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domingo, 24 de outubro de 2021

SORRISO MONALISA

Foto de Roman Polenin no Pexels

Dias desses, rolando a tela do celular em uma rede social, me deparei com a foto da esposa de um amigo que não vejo há anos. No momento não entendi o motivo que apareceu a postagem pra mim, pois não sigo nem um nem outro.
E fiquei observando a foto...
Curiosa, entrei no perfil pra ver outras fotos, e todas tinham o mesmo "sentimento", aquele que não demonstra nenhuma satisfação em tirar fotos, ou, indo mais fundo, nenhuma satisfação na vida.
Não havia foto sorrindo.
E nem dele havia foto sorrindo...
O que me intrigou, o que me fez ficar por alguns minutos observando o perfil alheio não tinha o objetivo de reparar se as fotos eram boas ou não, mas o sentimento que despertou em mim.
Eu me vi nas fotos "sorriso Monalisa".
Olha, não sou muito chegada a tirar fotos minhas, e raramente estou sorrindo nelas.
E me lembrando das fotos que tirei porque tinha que tirar, em aniversários, por exemplo, eu não estava satisfeita com a vida. Pra quem consegue ler fotos, é visível minha tristeza interna, minhas dores inexplicáveis, meu tormento em aturar mais um dia respirando...
Nessa época estava com depressão e pânico. E tanto fazia pra mim as fotos ficarem boas ou não. Não me importava nem com minha vida, ia me preocupar com a foto?
Foi inevitável ver a foto da mulher e não imaginar sua dor, aquela que ninguém desconfia...
O olhar diz muito...
Vocês já prestaram atenção no olhar das pessoas?
Sabem decifrar algum sofrimento, dor, transtorno?
É difícil enxergar algo e não ter como se aproximar somente pra dizer, mesmo que seja com o olhar, que ela não está sozinha, que entendemos que algo não está bom e que estamos por perto, caso queira apenas deixar escorrer uma lágrima.
Talvez a pessoa nem percebe que precisa de algum tipo de apoio, talvez ela vive a vida como Deus quer, que é assim mesmo e está bom.
Eu não tive por perto essa pessoa que me olhasse nos olhos e se dispusesse a pegar em minha mão...
E está tudo bem!
Sei que naquela época eu não permitia ninguém se aproximar ou sequer perguntar se eu precisava de algo. Nem eu sabia que precisava de algo.
Eu superei, isso que importa!
As pessoas sentem dores... E talvez a vida seja assim mesmo.

Clara Lúcia