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quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Momentos de Inspiração - 6ª Edição


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      Márcia, que sempre passava por aquele caminho, nunca havia parado para observar a paisagem deslumbrante do pôr do sol. Apesar da fobia de altura, se arriscou a chegar perto da mureta de madeira que protegia a rua do precipício. Ainda sobre a bicicleta espichou o pescoço para poder ver as formiguinhas humanas que transitavam no buraco medonho.

      - Pra quê fazer uma estrada aqui em cima? E por que eu tenho que passar por aqui todas as vezes, meu Deus? - balbuciava indignada por sua atitude corajosa.

      Respirou fundo e começou a observar o horizonte.

      - Que lindo! Se eu olhar só o horizonte eu não fico tonta... E se fechar os olhos dá pra sentir a brisa que traz o perfume das matas da montanha. Hmmmm... Como é que eu nunca tive coragem pra prestar atenção nessa maravilha?

      E continuou a observar a linda paisagem, ao longe as montanhas com vários tons de verde e cinza e umas nuvens que cortavam-lhe o topo, e abaixo, um córrego que cortava a avenida principal da cidade, com duas ruas paralelas, com tráfego contrário uma da outra. As pessoas andavam nas calçadas e se deixavam ver vez ou outra, por conta de árvores frondosas que ofertavam sombra para proteger do Sol quente de verão. Apesar do Sol estar se pondo, alguns raios batiam nas nuvens e um pequeno arco-íris enfeitava a paisagem quebrando o verde das matas e o azul do céu. Alguns raios ainda batiam nas águas correntes do córrego, formando brilhos de luz que ofuscavam a visão de Márcia que nesse instante estava boquiaberta. Como era linda a cidade vista do alto! Num impulso, Márcia encostou a bicicleta na mureta, subiu um degrau desta, abriu os braços e soltou um grito. Depois se deu conta de que não estava sozinha, olhou para os lados e se sentiu aliviada por não ter ninguém por perto.

      Olhou para baixo e uma vertigem a fez se segurar, descer e se afastar da mureta. A sensação era tão inebriante que ficou com medo de se jogar no precipício. Respirou fundo, pegou a bicicleta e segurando no guidão seguiu com passos rápidos para o outro lado da rua, até finalmente sair daquele lugar enlouquecedor de tão lindo, tentador que a puxava para baixo, até chegar num lugar seguro, sem a visão do horizonte. Parou numa pracinha, sentou em um banco de madeira e, ainda tremendo, ficou imaginando a queda de um corpo daquela altura até embaixo quando encontrasse o chão. Não sobraria nem o pó para o velório.

      Não, melhor não passar mais por ali sozinha. Chamaria Arthur, o namorado, para acompanhá-la e protegê-la de qualquer loucura que ela, por ventura, sentisse vontade de cometer.

      Fim.

13 comentários:

  1. Oi, Clara! Interessante a sensação que toma a personagem, mistura de medo e atração. Acho que a realidade passa mesmo por aí...
    Abraço!

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  2. Muito bacana gosto do jeito que esta escrevendo.

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  3. LInda e bem diferente tua inspiração,Adorei! Lindo final! beijos,chica

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  4. Clara

    Linda simples e criativa a sua inspiração.Uma narrativa agradável de se ler.
    Amei.
    Bjs.

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  5. Oi Clara,
    Entendo perfeitamente a sensação vivida por sua personagem. Também tenho uma certa fobia e ao mesmo tempo fascinação pelas alturas. Belo texto! Bjs

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  6. Clara!
    Tontura e pensamentos nebulosos... realmente bom se afastar e ir namorar... Parabéns pelo texto.

    Tenha um FINAL de semana carregadinho de descanso e de iluminação!!
    Paz, amor e muita luz!
    cheirinhos
    Rudy
    BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!

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  7. Oi Clara!
    Sempre com grandes inspirações que nos envolvem com suas histórias únicas.

    Lindo dia!

    Beijos

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  8. Clarinha amada,
    adoro seus contos, você bem o sabe.
    Interessante como é comum estes dois aspectos nas vida das pessoas: o andar sempre pelos mesmo caminho e não se dar conta doa beleza ao alcance de seus olhos.
    E dia da descoberta. a surpresa do reconhecer o belo. mas esse belo não muda nem modifica o medo.
    Maior é o medo que a descoberta que a vida é maior que o medo, não é mesmo?
    A protagonista passa distraída ou, se refugia no comodo cotidiano para fugir de superar-se. Há um conformismo em ficar "no mesmo", no quedar-se sentada no banco da praça. Esquecer-se da aventura e coragem de abrir os braços , solta! E se refugiara , fechar-se no antigo estado. E precisar da muleta, do namorado, para que caminhe.
    Clara amiga, penso que fez um trabalho de análise psicológica de nós todos, sempre fugindo da liberdade de ver e viver livre no mundo. É complicado. entendo a Márcia. Creio que em muitos momentos andei assim, cabeça e olhos à frente, medo de aventurar-me, segurando-me nos braços do meu namorado, do meu pai, do meu irmão, da minha mãe, do meu filho, da minha bicicleta, sei lá, no conforto do mundo que eu conheço bem e que sei e me sinto mais segura.
    Beijos, muitos beijos minha doce amiga tão librianamente linda!!!
    Não indecisa, não! E sim, procurando o ponto de equilíbrio, a moderação dos pensamentos e das idéias. Isso sim!

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    Respostas
    1. Eu sou um pouco assim, mas não teria coragem de subir na mureta, abrir os braços e gritar... E tbm sei que não poderia usar muletas... nunca me senti segura com ninguém pra isso. Eu sempre fui minha segurança e acho que por isso em muitos casos sou muito insegura e desconfiada.
      Lendo sua análise achei interessante o modo como escrevi significasse tantas coisas, tantos gestos e atitudes.
      Vivendo e aprendendo a achar o equilíbrio.
      Beijos, querida mainha!

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  9. Muito bom seu conto, no qual os sentimentos se misturam, mas que fica a certeza da necessidade de se dar atenção a beleza da vida.
    bjs

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  10. Oi, Clara!!
    Sempre muito difícil falar do medo e entendendo completamente! Tenho uma amiga que não chega perto da mureta de varandas em apartamentos.
    Descreveu tão bem a cena que quase ouvi o grito :)
    Bom fim de semana!!
    Beijus,

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  11. Oi amiga Clara,
    as vezes precisamos vencer nossos medos para desfrutarmos de coisas boas (mais ou menos como fez a personagem de seu conto).
    Grande abraço, saúde, inspiração e paz interior.

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  12. Olá, querida Clara
    É preciso pedir ajuda quando não nos sentimos seguras pra tomarmos certas atitudes de destemor...
    Bjm de paz e bem

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