quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Esperou para morrer

Que coisa estranha, trágica, a do homem que foi preso injustamente, ficou cego na cadeia e depois de dezenove anos viram que o mesmo era inocente. Imaginem a vida dele durante todo esse tempo... E o pior de tudo isso, ia receber uma bolada do governo por ser injustiçado e... morre!
aqui o link de toda a história dele.


Muitas vezes já ouvi histórias parecidas com esta; de pessoas que dão a impressão de que esperam algo para depois morrer. Um horror!
Em uma revista eu li um caso de uma mulher que foi fazer pick-nick com os filhos, num parque, e que apareceu um urso e atacou seu filho menor. O outro filho conseguiu fugir e chamou ajuda;  a mulher lutou com o urso até soltar o filho de suas garras. Veio o policial e atirou no urso, mas já com a mulher toda mordida e machucada.
A levaram ao médico, e ela, permaneceu acordada, até que lhe dessem notícias do filho que foi atacado pelo urso.
Assim que soube que o filho estava fora de perigo, ela simplesmente morreu....
Esta é uma história verdadeira. Pena que não sei o nome da revista e nem o país que ocorreu isto.

Outra história verdadeira que ouvi: foi com Padre Fábio de Melo, em uma das cartas que ele recebe.
Uma filha, contrariando a família, saiu de casa e foi morar/trabalhar em outra cidade maior. Com isto, seu pai nunca mais lhe dirigiu a palavra. Passaram-se anos sem ter notícias um do outro.
Um dia, a moça ouvindo o Pe.Fábio, que era sobre o Dia dos Pais, ficou tocada e resolveu procurar pela família.
O telefone era o mesmo e quase não conversaram; apenas choraram e combinaram de se encontrar no próximo mês, na cidade do pai.
Antes de completar um mês, a moça sofreu um acidente de carro e morreu.
O pai, contando tudo isto na carta, agradeceu ao Pe.Fábio, mesmo tendo que ir buscar sua filha, agora sem vida. Mas uma última conversa eles tiveram.
Imaginem uma situação dessa... A vida é tão curta, e temos o hábito de ficar com picuinhas, com bobagens que não nos levam a nada; e de repente, tudo acaba com a morte.

Outra história, que não me lembro onde ouvi:
Uma mulher muito doente, com três filhos, e um deles, deficiente mental.
Com uma doença grave, incurável, ainda na UTI, os médicos deram alta para que ela pudesse morrer em sua casa, junto dos seus.
Mas estava em coma...
E o filho deficiente, ficava o tempo todo perto da mãe, zelando por ela, conversando e pedindo para que ela abrisse os olhos.
Isto se prolongou por dias intermináveis; até que a filha mais velha, vendo a situação da mãe e do irmão, puxou este e lhe explicou que a mãe estava cansada, que precisava partir para poder se curar; que ele precisava se despedir dela e dizer que ela poderia ir, que ele não ficaria triste; mas ficaria com muitas saudades.
Ele, sozinho com a mãe, repetiu tudo o que a irmã disse e se despediu da mãe.
Naquela mesma noite, a mãe faleceu.

Agora eu fico pensando nas histórias que minha avó contava: dependendo da união de marido e mulher, quando um morre, em poucos dias, o que morreu vem buscar o outro. E sempre que algum morria, logo depois, alguns meses, o outro morria também.
No interior tem muitas histórias assim; e eu sempre ficava com medo. Morria alguém e todos ficavam de olho no(a) viúvo(a) para ver se ia morrer também.
Um caso na minha família já aconteceu: o marido sofreu acidente e morreu. Mas antes ele sempre dizia que quando ele morresse, viria buscá-la. Isto nós cansamos de ouvir e até nos benzíamos de medo. Depois que ele morreu, uns meses depois, ela foi viajar, junto com seu único filho, numa cidade longe da sua. Ficou um dia bem, depois começou a passar mal e teve que ser internada. Tiveram que alugar um jatinho UTI para poder trazê-la de volta e chegando na cidade onde morava, ficou poucos dias e morreu.
O pior de tudo isso: não passou nem um ano depois e o filho deles também morreu. Acabou a família.

Eu sempre fico intrigada com essas histórias. Até onde podemos saber o que se passa em outra vida? Acho que nunca! Deus foi perfeito nisso! É melhor sabermos que a morte é a única certeza, mas é ótimo não sabermos quando isto irá acontecer.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Cinderela teen



- Mãe, conta uma história?
- Vem cá, então...
- Qual?
- Esta daqui... Cinderela!
- Era uma vez uma moça linda que trabalhava na casa de sua madrasta lavando, passando, cozinhando e era sempre maltratada pela madrasta e suas duas filhas.
- Mãe, ela cozinhava?
- Sim, cozinhava pra todo mundo.
- Mas é burra mesmo, heim... Por que não coloca sal em dobro para elas não comerem de jeito nenhum?
- Filha, então ia acontecer um baile no palácio do rei, e seu filho, o príncipe, iria escolher sua esposa. Todas as moças da cidade ficaram eufóricas com a notícia, mas a madrasta de Cinderela disse que ela não poderia ir de jeito nenhum.
- Ah, mãe, se sou eu, ia de qualquer jeito, bem linda...
- Sim, ela foi... Como era muito bondosa...
- Ah, tá explicado! Bondosa, uma ova... Boboca, isso sim! Vai ser lerda assim; tem que limpar chão mesmo!
- Então todos os animais a ajudaram com o vestido, que ficou lindo...
- Aposto que era rosa-bebê, ou azul céu, ou amarelo desmaio...
- Mas na hora do baile a madrasta e suas filhas rasgaram o vestido e Cinderela começou a chorar...
- Não falei? Molengona, tem que cozinhar mesmo!
- Mas, aí, apareceu a fada-madrinha que num clic com a varinha de condão, a transformou numa linda moça... Daí pegou uma abóbora e fez uma charrete e mais dois cavalos, e até o cocheiro.
- E aí, mãe, ela foi? Toda metida, com vestido azul céu?
- Sim, mas tinha que voltar antes da meia-noite, porque tudo voltaria ao normal. E o sapatinho dela era de cristal, lindo...
- Sei não, mãe...
- Ela chegou no baile e todos ficaram encantados com sua beleza, e o príncipe a chamou para dançar...
- Como era esse príncipe, mãe?
- Muito lindo, loiro de olhos azuis, corpo esbelto, dentes perfeitos...
- Ah, mãe, peraí, fala a verdade, eu acho que essa coca é fanta... não é? Aposto que tem cabelo tigelinha, e usa uma chapinha todos os dias, usa aqueles perfumes de jasmim, que ninguém aguenta ficar perto, e deve ser o maior mauricinho do pedaço. Quem vai querer? Deixa ele para as filhas horrendas da madastra! Aposto que faz propaganda de pasta de dente. E não deve ser olho azul coisa nenhuma, deve ser lentes de contato coloridas.
- Estavam dançando e o relógio tocou meia-noite. Cinderela saiu correndo e deixou para trás seu sapatinho de cristal... O príncipe ficou doido atrás da moça...
- Da songa-monga? Ahhhhhhh...
- Mãe, vamos combinar, que história mais sem noção... Dá aqui esse celular desse príncipe... Vou dar umas dicas para ele... E para Cinderela também. Já sei como termina... "E viveram felizes para sempre?"
- Não, filha... Cinderela foi ao shopping no caminho da lua de mel, renovou o guarda-roupa, fez uma tatuagem na nuca e colocou piercing no umbigo. O príncipe não gostou e arrumou outra, que também largou dele porque não aguentou um homem montado todo certinho. Quando Cinderela estava cheia de pacotes, voltando para o castelo, encontrou o cocheiro, que por sinal era um deus grego, moreno, musculoso, tatuado no braço, coxas grossas e tipo canalha.... Resumindo: fugiu com o cocheiro e levaram a vida como ciganos, não parando em nenhum lugar.
- Mãe,  e o príncipe?
- Não lhe restou outra alternativa: foi trabalhar de manequim vivo em uma loja do shopping, esperando que, sua querida Cinderela, um dia volte e pague tudo o que comprou com o cartão dele. Agora ele tem que trabalhar para quitar a dívida da songa-monga... Porque o rei não gostou nada dessa história e o colocou para correr do castelo.
- Bem feito, né mãe?
- É, bem feito!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Duas irmãs - A revolta

Continuação...

primeira parte
segunda parte

Os anos se passaram, Laurene continuou trabalhando para o cunhado e Ludmila estava cada vez mais distante do mundo. Sua casa era seu mundo agora.
Laurene, agora mostrando realmente quem era, não conseguiu seu objetivo que era se casar com o cunhado. Mas ainda assim ficava dando em cima dele, seja na frente de quem fosse. Além disso, fazia questão de se relacionar com todos os homens possíveis e impossíveis, não importando se eram solteiros, casados, jovens ou idosos. Olhou para ela de um jeito diferente, já estava em suas mãos. Um horror para quem sabia dessa história; principalmente para a família do ex de Ludmila que a tudo assistia, mas não podia fazer nada. Na verdade o que Laurene realmente queria era que um homem largasse tudo por ela; se casado, largasse a esposa, se namorando; se noivo; todos os comprometidos ela fazia questão de se jogar numa relação furada. Tinha todos e nenhum ao mesmo tempo. Em datas comemorativas sempre aparecia sozinha, mas de olho aqui e ali.
Uma coisa que nunca ninguém conseguiu entender: como esse homem, agora ex, foi aprontar uma dessa com uma pessoa como Ludmila. Ainda hoje, nem ele se conforma com a situação; e desde a separação, não se cansa de dizer aos quatro cantos do mundo que ainda a ama e a quer de volta. Mas isto está totalmente fora de cogitaçao. Ludmila se afastou de todos e não quis nem saber mais de história nenhuma.
Mesmo distante, era inevitável que Ludmila não soubesse tudo o que acontecia com sua irmã. Sempre davam um jeito de contar o que estava acontecendo e com quem. Mesmo ela dizendo não querer ouvir, se trancando em casa, mesmo assim, tudo chegava aos seus ouvidos.
Isso a revoltou muito. Muitas vezes, depois de chorar muito, indagava Deus:
- Senhor, por que eu? O que eu fiz de tão perverso que mereci esse castigo? Por que o Senhor me pune tanto? Eu Lhe peço, Senhor, tire esses pensamentos, essas lembranças de minha cabeça; eu não suporto mais..."
E aos mesmo tempo, a  raiva, o ódio, a vingança eram muito presentes no seu dia-a-dia. Ficava planejando o que fazer caso encontrasse com a irmã. Iria lhe dar na cara, puxar os cabelos, xingar no meio da rua, contando para todos, todos os podres da maldita.
E para o ex-marido, lhe desejava sempre as piores coisas, até a morte! Mas, ao mesmo tempo olhava para os filhos e chorava; era o pai deles, portanto, tinha que respeitar.
Não tinha mais vida social, nem diversão nenhuma. Apenas trabalhava em casa e assistia televisão o dia todo. A família, mesmo assistindo a tudo isto, nada fazia; apenas achava que era normal esta atitude. Ludmila era uma morta viva; um estado de coma. Não se lembrava mais de Deus, não queria saber de Deus, queria ficar sozinha para planejar toda a sua vingança doentia.
Laurene, sem se controlar, além de se envolver com todos os homens, também roubava do cunhado. O salário era pouco, mas tinha tudo do bom e do melhor, como ela sempre quis. Só não tinha se casado com ele.
Um dia, uma notícia chegou até Ludmila: um dos funcionários da empresa do ex havia falecido. Tão jovem, trabalhador, bonito... Faleceu de quê? Era portador do vírus HIV; tinha contraído o vírus por ser viciado em droga injetável.
Ludmila gelou:
- Gente, a maldita também se envolveu com ele! Eu me lembro disso! E agora?
Tudo era verdade, a irmã também, por se achar a toda poderosa, tinha agora, o vírus HIV.
Mesmo com todo o ódio, toda a mágoa, toda a angústia, Ludmila ficou pensativa e inconformada. Como naquele poema: "Maria que amava João, que amava Denise, que amava Roberto, que amava Laís, que amava Tiago, que morreu com AIDS."
À partir de então, algo mudou em sua vida. Depois de tantos anos, aquela amargura toda, a revolta, a vingança, estavam com os dias contados. Começou a agradecer à Deus pela saúde, pelos filhos, pela casa, pelo alimento, pela força que tinha até então, e agradeceu também por ter enxergado todos que lhe fizeram mal, todos que se afastaram, inclusive o ex-marido e principalmente a irmã traidora. Toda aquela vingança perdeu sentido, todo o ódio se transformou em compaixão, e, teve pena da irmã. Uma vida toda desperdiçada com um sentimento tão mesquinho: a inveja. Nunca viveu sua vida, sempre quis a vida do outro para si; não procurou seus valores, colocou todo o seu foco nos valores materiais e, se ninguém tiver piedade, acabaria morrendo sozinha, isolada...
Começou a escalar o poço e subir cada dia um pouco, até finalmente chegar ao topo.
Estava resolvida a não mais pensar em ódio, nem vingança, nem nada. Esqueceria dessas pessoas e continuaria sua vida com seus filhos, da melhor forma possível.
Os anos foram passando e Ludmila voltou a ser aquela pessoa iluminada que sempre foi, agora com novos amigos, novo trabalho, os filhos já crescidos e bem encaminhados; e mesmo que chegasse alguma notícia de sua irmã, ouvia, mas se esquecia imediatamente. Não tinha mais ódio porque não se lembrava mais.
O ex-marido, até hoje, a procurava para quem sabe, reatar o casamento. Ela conversava com ele normalmente, como um amigo, mas sempre dizia a mesma coisa:
- Não!
Laurene, sonsa como sempre foi, ignorou a doença e continuou sua vida mundana, espalhando o vírus por toda a cama que deitava, agora em um outro emprego, longe de tudo e sozinha. Seu filho já moço, por não ter uma base sólida, se envolveu com drogas, foi preso algumas vezes e sempre alimentou a mesma inveja, como sua mãe.
Muitas vezes, em todo esse decorrer da vida, Ludmila desejou ser uma pessoa ruim, de mau caráter, para poder fazer todas as maldades que queria com todos que a traíram e magoaram.
Mas já nasceu iluminada, abençoada por Deus, que apesar de pensar estar longe d'Ele, nunca a abandonou, e a fez seguir a estrada que sempre seguiu: agora com os amigos certos, o lugar certo, a mesma índole, o mesmo caráter, o mesmo amor, a mesma ternura, agora uma nova mulher, livre do passado e pronta para o futuro.


FIM

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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Duas irmãs - A máscara cai...

Continuação...

primeira parte

Os preparativos para o casamento de Laurene agitaram toda a família, pois ela queria porque queria uma festa, mas nem os pais nem os sogros tinham condições; isso fez com que ela ficasse de mau humor o tempo todo e muito pessimista, além de reclamar de tudo e de todos. Ludmila a ajudava no que podia, mas nunca era o suficiente; parecia que o mundo todo era culpado por ela não ter o que queria.
Com muito sacrifício, os pais de Laurene economizaram daqui e dali e combinaram de fazer um bolo com champagne, quer dizer, espumante, para os mais chegados, sem avisar ninguém, claro. Tá certo, concordou a rebelde.
Nisso, Ludmila ficava encantada com cada novidade que acontecia, vibrava com tudo, admirava cada vez mais a irmã, e, na semana do casamento, chegou o vestido de noiva. Lindo, lindo, lindo; todo rodado, com um casquete com véu que tapava o rosto, tudo perfeito. A tristeza ainda a invadia, pois agora lhe doía a chegada do casamento; era a primeira vez que ficaria sem sua companheira.
No dia, foi a maior correria, mas tudo deu certo, exceto o tal bolo com espumante, que fez com que lotasse a casa de seus pais, já que praticamente todos acompanharam a noiva, mesmo sem serem convidados. Mas tudo se resolveu da melhor forma possível.
Ludmila, mesmo depois de meses, ainda sentia a falta da irmã querida, apesar de sempre frequentar sua casa; mas não era a mesma coisa, a irmã se tornara uma pessoa fria e pessimista além da conta, colocando defeitos em tudo e em todos, principalmente em se tratando de Ludmila. Bem...
Não demorou e Ludmila também se casou, com aquele que parecia ser seu príncipe encantado. Pronto, mais um motivo para o desgosto de Laurene. Programaram uma festa enorme, tudo por conta do noivo.
Laurene, apesar do pessimismo, sempre acompanhou Ludmila em tudo; na compra de enxoval, escolha do vestido de noiva, entrega dos convites etc.... Tudo!
No dia do casamento, tudo certo, tudo perfeito e Laurene continuou reclamando de tudo, principalmente da família do noivo e de todos os amigos de Ludmila. Mas, como era sua "protetora", não a enxergava como realmente era.
Laurene engravidou, nasceu Eduardo, a paixão da titia Ludmila.
Pouco tempo depois, acabou o casamento de Laurene; já não suportava aquele marido que não amava.
Isto gerou um conflito na família, pois ninguém imaginaria uma situação desta.
E Ludmila, como era adoradora de sua irmã, para não a deixar sozinha, sempre a levava para a sua casa - uma linda casa - para passar fim de semana, saírem juntas, mais o marido, viajar, enfim, aquela vida que Laurene sempre quis e não teve.
Quando viajavam juntos, Ludmila começou a notar uma certa atitude de Laurene, não condizente com o que enxergava até então. Parecia que ela queria para si todos os homens que aparecia pela frente. Ludmila não gostava desta situação, pois ela provocava, não importando se o homem era casado ou não. Isto a deixava constrangida e à partir daí começou a não chamá-la mais para nada. O clima ficou muito tenso entre as duas. Numa certa ocasião, Laurene, simplesmente chegou à Ludmila e disse "Se esses homens não estivessem tão embriagados, eu arrastava cada um deles e dava um trato". Mas os homens de que ela falava, eram todos casados, inclusive seu marido estava no meio.
Ludmila levava uma vida tranquila, com altos e baixos como em qualquer casamento, agora com um casal de filhos; e fez o favor de pedir ao marido que arranjasse um emprego em sua empresa para sua irmã, já que esta estava desempregada.
Feito.
Na primeira oportunidade, começou a desavença entre Ludmila e Laurene, pois esta começou a trazer "assuntos de seu marido" que até então nem imaginava que acontecia. Pela inocência de Ludmila, jamais imaginaria que fosse apenas fofoca da irmã. Plantou a confusão no casamento de Ludmila.
Como mentira tem sempre perna curta,  Ludmila começou a receber ligações anônimas lhe alertando do comportamento de sua irmã e de seu marido.
Pronto, lá vai Ludmila atrás e... Pegou os dois no ato! Laurene no maior esfregão com seu marido.
O chão lhe sumiu, não tinha atitude para nada, não sabia para onde ir, correr, ficar, gritar, chorar... Nada!
O marido jurou, claro, que não foi intenção dele, mas depois disso, Ludmila descobriu muitas outras canalhices do marido e o casamento acabou.
Duas semanas depois, Laurene, na maior cara dura, procurou Ludmila e disse que ficaria com seu marido, que moraria em sua casa, e que tudo que era da irmã seria dela agora. Que estava cansada de ficar somente olhando a irmã ser feliz, que agora seria a vez dela; que bastava todas as coisas boas irem para a irmã e ela ficar somente com o resto; e que desejaria muito, ainda, pisar e cuspir em seu túmulo.
Ludmila, sem entender nada e sem conseguir raciocinar, caiu de vez num buraco profundo e não mais saiu de casa; apenas chorava, chorava, chorava... E a cada dia envelhecia 10 anos. Seus filhos, ainda pequenos é que a sustentavam, com a alegria de criança, as brincadeiras, as gargalhadas, a inocência... Mas estava morta por dentro.
Como pode uma irmã trair de tal forma, a ponto de matar uma pessoa que sempre a amou? Como Ludmila, a vida toda, não enxergou a maldade da irmã, a quem admirava? Será que esse tempo todo, foi prejudicada na maior inocência?
Um filme começou a passar na mente de Ludmila sobre a irmã; todas as atitudes suspeitas, o mau humor, as críticas, as revoltas, os conselhos falsos... Tudo isto a afundava cada vez mais. E nesta hora, se sentiu sozinha, pois guardou essa tortura para si; os "amigos" sumiram, seus pais achavam que isso era normal, e os parentes, primos próximos, achavam que era exagero dela pensar isso.
E os anos foram passando...

Continua...

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Duas irmãs - Eu não quero ser...

Às vezes a vida apronta com a gente... vejam a história de Laurene:

Moça simples, bonita, morena de olhos verdes, estudiosa, solteira e que tem uma irmã: Ludmila.
Ludmila, mais nova cinco anos, morena, tipo comum, estudiosa, muito dependente de Laurene.
A criação de ambas foi igual, quase que gêmeas, de tão unidas que eram. Laurene, por ser mais velha, cuidava de Ludmila com um carinho extremo, o que deixava todos intrigados com aquilo e até com uma certa inveja de ver uma família com irmãs tão unidas. Não entendiam como isso era possível, já que o normal era irmão brigar com irmão. Mas com as duas isso não acontecia.
Quando crianças ainda, Laurene fazia de tudo para incluir Ludmila em tudo que fizesse. Se tinha alguma festa na escola, lá estava Ludmila junto; se tinha um passeio, também; se fosse comprar algo, a levava junto; os amigos de Laurene também eram de Ludmila; mas os amigos de Ludmila eram só de Ludmila, Laurene não gostava deles. Talvez pela diferença de idade, os amigos não eram interessantes para ela.
A união era tanta que Ludmila aprendia tudo que Laurene sabia; era sua ídola. Isso a fazia uma pessoa curiosa e inteligente, tendo muita facilidade para aprender e assimilar tudo que lhe era apresentado.
Laurene ficou mocinha antes, claro, mas era tímida e não se enturmava onde tinha meninos. Já Ludmila adorava brincar com todos, não importando se fosse homem ou mulher.
Bem, um dia, numa festa de uma das amigas de Laurene, lá estava junto Ludmila, toda faceira, com seu já corpão de moça, mas ainda menina.
E conheceram o irmão mais novo de uma amiga de Laurene, o André. Moço novo ainda, lindo, bem mais novo que Laurene e... foi a primeira paixão de Ludmila. Ficou simplesmente apaixonada por ele.
Mas Laurene, percebendo tudo isso, não gostou nada da ideia e começou a mexer os pauzinhos, tirando André para dançar e ali começaram a se entrosar num namoro. Ludmila não entendia nada o que estava acontecendo, mas aceitou, já que Laurene era sua cuidadora. Na verdade isso doeu, talvez a primeira dor de traição que sentira; mas se o assunto era Laurene, com certeza ela abriria mão de muitas coisas por ela.
É claro que o namoro não durou muito. Mas enquanto durou foi uma tortura para Ludmila; Laurene, para não ter que falar para os pais sobre o moço, levava Ludmila junto, quando ia se encontrar com André.
Então ficava Laurene e André namorando e Ludmila ali do lado, assistindo tudo e sofrendo. Seu primeiro sofrimento de amor. Aquela imagem de pessoa perfeita que fazia de sua irmã já não era tão forte assim; pela primeira vez não gostou do que aconteceu, mas mesmo assim, aceitou.
No seu íntimo, Ludmila pensava: "Poxa vida! Se ela não queria namorar de verdade, por que então começou isso com André? Ela sabia que me apaixonei por ele desde o primeiro instante..."
Bem, conversa de jovenzinhas.... ainda em fase de formação.
A união das duas continuava tudo certo, desde que Ludmila continuasse a ser sombra de Laurene, sempre afastada, em segundo plano.
Mas Ludmila cresceu, ficou uma linda moça, alegre, bem humorada, extrovertida e muito querida por todos. Resultado: Laurene não chamava tanto a atenção assim das pessoas, por ser uma moça séria, de poucas palavras, bonita, mas não chamativa e nem um pouco encantadora. Era pessimista demais.
Agora as duas já trabalhavam e tinham o seu salário. Era assim: Laurene comprava algo e Ludmila comprava um parecido. Ludmila comprava algo e Laurene comprava exatamente igual.
- Mas você comprou a mesma roupa que eu? Vamos parecer gêmeas?
- Quando você colocar a roupa, eu coloco outra.
Na verdade, Laurene já tinha confessado à mãe, que tudo que Ludmila vestia lhe caía bem; que todo sapato ficava perfeito em seus pés; que bastava um batom para que Ludmila brilhasse onde fosse. Por isso o motivo dela comprar tudo exatamente igual ao da irmã.
E assim foi com tudo, inclusive roupa íntima. Eram como gêmeas mesmo.
O tempo passou, continuavam nessa amizade, nesse cuidado uma com a outra e Ludmila encontrou um namorado lindo, extrovertido, carinhoso... que pensava que fosse seu príncipe encantado de tão encantada que ela ficou.
Laurene, quando viu o moço, não gostou e começou a colocar defeitos na mesma hora, dizendo que homem muito bonito não presta, que não tinha cara de bom moço, que era chato etc. Mas nada disso fez com que Ludmila desistisse dele. Engatou um namoro firme. Laurene, se vendo sem saída, arrumou "um" também:  mas do tipo comum, como ela, tímido como ela, sem graça como ela.
Agora saíam juntos, os quatro, mas quem era bem sucedido era o namorado de Ludmila. Então, agora, quem ficava de carona era Laurene e o namorado, que dependiam para ir e vir, e até para pagar o passeio, às vezes.
Laurene marcou a data do casamento. Pronto! Tristeza total com Ludmila.
- Minha amiga, minha irmã, vai me deixar sozinha... vai se casar... e agora?
Aquela união que tinham, os passeios nas tardes de domingo, as confidências no quarto, as compras supérfluas que faziam, de coisas sem importância nenhuma, as pequenas viagens em cidades próximas só para passar o dia; tudo isto acabaria depois do casamento de Laurene. 
Na verdade, Laurene confessou à Ludmila que se casaria para poder sair da casa dos pais, já que não suportava a mãe.

Continua...

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Cabra Cega


Uma nova escritora no mundo... Sheila Ribeiro Mendonça ou simplesmente She, e seu Cabra Cega.

Fui contemplada num sorteio e terminei de lê-lo. E li rápido, sinal que o livro é bom, já que tenho, ultimamente, uma certa deficiência de ler livros. Eu divago e me perco, e tenho que voltar tudo para ler de novo e prestar mais atenção. Mas esse não, foi rápido e rasteiro. Em poucos dias eu li, acho que em 2 semanas. Um fato importantíssimo para mim Uma superação.
A história é de um casal jovem, ele médico, bem sucedido, e, psicopata. Gustavo. A moça, Clara, de boa família, meiga, que aos poucos vai caindo nas artimanhas do marido e se sujeita às agressões verbais e corporais, sempre que Gustavo se acha contrariado.
Ele, como muitos homens hoje em dia, que talvez agora damos o nome de psicopatas, pensam ser donos de pessoas e viram bicho quando não são obedecidos.
Talvez o medo de perderem, talvez por não saberem perder, talvez por maldade mesmo ou por doença.
É difícil julgar uma mulher que se sujeita à essa atitude. Isso vai acontecendo e o medo é inevitável. Medo de morrer, medo de apanhar, medo de fugir, medo de enfrentar, medo de mudar e reverter o jogo. Mas a vida não é um jogo, a vida é uma vida e não tem volta.
Quantas vezes, todos os dias, temos nos noticiários,  homens ciumentos que matam as esposas, companheiras, namoradas? E temos o hábito de pensar que só acontece com o vizinho. Não! Às vezes o vizinho somos nós mesmos. Daí o medo, o terror, o pânico.
Geralmente são pessoas acima de qualquer suspeita, bem sociáveis, até dóceis com a sociedade, mas com quem mais tinha que ser amável, acaba matando, nem que seja aos poucos. Matar por amor? Ou viver por amor?
Acho que a mulher vive sabe-se lá quanto tempo assim, por amor à própria vida, ou dos filhos, ou por não ter como se sustentar.
No livro de Sheila, são pessoas bem sucedidas, famílias estruturadas, mas que Gustavo, por ser obsessivo por Clara não admite nem que ela respire sozinha. Chega ao ponto de trancá-la em casa, sem telefone, sem comunicação com ninguém, além de afastá-la de tudo e de todos, apenas ficando com um confortável lar. Lar? Isso sem falar na agonia da família, no desespero dos pais e amigos quando ficam sabendo o que Clara passa.
Hoje em dia, com a Lei Maria da Penha (11.340/06), e com o disque denúncia 180, parece que melhorou muito. Mas só melhorou, não corrigiu o problema.
Cabra Cega é para ser lido de uma vez só, de uma única tacada, de tão aflitos que ficamos em saber como vai terminar a história.
Ah, tá certo! Outra deficiência minha; eu tenho o péssimo hábito de ler o final e depois voltar para o começo. Acho que sou ansiosa e não aguento esperar. Mas o final é surpreendente, ou não!
Mas quem conta isso é a Sheila, e não eu!

Tem um link aqui no blog do lado direito, só clicar para saber como adquirir o livro.

Sheila, parabéns!
Muitos outros virão, com certeza!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Bagagens e Medos


O perigo da viagem mora nas malas. Elas podem nos impedir de apreciar a beleza que nos espera.
Experimento na carne a verdade das palavras, mas não aprendo. Minhas malas são sempre superiores às minhas necessidades. É por isso que minhas partidas e chegadas são mais penosas do que deveriam.
Ando pensando sobre as malas que levamos...
Elas são expressões dos nossos medos. Elas representam nossas inseguranças. Olho para o viajante com suas imensas bagagens e fico curioso para saber o que há dentro das estruturas etiquetadas. Tudo o que ele leva está diretamente ligado ao medo de necessitar. Roupas diversas: de frio, de calor - o clima pode mudar a qualquer momento! Remédios, segredos, livros, chinelos, guarda chuva - e se chover? Cremes, sabonetes, ferro elétrico - isso mesmo! Micro-ondas? Comunique-me, por favor, se alguém já ousou levar.
O fato é que elas representam nossas inseguranças. Digo por mim. Sempre que saio de casa levo comigo a pretensão de deslocar o meu mundo. Tenho medo do que vou enfrentar. Quero fazer caber no pequeno espaço a totalidade dos meus significados. As justificativas são racionais. Correspondem às regras do bom senso, preocupações naturais para quem não gosta de viver privações. Nós nos justificamos. Posso precisar disso, posso precisar daquilo...
Olho ao meu redor e descubro que as coisas que quero levar não podem ser levadas. Excedem aos tamanhos permitidos. Já imaginou chegar ao aeroporto carregando o colchão para ser despachado?
As perguntas são muitas... E se eu tiver vontade de ouvir aquela música? E o filme que costumo ver de vez em quando, como se fosse a primeira vez?
Desisto. Jogo o que posso no espaço delimitado para minha partida e vou. Vez em quando me recordo de alguma coisa esquecida, ou então, inevitavelmente concluo que mais da metade do que levei não me serviu para nada.
É nessa hora que descubro que partir é experiência inevitável de sofrer ausências. E nisso mora o encanto da viagem. Viajar é descobrir o mundo que não temos. É o tempo de sofrer a ausência que nos ajuda a mensurar o valor do mundo que nos pertence.
E então descobrimos o motivo que levou o poeta cantar:
"Bom é partir. Bom mesmo é poder voltar!" Ele tinha razão. A partida nos abre os olhos para o que deixamos. A distância nos permite mensurar os espaços deixados. Por isso, partidas e chegadas são instrumentos que nos indicam quem somos, o que amamos e o que é essencial para que a gente continue sendo. Ao ver o mundo que não é meu, eu me reencontro com desejo de amar ainda mais o meu território. É consequência natural que faz o coração querer voltar ao ponto inicial, ao lugar onde tudo começou.
É como se a voz identificasse a raiz do grito, o elemento primeiro.
Vida e viagens seguem as mesmas regras. Os excessos nos pesam e nos retiram a vontade de viver. Por isso é tão necessário partir. Sair na direção das realidades que nos ausentam. Lugares e pessoas que não pertencem ao contexto de nossas lamurias... Hospitais, asilos, internatos...
Ver o sofrimento de perto, tocar na ferida que não dói na nossa carne, mas que de algum maneira pode nos humanizar.
Andar na direção do outro é também fazer uma viagem. Mas não leve muita coisa. Não tenha medo das ausências que sentirá. Ao adentrar o território alheio, quem sabe assim os seus olhos se abram para enxergar de um jeito novo o território que é seu. Não leve os seus pesos. Eles não lhe permitirão encontrar o outro.
Viaje leve, leve, bem leve. Mas se leve!
 
Padre Fábio de Melo

"A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes; o que vemos, não é o que vemos, senão o que somos."
Fernando Pessoa.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Neguinha... sei....

Gente...
Vocês se lembram da Neguinha? Deste post ?
Então... E não é que o negocinho dela(e) apareceu? E agora a fanta virou coca.... é Neguinhoooooooooooooo!!!
E nós com peninha da bichinha de ficar sozinha, arrumamos uma amiguinha para ela(e), a Mel e agora ela(e) me apronta uma dessa. Temos um casal de coelhos em casa.
Alguém tem noção de como agem os casais de coelho? Onde vamos enfiar tantos bebezinhos coelhos?
Minha filha voltou ao lugar que comprou e deu uma bronca no vendedor. Mas é o caso, nós já "pegamos" amor e já acostumamos a chamá-la de Neguinha. O vendedor, para consolar minha filha, disse que quando nascerem os bebezinhos coelhos, ele compra todos, todos!!!! Sei....
Mas são umas fofuras mesmo, interagem com a gente, são dóceis, não mordem e... agora paciência.
Alguém aí quer um bebezinho coelho? Quando nascer?
Mais essa agora!

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Caça ao coelho

Mia
Como se não bastassem meus três cachorros, agora temos duas coelhinhas:  Neguinha e Mel.
Coisa mais fofa do mundo, não dão trabalho nenhum, ficam quietinhas, não fazem barulho, não comem muito e suas sujeirinhas são bem poucas.
Primeiro chegou a Neguinha, mas ficar sozinha não é bom, então chegou Mel para fazer companhia.
Olha que interessante: não se estranharam, mas Mel ficou num cantinho assustada, e Neguinha começou a rodear, cheirar e bater a patinha no chão fazendo barulho...

Rafinha
No outro dia já estavam amiguinhas e grudadinhas uma na outra; ficam se lambendo o tempo todo!
Eu confesso que não queria, mas minha filha tanto insistiu. e fez mil promessas que iria cuidar, limpar, alimentar etc, que concordei.
Não tem como não se apaixonar... São umas fofuras mesmo.
E como todos sabem e nem me dei conta, cachorro não gosta de coelho, eles caçam coelhos; e os meus estão numa ciumeira danada, não se conformam com a situação.


Neguinha e Mel
 Eles são muito mimados, a fêmea, Mia, é quem manda no pedaço, é quem coordena as brincadeiras dos dois, e o macho, Rafinha, é quem espera a atitude de Mia para seguir numa brincadeira ou não.
Se eu dou algo de comer para Rafinha, como maçã, por exemplo, ele olha ao redor para ver se Mia está por perto e se ela vai ganhar também. Ele não pega até que ela chegue perto e pegue o seu pedaço.
Adoram garrafas Pet. Eu deixo Mia pegar a garrafa, brincar um pouco e só depois o Rafinha se intromete e aí sim, ninguém mais pega a garrafa. É dele agora.
Se eu chamo: "Rafinhaaaaaa",  ele vem, mas fica olhando para trás para ver se Mia vem também...
É uma coisa esses dois,  me divirto muito com eles, são fofos, inteligentes e lindossssssss....
Agora com Neguinha e Mel no pedaço, os mimos para os dois têm que ser dobrados.
Neguinha e Mel quando escutam o latido deles, ficam nervosas e com medo, estatalando os olhos que quase saem para fora. Elas ficam bem longe, por segurança, mas mesmo assim ficam assustadas.
Quando eu peguei Neguinha no colo e meu amor dobrou, fiquei imaginando: como tem gente que consegue comer carne de coelho? Me deu até náusea só de pensar nisso... Crueldade!
Mas pelo menos aqui em casa, a vida de Neguinha e Mel está garantida!

P.S. O meu outro cachorro, Caco Antibes, está velhinho com 17 anos, num lugar só dele, sossegado, sem ninguém perturbar. Está cego, surdo e sem olfato. É um poodle.