quarta-feira, 28 de maio de 2014
Uma Deliciosa Surpresa
Entre uma faxina e uma espiada na TV que estava ligada praticamente no último volume, Emanuelle não tinha pressa de se ver livre da bagunça acumulada durante a semana. Tinha o tempo necessário para terminar tudo o que havia começado. O dia estava lindo, fresco, céu azul claro sem nuvens e uma brisa balançava seus cabelos cacheados quando ela colocava o rosto na janela, fechava os olhos e inspirava um ar perfumado pela dama-da-noite florida, plantada propositalmente no jardim frente a sua casa.
Algumas cartas estavam jogadas ao chão. Nem percebeu que o carteiro havia passado. Gostava de cumprimentá-lo e vê-lo, pacientemente, montado numa bicicleta e jogando as cartas nas casas. Um bom exercício físico, pensava. Pegou-as e colocou-as sobre a mesa na sala de jantar. Sentou-se e olhou uma a uma. Parou na última, espantada. Meu Deus, quem diria? Falava em voz alta e com o coração acelerado quase que saindo pela boca.
Cheirou-a, mas nenhum sinal de um perfume quase esquecido pelo tempo... Carinhosamente acariciou as letras, virou-a e fez o mesmo do outro lado, como se quisesse sentir os dedos de quem escrevera... Colocou-a contra a luz para adivinhar quantas folhas haviam escritas ou que cor de tinta desenhava as palavras, ou se seriam apenas tinta de impressora... Ou mesmo tentava adivinhar qual seria a primeira frase... Deitou-a na mesa e sorriu. Permaneceu alguns minutos admirando aquele envelope branco com alguns selos carimbados, com letra espichada para o lado direito, quase deitada na linha, com seu nome escrito, seu endereço, tudo certo, para não correr perigo de voltar ao remetente.
Pegou-a novamente e apertou-a ao peito. Fechou os olhos, levantou-se e começou a balançar o corpo, para um lado e para o outro, dançando uma música suave... Rodopiava vez ou outra e jogava a cabeça para trás, como ele fazia quando pegava-a pela cintura e rodopiava fortemente, deixando-a tonta, só para vê-la rir descontroladamente e se jogar em seus braços, com medo de se espatifar no chão.
Parou! Arregalou os olhos e olhando para o nada ficou pensando e se não fosse nada do que estaria imaginando... E agora? Talvez seria melhor nem abri-la e ficar decepcionada. Guardaria as lembranças num cantinho eterno e especial de seu coração. Olhou-a, beijou-a e colocou-a novamente sobre a mesa. Continuou a faxina, como um robô obediente. Olhava sobre a mesa e a carta lhe implorava ser aberta. Ignorava-a. Ia para o quarto dobrar as roupas que estavam espalhadas pela cama. Olhava pela porta avistando a mesa e a carta ainda estava lá, imóvel, como se olhasse de rabo-de-olho esperando a hora de ser rasgada mostrando toda sua intimidade em algumas palavras. Seriam letras cursivas ou impressas? Se forem cursivas valeriam muito mais pelo simples fato de mostrar uma característica tão pessoal, mas se forem impressas também seriam bem-vindas.
Emanuelle correu até a mesa, parou, olhou a carta mais uma vez, pegou-a e rasgou a beirada com cuidado temendo destruir parte de alguma palavra que ficaria perdida para sempre. Era cursiva! Sorriu. Trêmula, ansiosa, coração acelerado, boca seca... Calmamente abriu-a e começou a ler:
Emanuelle, meu amor...
Fim.
Escrevo sobre a vida e os momentos específicos emocionais.
Assuntos relacionados sobre a mente humana e como conviver com o outro sem a necessidade de mudá-lo.
O conhecimento é primeiro processo de cura.
Sente algum desconforto em seu relacionamento? Vamos conversar?
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Você vai fazer isso mesmo, deixar a gente na curiosidade? ...rsrsr
ResponderExcluirSim, vou fazer isso sim, Giu. Sem final finalíssimo. Mais emocionante assim, não acha! rsrsrs
ExcluirBeijos
Que belo texto... O suspense, o carinho, a ansiedade... e no final vc nos mata de curiosidade!!!
ResponderExcluirBom, as notícias serão boas pelo começo, assim espero.
Adorei!!! Seu blog também é uma graça, bem organizadinho, delicioso de se estar.
Abração e lindo dia.
Márcia (Poções de Arte).
As notícias são boas e todo mundo vai imaginar o melhor pro casal. Então fiquemos assim, final feliz pra eles!
ExcluirBeijos, Márcia!
Gostei, Clara!
ResponderExcluirUm suspense no final, ou um gancho para continuar? Você decide,mas meu voto vai para o continuar, rsrsrsrs!
Bjs
Marli
Blog da Marli
Todos votaram pra continuar, mas euzinha, como sou chatinha, não continuarei... ahhhh, que chata, viu? rsrsrs Mais emocionante assim, Marli!
ExcluirBeijos
Eu de novo, desculpe importunar, mas vc poderia me dizer como instalou esse gadget "Postagens Recentes". Eu tenho o código html dele mas não consigo fazê-lo funcionar.
ResponderExcluirObrigada,
Abração.
Vou te passar por email...
ExcluirEita, adorei!!
ResponderExcluirAmo receber cartas e achei o texto muito legal e bateu àquela curiosidade imensa...
Bjos,
Sheyla.
É bom ficar curiosa, imaginar um final bacana... eu costumo colocar finais não muito bons, então prefiro o mistério ao final exato, afinal a vida continua...
ExcluirBeijos!
Se você não continuar, eu te mato bem devagarinho!!!!! :/
ResponderExcluirBeijuxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx...
KK
Uiaaaa!!!!
ExcluirPode começar a me matar em 3.. 2... 1.... djá!!!!
Beijos, meu querido!!!
Show de texto Clara! Ahhhhh como gostaria de receber uma carta de amor! rsrs Quero saber o resto, não me deixe na curiosidade!
ResponderExcluirBjs
Então... geralmente a continuidade não fica tão bom. Acho que então não, não vou continuar... Cada um imagine um final e faça dela sua história... Que delícia, isso!
ExcluirBeijos
E que surpresa deliciosa, essa
ResponderExcluirAmei o texto, Clara
Deixo um beijinho e o meu carinho.
Verena e Bichinhos
Obrigada, Verena, e quem não amaria uma surpresa dessa?
ExcluirBeijos, querida!
Vc está super certa em não dar continuidade ao conteúdo da carta, Claríssima. O bacana foi a ruptura da rotina, a surpresa, o inusitado. E depois da letra cursiva com uma primeira frase como aquela... pra que detalhar a carta? É bom dar o que pensar ao leitor... rs
ResponderExcluirQuerida, como faço para instalar um gadget de postagens recentes como o seu?
Abraço,
Jussara - minasdemim
Eu gosto desse suspense. Acho que é bom o leitor imaginaria o que seria, como seria... mas, enfim...
ExcluirTe mandei por email o link pra vc colocar o gadged, querida.
:Beijos!
Deliciosa a forma como você manipula a curiosidade do leitor, muito bom e ainda que eu tenha algumas observações para melhorá-lo - você deve lembrar-se que em mim esse comichão crítico é quase patogênico -, estranhamente não me sinto a vontade para enumerá-las aqui, talvez por esse espaço soar tão pessoal. Satisfeito por poder me certificar que essa blogueira não perder o apetite por literatura.
ResponderExcluirFique à vontade, menino, aqui é pessoal mas é bom ver a opinião dos leitores também. Conheço bem esse seu lado crítico e gosto dele.
ExcluirQuem gosta de literatura não perde esse apetite, não é?
Bem-vindo novamente, sempre!
Beijos
Finalmente consegui chegar, meus problemas de conexão estão (ou estavam?) grandes.
ResponderExcluirPior que não é o provedor, mas os PC's.
Interessante como mulher tem dessas coisas, fica tentando adivinhar mesmo com o objeto na mão. Creio que a maioria dos homens é mais objetiva.
De qualquer modo, torci para que Emanuelle não imitaase a moça da música "Mensagem", que queimou a carta sem abri-la.
Beijos.
Mulher é essa coisa estranha e complicada, Tesco, não tem jeito. E mesmo com todas as dicas que damos ainda continuamos complicadas. Somos a pimentinha pra não deixar nada virar tédio, né?
ExcluirSe eu fizesse isso me queimariam viva virtualmente, com certeza! rsrsrs
Beijos