terça-feira, 6 de novembro de 2012

E agora, meu velho? - Parte II

Continuação...


      Depois do convite que Augusto recebeu para fazer um estágio nos Estados Unidos, a empolgação e o entusiasmo contagiaram toda a família. Leonardo e Leonora ficaram felizes, apesar de saberem que era hora de desgarrar de sua cria, para que ele criasse asas e ganhasse o mundo. Leonora demonstrou alegria, ficou orgulhosa, mas lá no fundo, um vazio tomou conta de seu peito. Não podia mais falar um não, assim como Leonardo, pois o filho já tinha constituído família. Leonora, a partir de então, rezava todos os dias aos santos e anjos e a Deus, que protegesse seu menino, que o guiasse sempre pelo bom caminho, que prosperasse e quando tivesse terminado o estágio, que voltasse para casa com toda a saúde que ele estava levando.

      Mas essa empolgação e essa falsa alegria durou muito pouco para Leonora. Não segurou o coração pensando que ficaria longe de sua criança crescida e resolveu não participar da festa de despedida dele e da nora. Simplesmente foi ao hospital fazer uns exames e de lá não saiu até que o avião decolasse do aeroporto. Tudo bem para Augusto, afinal ele conhecia a mãe muito bem. Agora seria a hora de colocar em prática tudo o que aprendera com ela, todas as dicas, todos os conselhos e sugestões. Algumas ordens ele recebeu de seu pai Leonardo, que com toda sua autoridade olhou bem em seus olhos e lhe desejou boa sorte, seguido de um forte abraço.

      No aeroporto a família e os amigos todos foram se despedir, afinal era um acontecimento na cidade, onde haviam até publicado num jornal, sobre o casal que passaria uma temporada nos Estados Unidos. Um orgulho para muitos e inveja para uns poucos. Mesmo assim todos estavam no aeroporto, aos prantos, se despedindo do casal.

      Leonora, sangrava por dentro e todos aqueles pensamentos medonhos que mães costumam ter, passava pela cabeça dessa mãe protetora e doce: "Será que o avião vai chegar direitinho lá? Eles mal falam aquela língua, como é que vão se virar? Que tipo de comida que servem lá? E se eles não gostarem de nada e emagrecerem tanto até ficarem em osso e pele? E se eles se machucarem, quem é que vai cuidar deles?". Esses e muitos outros pensamentos invadiam a mente de Leonora, que chorava calada, nos cantos, sem que ninguém visse. O avião decolou e agora mais nada poderia ser feito. Então não restou outra alternativa a não ser acender uma vela, se ajoelhar e implorar até as últimas forças, que todos os santos e anjos protegessem aqueles dois aventureiros, que por ela não tinham nada que sair dali onde estavam. - "Por que o patrão de meu filho foi fazer esse convite, meu Deus do céu?" - repetia inconformada, levantando a cabeça, na esperança de que tudo não passasse de um pesadelo e logo ela acordaria e seu filho e sua nora entrassem por aquela porta sorrindo, como sempre faziam. Eles foram!

      Depois de um tempo instalados, entraram em contato com os pais dizendo que tudo estava bem. A comunicação não era boa e não seria sempre que eles se falariam. Mas o tempo passa rápido e logo eles voltariam para o Brasil. O peito de Leonora ficava dia-a-dia mais apertado, com aquele pressentimento de que não seria bem assim.

Continua....

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6 comentários:

  1. Lindo e vamos acompanhando.Ter filhos longe entendo bem...beijos,chica

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  2. kkkkk, me vi na dona Leonora, rsrsrs

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  3. Quando os filhos estão distantes é sempre uma saudade e uma preocupação a nos perturbar...
    Beijos.

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  4. Entendo essa mãe mas ao mesmo tempo, caramba. Parece a minha sogra que não entende que o filho já é adulto e precisa de novos voos.... Quando sai a continuação? Espero que seja com um final feliz..
    Beijo
    Ruthia d'O Berço do Mundo

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  5. As mães com seus corações sempre à mão.
    Rezas e velas tudo pela paz e felicidade dos seus,mãe é doação como a Leonora que se espalham pelo mundo.
    E vamos com eles nesta nova fase.
    Um carinhoso abraço Clara.
    Bjo.

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  6. Olá, Clara.
    Não importa o quanto os filhos cresçam, os pais sempre se preocuparão com eles.
    Abraço.

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