- A senhora está com depressão e síndrome do pânico!
Foi o diagnóstico que o médico me deu há alguns anos atrás.
- Eu vou te receitar homeopatia e retorno daqui a 3 meses.
E daí? Depressão do quê? Síndrome do pânico por que?
É difícil um diagnóstico desses, quando estamos acostumados somente a trabalhar e a cuidar dos outros.
Na verdade, depois da informação comecei a prestar atenção em algumas situações de minha vida. Eu simplesmente me deixei de lado e me enfurnei em casa. Simples assim.
Eu digo que é um sintoma sem a menor credibilidade porque quem convive com a gente pergunta o que disse o médico. Aí dizemos, e todos, simplesmente todos vêm com receitinhas:
- Sai mais, vai passear, não liga pras coisas não, arruma um namorado, entra na academia de novo, frequenta a igreja, etc.
Só não dizem onde é o botão on/off da gente pra simplesmente ao levantar a gente ser capaz de pensar:
- Bom, hoje eu vou me arrumar, vou passar batom, comprar umas roupas e passear no shopping. Depois eu ligo a depressão de novo.
O buraco é mais embaixo. A gente não consegue sequer atravessar uma rua. Qualquer motivo a gente chora, não se importa em comer direito, quer ficar só deitada assistindo tv ou olhando pro tempo.
Sério, não quero receitas infalíveis ou conselhos, às vezes só quero conversar, quero um colo, um cafuné, quero ficar quietinha perto de alguém sem dizer ou ouvir nada. Só isso...
Mas eu digo que o remédio fez algum efeito. Ainda tenho sequelas, mas quem sabe com o tempo isso passe.
Quanto ao síndrome de pânico, é mais complicado. A gente não sai de casa com medo de ser assassinado na rua, e aí, como ninguém nos conhece, ficamos ali como cachorros mortos, todo mundo passando e olhando aquele corpo desconhecido.
Tinha muito medo de meus filhos saírem e acontecer alguma coisa com eles. Se atrasassem uns 2 minutos já ficava apavorada, desnorteada. Hoje isso também já melhorou.
Mas o medo de ter ou conquistar alguma coisa ainda me apavora. Medo de me envolver e a pessoa morrer, medo de meus filhos simplesmente irem embora por não me amar mais, medo de não ter dinheiro pra comprar alimento, medo de vir alguém aqui em minha casa e me expulsar e eu ter que morar na rua, medo de ter uma amizade e essa pessoa sumir, não querer mais nem falar comigo. Pavor, pavor, pavor. Isso ainda permanece.
Criamos uma barreira de defesa caso alguma coisa possa acontecer, já planejamos como será nossa defesa.
É estranho, é incontrolável. E eu sei que preciso me cuidar. Estou me cuidando. Mas tenho minhas crises, meus medos, meus pavores... Isso dói, porque a gente sofre. Realmente é incontrolável. Eu sofro sozinha... É o momento solidão que tenho e que preciso ter às vezes pra raciocinar e voltar à vida.
O bom humor é um artifício que uso pra disfarçar minhas angústias.
Não quero me apegar a nada e nem à ninguém, por puro medo de perder, de sofrer, de chorar, de morrer.
Preciso de ajuda... Preciso de ajuda...
terça-feira, 29 de março de 2011
Sem credibilidade
Marcadores:
comportamento,
mulheres
Escrevo sobre a vida e os momentos específicos emocionais.
Assuntos relacionados sobre a mente humana e como conviver com o outro sem a necessidade de mudá-lo.
O conhecimento é primeiro processo de cura.
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Oi Clara, vc tem sindrome do pânico?
ResponderExcluirCuidar dos outros é bom, mas cuide mais de vc...
Parece q eu nasci pra cuidar... Talvez seja porque nunca encontrei alguém que cuidasse de mim, ou talvez eu nunca deixei que cuidassem de mim. Já melhorei muito, mas ainda tenho crises. Fiquei anos sem sair de casa. Agora parece que estou me reerguendo. Apareceram pessoas que me fazem a diferença. Deus é pai!
ResponderExcluirBjs.