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segunda-feira, 11 de abril de 2016

Meu Primeiro Amor


Lá nos meus dez anos, quase onze, quando ainda amava brincar de bonecas, ouvia dos mais velhos que um dia a brincadeira iria acabar. Pra minha pequena cabeça infantil seria impossível acabar algo que eu amava tanto.

Me lembro que um dia uma amiga me convidou para irmos a um show de patins. Fui. Naquele tempo, década de setenta, a moda era usar calça boca de sino e botas. Ah, e tinha a horrenda blusa cacharrel, gente, que horror aquilo! A que eu usava era preta com florzinhas coloridas, miúdas, cheia de florzinhas. Então, toda paramentada, fui ao show com a família da amiga. Sentamos longe até, foi num clube esportivo, centro de jogos de basquete. Ah, como fiquei encantada com tudo aquilo! Os bailarinos patinadores deslizavam como se estivessem voando! E por fim somente um casal se apresentou. A moça, magra como um palito de fósforo, deslizada e rodopiava ao redor do moço...

O moço, me lembro da cara dele até hoje. Lindo! Bem, só me lembro disso, que ele era lindo e que eu não conseguia tirar os olhos dele. Meu pequeno coração virgem palpitava e eu suspirava de queixo caído. Foi inevitável resistir a ele. Quem seria ele? Não importava, seria meu príncipe dos sonhos dali por diante. Não pensava em beijos ou abraços, só tinha a imagem dele deslizando sobre o gelo. Nada dele vir até mim e me olhar nos olhos e todo o romance desabrochar pra me fazer feliz para sempre.

Não gostava de contos de fadas, achava sempre muito chato o final com o príncipe vindo e tudo ficaria maravilhoso. Não entendia Romeu e Julieta pela morte dos dois, já que se amavam, por que morrer? A branca de neve eu achava sonsa, e eu queria muito o vestido e os sapatos da Cinderela. Mas nunca me importei com príncipes. Ficava imaginando em minha infantil mente outros finais, outros homens e não príncipes e outros vilões que seriam desmascarados, logo no começo da história, pelas princesas. Me dava uma raiva quando as bruxas ficavam lindas e faziam as mocinhas de bobas! Enfim, desde sempre questionadora e inconformada com o fim proposto pelo autor. "E se acontecesse isso? Ou aquilo?", ficava imaginando. E o pior de tudo, ficava pensando nesse tal "felizes para sempre". O que seria felizes para sempre? O que aconteceria depois, meu Deus do céu? Será que brigavam, que tiveram filhos, que se separaram, que a moça engordou, se o príncipe era rico e não precisava de trabalhar? Ou seja, queria saber o que aconteceria depois do fim.

Claro que a paixonite pelo lindo dos patins acabou rápido, mas depois desse dia deixei as bonecas de lado. Num certo dia, talvez uma semana depois, uma surpresa deu o ar da graça: minha primeira menstruação.

Fiquei assustada, mesmo já sabendo que a qualquer hora ela chegaria. Desconfortável demais! Quem foi daquela época se lembra muito bem como eram os absorventes. Não tinham aquela aderência às calcinhas... Tínhamos de colocar uma calcinha própria pra prendê-los, um horror!

Quando as mulheres de minha família ficaram sabendo fizeram a maior festa. Uma novidade que fiquei perdida. Por que a festa por causa de uma menstruação? "Você agora é uma mocinha, vamos arrumar um namorado pra ela!", exclamavam. Mas o que tem a ver menstruação com namorado? Perguntei isso a todas e nenhuma me respondeu até hoje!

É claro que me lembrei do moço dos patins, lindo, e quem sabe ele seria meu namorado? Tão novinha e já iludida...

O tempo passou e com a menstruação vieram as cólicas. Gente, como eu sofri com cólicas! Chegava a rolar no chão e até a desmaiar! Colocava bolsa quente no ventre, tomava banho pelando, chá de canela, remédios caseiros (naquele tempo não era comum ir logo ao ginecologista) e tudo o que ensinavam pra parar as dores. E nada adiantava. Posso dizer que não senti dores do parto, mas dores de cólicas, ah isso eu sofri muito.

Ainda demorou um tempo pra eu deixar de ser BV (boca virgem), e um pouco mais até o primeiro namorado... Ingênua, como a maioria daquela época, sonhadora, romântica e, claro, questionadora. Ô, raça!

Mas isso é uma outra história.

Uma ótima semana a todos!

7 comentários:

  1. Seu conto me fez reportar a minhas histórias do primeiro amor, do primeiro beijo e tudo mais que foram de extrema emoção. E como é bom colocar no papel estes momentos. bjs

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  2. Que lindo e doce te ler! Lindas recordações e lembranças bem marcadas em nossas vidas! ADOREI! bjs, linda semana! chica

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  3. Clara querida
    Fiquei muito feliz com a sua visitinha.
    E como você escreve bem.hein?
    Adorei ler o seu relato.
    Um beijinho de boa noite para ti
    Verena e Bichinhos.

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  4. Clara querida
    Fiquei muito feliz com a sua visitinha.
    E como você escreve bem.hein?
    Adorei ler o seu relato.
    Um beijinho de boa noite para ti
    Verena e Bichinhos.

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  5. Olá, Clara! Imagino o encantamento que sentiu ao ver o rapaz de patins, rsrsrsr.E vejo que éramos bem diferentes, kkkk... eu sonhava muito com o mundo encantado, com o príncipe e com os felizes para sempre... na verdade até hoje gosto de filmes com finais felizes, rsrsrs. Brinquei de boneca até os 15... e só depois beijei alguém.
    Me senti estranha na primeira menstruação, aos 13.
    Porém sou sonhadora até hoje... a diferença é que ainda acredito que é possível ser feliz para sempre com o homem que eu amo, mas sabendo que a vida não tem as facilidades do conto de fadas, kkkk, há dias bons, dias ruins, e se forem passados a dois com cumplicidade, mais leve ficam.
    Abraços!

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    1. Bia, eu era (acho que ainda sou) um pouco chatinha. Sempre há um porque no final de algo. Sempre queria saber o que acontecia depois e não compreendia o fim se não havia morte. Esquisita! rsrsrs
      Também acredito em uniões duradouras com cumplicidade e amor. Admiro casais assim... rsrsrs
      Beijos!

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  6. As recordações e a nossa historia Clara.
    Cada tempo com suas marcas.
    Lembro das calças boca de sino, que nós homens suavam com uma nesga para abrir a boca quando era Jeans usavam uma nesga desbotada, Hoje rio muito ao lembrar das minhas. Tive uma que era estampada como couro de cascavel, kkkkkkkk
    Bons tempos, velhos dias, nós vivemos e temos historia.
    Beijos

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