quarta-feira, 18 de abril de 2012

Uma carta...



Sabe, me sinto voltando há uns anos, quando ainda escrevia cartas de papel... Tão romântico, onde pingava umas gotinhas de perfume, carimbava um beijo com batom vermelho... É assim que lhe respondo a carta que me enviou...


Quase não acreditei quando olhei a caixa dos correios e a vi, tão simples, com sua letra cursiva... Meu coração disparou e a primeira coisa que fiz foi cheirá-la, tirando dela um resquício de seu perfume, não aquele que colocam em vidros, mas o perfume de sua pele... Apertei-a junto ao peito, na esperança de aquietar meu coração descompassado e fiquei imaginando suas palavras escritas... Seu carinho ali, todo para mim, em algumas poucas linhas...


Mas na verdade eu queria mesmo era dizer que algo mudou em mim, desde que você chegou, com aquele beijo inesperado, roubado e devolvido, suave e loucamente molhado... Ahhhhhh !!!


Como explicar? Não sei...


Mas mesmo à distância lhe sinto aqui pertinho: seu cheiro, seu gosto, sua respiração quente perto de minha boca... Lembra que eu falava sempre que entre o amor e eu existia um oceano? Então, ele existe agora! Coisas do destino? Quando falamos algumas palavras e algum anjo passa e diz amém?


Todo esse tempo, eu aqui e você aí, um olhando pela fechadura, espiando o que o outro estaria fazendo ou o que estaria pensando... E ao mesmo tempo sentindo o calor do corpo, o toque suave, o entrelaçar das mãos... Os beijos apaixonados que expulsam a alma, com medo de um castigo por tanta ousadia... o olhar brilhante, a lágrima que não suporta tanta paixão e sai correndo em direção ao pescoço, que logo é amparada por uma boca sedenta por sentir o gosto, a boca úmida, entreaberta, com o hálito quente que derrete toda a frieza de uma incerteza que possa, por acaso, estar por ali... Se entregar? Se render? E por que não? 


Qual o sentimento mais puro e mais lindo do que o amor? 


A boca sedenta de desejo, como a boca de um bebê faminto procurando o seio da mãe, para saciar sua fome... Percorre cada milímetro do corpo, saboreando cada sabor, apreciando cada arrepio e cada suspiro... O tempo para... A respiração acelera... A explosão... O ato máximo... O prazer...


Sim, eu me rendo! Sou sua serva, sua escrava, sua dama...


Até pouco tempo atrás eu havia me rendido à solidão, à conformidade de viver sempre sonhando com algo que achava que não existia...


Fantasiava demais, queria demais, escolhia demais e claro que sabia que nada existia. Pessoa romântica tem dessas coisas, mas...  Quando menos esperamos, o que não deu certo em outros lugares, em outras camas, vem aqui e se instala no nosso peito, finca como um punhal e faz o coração disparar; a boca seca, as mãos gelam, as pernas tremem e um sorriso acanhado insiste em permanecer nos lábios. Basta ouvir uma música e pronto! Toda aquela sensação de adrenalina volta; o tempo demora o dobro para passar, os minutos são angustiantes e parecem retroceder como uma tortura da alma...


Até que finalmente tudo se torna real. 


A distância? Que distância pode haver para uma loucura? O amor é uma loucura? Sim, claro! Só quem é louco atravessa léguas em busca de um amor, só quem é louco se entrega sem medo, se perde nos abraços, nos beijos, no prazer... Um corpo grudado no outro... Uma só massa... Um só amor...


Despeço-me agora, meu amor, para que descanse seu corpo junto ao meu, em pensamento e alma... E amanhã recomece toda a tortura, toda a espera pela hora marcada e assim, repetir tudo, agora com mais intensidade e mais ternura...


De sua amada que sonha acordada esse amor platônico e real, embalada numa canção sem letra, para não atrapalhar os pensamentos e as lembranças de momentos inesquecíveis que passamos juntos, seja onde for, seja como for e seja o tempo que for. 


No amor tudo é infinito, mágico... potente... e frágil.


Beijos... milhões de beijos...

13 comentários:

  1. Linda ,emocionante e apaixonada carta!beijos,tudo de bom,chica

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  2. Nossa, que viagem ao tempo... muito bom.
    Abraços, saúde e muita paz interior.

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  3. Oi Clara!
    Nooooossa que delícia de carta! Palavras escritas com paixão no devaneio próprio de quem tem muito amor no coração!
    Beijinhos menina!

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  4. Que declaração de amor maravilhosa!!!

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  5. Lindo! Deveria ser ótimo escrever cartas de amor em folhas de papel. Hoje em dia torna-se tudo tão mais prático, sente saudade envia-se um e-mail. Não sei dizer se isso é bom ou ruim, mas perde a emoção. Adorei a postagem! Beijoo!

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  6. Um amor platônico, cartas de papel, relembrando uma linda época, enfim um belo sentimento.
    Beijos.

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  7. Um oceano nao e' suficiente para separar algo tao lindo ao qual descreveste.Uma palavra dita no momento em que precisamos ouvir,um beijo dado quando nossos labios suplicam amor,um abraco apertado quando parece que vamos despencar.....nao havera mar,distancia ou tempo que possa impedir a resposta para esta carta.Beijao lindona

    Luiz Fernando

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  8. Senti tudo que você descreveu nesta carta. Aconteceu comigo? Ahhhhh quanto tempo .......... sofreguidão é rara!
    Beijos.

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  9. Clara,que apaixonada e vibrante carta!Um belo encontro de almas!bjs,

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  10. Uau!! Acabei de ler a sua postagem da fase desencanto e comentei. Agora venho aqui e você, sua danada!! :=)) O que dirá, o que pedir aos Deuses? Se perdi os meus dias na volúpia, ah! devolvei-los a mim, grandes deuses para que eu volte a perdê-los.
    Grande carta!! Beijus,

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  11. Sua carta traduz sentimentos arrebatadores.Perfeita para os eternos apaixonados!
    uma boa noite
    bjos
    Zizi

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  12. é clara, ,senti saudades também das cartas escritas as mãos, com perfume, cheiros e seus mistérios. muito gracioso seu texto. obrigado abraços lamarque

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  13. Olá, querida Clara
    Que linda carta de amor!!
    Só os que amam sabem escrevê-las...
    Bjm de paz

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