Olhando no horizonte, verdes de vários tons se contrastam com o azul claro do céu. Dias de verão, sol quente, uma leve brisa abafada que não é capaz de refrescar nem um corpo nu, Selena, sentada em uma poltrona de madeira, se abanava com um papel tentando ter um pouco mais de frescor naquela varanda do sítio de seu pai.
O calor era tanto que, mesmo sem se movimentar, o suor lhe escorria pelo rosto pingando um a um em seu colo coberto por um vestido fresco, de alcinhas, acinturado e com saia rodada. Azul, para combinar com o par de brincos com pedras água-marinha que brilhavam como seus olhos acinzentados e pequenos.
Num desses olhares perdidos algo lhe chamou a atenção. Um cavaleiro, bem ao longe, depois da cerca, cavalgava tranquilamente com seu cavalo que era tão brilhante e musculoso quanto os que corriam livres em sua propriedade.
Apertou os olhos para ver melhor aquela figura masculina, tão másculo quanto o cavalo, sem camisa, pele brilhante pelo suor, enfrentando a quentura do sol da tarde.
Uau, disse em voz baixa, que paisagem é essa que eu nunca havia visto? Se ajeitou na cadeira e parou de se abanar. O rapaz passou rente à cerca e foi-se, sem ao menos lhe dar a chance de ver seu rosto.
De longe percebeu aqueles braços fortes, morenos, aquele peito inflado, as coxas roliças, mesmo sob o jeans surrado e desbotado.
Tão rápido como veio foi-se. Selena levantou-se e ficou olhando até perdê-lo de vista. E lamentou por nunca ter aprendido a cavalgar, como seu pai tanto insistia. Adoraria ter aquele homem como professor...
Selena tinha pavor de altura e talvez seria este o motivo de nunca querer subir num cavalo. Fechou os olhos e se imaginou naquele cavalo, tendo o professor em sua garupa, segurando suas mãos, respirando bem perto do seu pescoço em que ele mesmo colocou os cabelos castanhos e cacheados para o outro lado.
Seus braços fortes enlaçavam sua cintura fazendo com que sentisse aquele corpo colado ao seu. Mesmo nas alturas não sentiu medo... Vez ou outra fechava os olhos e sentia a brisa a tocar-lhe o rosto e esvoaçar seus cachos, confundindo com a respiração quente a lhe fazer cócegas no ouvido. A respiração ficava cada vez mais ofegante quando o rapaz lhe dava instruções de como conduzir o animal. Falava sussurrando, quase lhe beijando... Ela apenas acenava com a cabeça e continuava a cavalgada, com calma.
Olhava para o lado e sentia ainda mais de perto aquele rosto com a barba por fazer, quase lhe roçando a bochecha, aquela boca lhe chamando para um beijo, mas não se permitia ter a ousadia de ir além de seus bons modos de moça de família.
Selena, ainda sonhando, voltou a se abanar com o papel; deu uma olhada em volta para ver se o rapaz estaria voltando e nada viu. Então fechou os olhos e continuou seu sonho.
Ainda cavalgando, se distanciaram da casa e da visão de algum curioso. O rapaz tirou suas mãos das de Selena e começou a percorrê-las por aquele corpo quente, sobre o vestido fresco, levemente sobre o abdômen, abraçando-a com um pouco mais de força. Depois subiu até seus seios fazendo com que Selena jogasse a cabeça para trás apoiando-a em seu ombro. Sem pedir licença beijou-a, longamente, lábios quentes, apesar do hálito fresco, como se tivesse tomado água gelada naquele momento. A cada passada do animal seu corpo grudava mais no de Selena, que sentia toda a sua excitação. As mãos do homem, incontroláveis, percorriam os seios e o meio de suas pernas levando-a quase ao delírio, com gemidos baixos e respiração acelerada. O coração disparado, a pele arrepiada e sussurros no ouvido se confundiam com o barulho das araras que farreavam nas árvores dedurando a indecência da cena que estavam vendo. O cavalo, agora sem comando nenhum, cavalgava sem destino certo enquanto os dois se amassavam sobre ele...
- Selena! - ouviu seu pai lhe chamar.
- Oi - respondeu num impulso, se assustando e se ajeitando na cadeira.
- Vou ali no sítio aqui do lado chamar Rogério para dar uma olhada no Poderoso. Hoje ele não tá bom! - disse-lhe o pai. - Quer vir comigo?
- Não, papai, o sol está muito quente. Vou ficar por aqui mesmo. Quem é Rogério? - perguntou.
- É o filho do Teobaldo, que se formou em Veterinária e está aqui esses dias. Não viu ele por aí galopando, filha?
- Não sei, papai, não o conheço e acho que não prestei atenção - respondeu tentando disfarçar a respiração ofegante.
Selena respirou fundo e ficou imaginando seu pai lendo seus pensamentos e dando-lhe uma bronca do tamanho de Poderoso. Respirou aliviada e continuou a se abanar com o papel.
Depois de um tempo Selena viu seu pai e o suposto Rogério entrarem pela porteira. Quase teve uma síncope quando reconheceu o seu cavaleiro sedutor como sendo Rogério. Levantou-se rapidamente e correu para dentro de casa com medo e com vergonha de ter tido pensamentos pervertidos com aquele que agora cuidaria dos cavalos de seu pai. Rogério... E agora? Voltaria para a varanda ou ficaria espiando pela janela da cozinha?
Depois de um tempo e quando Rogério já estava indo embora, Selena voltou à varanda, sorrindo e acenando para seu pai, que retribuiu. Este puxou Rogério até a varanda para apresentar-lhe sua filha que ficaria por ali por um mês, de férias da cidade grande.
- Selena, esse é o Rogério que lhe falei.
- Como vai, Rogério. - Selena cumprimentou-o com um sorriso aberto e, disfarçadamente, olhou-o de cima a baixo comprovando que sua imaginação era quase verdadeira. Ele era mais lindo do que imaginara.
Depois se despediram e Rogério seguiu para seu sítio. Ela seguiu-o com os olhos e ele, quando chegou na porteira, olhou para trás e sorriu para ela.
Selena respirou fundo e começou a se preparar para subir num puro-sangue orientada por um professor mais que especial. Mas essa é uma outra história.
Fim.
Texto publicado em 05 de janeiro de 2014.
Aaaaaah, mas eu queria ler a continuação!!!! Adorei o conto, muito sensual, e me peguei na situação de Selena, dessas em que estamos com o pensamento looonge e alguém nos chama. Acabamos achando que todo mundo lê nossos pensamentos, hahaha.
ResponderExcluirUm abraço, feliz 2014!
Não é? A gente acaba se entregando com esses pensamentos doidos...
ExcluirVamos ver se haverá continuação... vamos ver!
Beijos
Noooooooossa! E Selena perdeu uma chance em não ter ido até o local onde ele estava tratando do Poderoso. Poderia ter ali, iniciado e seu sonho estaria mais perto de realizar-se. Um tombinho na primeira subida do cavalo, ele a acudiria e tchan,rsssssss. beijos, adorei! chica
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkkkk Chica!!!! muita calma nessa hora, fia!
ExcluirAí o pai estaria vendo tudo e não ia prestar!!!!kkkkk
Melhor bem longe dos olhos dos curiosos...
Beijos, gaúcha!
Uia que, se já tinha vontade de aprender a subir num alazão, agora com a apresentação desse professor, quero muito aprender!! Clara,me deixou de um jeito viu! rsrs Ai meus sais! Bora preparar a continuação! Beijos
ResponderExcluirSerá que Selena vai dar conta de subir nessa alazão, Roseli? Sei não... medrosa demais e um pouco fresquinha com as coisas do campo...
ExcluirVamos ver... vamos ver.
Beijos
Rs..consegui montar o quadro dos fatos todos desenhados na minha cabeça, detalhe, é q o local (da foto), tem a geografia quase que exata dos locais narrados no conto. Vc é impressionante Clara, consegue respeitar e dar asas à uma imaginação inigualável, q é a sua. Consegui ter várias sensações diferentes e deliciosas com a leitura, claro, q a imaginação também aflorou alguns desejos, inclusive de um experimento do tipo contado nesta beldade...
ResponderExcluirQue bom, Marlon!!!
ExcluirMinha imaginação vai por lugares que nem mesmo eu sei...ela simplesmente vai e eu escrevo... mágico!
Beijos
Nossa esquentou aqui , rsrs vamos esperar pela subida no cavalo rsr
ResponderExcluirbjs
ola vim por intermedio da Elaine, adorei
bjs
Oi, Lídia, bem-vinda!
ExcluirDe vez em quando aparece um conto sensual por aqui pra esquentar as turbinas.
Beijos
Uau sensacional!
ResponderExcluirVou acompanhar.
Abraços
Obrigada, Carlos...
ExcluirUma ótima semana pra vc!
Abraços
Uau! Que verve sensual! Muito bom! Bjs
ResponderExcluirObrigada, querida!
ExcluirBeijos e linda semana!
Mto bacana,realmente esse conto passa em nossa mentes como se fosse um filme querendo saber-se seu fim....rs,bjus
ResponderExcluirHistórias não têm fim... mas têm continuação.
ExcluirE amanhã será a continuação.
Será que Selena vai aprontar?
Beijos
Estou esperando ansiosa pela continuação, Clara
ResponderExcluirFicou muito legal o seu conto, como sempre
Linda semana para tí, querida
Beijinhos saudosos de
Verena e Bichinhos
Espero que gostem.
ExcluirMuitas vezes as continuações decepcionam...
Espero que não seja esse o caso, enfm, acontece.
Beijos, querida!
Oi, Clara!
ResponderExcluirCoitado do cavalo, esse vai ter que ser forte!!
:)
Selena é uma mocinha de família muito fantasiosa! Vamos ver na prática? Vai dar continuação no conto?
Feliz 2014!
Beijus,
Sim, amanhã terá continuação, com certeza!
ExcluirBeijos, querida!
Feliz 2014!
Observei que não havia lido, mas hoje pude constatar, mais uma vez, que você escreve de uma forma que prende, realmente, o leitor.
ResponderExcluirBeijos, Élys.
A imaginação corre solta, Élys, e que bom que gosta do que escrevo. Isso me deixa extremamente feliz!
ExcluirUma linda semana, Beijos!