Nascemos e... morremos!
Que coisa estranha a morte... tudo que tem vida um dia morre...
E mesmo sabendo disto evitamos tocar no assunto.
Não sei porque, mas gosto desse assunto; não que eu tenha medo - acho que tenho sim - mas falando nela, é um modo de pensarmos e vivermos com a certeza de que um dia chegamos aqui de mãos vazias, e não sabemos quando, iremos embora de mãos vazias.
É um mistério, creio eu, necessário para nós não sabermos a verdade ali, a olhos nus, e comum a todos os homens.
Religiões estudam a respeito, provam; e eu respeito e também acredito - apesar de ser católica.
Mas, olhe para a pessoa do seu lado, ou então se lembre de alguém que você convive e que não está aí do seu lado agora; um dia tudo isso vai acabar: ou a pessoa ou você vai partir daqui para algum lugar.
Não é estranho isso?
Então imagine você aí lendo esse post estranho: e se quando você for sair na rua e algo acontecer e você se for, sem se despedir de ninguém, sem deixar recado para ninguém... Puff... acabou!
Agora imagine você que adora uma briga, uma discussão: briga com alguém que sai batendo porta, sem falar nada, nem tchau, nem um beijinho e acontece um acidente no trajeto da pessoa... Puff!!!
Na minha vida, as perdas que tive, primeiro meu avô, que faleceu quando eu estava com três meses de gestação de minha filha, em Ubatuba, no réveillon e, por burrice, por besteira, por brincadeira muito sem graça, quando tocava algum telefone e era para mim, eu sempre perguntava: quem morreu? E ficava esperando o recado.
Então, nesse dia, nós caminhando na praia, meu ex recebeu uma ligação dando esta notícia e veio me falar:
- Quem morreu?
Ele me deu a notícia e quase morri de remorso por ter feito esta estúpida pergunta...
Pior de tudo: final de ano, não tinha passagem disponível em nenhum lugar. Não cheguei para o enterro.
E a sensação que tive à partir de então foi esta: eu deveria ter convivido mais com ele, ter ouvido mais, ter visitado mais, ter sido mais neta do que só uma visita... Puff!!!
Depois, anos depois, com minha avó. Eu já convivia com ela de perto, conversava muito, ouvia suas histórias e amava. E sentia que ela amava a mim e a meus filhos, apesar de todos aqueles outros netos.
Ela adoeceu, e antes de ser internada, falou:
- Eu sei que não vou voltar...
E não voltou.
Eu fazia companhia à ela enquanto estava internada e acho que por conta disso, cumpri minha obrigação e demonstrei todo o amor que tinha à ela.
É claro que foi tudo muito dolorido, morte ninguém suporta e sinto uma falta imensa dela, mas a saudade vai tomando conta da tristeza.
De todo o jeito, não tem como se preparar para a morte. Não tem idade para morrer. Não importa se amamos muito, ou amamos apenas, ou convivemos, ou quando sabemos de alguém que morreu.
É a maior dor que o ser humano pode ter. E cada um tem a sua dor, não importa se é maior ou menor. É dor.
É a vida, é a morte... é a renovação...
É muito triste quando ouvimos notícias como esse desabamento no Rio de Janeiro.
Não são pessoas mortas... São famílias mortas...
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Que coisa estranha a morte
Marcadores:
comportamento,
morte,
valores
Escrevo sobre a vida e os momentos específicos emocionais.
Assuntos relacionados sobre a mente humana e como conviver com o outro sem a necessidade de mudá-lo.
O conhecimento é primeiro processo de cura.
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Clara,um post muito bem eleborado e texto interessante, comovente!Nao há como não pensar na morte, pois sempre temos pessoas a nossa volta que se vão e é mesmo a maior dor do mundo!Bjs e meu carinho!
ResponderExcluirQue coisa mais linda, mais primorosa, mais inteligente e sensivel que esta esse post!!! E voce ainda é engraçada: "puff! Acabou".
ResponderExcluirÉ simples assim mesmo, puff, acabou. E nao temos a minima idéia do que tem do outro lado , se é que tem. Ja ouvi muitas teorias. Mas tb nao sei.
Por ser tudo tao temporario, passageiro que nada tem muita importancia: nossos erros, nossas besteiras. É por esse caminho que a Psicanalise tb vai, aproximando a gente desse nada- desconhecido para que percebamos a nos e a vida, com menos afetação. Com mais serenidade.
Um beijo para voce minha amiga. E feliz semana, cheia de vida!!! ( é tomando consciencia da morte, que aprendemos a viver a vida com mais urgencia e alegria)
Cam
Minha Querida..
ResponderExcluirLinda e triste sua postagem mais li todas verdades .
Gosto de pessoas que assumem o que sentem, que são diretas e sinceras
nas suas emoções .
E tudo que li foi a expressão de um verdadeiro amor.
Linda semana.
Beijos ..Evanir.