quarta-feira, 23 de abril de 2014
Doce - Conto Sensual
Agora era fato. Definitivo. Resolvido e sacramentado. O passado não voltaria. Viveria o presente e planejaria o futuro. O passado nos braços de Antonieta foi maravilhoso. Mulher inesquecível, quente, sedutora... Linda! Mas o medo falava mais alto.
Augusto estava tranquilo com sua vida sossegada, rotineira e pacata. E de um dia para o outro vinte anos voltaram no tempo e lhe entregou de bandeja a melhor fase já vivida. A juventude. Bastou olhar Antonieta e tremer nas bases, pulsar o coração, respirar com dificuldade... Balançar... Não era apenas uma mulher e sim a mulher que seria de seus sonhos, a mulher de sua vida.
Se lembra perfeitamente daquela noite em que fugiram de uma festa na casa de um amigo e foram para seu apartamento. Antes mesmo de fecharem a porta já se jogaram nos braços um do outro. Paixão louca, tesão incontrolável, pele arrepiada, bocas grudadas e mãos descobrindo o corpo um do outro.
Tateando as paredes chegaram até o quarto deixando algumas peças de roupas pelo caminho, como se quisessem deixar rastros para uma noite que seria inesquecível, como se alguém fosse chegar do nada e presenciar a mais profunda cena de amor jamais vista em filmes românticos.
Augusto sentou Antonieta em sua cama e começou a tirar-lhe os sapatos. Um depois o outro. Beijou seus pés delicadamente, subindo até as coxas, passando a língua no interior daqueles músculos muito bem encaixados harmoniosamente, chegando até a virilha. Antonieta jogava a cabeça para trás e suspirava. Colocava o rosto de Augusto entre as mãos e encostava sua boca em seus lábios quentes, suavemente, passando a ponta da língua e depois dando mordidinhas... E se perdia num longo beijo apaixonado.
Augusto, não satisfeito de ter parado no meio do caminho, voltou para a virilha de Antonieta e achou seu sexo... Se perdeu nele, carinhosamente. Ela se deitou e permitiu que aquele homem matasse sua vontade. Vez ou outra levantava a cabeça, mordia o lábio inferior e olhava para Augusto quase que implorando para que não parasse, ou que parasse imediatamente e se jogasse em seus braços para sentir todo o peso dele em seu corpo. E com as mãos guiasse para a loucura, o prazer pleno.
Obedeceu! Era um escravo nas mãos de Antonieta. Bastava um olhar e já sabia o que aquela mulher pedia. E fazia muito mais só para impressioná-la e não mais permitir que sequer ousasse pensar em deixá-lo.
Se amaram perdidamente durante a noite inteira. Vez ou outra paravam, ficavam abraçados, quietinhos, se olhando e acarinhando o rosto. Pareciam que decoravam cada poro do rosto, cada linha, cada cantinho... Depois se beijavam ternamente e recomeçavam. Uma noite sem fim, O silêncio era quebrado pelos gemidos e pelo ruído dos corpos se tocando... O ar invadido pela respiração ofegante, a umidade dos beijos ardentes, o tilintar dos dentes se tocando...
Se perderam no tempo. O dia amanheceu e nem perceberam... Abraçados, Antonieta deitada sobre o peito de Augusto ensaiava um cochilo. Ainda era pouco para Augusto que puxava-a para si e lhe invadia para mais um tempo de prazer. Antonieta se rendia, se entregava e quase desfalecia nos braços daquele homem inquieto e intenso. Fechava os olhos e sentia... Só sentia e mais nada... Exausta e feliz, realizada...
Augusto percebendo o cansaço de sua amada, se deitava ao seu lado e aconchegava seu corpo ao seu. O silêncio aos poucos era invadido pelo barulho de carros na rua. Passadas rápidas de gente apressada para enfrentar mais um dia de trabalho. No ar o cheiro de sexo, de satisfação, de doçura, de amor...
Antonieta dormia, como uma rainha, protegida por um guardião atento a qualquer perturbação que pudesse prejudicar sua amada. Ficaria imóvel encostado naquele corpo quente durante o dia todo se precisasse. Guardaria o sono e os sonhos secretos de Antonieta, pelo tempo que fosse necessário.
Mas a vida é real e o sonho sempre acaba. Antonieta despertou, vestiu-se e se foi. Se separaram e vidas distintas tiveram. Cada um com sua família e o tempo passou. O destino, como provocador querendo cutucar reaproximou Augusto e Antonieta. Mas eram outros tempos, outras vidas. Antonieta enfrentaria e ousaria voltar no tempo, mas Augusto não suportaria e não sustentaria conviver com um sonho do passado. Estava bem como estava e não mudaria. Era demais pensar em passar noites e mais noites perdido nos braços de Antonieta. Não arriscaria tanta felicidade e tanto prazer assim. Não. Estava decidido. Seguiria sua vida pacata, tranquila, como tem sido nos últimos vinte anos. Era muita mulher para um simples homem.
Antonieta, cansada e determinada, arrumou as malas de seus sentimentos e partiu, mesmo permanecendo no mesmo lugar, para uma emoção que ainda estaria por vir. Afinal não tinha paciência para lidar com homem inseguro. Na verdade ficou com muita vontade de mandar Augusto para aquele lugar, por tê-la feito perder todo o encanto que sentia por ele, mas sua educação não permitia sequer desejar algum mal a alguém. Augusto não tinha o direito de lhe tirar esse encanto, esse passado doce de boas lembranças que até então estava presente. Vinte anos de lindas lembranças, de uma noite inesquecível jamais repetida, com um ponto final decisivo e sem volta. O destino tentou, cutucou, mas não convenceu. O homem que seria o homem de sua vida ficaria no passado. Existiu, mas não resistiu ao tempo presente.
Fim.
Escrevo sobre a vida e os momentos específicos emocionais.
Assuntos relacionados sobre a mente humana e como conviver com o outro sem a necessidade de mudá-lo.
O conhecimento é primeiro processo de cura.
Sente algum desconforto em seu relacionamento? Vamos conversar?
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Nossa, que história instigante, de prender mesmo, amei! As janelas do tempo ficam fechadas, melhor fechadas! abraços
ResponderExcluirMelhor deixar o passado pra trás. Pra arriscar no incerto melhor seguir em frente.
ExcluirAbraços, boa semana!
Como sempre numa narrativa esplendorosa, que nos prende do começpo ao fim da leitura.
ResponderExcluirBeijos, Élys.
Élys, querido amigo, suas palavras sempre me dão ânimo. Obrigada, como sempre!
ExcluirBoa semana, beijos
Que maravilha de conto! Tem coisas que precisam realmente ficar no passado.
ResponderExcluirFicam mais bonitas e etéreas!.
Venha amanhã (24/04) à inauguração do meu novo Blog
http://joturquezzamundial.blgspot.com
Também dirigido às amigas blogueiras de que moram fora do Brasil.
Conto com sua presença, tá?
Mande seu email para mim.
Obrigada. Beijos.
Que bom, Jô! Eu vou sim, à noite!
ExcluirPelo jeito muitas novidades... me aguarde!
Beijos
Muito bonito, mas talvez no passado Antonieta nao tenha tido coragem suficiente para enfentar este amor.
ResponderExcluirDeve ser isso mesmo. Talvez ela tenha se afastado de Augusto pra não atrapalhar sua vida ou preferir ficar no conforto em que ela se encontrava. Só não escrevi isso pro conto não ficar muito extenso.
ExcluirBeijos, Godô.
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
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ResponderExcluirBelíssimo conto, Clara
ResponderExcluirAmei ler
Te desejo uma ótima tarde, querida
Beijinhos carinhosos de
Verena e Bichinhos
Querida, um ótimo fim de semana pra vc também!
ExcluirBeijos estalados na sua bochecha!
Escrever contos é sua grande arte Clara e você tem a habilidade de nos inserir nas cenas e cria sempre um visual perfeito e claro das passagens.
ResponderExcluirParabéns sempre pela linda arte que aplaudo.
Meu carinhoso abraço
Beijo de paz e luz.