segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Saudade - Conto Sensual


      Ester, depois de um dia com muito trabalho e problemas resolvidos, voltava para casa caminhando, com a sensação de dever cumprido. Resolveu passar por outro caminho, por uma avenida movimentada que cortava a cidade. Queria sentir a brisa do fim de tarde, o barulho dos carros, o comércio fechando as portas e apesar do sapato não ser tão confortável para caminhar, resolveu arriscar umas prováveis bolhas que formariam. A tarde estava linda, fresca, e com o horário de verão ainda chegaria em casa com o sol quente.

      Na avenida pessoas caminhavam exercitando-se. Se lembrou que precisava urgente se matricular em uma academia. Ao atravessar uma rua um carro que aguardava o sinal verde buzinou insistentemente e Ester ouviu alguém chamá-la. Olhou e não reconheceu a pessoa. O rapaz chamou de novo, estacionou por ali mesmo e caminhou em sua direção com os braços abertos.
     
      - Jorge! - ela abriu um sorriso e quase desmoronou por ali mesmo.

      - Oi, sumida, por onde você anda que nunca mais te vi? - respondeu Jorge, chegando perto já com os braços abertos esperando um abraço apertado.

      Depois de falarem um do outro, chegaram à conclusão de que a última vez em que se encontraram foi há vinte anos. Como o tempo voa, disseram praticamente juntos.

      Algumas rugas, uns cabelos brancos, uns quilos a mais, mas o brilho nos olhos era o mesmo. Bastou o toque na pele para aquele arrepio dar o ar da graça e o tempo voltar naquele dia em que se separaram. Cada um se casou e foi viver a vida. Agora ambos estavam separados e os olhos mais brilhantes do que nunca.

      Jorge ofereceu carona para Ester que aceitou prontamente. Entraram no carro, mas antes de dar a partida ele olhou-a fixamente, derrubando-a, como sempre fazia, deixando-a corada de vergonha. Nada havia mudado dentro deles, dentro dos corações, as emoções, a excitação, a vontade de tocar, de beijar, enfim, de grudarem um no outro.

      Jorge disse que não a levaria para casa naquele momento. Ester concordou e foram para um motel.

      Mal chegaram e Jorge já tomou-a nos braços, ainda dentro do carro, dando-lhe um beijo inesquecível, intenso, molhado, deixando Ester toda trêmula e não conseguindo controlar suas mãos. A excitação era tanta que Jorge a colocou em seu colo, de frente a ele. Ester se sentiu uma jovem, com todas aquelas emoções, sensações, e se entregou totalmente, sem medo, sem vergonha, sem pudores. Jorge adorava isso em Ester, pois apesar de tímida era a mulher dos sonhos, a mulher perfeita no sexo, que retribuía e aceitava todos os jogos e brincadeiras. Bastava uma troca de olhares e já sabiam o que queriam.

      Jorge se perdeu nos braços de Ester. Não sabia como aguentou ficar tanto tempo longe daquela boca quente, da pele macia, da respiração ofegante, do toque suave de suas mãos, dos cabelos sedosos e, mesmo depois de tanto tempo, continuava a mesma mulher sedutora de sempre, que o enlouquecia e tirava-lhe o prumo.

      Ester não queria mais perder um segundo de um tempo precioso e explorava o corpo de Jorge com as mãos e com a boca, com os lábios entreabertos, e também lamentava ter vivido tanto tempo sem aquele cheiro de homem, aquele gosto afrodisíaco de sua boca, os braços a lhe entrelaçar deixando-a imobilizada e quase sem fôlego... Morreria em seus braços naquele momento e levaria consigo os poucos instantes de entrega e roubo de emoções, de prazer, de ternura, de carinho... 

      O que Ester adorava em Jorge era justamente esse ímpeto de possuí-la sem ficar pedindo ou falando o que queria fazer. Simplesmente fazia. Simplesmente conhecia seu corpo, lia seu arrepio, sabia os locais do toque, do beijo, do sexo, e falava baixinho em seu ouvido tudo o que ela amava ouvir.

     Não se importavam se o carro era um lugar desconfortável, para eles qualquer lugar era lugar, qualquer canto era um mundo de dois que se transformava em um, que queriam entrar um dentro do outro para nunca mais sair.

      Foram para o quarto e se jogaram na cama. Perderam a noção do tempo. O que importaria o tempo num mundo onde não havia hora marcada? Não tinham que dar satisfações para ninguém, então o tempo que esperasse a vontade deles.

      Entre um carinho e outro, ficavam se olhando e lamentando o tempo perdido nesse espaço enquanto ficaram longe um do outro. Não sabiam explicar porque se separaram e nunca mais se viram. Não se conformaram de não estarem juntos desde sempre... A vida prega peças e desenha rumos diferentes, mas o destino entende quando há união de corpos e volta atrás redesenhando o caminho inverso, transformando os corpos em ímãs.

      O reencontro, o brilho nos olhos, o coração pulsando, os corpos colados, não sabiam até quando, mas enquanto estivessem juntos, o mundo e o tempo seriam deles.

      Fim.

7 comentários:

  1. Onde mora essa Ester??

    ahahhahhahahhahahahhahahhahahhahah...

    Beijuxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx...

    KK

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  2. Adorei....esses 20 anos, como eu queria voltar e reencontrar...rsrsrsrsr

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  3. Clara que história deliciosa! Li, senti e me emocionei pois adoro histórias de amor! Essas de reencontro então...quem não gostaria de reencontrar um grande amor?
    Bjs

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  4. Suas histórias são tão reais, Clara
    Escreves muito bem
    Tenha uma linda semana
    Beijos de
    Verena e Bichinhos

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  5. Eu conheço esse filme e concordo...quando há sentimento verdadeiro e espaço para o perdão sobre os erros do passado, o destino se encarrega do reencontro. E como vale a pena! :D Um abraço!

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  6. Oi, Clara!!
    Se vinte anos não foi o suficiente para apagar esse fogo, não apaga mais!! :D
    Feliz primavera!!
    Beijus,

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