Tinha uma vida normal até então, sem muitas regalias mas nunca lhe faltara nada. A não ser o básico do ensinamento. Seus pais não eram muito de conversar e nem ficar lhe explicando como funciona as coisas, como é o mundo e como deve se portar diante de tal situação.
Era curiosa, pentelha e inquieta.
Costumava brincar sozinha com suas poucas bonecas, e, na falta do que inventar, gostava de diversificar os vestidinhos. Mas sua mãe não deixava que ela mexesse em tesouras, agulhas e tecidos.
Como a natureza toma conta de uma criatividade inquieta, ela pegava folhas de revistas, cortava tirinhas e colava com sabonete no corpo da boneca. Isso era o máximo pra ela. Sem contar que tinha o hábito de cortas os cabelos e ficar esperando que crescessem com o tempo.
Já alcançara a idade de ir à escola. Pré-primário. Uniforme vermelhinho, lindo, tênis vermelho com meias brancas. Amava essa roupa. Lancheira com o lanche mais comum de toda a turma. Suco e pão com manteiga.
Era feliz, mas ficava quieta e quase não conversava com os outros coleguinhas.
Numa ocasião resolveu levar sua boneca. Ahhh que coisa! Uma amiguinha invejosa tomou-lhe a boneca e não queria mais devolver. Ela não sabia como lidar com a situação e não falou nada com a professora.
A menina começou a brincar, puxava os cabelos da boneca, sacudia e ela quieta num canto.
Ao final da aula, a menina invejosa lhe devolveu a boneca, toda suja e com os cabelos desarrumados.
Foi embora chorando e não quis contar pra sua mãe, pois sabia que levaria bronca. Passou...
Numa outra ocasião, era Páscoa. Lá se vai a pequena Luciana toda linda, com laço nos cabelos e lancheira pendurada.
Sua mãe a deixou na porta e se foi. Tinha combinado que ia visitar sua avó materna. Era longe.
Quando Luciana entrou, todos riram da pequena por ela ter levado lancheira, num dia de festa.
Ela não pensou duas vezes, com lágrimas nos olhos e sem falar com ninguém, correu e foi embora sozinha.
Ela avistou sua mãe lá bem longe, indo em direção à casa de sua avó. Corria, mas não conseguia alcançar.
Pra uma pequena criança, o caminho era longo, parecia nunca chegar, e ela chorava, chorava e corria.
Longe, bem ao longe, avistou sua mãe entrar na casa de sua avó.
Ufa, tá chegando. Não viu um buraco, tropeçou e machucou o joelho. Sangrou. Luciana conteve o choro, limpou o sangue que escorria e continuou.
Finalmente chegou! Entrou e não conteve o choro.
Sua mãe, apenas deu um berro com a coitadinha e disse que isso não se faz. Que ela tinha que ter ficado na escola. Que ia colocá-la de castigo.
Sua avó, somente a pegou nos braços e ficou ali, quietinha, abraçando a pequena Luciana que chorava aos soluços. Mandou que sua filha tivesse mais paciência com Luciana que aos poucos foi parando de chorar, abriu um sorriso e lhe beijou as bochechas. As bochechas mais gostosas de beijar e o colo mais aconchegante do mundo.
Te amo, vovó!
Também te amo, querida!
Escrevendo este conto, fico imaginando hoje na escola que nada disso mudou. As crianças geralmente são cruéis. Hoje se dá o nome de bulling, que tem que ser contido e ensinado desde a primeira palavra que a criança pronuncia. Criança aprende o que lhe é ensinado.
Também me deu uma saudade imensa de minha avó que não está mais aqui.
Ela era bem assim mesmo... Doce, terna, carinhosa e tinha um colo inesquecível. Saudades!!!
Hoje é o dia da vovó!
Ah! Clara,
ResponderExcluirSó pensei no colo da vovó! É assim mesmo qe faço com meus netos até hoje! Mesmo o de 1 e quase 90. Boto no colo quando choram e aos poucos vão parando... isso quando eles querem meu colo, às vezes tenho que ficar de longe só com vontade de fazer carinho.
Girassóis nos seus dias, linda menina!
Beijos
Celina, vó é a coisa mais gostosa do mundo!!!
ResponderExcluirE hoje é seu dia, parabéns de novo!!!
Beijos, abraços e apertos apertados!!!
Que coisa mais linda,ClarA E TENHO CERTEZA, TUA AVÓ DE ONDE ESTÁ, FICA FELIZ CONTIGO...uM BEIJO,TUDO DE BOM,CHICA
ResponderExcluirChica, minha avó era uma delícia...
ResponderExcluirMas a vida acaba e a gente fica na saudade!!
Beijos pra vc e boa semana!!!