sexta-feira, 27 de setembro de 2013
Vencendo o Medo
Participando da Blogagem Coletiva do Blog M@myrene. Vamos participar?
Mais um fim de semana de tortura para Rafael, pois mais uma vez iriam para a casa nas montanhas. Não gostava de lá pois seu pai sempre insistia em levá-lo para a casa na árvore e a empurrá-lo naquele balanço medonho. Nunca havia sentado naquele balanço pois dava a impressão de que voaria e saltaria para o abismo, mesmo sabendo que não havia abismo nenhum. Era só ilusão de ótica de quem estava do lado da casa, mas indo até a beirada, uma descida os levavam até o riacho cristalino que ficava logo abaixo.
Mas cabeça de adolescente viaja em mundos imaginários trazendo sensações nem tão boas a ponto de vencer fobias. Rafael tinha pavor de altura. Até uma simples escada de quatro degraus já deixava-o agoniado.
O tempo estava bom, com ar fresco e pouco vento. Uma neblina cobria parte das montanhas dando a impressão de estar andando entre as nuvens. Rafael olhou para seu pai, adentrou a casa e jurou não sair dali até o momento de irem embora.
Renato, o pai, ria do filho chamando-o de medroso. Rafael nem se importava e continuava assistindo a TV.
Com todo o cuidado, Renato começou a conversar com o filho, dizendo que o medo é bom, que é o nosso moderador de atitudes e que devemos sempre respeitá-lo. Mas que a casa na árvore e o balanço não representavam perigo nenhum. Elogiou o filho várias vezes até convencê-lo a se sentar no balanço. O pai prometera não ir além do medo do rapaz.
Rafael se sentou de costas para o abismo e o pai empurrava-o com moderação. Ele usava os pés para frear o impulso do pai, diminuindo a velocidade do pêndulo medonho. Depois de algumas empurradas o rapaz já não encostava mais os pés no chão. O vai e vem ficava cada vez mais longo e a sensação era de liberdade, mesmo ele permanecendo a maior parte das vezes de olhos fechados. Com coragem abriu os olhos e inclinou o corpo como se ajudasse a dar um impulso mais alto. O pai vibrava e aplaudia o jovem rapaz.
Com mais outra conversa, Renato convenceu Rafael a se sentar frente ao abismo. Explicou que não havia abismo nenhum, que caso ele caísse, havia grama macia para protegê-lo, e se ele se segurasse com firmeza, não cairia jamais!
Depois de olhar o buraco suspeito Rafael aceitou o desafio e começou tudo de novo, agora vendo as nuvens praticamente aos seus pés. Um impulso mais forte levou Rafael ao alto deixando-o de olhos arregalados e queixo caído.
Não quis balançar por muito tempo pois a emoção do dia já tinha sido cumprida. Desceu do balanço, pernas bambas, foi até o pai e abraçou-o. Mesmo tendo somente quatorze anos não tinha vergonha de demonstrar emoções com os pais. Renato parabenizou-o e disse que o medo continuaria, mas agora saberia seu limite e até onde poderia ir.
Fim.
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Escrevo sobre a vida e os momentos específicos emocionais.
Assuntos relacionados sobre a mente humana e como conviver com o outro sem a necessidade de mudá-lo.
O conhecimento é primeiro processo de cura.
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Adorei,um balanço com ilusao de otica para um abismo,sensacional!Voce escreve tao bem e tem otimas ideiais.
ResponderExcluirQue postagem é essa? Estou sempre meio por fora.
Bjao, boa semana!
Cam (cameliadepedra.blogspot.com)
Ufa!
ResponderExcluirAinda bem que Rafael venceu o medo
Parabéns pela bela inspiração, Clara
Lindo final de semana para tí
Beijinho de
Verena e Bichinhos
Que bela relação entre pai e filho.
ResponderExcluirAbraços amiga Clara.
Claríssima,
ResponderExcluirtambém achei bacana a relação entre pai e filho, além de ter amado a ideia de uma casa na árvore com uma balanço aparentemente sobre o abismo... que bárbaro! Eu iria amar ter um refúgio assim!
...
Tb passei a vida a fugir da cozinha, mas ultimamente passei a cozinhar para a família. Gostar, não gosto, mas devo ter o dom, pois sou sempre elogiada... rs
Abraço, ótimo fds pra vc! :)
Como tudo na vida, o medo é necessário como regulador de nossas atitudes, aprender a ter limite e dominio da situação parece diicil, mas o Rafael mostrou que é possivel,a paciência e o estímulo do pai foi fundamental. Muito bem articulada sua história, parabéns!
ResponderExcluirAdorei o conto. Vendo a imagem, jamais imaginaria essa história e o desfecho, a superação de um medo. Adorei!
ResponderExcluirBeijo, Clara.
Olá, querida Clara
ResponderExcluirO medo paralisa a gente de verdade...
Ainda bem que deu um final feliz ao medo do menino!!! Pode ser trabalhado... eu que o diga!!! rs...
Bjm de paz e bem
As duas imagens: desenhada e escrita,formaram esta história sensível entre o pai e o filhos vencendo juntos os desafios.Tomara que muitos pais tomem a tua criação, Clara, como exemplo de atitudes benéficas na lida com os medos dos filhos e tenham a sensibilidade descrita em teu personagem.
ResponderExcluirMeus aplausos \0/
Bjkas,
Calu
Muito bonito seu conto. Que todos os pais pudesem agir dessa forma para que seus filhos conseguissem superar seus medos,
ResponderExcluirDesculpe só agora estar visitando o seu cantinho e lendo sua participação.
Beijinhos