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domingo, 8 de maio de 2011

O lado B do paraíso

Relato de uma mãe sobre o Dia das Mães.

"Não é que eu queira reconhecimento... Mas consideração. Pôxa vida!
Eu tô cansada de saber que tudo que fazemos pelo filho é obrigação e que podemos esquecer algum retorno, mas dói a gente voltar a fita e ver tudo o que eu passei pra defender eles, pra educar, pra que não respingasse nada de ruim de uma família sem base nenhuma... E o que a gente ganha?
Não digo presentes, mas nem um abraço? Nem um Feliz Dia das Mães?
Uma me perguntou o que eu queria, e eu disse. E na véspera ela me aparece com um monte de pacotes, todos dela e me diz: 'Mãe, não comprei não viu... A loja tava muito cheia!'. Tudo bem filha, não se preocupe comigo.
Mas me doeu o coração. Repito, não pelo presente, mas se fosse um bombonzinho eu já me dava por satisfeita.
Eles não têm noção de noites e noites sem dormir que passei, das semanas e semanas que comi apenas arroz puro pra deixar o restante pra eles, da miséria de salário que ganho trabalhando em casa só pra acompanhar de perto o crescimento deles e o pior de todos, a minha vida social que não tenho faz tempo, só pra ser um bom exemplo pra eles e não causar transtornos por causa do pai, que somos separados.
Mas tudo bem... "Ser mãe é padecer no paraíso". À merda esse ditado, que carregue quem goste dele.
Antes de ser mãe eu sou mulher, tenho sentimentos, desejos, eu quero coisas, gosto de coisas e amo tanto os filhos a ponto de largar tudo isso por eles. Será que vale a pena? Claro que sim! São pessoas em formação e não posso vacilar senão o mundo toma conta antes da hora. Não me arrependo de nada.
Mas Dia das Mães é só uma vez por ano... O que custa pra eles?
Um levantou e nem sequer me deu um abraço...
A outra levantou, me deu um abraço mas não disse nada, despencou no sofá e lá ficou.
Ontem à noite eu brincando disse a eles que hoje não ia pro fogão. A menina achou ruim comigo e o menino nem soltou um gemido.
E hoje amanheceu, eu acordei, trabalhei, fui no mercado e nada...
11hs, 12hs, 13hs e os dois largados no sofá.
Fui pro fogão e fiz o almoço: arroz, feijão, bife e ovo frito. A menina pra disfarçar dormiu, o menino nem piscava com medo de eu dizer alguma coisa.
Fiz meu prato, sentei e almocei. Mas antes disse a ele que estava pronto.
Ele custoooooooouuuuu a levantar, fez o prato, passou por mim e perguntou: 'Uai, mãe, você não disse que não ia fazer comida hoje?' Segurei pra não chorar (aí seria humilhação demais). Respondi: 'Eu sei cozinhar e não preciso passar fome.'
Lavei a louça, um nó no peito, na garganta, uma vontade de chorar...
Eu sei que deve ter alguém que vai dizer:
- Liga não, é assim mesmo... Pelo menos eles estão vivos e com saúde...
Quer dizer que podemos sofrer ou chorar só quando os filhos estão doentes ou mortos?
Amanhã é outro dia e eu nem vou me lembrar de hoje...
Isso foi só um desabafo."


Aiiii mãe, vai me pegar agora ou vai demorar muito ainda?

A mãe em questão não quis se identificar... apenas a encontrei na rua agora mesmo.

4 comentários:

  1. poohhann q blog xaaaaaaaaato

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  2. Eu aceito sugestões. Quer que eu escreva sobre o quê?

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  3. Clara.. sempre ouvi dizer que ser mãe é padecer no paraíso ..
    Possa crer..
    Não é o caso de algumas , mas creio que a maioria sofre com o descaso e com a desatenção dos filhos.. sejam eles crianças, adolescentes ou adultos.
    Complicadissimo.. por essas e outras nao me arrisco na maternidad
    *rs
    Besos querida...

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  4. Diva, no fundo a gente quer sim um retorno... e não tem. Pra eles é normal e pra gente é descaso. Coisas da idade.
    Bjs.

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