quarta-feira, 2 de maio de 2012

O triste fim


Perdas, partidas, términos, mortes... desapegos... como é difícil essa fase....

A morte ainda é a pior delas, mais dolorida, menos conformada, menos aceita, menos suportada...

Filhos que partem, ou para formarem uma família, ou para outra cidade, por conta de estudos, ou seja o que for: que saem debaixo de nossas asas e vão ganhar o mundo. Que difícil!

Agora, términos de sonhos, de vidas em comum, de famílias formadas... independente de como tenha sido a convivência, é muito sofrido, muito difícil. Apesar de hoje em dia isto ser comum, é uma corrente que se rompe, um laço que se desfaz, um sofrimento e um vazio que fica. São planos não realizados, acordos desfeitos, desacordos formados, dores, derrotas, fracassos...

Muitos ainda resistem e conseguem manter um relação duradoura, mesmo não existindo mais o amor. Bem, cada um sabe de sua vida e só quem convive entre quatro paredes é que sabe o que acontece.

Quando me separei passei pelo maior transtorno em que poderia imaginar. Foi sofrido, dolorido e me deixou sequelas irreparáveis que nem o tempo vai apagar. Muitos traumas, muitas dores, muitas brigas... e medo, muito medo de tudo. No meu caso, só eu queria a separação; meu ex não aceitava de jeito nenhum, e lutou, enrolou, chantageou, brigou o quanto pode para que isso não acontecesse. Mas estava decidida e não voltei atrás. Era isso ou acabaria doente ou até morreria.

Coisas de relacionamentos doentes, que apenas uma parte quer ter razão e a outra parte se cala para evitar brigas ou discussões. É claro que não daria certo. Acabou, mas ainda continua... na mente.

No momento em que fiz as malas dele e coloquei num canto... esta foi a pior hora. Não que tivesse vontade de voltar atrás na decisão, mas um sonho de uma romântica, que acabava de ser acordado. Não realizaria mais. Fim.

É inevitável uma frustração, um sentimento oco que não sabemos explicar, uma dor boa por causa da liberdade, mas uma dor imensa por desfazer uma família. Quem errou? Ninguém! Simplesmente acabou! Como tudo que é vivo um dia morre. Se acabou é porque não havia mais o amor. Acabou e pronto!

Depois de um tempo, quando fui assinar a separação judicial, outro transtorno: o ex marido me encarando, rindo, jeito sarcástico, ameaçador.... e eu praticamente me escondendo atrás do advogado, rezando para que tudo terminasse o mais rápido possível.

Muitos conselhos de todos em relação aos bens, mas que para mim não faziam muita diferença. Apenas queria acabar com aquela tortura do fim. "Mas você vai se arrepender depois", era o que me diziam. "Não tem problema, quero acabar logo com isso!", respondia, completamente apavorada pelo que estaria por vir.

Depois de algumas discussões, advogados entrando num acordo e assinamos a papelada. Pronto! Agora acabou mesmo!

Saí aliviada? Sim e não! Na verdade não sabia o que fazer com tanta liberdade daquele momento em diante.

Isso já faz quatorze anos... mas parece que foi ontem.

O que aconteceu é que não adianta apenas um papel assinado. Por que temos que assinar tantos papéis? Para uma segurança, talvez por um prêmio, um brinde, um presente? Que situação difícil. Mas lei é lei, e se existe, é melhor cumprirmos como está escrito.

Muitas pessoas que passaram por uma separação vão entender o que eu digo: uma separação é muito mais do que assinar os papéis. Não basta somente isto, e acho que os laços não se rompem assim. Pelo menos no meu caso e em muitos casos, não!

Ficam lembranças, fotos, vídeos, filhos, móveis, louças, cachorros.... tudo vai lembrar para sempre que um dia você sonhou, planejou, investiu, encarou, uniu e, acabou!

É a vida nos reciclando, abrindo espaço para o novo: para começar de novo, para sonhar de novo, planejar de novo, investir de novo, encarar de novo e unir de novo...

É a vida nos dizendo que somos capazes de amar muitas vezes, que se não tivemos a sorte de encontrar um amor duradouro, temos a chance de amar de novo, e de novo, e de novo. E recomeçar de novo, caso queira.

No fundo o que procuramos é isso: um companheiro, um parceiro, um amor que tenha todos os defeitos do mundo, mas que aceite todos os nossos defeitos e que queira compartilhar um recomeço, um novo recomeço.

É isso então...

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Para quem segue o blog da Camille, o Camélia de Pedra, está aí o novo link dela. O blog que vocês seguiam, foi cancelado e ela fez esse outro com este link.
E para quem não conhece a Camille, vamos lá fazer uma visita e conhecer um pouco de uma pessoa que tem opinião própria, e escreve textos ótimos. Clica ali, vamos.... é rapidinho. O blog está novinho, está recomeçando, mas com o tempo vocês verão que delícia ler seus textos.

11 comentários:

  1. É mesmo triste.Pude acompanhar com uma das minhas filhas e sempre dá tristezas, ressentimentos e muiiiiiiiiita incomodação! Pena! beijos,chica

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  2. Bom dia clara, apreciei o último paragrafo.

    Grande abraço, saúde e muita paz interior.

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  3. Só entende a dor de uma separação quem já passou por uma. entendo completamente, sua dor, seus medos, seu sofrimento!

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  4. Oi amiga Clara!

    Muito corajoso e honesto o seu depoimento! Passei por algo parecido, diria que até pior... Não consigo transcrever a dor que passei, cicatriza! Porém o tempo deixa a marca para ser lembrado... Hoje vejo como pesadelo que passou, reconstruí a minha vida e hoje tenho uma família ma-ra-vi-lho-sa!

    Beijo Bella!

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  5. É!! Pois é, né??

    Beijuxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

    KK

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  6. É uma situação difícil que deixa marcas, mas é preciso continuar vivendo e
    colocar na mente que isto tudo já passou e que Deus não esqueceu de você.
    Beijos.

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  7. Oi Clara!
    Que super depoimento! Parece que foi escrito num fôlego só como numa catarse. Já vi vários desenlaces, tristes, violentos. O meu conto aconteceu com uma prima minha, a menina que viu tudo fui eu. Vi com outra irmã dela também e foram piores porque eu era criança e para mim teve uma dimensão maior, imagino para os filhs, coitados, vivenciar o rompimento de seu porto seguro é terrível. Como você mesma diz e vamu que vamu!rsss
    Beijinhos menina!

    Sim ela confirmou, meu texto chegou!rss

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  8. Clara, passando por aqui, vi seu texto sobre separação
    Não calculo o que seja, mas deve ser muito triste como uma morte . Impossível, esquecer, mas tem que continuar vivendo.
    Acho que ficam as cicatrizes, das quais sempre se lembram.
    Fica um vazio e um fantasma.
    Acho que se reconstruir, esse vazio acaba!
    Tem que haver uma vida nova, para esquecer a vida morta.
    bjo
    Zizi

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  9. As feridas fecham. Ficam as cicatrizes. Mas sabe o que é ótimo com as cicatrizes? Com o tempo elas deixam de ser uma lembrança da dor que aquele machucado causava e passam a ser apenas a recordação de uma superação em nossas vidas, que às vezes até mesmo usamos para contar nossa história com orgulho (sabe aquela coisa de 'essa aqui foi quando eu caí do skate'?).
    Bom domingo, Clara

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  10. Uma história difícil, mas franca.
    O que importa é o seu poder de decisão, sem arrependimento.
    Uma vida nova agora.

    Lindo dia.

    bjs

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  11. Nossas histórias parecem bem semelhantes, Clara, inclusive o tempo que faz que acabou: 14 anos. Entendo bem tudo o que vc disse; acho válido dizer e redizer: a cada dito o fato empalidece um pouco, perde a sua força em nós.
    Bjo&Carinho,
    Jussara
    www.minasdemim.blogspot.com

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