele que ainda não está junto de nós.
Até que um dia, cansado de estar dividido ao meio, esse coração chamará a sua outra parte e alguém por vontade própria, sem que precisemos roubá-la ou furtá-la nos entregará a metade que faltava.
... E é assim que se rouba um coração, fácil não?
Pois é, nós só precisaremos roubar uma metade, a outra virá na nossa mão e ficará detectado um roubo então!
E é só por isso que encontramos tantas pessoas pela vida afora que dizem que nunca mais conseguiram amar alguém... É simples... 
É porque elas não possuem mais coração, eles foram roubados, arrancados do seu peito, e somente com um grande amor ela terá um novo coração, afinal de contas, corações são para serem divididos, e com certeza esse grande amor repartirá o dele com você.

Luís Fernando Veríssimo

Um ótimo fim de semana pra todos!!!

 

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Reeducação Alimentar - O Começo

Mais uma vez e agora é pra valer, dieta! Não digo dieta, mas reeducação alimentar.

Pra quem não sabe, reeducação alimentar é você comer o alimento certo nas horas certas. Pra sempre!

Depois dos quarenta, o pacote doente cai no nosso colo de uma vez só e a caderneta pra comprar na farmácia dá lugar à caderneta pra comprar no sacolão. Deveria ser o contrário, mas acabamos relaxando, não dando tanta importância aos alimentos saudáveis e engordamos, como é comum à medida em que envelhecemos. Depois ficamos olhando fotos de quando éramos jovens e deprimimos. E comemos mais e mais por causa da depressão. E o círculo vicioso se instala.

E quem tem o bom hábito de fazer exames de rotina sabe que alguns incômodos aparecem. O acúmulo que estocamos começa a mostrar sua carinha linda, feliz e saciada e não tem jeito, tem que maneirar na alimentação.

Que bons tempos aqueles em que comíamos uma caixa de bombons e não engordávamos nada! Hoje, só de cheirar o bombom uns gramas já se instalam no quadril e no abdome. O corpo modifica, o metabolismo fica lento e tudo fica uma lerdeza só.

Mas como equilibrar tudo e ainda ser feliz? Reeducação alimentar + exercício físico. É a única solução garantida de uma vida saudável.

Toda dieta se feita de modo correto dá resultado. Mas geralmente dietas nos restringe a certos alimentos. E depois de alcançado o objetivo, se for uma pessoa comum como eu, como você, acabamos atacando aquele alimento irresistível, aquele doce, aquele refrigerante... E engordamos de novo, talvez até mais do que estávamos antes.

Existem muitos medicamentos para auxiliar a dieta. Quem preferir, consulte um endocrinologista e há quem precise de um acompanhamento psicológico pra emagrecer a cabeça também. Já repararam que esses remédios naturais vendidos sem receitas e com comerciais chamativos e tentadores sempre, sempre têm uma linha escrita com letras pequeninhas que diz que o efeito só será satisfatório se o medicamento for acompanhado de uma alimentação saudável e exercício físico? Prestem atenção, todos dizem isso. Então, o que faz efeito, o remédio ou a alimentação + exercício físico?

Cada caso é um caso. O importante é não desistir mesmo que o objetivo demore meses ou anos. Lembre-se que é pra vida toda!

Há quase um ano retornei à academia depois de quase vinte anos. Sou formada em Educação Física, mas devido à vida que não vou contar agora, não segui carreira. Depois o tempo foi passando... Então, voltei.


O bom disso tudo é que meu corpo se lembrou dos exercícios que eu praticava antes, então pra mim nem foi dolorido e muito menos sofrido. Exercício é um vício que eu adoro e está me fazendo um bem enorme, tanto psicologicamente como corporalmente.

E há um mês consultei com uma nutricionista. Na verdade são estagiárias que trabalham no Núcleo de Saúde da Família onde faço minhas consultas. De graça!

Ontem foi o retorno e, apesar de ter saído um pouco da dieta, emagreci três quilos. Amei sentir esse poder de novo, de me cuidar, de começar a redefinir meu corpo, minha saúde entrando nos eixos, enfim, um estímulo precioso pra não desanimar no meio do caminho.

Temos reuniões mensais onde trocamos informações, sugestões, receitas e rimos muito umas das outras.

Não vou passar a receita da reeducação aqui hoje. Vou esperar o próximo mês e aproveitar e postar umas receitas magras. (Quem diria eu postando receita?).

Também não vou contar meu peso e nem quanto quero eliminar. Acho que balança deprime e cada pessoa fica bem num corpo. Peso não é generalizado. São só números. O bom é olhar no espelho e ver a transformação, fazer exames e os resultados forem todos normais. Saúde vale a pena.

Então, até qualquer dia, num outro blog que vou abrir e transferir essa postagem e os comentários pra ele.




segunda-feira, 1 de julho de 2013

Brasil das Emoções


O Brasil é tetra!!!

Um jogo emocionante onde o Brasil anulou os campeões espanhóis, com a vibração da torcida no país inteiro. Menos na Espanha que já não iam muito com nossa cara, mas, lamento! A taça é nossa!

Depois de todas as manifestações, parece que o futebol brasileiro acordou também. Sob a regência de Luiz Felipe o povo teve momentos de alegrias, descontração e amor à Pátria.

Que daqui para frente seja justamente assim: amor à Pátria!

E que todos os desvios dos bilhões para construir os estádios sejam descobertos (eles sabem quem pegou e quanto) e que os ladrões e formadores de quadrilha sejam punidos. Mas antes disso que a lei mude e que realmente quem for condenado seja punido como tem que ser e não escape por conta de brechas que eles mesmos colocaram nas leis.

O rapaz que matou aquele jovem em Ribeirão Preto está fazendo exames de sanidade mental... Que todos saibam, nunca viram o meliante rasgar dinheiro... Mas a lei é essa bosta mesmo! O cara tem dinheiro, contrata todos os advogados e fica livre ou então é diagnosticado como doido. Alguém se lembra daquele Pimenta que matou a namorada? E daquele doutor em fertilização? E do juiz Lalau? E da Jorgete? E o Maluf que é procurado pelo mundo afora e ninguém acha ele?

Protestos em frente ao Maracanã, durante o jogo.

Que todas as manifestações continuem até que o congresso tome vergonha na cara e fique com muito medo da multidão e que trabalhem até fazendo horas extras, para colocar tudo nos eixos, como foi prometido durante o horário político. E aproveitando, que esse horário político tenha um canal próprio e que não nos obrigue mais a ter que assisti-lo. Canal próprio, assiste quem quer.

E que as prioridades básicas de sobrevivência sejam decentes daqui para frente. Escolas com educação boa, fim da progressão continuada, professores reconhecidos com salários dignos e hospitais que atendam todos de forma digna e que serviços públicos tenham funcionários capazes de solucionar os problemas que ocorrem com a população, sem ficar empurrando com a barriga ou marcando para depois por conta de uma burocracia nojenta. Já perceberam que em locais públicos existem um informativo bem grande dizendo que é proibido, e menciona a tal lei, agredir um funcionário público? Isso é super válido, mas onde está uma placa dizendo que é proibido agredir a população que procura ajuda, que quer informação, que quer solução? Então, não tem.

E espero com todas minhas forças, que nossa Presidenta continue com muito medo da população e que não durma enquanto não terminar seu mandato, e que com isso agilize os processos pendentes que geralmente ficam engavetados até caducarem.

E que o povo brasileiro continue torcendo por seu time, que vibre, que sofra, que tenha momentos de emoção, mas que fique com um olho no jogo e outro no Brasil!



É de arrepiar!