Ousadia chamá-lo de Adamastor. Mestre Adamastor. Mestre da Escola de Samba X-9 Paulistana, e que tive o prazer de assistir a sua palestra. É assim, como na foto, que ele se apresenta. Com alguns integrantes da bateria acompanhando-o, também com mestre-sala, porta-bandeira e algumas passistas. Sabe aquelas passistas que a gente pensa que não existem, com aqueles corpos que a gente morre de inveja? Então, elas!
Olha, posso até estar fazendo propaganda dele, que vai lucrar até mais com isso, mas o que é bom a gente compartilha. Um show! Simples assim.
Tem gente que fala, fala, fala e não diz nada. Ele não fala nada e diz tudo! Essa é a diferença. Acredito que todos que estavam na palestra entenderam perfeitamente o recado.
Um humorista palestrante, stand up com assunto sério, um homem bem-humorado que sabe lidar com a vida, com as pessoas, com o dinheiro. Um líder, sem dúvidas.
Como eu disse, ele não falou sobre técnicas, sobre regras, sobre liderança nem nada. Chegou, deu voz de comando e todos obedeceram. Simples. Quando começou já não gostei. Gosto de ficar quieta prestando atenção e ele com a voz de comando pra gente fazer isso ou aquilo com os braços, gritar, falar e não sei mais o quê. Achei desnecessário e chato. Mas...
Na metade da palestra nos desafiou: vamos montar uma bateria de escola de samba, em dez minutos.
Oi? Isso não vai prestar. Olhei para minha amiga e disse: "Vamos embora? Não gosto de me socializar com multidão". Ela ria. Depois formou grupos e mandou cada um ensaiar sua apresentação.
"Gente, corram pras montanhas!", pensava eu, já ofegante e com começo de fobia social. "E se ele vir com aquele microfone enorme e colocar na minha boca? Desmaio na hora!". Enquanto seguíamos para a tal sala misteriosa puxei o braço de minha amiga e sugeri que procurássemos a saída e nos mandassem dali, sem deixar rastro. Ela ria.
Cada grupo tocaria um instrumento. Pensava eu com minha vasta imaginação e inocência que usaríamos a boca e o corpo para demonstrar a apresentação. Tipo jogo da mímica, que eu acho terrível! Gente tímida não se aventura a tanto. Então chegamos a tal sala e num canto estavam os instrumentos. O nosso grupo tocaria ganzá. "Acho que tocar isso eu tenho coordenação". Fiquei um pouco aliviada, mas de olho na porta de saída caso precisasse fugir pra bem longe.
Ganzá |
O rapaz da bateria que toca o ganzá foi que organizou tudo. Ensinou o grito de guerra, a coreografia, o modo de tocar, o começo, meio e fim da apresentação. Tudo isso em dez minutos, gente!
E voltamos ao salão, onde as cadeiras já estavam todas encostadas nos cantos. Mestre Adamastor já estava nos esperando com o apito na boca.
Chamou grupo por grupo e cada um fez sua apresentação. Afinadíssimos! A essa hora já estava com aquele sorriso de contentamento na cara. Não vou dizer que sambei porque aí seria exagero e mentira, mas dei meus passinhos. Nem precisava, só ir no embalo que tudo contagiou.
Depois que todos se apresentaram foi a vez de todos tocarem juntos. Gente, vocês não têm noção do que fizemos. Tudo em dez DEZ minutos! Foi um show!
Depois entrou mestre-sala, porta-bandeira e por último as passistas. Simplesmente esfregaram na nossa cara aquela cor maravilhosa da pele seguido daquele corpo esculpido pela natureza. Inveja mata? Morri!
E nos últimos dez minutos que ele foi fazer a palestra. Poucas palavras e resumiu tudo, como se uma bateria fosse uma empresa, com toda a hierarquia necessária. E que funcionou com a colaboração, boa vontade e bom humor de todos. E alegria, não se esqueçam da alegria.
Um show!
Tinha que contar isso pra vocês.
Mas olha... Se tivesse mais dez minutos de palestra eu subiria no palco pra sambar, viu?
Fim.
Uau, deve ter sido fantástica esta experiência!
ResponderExcluirOuvir de perto uma bateria, das boas, de escola de samba, faz o coração da gente acelerar e até ouvimos as batidas dele junto com os instrumentos, é algo sensacional e já pude sentir de perto isto.
Valeu a pena ter ficado então, né?
um abraço carioca
Viva!!!!
ResponderExcluirA ideia do cara foi ótima e o samba contagia mesmo, até quem é tímido. Em dois minutos a gente sai mandando beijinhos pra arquibancada.
hahahah eu imaginei isso o tempo todo, você ia acabar subindo ali e sambando...rsrs
ResponderExcluirQue coisa boa, principalmente quando amigos só nos olham e sorriem, sabendo o que estão fazendo, confiando em que o final será bom...
Também não gosto de multidão e agiria como vc, o tempo todo.
Bobas, nós, né?
Bj