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domingo, 3 de setembro de 2017
Geração De Crianças Mimadas
Ultimamente a geração diminui cada vez mais. Antes, quando era contada de dez em dez anos, hoje, creio eu, é de cinco em cinco anos (se alguém souber, por gentileza, me informe).
Não se pode comparar gerações, pois cada uma tem suas delícias e suas derrotas, mas o que vemos hoje são crianças em redomas, que não podem ser contrariadas ou que não devem sofrer.
Um dia, faz tempo, um grupo de psicólogos disse que criança tinha que ter autonomia e decidir, desde cedo, o que queria. Me lembro muito bem disso, mas não sei quando foi. Até hoje fico pensando qual o aprendizado, qual a opção de uma criança que ainda não tem histórico nenhum, em escolher o melhor pra ela?
Hoje em dia está tudo muito fácil, o que não é errado, só que, claro, a maioria não aproveita essa facilidade.
Viajando na minha infância, tínhamos que buscar respostas, fabricar brinquedos, esperar a roupa ficar pronta, a comida era feita em casa, enfim, coisas de minha geração. Pra mim, que não sabia como seria se fosse diferente, não foi dificultoso. Era costume.
Na infância de meus pais, era bem difícil em tudo! Eram de família humilde, como a maioria era, e tudo era longe! Não havia condução coletiva, carro, só os ricos tinham. A comunicação à distância era através de carta, ou então pelo rádio, caso houvesse algum falecimento.
Aprenderam tudo na lida dura do dia a dia, e não sofreram nada com isso. Sobreviveram muito bem!
Meus avós moravam em fazendas, comiam o que plantavam, não tinham geladeira, o fogão era à lenha, tudo muito simples. Escola era muito difícil, pois era tudo muito longe. Minha avó apenas assinava o nome e, pra mim, era a pessoa mais doce e esperta que já conheci, justamente pela dificuldade de não saber ler nem escrever. Meu avô sabia. E também sempre foi um exemplo. Tiveram sete filhos e do mais velho ao mais novo, uma diferença enorme! O mais novo tinha bicicleta e depois carro. Desfilava pelas ruas como se fosse o famoso do pedaço. Tudo bem ser assim, mas engraçado como um objeto modifica uma pessoa.
Voltando a minha infância, me lembro que brincava sozinha, conversava sozinha e era muito curiosa, como toda criança é.
Mas as crianças de hoje, gente, o que mais eu ouço do pais "Nossa, mas meu filho é muito esperto, aprende tudo muito rápido". Sim, eles são assim mesmo pela quantidade de informações que recebem. E são tratados como tal, como gênios, donos da verdade e supremacia. Não podem ser contrariados e nem adianta impor condição nenhuma. Não estão nem aí pra regras. Não são todos, claro, mas uma grande quantidade deles sim.
Eu não me acostumo em ver criança dando birra em público ou então ofendendo pai e mãe, seja a hora que for. A hierarquia mudou de lugar, o respeito deu lugar aos caprichos, filhos mandando mãe calar a boca e debochando de alguma frase dita por ela. E nem digo que são ricos, que têm tudo, são simples também. E vejo pais reclamando desses mesmos filhos, dizendo que são sem educação, agressivos e que não respeitam nada. Por que será, né?
Dia desses ouvi uma filha adolescente mandando a mãe calar a boca porque ela ainda estava falando. Me deu arrepio, mas como não tenho nada a ver com a vida de ninguém, engoli e continuei quieta.
Pra quem é de uma geração em que uma olhada do pai bastava pra obedecer, hoje presenciando filhos mandando os pais calarem a boca, dói.
Geração que basta um clique pra ter tudo à mão, que basta teclar e já se comunica com quem quiser, que basta um celular e o mundo à volta se torna invisível.
Não sei como é viver numa geração diferente da minha, mas fui muito feliz quando era criança, mesmo não tendo condições pra ter o que eu queria. Escorregar na terra, esfolar os joelhos no asfalto, tentar subir em árvore e não conseguir, devido ao pavor de altura, arrancar a tampa do dedão no asfalto e voltar sangrando pra casa, ah, isso nunca teve preço! A gente cresce sabendo como é a dor, como é a derrota, como é o querer e não ter, mas que futuramente, com trabalho, pode se ter tudo o que quiser, isso me fortaleceu muito! E o sofrimento não dura pra sempre, a dor um dia vai embora, o sorriso às vezes fica incontrolável, as lágrimas continuam sendo salgadas, o suor é saudável, andar descalço fortalece o corpo, cair, machucar, sarar e continuar tudo no outro dia, isso só acrescentou em mim. E cair, pra mim, nunca foi problema. Sempre tive a opção de me levantar e continuar. Apenas continuar...
Cada geração com sua infância, seja como for, nem melhor, nem pior, apenas diferente.
Nessa geração de crianças vemos cada uma que arrepia...Crianças dominando pais que se borram de medo deles, crianças sem limites e tantas mais. São pobres crianças as dessa geração que tudo tem, mas não tem a liberdade de ir, brincar na rua, ir e vir da escola sozinhos,etc...Dá pena! bjs, chica
ResponderExcluirBoa noite, querida amiga Clara!
ResponderExcluirUm estrago fazem todos com os pequenos... eu não apanhei quase nada pois era obediente mas os pequenos hoje se jogam no chão e fazem passarem vergonha os pais...
Graças a Deus meus netinhos têm limites e são educados... mas é fruto de limites que todos temos que ter...
Seja feliz e abençoada!
Bjm de paz e bem
È verdade...As crianças hoje são educadas muito diferente dos tempos que passaram. è uma pena...
ResponderExcluirBeijos. Élys.
Oi Clara!
ResponderExcluirPois, tentando retornar as leituras dos blogs das amigas queridas... Menina, excelente reflexão! O acesso a informação deixaram as crianças com muitos direitos e poucas obrigações, tenho um adolescente e sei bem do que estou falando, o poder de argumentação do meu filho é absurda, tem hora que lembro a ele: Eu sou a mãe, e você é o filho, eu posso, e você não. Somos a sociedade do "sim", o problema é que o mundo não diz só "sim".
Este assunto dá metros de conversas... Tive uma infância um pouco parecida com a sua, e que me fez crescer muito e ver a vida de várias perspectivas...
Linda, bjooooooo.