Amor de mico

Que loucuras você já fez por amor?
Essa pergunta deixa a gente até um pouco frustrada. O que eu fiz por amor? Amei!
Mas escutamos tantas coisas... Muitas não são coisas feitas por amor, são micos mandados por amor.
Eu não sei por aí, mas no interior ainda tem aqueles carros de mensagens. Sabe aquele carro todo pintado, decorado com flores, coração, mulher com a boca meio aberta com um homem do lado?
Então, aquele carro que do nada aparece na sua porta ou na porta do seu trabalho e um pentelho do nada começa a falar no microfone aquelas frases cafonérrimas, e como você nem dá bola, diz em alto e bom som, seu nome, pra todo saber que é você mesmo... "Sim sua linda, vem aqui receber esse king kong que seu amado te mandou... Você mesmo, vem pra cá".
Nisso todo mundo já te olhando com aquele sorrisinho meio tímido, mas com a maior vontade de te apontar o dedo e gargalhar na sua cara.
E lá vai você pra rua, em frente aquele carro ridículo, que só perde pra carro eleitoral, escutar o que o pentelho tem a lhe dizer. Na verdade o pentelho é só um objeto, uma ponte que te liga a outro pentelho que diz que te ama de paixão.
E começa a ladainha:
- Você sabe porque estamos aqui? Sabe que tem uma pessoa que te ama muito? E que quer te homenagear de uma forma 'singela' mas sincera?
Ah tá, manda logo que tenho mais o que fazer.
Por fim, depois de todos atrás de você cochichando e rindo, não lhe resta outra alternativa a não ser chorar... de ódio... de vergonha... quanta humilhação... ninguém merece!
Pronto, acabou! E provavelmente acabou o namoro também.
E aquelas tele-mensagens? Quem já recebeu?
Pelo menos essa só você ouve e ninguém vai ver sua cara de tédio ouvindo tudo aquilo.
Primeiro a moça pergunta por você... "Tem uma mensagem pra você"
E ouvimos aquele doce de mensagem tirada de algum livro de autoajuda, ou sabe lá de onde.
- E aí, gostou da mensagem?
- Claro, adorei!!!
Pronto, acabou! Mas talvez o namoro continue.
E quando no aniversário, você no seu trabalho recebe ramalhetes de flores - geralmente rosas vermelhas, sempre vermelhas.
E como pessoa comum, que pega circular pra ir embora, lá vai você com um ou dois ramalhetes dentro de circular lotado. Todo mundo olha pra sua cara e sabe que é aniversário. Você se equilibra com um braço se segurando e o outro segurando os ramalhetes.
Pronto, chegou! E o namoro continua.
Demonstrações de amor são sempre importantes pra gente. Mas eu prefiro o simples, o comum. Um "Eu te amo", um botão simples de uma flor, um abraço apertado, um beijo apaixonado, um convite pra jantar com um bom vinho, um bilhetinho bem pequeno e simples no meio de minhas coisas, um telefonema da própria pessoa e não mensagem gravada.
Coisas simples, mas sinceras, de coração!
Isso é o que importa realmente.