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quarta-feira, 5 de junho de 2013
O Fim Do Bolsa Família
Participando do Projeto Bloínquês - 15ª Edição Visual.
Vamos participar? Cliquem AQUI!
- Eneida, corre aqui na janela! O que é que esse povo tá fazendo lá embaixo? Minha Nossa Senhora! - Arnaldo gritou aflito, olhando pela janela de seu apartamento que ficava no último andar, chamando a mulher.
- Que foi, bem? Que sangria desatada é essa? Sai dessa janela! Não tá vendo que tá tendo um motim lá embaixo? - Eneida chega por trás do marido e o puxa pelo braço, tentando tirá-lo da janela.
- Pera aí, mulher, tô vendo esse povo lá embaixo... O que é isso, bem? Liga a TV aí e vê o que é isso - Arnaldo teima em ficar espionando pela janela aquele mar de gente.
- Ah, é sobre o novo Presidente. Ele cortou a bolsa família de todo mundo. Esse mês ninguém recebeu nadica de nada! Daí agora eles estão fazendo caminhada pra protestar, ué! - Eneida fica com o ouvido na TV e o olho no marido, com medo de que algo ruim aconteça com ele.
- Virgem Santa! E agora esse povo vai viver de quê?
- Tem que trabalhar, ué! Já olhou no jornal quanto anúncio de vaga de trabalho? E cadê o povo pra trabalhar? Num tem! Tá tudo vivendo da bolsa família. Daí o governo cortou tudo deles.
- Alá, Eneida, olha lá... A guarda de choque tá fazendo um paredão! Vão jogar bomba de fumaça neles e atirar rolha nesse povo tudo! Olha quanta gente, Eneida, olha aqui, mulher! Sai daí da TV e vem aqui ver! - Arnaldo olha para a mulher, fazendo sinal com a mão, chamando-a para a janela.
- Eu não! Tá doido, homem? Vai que alguma rolha escapole e vem parar aqui no meu olho? Eu, heim?
Arnaldo concorda com o que a mulher disse, fecha uma parte da janela, puxa a cortina da outra parte e fica olhando por uma pequena abertura.
Aos poucos a população da passeata vai se aproximando pela rua até chegar perto do batalhão de choque da polícia militar. Começam a gritar e a vaiar. O batalhão fica onde está e não ameaça ninguém com nenhuma bomba e com nenhuma pistola com tiros de borracha. A passeata é um movimento tranquilo até que alguns mais afoitos começam a peitar o batalhão. Aí sim, eles avançam, capturam os responsáveis e há correria para todos os lados em que se olha.
Helicópteros sobrevoam o local e jornalistas de várias partes começam a fazer campana para cobrir melhor a manifestação popular contra o Presidente que confiscou o bolsa família de todos.
Arnaldo e Eneida não estão na estatística de beneficiários dessa ajuda do governo e ficam inconformados como tanta gente consegue ficar sem trabalho, só dependendo do governo.
O país se tornou um caos com tantos benefícios concedidos, muitas empresas fecharam e muitas outras contrataram estrangeiros para suprirem a necessidade da mão de obra que não se encontra mais em lugar nenhum.
- Mas é um bando de gente demais, Eneida. Pra quê isso? Tanto trabalho por aí e o povo prefere ficar coçando... Ainda bem que agora temos esse Presidente que presta - completou Arnaldo.
- Sei não, bem, sei não se vão deixar ele viver muito tempo. Daqui a pouco acham ele morto em alguma vala, de morte matada. Pode esperar pra ver! - retrucou Eneida, cansada de tanta palhaçada que aconteceu nos últimos tempos no país.
Eneida muda o canal da TV para seu programa matinal, se senta no sofá e continua fazendo seu tricô. Arnaldo continua olhando pela fresta da janela, por um bom tempo, até que a população se dispersa e vai embora.
Fim.
Maravilhosa tua inspiração. Adorei! Criativa, atual, legal de ler! beijos,chica
ResponderExcluirOi, Clara!!
ResponderExcluirAlguns lugares do país, como por exemplo onde a seca atinge de tal forma que as pessoas precisam se retirar do local, vindo para cidades que também não dão infra-estrutura para receber essas pessoas; o municípios poderiam receber uma ajudar maior do governo federal e aí sim, a bolsa família faria um efeito menos defastador. Mas em locais onde existe a possibilidade de trabalho, é absurdo!
Beijus,
Oi Clara!
ResponderExcluirDia desses vi uma jornalista do sbt falar sobre isso. Gostei muito do comentário dela sobre o bolsa família.
Quem sabe esse "boato" que houve recentemente sobre o fim da tal "ajuda" não foi um teste do governo pra ver o que aconteceria se esse benefício acabasse, hein?
Olha eu bancando a louca da conspiração kkkkk
Beijos
Selma
É sempre melhor ensinar o povo a pescar e dar-lhe uma cana de pesca do que lhe dar "apenas" peixe.
ResponderExcluirMas há alturas que o melhor mesmo é encher o povo de peixe.
Mas depois é preciso ir retirando o pexe devagar... muito devagar, para que as pessoas comecem a pescar...
Gostei muito do teu texto. É excelente.
Tem um bom domingo, querida amiga Clara Lúcia.
Beijo.