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sexta-feira, 13 de julho de 2012

Estou aqui! - Parte V - Final

Continuação...

     No outro dia, Sônia chegando ao centro espírita, presenciou uma sessão que já havia começado. Sentou no fundo da sala e viu quando um senhor, na mesa, conversava com um suposto espírito que por ali estava. Antes ela tinha dúvidas se a vida após a morte existia, mas depois do que viu em sua casa, com seu caçula, não tinha mais do que duvidar. Sônia não queria conversar com o filho em uma mesa branca, queria apenas informações e uma ajuda do que poderia estar acontecendo em sua casa. Esperou que terminasse a sessão para depois ir conversar com alguém que pudesse lhe responder as inúmeras perguntas.

      Se aproximou daquele senhor e lhe perguntou se poderia lhe dar algumas informações. Ele olhou no relógio, sorriu para ela e lhe convidou a sentar ao seu lado. Muito gentil, seu Vicente ouviu tudo o que Sônia relatou, com uma mão apoiando o queixo, e olhando fixo em seus olhos. Este gesto deixou Sônia incomodada, pois teve a sensação de que seu Vicente estava enxergando sua alma. De certo modo isto era até bom, pois se não conseguisse passar com palavras toda a sua agonia, ele entenderia.

      Seu Vicente explicou que o que o filho caçula estava vivendo naquele momento era muito comum, pois algumas crianças até os sete anos, são sensíveis e enxergam ou sentem tudo com mais clareza que os adultos, e que com o tempo, se caso não fosse uma criança mediúnica, tudo sumiria após completasse os sete anos. E completou dizendo que se o filho disse coisas tão evidentes e verdadeiras que antes ele jamais poderia saber, como o nome da bisavó, era provável sim, que o irmão mais velho e a bisavó estivessem lá. Continuou, dizendo que para chamar uma criança em espírito até uma mesa branca, como ela acabara de presenciar uma sessão, ainda não era tempo, pois o espírito tem suas fases de evolução e nem sempre lhes é permitido o contato com a terra.

      Sônia, ouviu tudo atentamente, agradeceu e voltou para casa. No caminho ela não teve dúvidas de que era sim seu filho com a bisavó, e isso ela resolvera não comentar com mais ninguém, por ser um assunto que geraria muitos comentários e não teria como provar nada. Não queria provar nada, só queria saber se o filho estava bem, e principalmente o porquê ele os deixou tão cedo. Sônia estava com o coração despedaçado pela falta, por toda aquela tragédia e o que ela menos queria era conversas de pessoas que não sabiam o que se passava em seu coração e sua alma. A dor de perder um filho, é a dor mais profunda que uma pessoa pode sentir, e só quem passa por essa infeliz situação é que sabe que conversas e conselhos nem sempre valem a pena ficar escutando.

      Chegou em casa e como sempre seu marido dormia no sofá, com a TV ligada, e André brincava no quarto. Se aproximou, deu-lhe um beijo na cabeça,  sentou ao seu lado e ficou observando suas brincadeiras. Ele arrastava um carrinho para lá, para cá, dava uma cambalhota nele, voltava ao chão, fazendo barulho com a boca. E vez ou outra, olhava para o nada, dizia o nome do irmão e ria. Sônia perguntou ao pequeno se Tiago estava brincando com ele, que respondeu que sim com a cabeça. Depois perguntou se ele estava rindo e ele respondeu do mesmo jeito. Depois André parou com a brincadeira, foi até a cama, pegou um papel escrito e entregou à mãe. Dizia o seguinte, em letra maiúscula e de forma:

      - MAMÃE, MEU TEMPO NA TERRA ACABOU. JÁ ESTAVA ESCRITO QUE MINHA MORTE SERIA COMO FOI. ESTOU BEM E COM A BISA SOFIA, POR FAVOR NÃO CHORE MAIS. DAQUI UNS DIAS VOU EMBORA COM A BISA E O MANO NÃO VAI MAIS ME VER.
      TE AMO. TIAGO.

      Sônia não sabia se lia ou se chorava, pois a letrinha era do caçula, que não tem idade suficiente para elaborar uma frase desta. Mas o modo como foi elaborada, tinha certeza de que era de seu filho Tiago. Na mesma hora se lembrou do que o médium lhe disse que a criança quando completa sete anos, a tendência era não mais ver espíritos. Ela deitou no chão de bruços, com a carta no peito e chorou. André foi até a mãe e lhe deu um beijo na bochecha e disse que foi o irmão que pediu para lhe dar esse beijo. Chorou mais ainda, mas se levantou, pegou o caçula nos braços, abraçou e beijou muito e disse para ele dizer para o irmão que esse abraço e esses beijos eram para ele. André riu, colocou um dedinho na boca e apontou para o chão, como se mostrasse o irmão. E riu, olhando para o chão e depois olhando para a mãe.

      Sônia, a partir daquele dia, começou a se preparar para dar toda a atenção ao caçula, quando este completasse sete anos e não mais teria o irmão para brincar. E seu coração ficou mais aliviado, apesar da dor da perda e a dor da saudade só aumentarem com o tempo. Mas o que tinha presenciado, isso ninguém lhe tiraria jamais.

      FIM.

9 comentários:

  1. Clara não li as outras partes, mas essa me deixou com um nó na garganta. Quanta emoção nas suas palavras?! A história é real? Gostei muito, tudo é aprendizado nesta vida e somos uma gota de um oceano desconhecido.
    bjs e ótimo fim de semana!

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  2. Gostei!!! parabéns....melhor a cada dia!!

    Beijuxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx...

    KK

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  3. Ahhhhhhh quanta coisa que perdi... :( Preciso voltar aqui depois para ler, mas agora vim dar um beijinho rápido! ;)
    Beijo, beijo!
    She

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  4. Você continua escrevendo com muita inspiração.
    Muito boa sua história.
    Bom fim de semana.
    Beijos.

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  5. Clara,
    sou uma das juradas do concurso de contos, como não sabia quem tinha escrito, hoje estou aproveitando para conhecê-los.
    Parabéns! Gostei muito do seu conto.
    abs
    Jussara

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  6. Clara,
    esse foi um dos contos mais sublimes que já li.
    Você foi habilidosa na escrita e nos comoveu.
    beijos
    Zizi

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  7. Clara, li todas as partes, mas deixei o comentário para o final.
    Náo acredito nem desacredito.
    Mas sei que goataria muito que fosse verdade, que pudéssemos ter um sinal dos que se foram e saber que estão bem.
    Sua história foi muito bem elaborada e me prendeu até o final.
    Beijo!

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  8. Clara
    Um lindo conto muito bem escrito que me prendeu.
    Gosto de histórias de cunho espirituais. Quando estou em casa não perco a novela das seis.

    Um lindo dia para você.
    Beijos

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  9. Oi Clara!
    Voltei para ver o final. Menina fiquei emocionada, quem já perdeu pessoas bem próximas tem este desejo de que seja assim mesmo, embora eu não seja totalmente descrente. Minha mãe era medium e recebia espíritos e eu pequena ainda já presenciava reuniões e tudo mais.
    Adorei o conto!
    Beijinhos!

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