terça-feira, 21 de janeiro de 2014

O Amigo Imaginário de Melissa Jones


Primeira blogagem coletiva do ano! Blog Café entre amigos.
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      Tagarela! Era como Mary descrevia a pequena Melissa. Não sabia onde arrumava tanto assunto para conversar... Sozinha! Quando juntavam as amiguinhas da vizinhança não era tão faladeira como quando estava sozinha. Para Mary era normal, afinal de contas criança dá asas à imaginação e cria personagens imaginários. Se lembra que tinha um também, Pop, como o chamava. Não o via, mas o ouvia sempre que estava sozinha em seu quarto ou no vasto quintal da fazenda onde fora criada. De certo Melissa puxara esse seu lado sonhador e criativo.

      Mesmo antes de se levantar, Melissa já começa um papo alucinante e dava gargalhadas como se seu amigo imaginário fizesse palhaçadas. Mary ria junto, no outro cômodo, e logo ia até o quarto da pequena ver o que se passava. A menina, toda descabelada, sentada na cama, com os olhos brilhantes respondia que era muito engraçado... Mary abraçava-a, pegava-o no colo e com um beijo na bochecha lhe desejava um bom dia. Era sua pequena, seu bebê, seu mimo, sua boneca de verdade, amada e abençoada.

      Um dia Melissa acordou chorando. Mary não entendeu e foi logo ver o que se passava. A menina estava deitada no chão, olhando para debaixo da cama, inconformada.

      - Cadê ele, mãe? - perguntava, aos soluços

      - Ele quem, querida? -

      - O Pop, mãe, cadê ele que não veio hoje? - perguntou, olhando mais uma vez debaixo da cama.

      Mary arrepiou... Ficou paralisada... Não conseguia consolar Melissa e muito menos olhar debaixo da cama para ajudar a filha.

      Respirou fundo, pegou Melissa no colo e abraçou-a forte. Acariciava seus cachos despenteados e chorou junto com a filha.

      A infância lhe voltou à memória. Fechou os olhos e se lembrou que foi exatamente assim que Pop, seu Pop, desapareceu. Sem mais nem menos. Simplesmente não apareceu nunca mais.

      Se sentou na cama e começou a conversar com a filha. Lhe fez muitas perguntas e não teve as respostas que queria ouvir. Melissa só sabia dizer que Pop foi embora e ficava perguntando porque ele tinha ido embora. Sem saber o que responder Mary consolava a filha dizendo que Pop teve que viajar e que um dia voltaria, talvez quando ela já estivesse grande, do tamanho dela. Melissa chorava ainda mais, inconformada, dizendo que não, que ele não tinha ido embora não. Mary abraçou a filha e ficou com ela no colo até que se acalmasse.

      Ficava lhe perguntando quem seria Pop que antes era seu amigo e agora brincava com sua Melissa. Tinha a mesma idade da pequena quando ele a abandonou. Se lembrou também de sua avó que sempre contava histórias e dizia que crianças enxergam as almas até completarem sete anos. Mas que alma seria Pop? Por que perseguia sua família? Não perseguia... Emendava Mary, apenas brincava comigo e agora com minha Melissa.

      Não tinha como saber, mas sentiu muito a falta de Pop quando este a deixou e nunca mais voltou. Sua mãe não acreditava e achava besteira, por isso Mary tanto sofreu com a falta do amigo imaginário. Mas por que Melissa conseguia vê-lo e ela não? Um dom sobrenatural da menina? Para quem perguntaria?

      Apesar da imensa curiosidade isso agora não tinha importância... Boas recordações tinha do amigo invisível, que fazia-a gargalhar até fazer xixi na calcinha e sua mãe lhe dar bronca dizendo que já era mocinha e que não podia mais fazer isso. Melissa gargalhava como ela e também fazia xixi na calcinha de vez em quando. A diferença é que Mary não implicava com sua bebê. Era uma criança feliz, sadia, inteligente, esperta e que tinha os cachos mais lindos do mundo! Seu avô, agora falecido, vivia dizendo que ia cortar um cachinho e guardar de lembrança. Ela sorria e corria para se esconder. Como dar bronca numa pessoinha tão doce assim?

      Mary chorou junto com Melissa... Lamentou não ter descoberto o segredo antes, enquanto Pop estava por perto. Poderia brincar junto, os três, e gargalhar até dar nó na barriga...

      No dia seguinte seria o aniversário de Melissa Jones, uma alegria para tentar encobrir a tristeza de perder o amigo especial que era só dela. Quer dizer, só dela e de sua mãe. Esse segredo seria revelado mais tarde, quando Melissa ficasse maior e pudesse compreender os mistérios que muitos não entendiam. E terão um segredo para compartilhar por toda a vida, só delas, sem que ninguém se intrometesse ou desacreditasse. Sim, eram as amigas de Pop. A curiosidade aumentaria e Mary, com certeza, perguntaria como era Pop, pois só Melissa o vira.

      Fim.

     

12 comentários:

  1. Clara adorei sua criatividade muitas pessoas relatam suas experiencias com amigos imaginários, obrigada pela participação.

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  2. Mais uma imaginação linda, eu gostei
    acho que vamos ter nessa blogagem
    muitas histórias lindas,parabéns cada
    um com sua amizade escondida

    tenha um bom dia bjussss

    ______________Rita!!!
    -

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  3. Oi Clara!
    Ficou interessante a sua história, mas o mistério ainda permanece, não é? O que deixou claro foi a importância do amor entre mãe e filha. Parabéns pela imaginação!
    Um abraço e tenha bons dias!

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  4. Clara,que conto sensivel,menina! Esses amigos imaginários ficam em nossas vidas para sempre e só quem teve um é capaz de entender as crianças e sua fertil imaginação! Parabéns pela linda participação! bjs,

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  5. Nossa que lindo sua estoria fez uma Melissa maravilhosa.

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  6. Amei a sua linda história, Clara
    Melissa e sua mãe tem agora um doce segredo
    Bela participação!
    Beijinhos mil de
    Verena e Bichinhos

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  7. Oi, Clara!
    Que segredo reserva o misterioso Pop?
    Adorei o suspense!!
    Beijus,

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  8. Oi, que história linda e que exemplo de mãe, parabéns.

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  9. Clara, querida. Saudades!
    Tua história trouxe um sentimento muito gostoso de cumplicidade entre mãe e filha, uma delícia de se ler! Parabéns pelo texto e até a próxima =)

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  10. Oi Clara! Como essa história lembrou minha infância! Tive também amigos imaginários e era até considerada meio "louquinha" pelo resto da família que não entendia isso. Meu sobrinho quando pequenino também tinha e eu sempre o compreendi. Amei essa história! Beijos

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  11. Muito bom!
    Vale principalmente porque não segue a paranóia norte-americana, em que as crianças não podem ter fantasias, dar asa à imaginação, ou mesmo, visualizar entidades espirituais (que normalmente é o caso).
    Os pais americanos (e os americanizados também) reprimem toda essa tendência natural (ninguém ensina isso às crianças), insistindo que elas não estão vendo o que dizem que veem, e outras bobagens. E o cúmulo dessa civilização materialista, levam a criança ao psiquiatra!
    Ignorância cruel!
    Beijos.

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