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domingo, 19 de julho de 2015
Infância
Minha infância foi praticamente com os colegas na rua. Hoje em dia, dependendo do lugar, crianças não têm esse privilégio, mas eu tive. E escorregar na terra, pra desgosto de minha mãe, eu amava.
Não tínhamos parques ou pracinhas arrumadinhas por perto pra frequentarmos. Era na rua mesmo, onde havia pouco movimento de carros, cidade pequena, e em todas as casas havia uma ou mais crianças pra farra ser garantida.
Uma vez, na minha rua, derrubaram uma casa e ficou aquele barranco me olhando, me chamando pra ir alisá-lo.
Me lembro como se fosse hoje. Juntamos nós todos e fomos pra lá, escorregar. Podem imaginar a cor da roupa que ficou? Não me lembro se deu pra aproveitá-la depois de lavada, nem se foi lavada, só sei que nesse dia minha mãe me enfiou no tanque de lavar roupas e me ensaboou até a cabeça com sabão em barra. E eu quietinha, pra não apanhar. Naquele tempo levávamos uns tapas de vez em quando. Minha mãe pensando que era castigo e eu adorando o banho de tanque. Coisas de infância que a gente não se esquece.
Meus filhos também tiveram a liberdade de brincar com os vizinhos na rua também, mas bem menos que eu. A cidade cresceu e o movimento de carros aumentou. Sem falar no perigo de cair e machucar. Eu machuquei muito, principalmente os joelhos, que têm cicatriz até hoje, mas meus meninos não. Eles brincavam mais em casa, cada dia na casa de um, bem mais que na rua.
Quando eu era mais nova, não tinha muita paciência em ouvir meus pais se lembrarem da infância. Hoje sou eu que me lembro com saudades. O tempo é implacável e vingativo, e tudo se repete, de geração em geração. "Como nossos pais", como cantava Elis.
No meu tempo, apesar da liberdade, tínhamos hora pra tudo. E obedecíamos com rigor, claro. No dos meus filhos, tinha que ir chamá-los e até arrastá-los pra voltar pra casa. Se deixasse, ficavam o dia todo e até a noite na casa dos vizinhos. Hoje em dia tudo mudou. Muita tecnologia e tudo muito pronto pra só pegar e usar, ou então abrir o pacote e comer.
Ruim? Não, apenas outros tempos.
Hoje ouço meus pais falarem de suas infâncias, ouvi muito minha avó contar sobre a juventude... E, apesar do sofrimento, ouvi muitos relatos bons, emocionantes.
Ah, meus filhos não têm paciência de me ouvir falar de minha infância... Coisas da vida, cada um com sua geração.
Boa semana!
Bom dia minha amiga..
ResponderExcluirEstamos em sintonia rsr
Sábado também me bateu uma saudade da minha infância. Dos anos 80,. E acabei escrevendo um post sobre isso.
Oh tempo bom..
Amei seu texto com gostinho de saudade..
Beijo e uma semana linda pra ti..
Vou lá ser sua infância. Anos 80 eu já era uma jovenzinha... rsrsrs
ExcluirBons momentos pra contarmos e recordarmos...
Uma linda semana pra vc também, beijos!
Oi Clara. Posso lhe afirmar que tive uma infância sem igual. Subir em árvores, nadar no rio, pescar, jogar bola, brincar e brincar. Comecei a trabalhar na roça muito cedo, mas sempre sobrava tempo para boas brincadeiras, destas que a gente sente falta na criançada de hoje. Outros tempos!
ResponderExcluirUm abraço!
Eles brincam do jeito deles hoje...
ExcluirMe lembro que naquele tempo eu costumava fabricar meus brinquedos, com espiga de milho, chuchu, abacate, terra... enfim, criatividade não faltava.
Saudades demais!
Um abraço e uma ótima semana!
As vezes penso que é tudo igual Clara, mas quando olho para minha infância, penso que eramos mais felizes e livres. Os cuidados eram outros, mas a criatividade era maior.
ResponderExcluirBela postagem para fazer esta viagem nas lembranças.
Abraços. Bjus