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domingo, 26 de julho de 2015
Minha Doce Vovó
Minha doce avó não está mais por aqui, foi adoçar os céus...
Nunca conheci pessoa mais doce e meiga que ela. Minha vovó Dida, pequenininha, frágil, delicada, não conhecia as letras, mas memorizava os nomes e os números do telefone dos sete filhos. A qualquer hora sabia discar e falar com eles.
Bordava flores lindas, mimosas, assim como ela. Foi a companheira leal de uma vida inteira ao lado de meu avô. Gostava de nos contar quando se conheceram, na roça, e depois ele foi à guerra e ela ficou esperando-o. Assim que voltou se casaram e começou a saga da família Guerra. Tempos difíceis, vida difícil, com poucos recursos... Contou várias vezes que quando estava grávida de minha mãe, a filha mais velha, em uma de suas ousadias, poi pular um "corguim" e a bolsa estourou. Estava de sete meses. Foi pra casa e logo nasceu minha mãe, pesando pouco mais de um quilo. Naquele tempo não havia recurso nenhum! Tudo era resolvido com a parteira. E com a graça de Deus, minha mãe cresceu sadia. Contava também que ela era tão miudinha que meu avô colocava-a no bolso do paletó quando iam a algum lugar. Logo depois vovó engravidou novamente e daí pra frente tudo deu certo.
Com seus vários netos, posso me considerar uma querida, pois era a única que tinha apelido: negrinha.
Também tive contato com minha bisavó, minha bisnonna, italiana autêntica, mãe de minha doce avó. Também tinha um apelido dado por ela: pelota... Então, já sabem que na infância eu era gordinha e morena queimada do sol. Foi embora um dia antes de meu aniversário de cinco anos e eu nunca mais me esqueci.
Infância maravilhosa com avós maravilhosos, doces, ternos, que nos enchiam de carinho e doces, e pão caseiro com chá de cheiro, chá feito somente com água e açúcar. Depois de muito tempo é que fui saber o segredo daquele doce chá. Amávamos! Queimávamos a língua de tão quente que era servido, mas que importância havia quando era acompanhado do pão caseiro quentinho ou do bolinho de chuva?
Nunca ouvi sequer uma reclamação de sua boca, ou alguma irritação, ou algum choro ou dor... Sempre me lembro dela nos momentos de angústia, de sofrimento... Pela sua força em ser feliz como a simplicidade de um pôr do Sol, ou de um cantar do pássaro preto que tinham na varanda. Tive a oportunidade de estar ao seu lado em seus últimos dias, no hospital, já debilitada... Ela quietinha, de olhos fechados e eu ao seu lado, o dia todo. Depois, por decisão médica, resolveram operá-la. E ela se foi... Minha doce vovó...
Neste dia dos avós, mais que tudo me recordo dela com saudades....
Linda, doce e grande saudade! bjs praianos,chica
ResponderExcluirQue post lindo, Clara!!!! Me fez aqui lembrar da minha vó, quanta saudade! Também ela contava as histórias da guerra, do casamento, dos filhos que tece e dos que se foram por doenças da época. Era muito sofrida, magoada pela vida, mas era uma mulher forte e doce! Sempre me emociono quando lembro dela. Adorei sua partilha, "neguinha", sua avó deve ter sido mesmo especial. Abraços!
ResponderExcluirSaudades que são recortes de vidas que passam por nós deixando marcas profundas de amor. bjs
ResponderExcluirQue linda e doce homenagem Clara. Já não há avós assim. Os tempos mudaram, mas acho que algo se perdeu, essa candura perdeu-se...
ResponderExcluirUm beijinho para todos os avós e para a Clara também
Ruthia d'O Berço do Mundo
Olá Clara, emocionante estas lembranças da vovó.
ResponderExcluirCada detalhe é lembrado com uma saudade.
Eu convivi apenas com a mãe do meu pai e era dela o "fiotinho".
Sempre nas minhas lembranças.
Uma linda semana amiga querida.
Abraços.
Bjs
Que amor o seu texto, Clara
ResponderExcluirEu amava minha vó materna.
A minha vó paterna não cheguei a conhecer.
Linda semana para tí, querida.
Beijinhos de
Verena e Bichinhos.
Que terno... É como se diz, Avó é mãe duas vezes.
ResponderExcluirBela homenagem ao dia e ao que traz de memória dos seus avós.
ResponderExcluirCadinho RoCo
Nunca me esqueço daquele que trás no coração
ResponderExcluircarinho amor e respeito um bem querer.
Como é bom poder contar com sua amizade,
como é bom ter esperança mesmo ,
quando imaginamos estar sozinhos.
Sem duvidas não é verdade tenho sua amizade,
fidelidade e o amor incondicional de Deus.
Deixo um abraço com muito carinho
Beijos no seu doce coração.
Evanir S Garcia.
Linda homenagem me senti homenageada por você nessa belíssima postagem
que muitas vovós se senti sozinha nesse dia tão nosso.
Clara, que memória boa a sua! Lembrar-se de coisas quando tinha apenas 5 anos. Eu não me lembro de nada, nada. Nem da adolescência, só pequenos flashes, que não incluem falas nem sentimentos. Acho estranho isso, porque até onde sei, pela memória de mãe, irmãos, tias, tive uma ótima infância. Eu gostava muito da minha avó, disso me lembro, ela morou alguns anos conosco e era o xodozinho dela também, segundo conta minha mãe. Doces lembranças, as suas.
ResponderExcluirBeijo.
Olá, querida Clara
ResponderExcluirSaudade de passar por aqui e ler seus contos tão bem elaborados; tive uma pane na net por aqui durante 14 dias e fiquei ilhada, rs...
Minha avó também foi uma mãe pra mim... tenho boas lembranças do seu carisma e doçura...
Viva as vovós amáveis que amam seus netos e netas!!!
Bjm fraterno