domingo, 29 de novembro de 2015

AMOR OU PAVOR?



      Joana chegou à casa de sua mãe logo após o meio dia e encontrou Lucimara chorando, deitada em sua cama. Ficou preocupada, pois nunca havia presenciado um choro da irmã num lugar tão óbvio. Sabia que quando tinha seus sofrimentos, era na hora do banho, debaixo do chuveiro, que desabafava. Sabia disso pois o nariz e os olhos ficavam avermelhados.. Sentou-se na beira da cama, pegou em sua mão e começou a conversar, sem perguntar nada; apenas conversar. Essa atitude fez com que Lucimara desabafasse com a irmã. Joana era muito mais que irmã; era uma amiga, uma mãe para todas as horas. Havia se casado há pouco mais de um ano, o que fez com que Lucimara sofresse pela falta de sua companheira amada..

      Lucimara não combinava com os pais; viviam discutindo por causa das brigas entre os dois. Tinham o hábito de agredirem-se o tempo todo com palavras ofensivas e grosseiras. Era meiga, calma, terna e a atitude dos pais deixava-a infeliz. Ainda bem que tinha um apoio carinhoso de sua irmã mais velha, Joana, que cuidava dela como se fosse uma filha.

      Aos poucos, Lucimara conseguiu se abrir comentando que os pais haviam comprado uma casa, num bairro bem distante daquele em que moravam, e que para ela seria inviável continuar estudando numa cidade próxima, indo e vindo todos os dias, no período noturno. Não teria como voltar para casa se fosse morar num lugar muito longe. E o pior, ela foi a última a saber da mudança. Joana não sabia que os pais não haviam contado para a irmã, pois já era sabido por todos sobre a compra da casa; por isso não comentou nada até aquele dia. Praticamente teria que arrumar as coisas de um dia para outro. Isso deixou-a chateada. Pensava até em morar sozinha, em algum quarto de pensão ou dividir um cômodo com outra amiga, quem sabe? Lucimara tinha um bom trabalho, ganhava razoavelmente bem e teria como se sustentar. Os planos já estavam em andamento e sutilmente comentou sobre eles com Joana.

      Na mesma hora Joana interrompeu-a tranquilizando-a, pois ela poderia arrumar as malas e se mudar para a sua casa. Lucimara relutou, pois não queria incomodar a irmã recém casada. Sabia que o período de adaptação de uma vida a dois não era fácil, e ter uma terceira pessoa, uma intrusa, por perto, atrapalharia o costume que ainda não havia se concretizado.

      Mas, com a insistência de Joana, Lucimara aceitou o convite com a condição de ajudar nas despesas. Feito o acordo, arrumou as malas e mudou-se naquela mesma semana. Os pais pouco se importaram pela atitude da filha mais nova, sempre deixara-a livre para escolher o que lhe fosse melhor. Essa atitude era vista como descaso e indiferença por Lucimara, que muitas vezes se sentia rejeitada e pensava até não ser uma filha legítima. Vez ou outra procurava traços que fizessem com que acreditasse ter o mesmo sangue de seus pais. Na infância chorava escondida, se sentia rejeitada e feia, mas conseguiu superar boa parte desse sentimento. Os pais mudaram-se também, duas semanas depois.

      Lucimara era uma moça linda, que chamava a atenção de todos, mas não por sua beleza, mas por seu modo de agir e suas atitudes firmes e corretas. Seus pais sempre ouviam elogios sobre ela, e alguns até parabenizavam pela boa educação dada à caçula. Joana amava a irmã, mas não escondia de ninguém que tinha uma pontinha de inveja, pois nunca ouvira nenhum elogio a seu respeito, como ouvira tantas vezes sobre a irmã. Gostava de tê-la por perto, mas às vezes gostaria de trancá-la num cômodo e jogar as chaves fora. Enquanto isso, Lucimara ansiava pela inteligência de Joana, que sempre teve facilidade com os números, com a matemática e com os cálculos. Nunca conversaram sobre esse assunto, nunca se elogiaram em nada, apenas uma cuidava da outra e a outra se sentia segura ao seu lado.

      A vida em família caminhava tranquilamente, já que Lucimara ficava pouco em casa, pois trabalhava o dia todo e estudava à noite. Mas nas festas que o casal promovia, era Lucimara quem chamava a atenção de todos, deixando Joana muito intrigada. Seu esposo, Waldir, ficava de olho na cunhada, apesar de sempre respeitá-la.. Numa dessas festas, ouviu um comentário dele com um amigo, que a grama do vizinho era sempre melhor do que a grama de sua própria casa, e olhou para a cunhada e os dois caíram na risada. Isso deixou Joana inconformada! Será que havia colocado uma cobra traiçoeira dentro de casa? Depois desse episódio, começou a olhar Lucimara com outros olhos. Olhos de revolta, de inveja, de ódio, de arrependimento.

      Joana ficava pelos cantos ouvindo conversas e vasculhando as gavetas da irmã, cheirava a roupa do marido e mexia em seu celular para ver se encontrava alguma pista de uma possível traição. Já tinha um discurso pronto para quando chegasse o dia da descoberta. Não havia mais sossego e nem conversa amigável entre as duas. Lucimara não entendia a atitude da irmã, sugerindo até que procurasse ajuda médica. Joana soltou um grito quando ouviu tal insinuação: onde já se viu, querer afastá-la de sua própria casa, para desfrutar de um prazer em sua cama? Isso a incomodava muito e fazia com que imaginasse cenas dos dois nos quatro cantos da casa, escondidos, aos beijos e abraços. Imaginava pega-los no flagrante e cometer uma loucura caso isso acontecesse. Quantas e quantas vezes chegou pé ante pé no quarto da irmã só para verificar se estava mesmo dormindo sozinha, ou se seu marido não teria se infiltrado para tê-la nos braços, escondido dela.

      A situação estava cada dia mais insuportável, porém o final do ano se aproximava e Lucimara poderia seguir seu rumo, ou naquela cidade, ou em outra, caso conseguisse um bom emprego na área de sua formação.

      Chegado o dia da formatura, Lucimara estava exuberante e Joana num misto de amargura e alívio de se ver livre da irmã o quanto antes, de preferência no dia seguinte. Não lhe desejava o mal, mas queria-a longe de sua casa. Os pais não compareceram à formatura,  pois sendo em outra cidade e por serem idosos, ficariam cansados. Lucimara achou melhor assim, pois estava muito feliz por conseguir concluir uma etapa tão importante e não queria presenciar brigas na frente de todos, num dia em que era para ser comemorado.

      No outro dia, Lucimara feliz agradeceu à irmã e ao cunhado pela hospedagem durante o ano, e disse que na próxima semana se mudaria para um pequeno apartamento que iria dividir com uma amiga do mesmo curso.

      Joana não pensou duas vezes, abraçou a irmã, mas não com aquele amor cuidador, mas com um alívio de que seu casamento estaria a salvo daquela mulher linda que todos admiravam, mas que ofuscavam-na; e estando longe, seu reinado continuaria como era há um ano. Poderia respirar aliviada e já planejava se afastar da irmã. Já estava encaminhada e não necessitaria mais de apoio ou de atenção. Quem sabe até mudaria de cidade e seria feliz bem longe dos olhos de seu Waldir.

      E assim foi feito: Lucimara mudou-se e Joana voltou a ser a esposa dedicada e amada de Waldir. Mas a dúvida de uma provável traição continuou a perturbar-lhe. Nenhuma pista, nenhuma prova, nenhum cheiro ou marca de batom, nem nada! Resolveu deixar para lá. Já estava longe mesmo e Waldir continuava o mesmo de sempre, carinhoso, atencioso e com desejos pela esposa. Mas, se Joana encontrasse uma poeirinha sequer de traição, não mediria esforços para causar um estrago na vida de todos. Começaria pela irmã traidora que, além de perturbar-lhe a paz no lar, ainda roubara-lhe um pouco de Waldir. Brigaria até com os pais, por não ter corrigido a irmã mais nova enquanto era tempo. Deixara-a ao vento, que por sua própria conta levava-a onde bem entendesse e quisesse. Para Joana, Waldir era homem, e homem não resiste. Cabe à mulher conter-se e se portar com bons modos, como manda o figurino.

      A vida como ela é...

      Texto publicado em 18/06/2012 ´Editado

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

MATEMÁTICA PURA


Um causo compartilhado de Eliana Teixeira, amiga querida.

MATEMÁTICA PURA

      O carnaval passou, mas minha paixonite pelo rapaz do sovaco continuou por algum tempo. Descobri que era filho de uma professora de Matemática. C.Q.D.


      Sonhei:- Será o Sir Isaac Newton da Era de Aquário... Imaginando preparar-me para conversar com o gênio da Matemática, comprei a Introdução à Filosofia Matemática, de Bertrand Russel. Ainda tenho o volume. Um curso de Matemática Pura quase terminado, e uma graduação em Engenharia depois, ainda é um livro de difícil compreensão. Pobre moço do sovaco, salvo pela ignorância de mim... 

      Descobri também – o amor nos torna investigadoras pressurosas – que o rapaz costumava ir a uma loja no centro, a caminho de meu colégio. Pronto, que inferno! Não conseguia passar pela porta da loja sem dar uma espiadinha! Aconteceu o pior. Um vendedor, percebendo meus olhares insistentes, pensou que se dirigissem a ele. E era feio feito a fome, com uma horrível cara de macaco... 
Corei, não sabia o que fazer para consertar o mal-entendido... Não havia como!


      Indo ao comércio com mamãe, passamos pela porta da loja e então o mundo desabou: o cara de macaco gritou: Ô minha sogra! Enrubesci e jurei nunca mais olhar pra dentro da maldita loja...

      Contei a Leilinha minha desventura e ela só fez aumentá-la. Passou a me chamar de Lojas Brasil... (era esse o nome da loja do cara de macaco). Meu desespero foi tanto que, por fim, a paixão mostrou-se muito custosa. E aí, como mágica, o encantamento acabou...


      Fim.

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Lendo esse causo da Eliana, me lembrei de quando era adolescente e trabalhava como auxiliar de escritório e meu ofício era tirar xerox. Fiz curso em outra cidade e tudo! Uma honra para mim. 

Então, muitos me perguntavam se não tinha namorado. Não tinha e ficavam me empurrando um ou outro. E eu, na inocência, ficava encantada. Como lia muito, já imagina histórias românticas comigo dentro. Tipo, homem lindo vindo me salvar (de quê?), rapaz forte me puxando pela mão e me levando para ser feliz, enfim, imaginação não me faltava.

E haviam muitos homens que vinham tirar xerox. E eram gentis, mas só gentis mesmo, nada além disso. E havia um, adulto já, hoje imagino que naquela época já tinha para lá de trinta, que ficava todo sorrisos comigo. Mas, como disse Eliana aí acima, era feio como a fome. E eu, que não tinha limites nos pensamentos, morria de medo dele ser o homem da minha vida. Imagina, um homem feio assim e eu caída de amores por ele? Amor é cego, não é?

E depois desses pensamentos sem cabimento, nunca mais encarei o rapaz olho no olho. Apenas o atendia e só. Não me lembro do desfecho, mas nunca mais o vi. Depois de mais de trinta anos ele me veio à mente de novo. Culpa da Eliana!

Clara Lúcia

domingo, 15 de novembro de 2015

Xico Sá


Para Entender as Mulheres
Xico Sá

Essa historinha de que não sabemos o que querem as mulheres não é bem do jeito que alardeiam. Pera lá. Não sabemos tudo, óbvio, não deciframos todos os mistérios, mas conhecemos muitos modos de agradá-las e cumprir parte da demanda.
Elas merecem e este, afinal, é o grande desafio na terra de um homem de boa vontade. Só por esta causa já valeria a pena a existência. O que querem as mulheres? Entendemos a complexidade da clássica pergunta de Freud.
As mulheres querem que os homens adivinhem, sintam, farejem os seus desejos – e vontades avulsas – e antecipem essas realizações. Bem-aventurados os que descobrem que elas estão a fim de uma viagem à montanha e levam-nas à montanha; bem-aventurados os que sabem que elas não aguentam mais aquele velho boteco sujo e levam-nas a um restaurante decente, dentro das posses, claro.
Bem-aventurados os que sabem que elas gostam de novidades e detestam quando os garçons nos dizem “o de sempre, amigo?” Essa confortável rotina é coisa de macho, ora bolas.
As nossas mulheres querem que tenhamos olhos só para elas. No que, aliás, foram contempladas biblicamente pelo décimo mandamento das tábuas da lei entregues por Deus a Moisés: não cobiçarás a mulher do próximo.
As mulheres querem que alternemos momentos de homens sensíveis e momentos de selvagens lenhadores. Pena é que costumamos inverter as coisas. Na gana da obediência e do agrado, somos lenhadores quando nos queriam sensíveis e vice-versa. Comédia de erros. Onde queres Leblon sou Pernambuco… Onde queres romance, rock’n’roll…
As mulheres querem que reparemos no novo corte de cabelo, mesmo que a alteração tenha sido mínima, tipo só uma aparada nas pontas. O radar capilar tem de acender a luzinha, sem falha, na hora, se liga! Se for luzes, entonces, cruzes!!!
As mulheres não toleram que viremos de lado e já nos braços de Morpheu depois da saudável prática da conjunção carnal. As mulheres querem carinho e entusiasmo, embora saibam que o único animal que canta e se anima depois do gozo é o galo, esse tarado pernalta incorrigível, incomparável.
As mulheres querem… massagem. Muita massagem. Primeiro nas costas, depois nos pés e sempre no ego.
As mulheres querem… molhinhos agridoces. Como elas se lambuzam lindamente!
As mulheres querem… flores e presentes. Não caia, jovem mancebo, nesse conto de que mulher gosta é de dinheiro. Se assim o fosse, amigo, os lascados de tudo não teriam nenhuma, nunca, jamé. Repare que até debaixo do viaduto está lá a brava fêmea na companhia do desalmado. Ela e o cachorrinho magro, só o couro, o osso e a fidelidade. O que vale é a devoção.
Mesmo que você seja mais liso que os mussuns do brejo, pobre de marre-marré, pode muito bem presentear uma bijuteria com a dramaturgia de uma joia da Tiffany’s – vide “Bonequinha de Luxo”, o filme.
A lista continua… ad infinitum.
Fonte DAQUI.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Um Possível Reencontro


      Algum dia tinha que acontecer. Então seria hoje que Cecília encararia sua dor pegando forças num lugar onde nem imaginava que existia, mas precisava ser forte. Um ano sem o filho Thiago, chorando praticamente todos os dias, vivendo por viver, e hoje, acompanhada do marido, iria ao seu túmulo.

      Acordou disposta, sem chorar, acendeu uma vela para Nossa Senhora das Dores lhe dar forças, orou e por uns bons minutos ficou sem pensar em nada. Um vazio enorme rondava sua alma... O silêncio era tanto que Cecília ouvia as batidas de seu coração, baixas, lentas... Que teimava em não parar por todo esse tempo. Morrera naquele dia em que tivera a certeza de nunca mais ver o filho entrando pela porta, com aquele sorriso largo no rosto, indo direto à geladeira beliscar alguma coisa, depois encher a caneca de alumínio com água gelada e virá-la, de uma vez, goela abaixo. Nunca mais!

      O quarto de Thiago ainda estava intacto, tudo no lugar, inclusive as correspondências que chegaram até meses após, todas em cima do criado-mudo, lacradas. Uma peça para o carro que comprara pela internet ainda estava na caixa, também lacrada. Nada mudaria, ordenou a todos. O quarto era dele e sempre será. Repetia isso insistentemente na esperança de um dia acordar e saber que tudo não passava de um pesadelo. Que Thiago entraria pela porta, abriria a geladeira, beberia água gelada e ficaria em seu quarto, ouvindo música no último volume. Bate-estaca, como ela sempre reclamava. Por que reclamava tanto, meu Deus? Ele só estava vivendo e Cecília reclamava! Como queria ouvir esse bate-estaca no último volume todos os dias!

      Colocou uma roupa discreta, um sapato confortável, amarrou os cabelos num rabo de cavalo e sem dizer uma palavra entrou no carro e ficou esperando Roberval levá-la. Antes passaria numa floricultura para comprar cravos. Sempre achou que cravo era flor de homem, apesar de não gostar de seu perfume. Tinha cheiro de morte...

      Chegando ao cemitério, Roberval estacionou bem em frente. Cecília, de cabeça baixa, desceu, esperou o marido lhe dar o braço e entraram. Continuou de cabeça baixa por todo o trajeto. Roberval já sabia o caminho pois sempre visitava o túmulo do filho. Sempre lhe pedia perdão por não levar sua mãe que não tinha condições de ir vê-lo. Chorava pouco, mas chorava no túmulo, como uma criança, soluçava, tapando os olhos com as mãos, sem se importar ser visto por alguém.

      No meio do trajeto Cecília parou. Roberval olha para a mulher e perguntou se estava tudo bem. Ela disse que sim mas temia não suportar e desmaiar. Melhor seria morrer logo de uma vez e acabar com essa tortura. Já estava morta por dentro, então não sofreria tanto com a passagem. Imaginava a alma lhe abandonando o corpo e Thiago a lhe esperar, com a mão estendida, puxando-a num apertado abraço.

      Mesmo com toda a dor no coração Cecília não chorou. Nem ela entendia porque não chorava naquela hora. Todos esses dias as lágrimas caiam... E agora num momento de profunda tristeza se surpreendeu com a força adquirida repentinamente. Foi Nossa Senhora, tinha certeza disso. Chegaram ao túmulo.

      Ainda segurando no braço do marido, ficou parada olhando para aquele concreto que separava-a de seu Thiago. Nem uma palavra, nem uma lágrima. Calmamente soltou o braço de Roberval e se aproximou colocando os cravos nm vaso de cobre, e acariciou a foto do filho. Não pensava em nada. Apenas olhava a foto, fechava os olhos e imaginava suas mãos tocando o rosto do menino Thiago, que dormia tranquilamente em sua cama. Cresceu rápido demais... Viveu... E se foi...

      Abriu os olhos e continuou com o carinho na foto. Roberval só observava, atrás dela, pronto para segurá-la caso desmaiasse. Também ficou surpreso com a força da mulher. Um ano sem o filho e tinha apenas um corpo da mulher. A sua Cecília nunca mais foi a mesma. Agradeceu a Deus por tê-la sempre ao lado, nos momentos bons e ruins e entendeu essa morte em vida e esse tempo para poder ir ao túmulo do filho. Também não chorava.

      Ficaram um bom tempo, em silêncio, sem choro, sentindo a brisa a lhes tocar a face, imaginando ser um sinal de Thiago a beijar-lhes. A dor continuava imensa, mas agora Cecília tinha certeza de que não era um pesadelo. Sabia onde seu filho estava e que não haveria volta. Nunca mais!

      Se despediram, voltaram como vieram, em silêncio e sem lágrimas, continuariam vivendo até quando Deus quisesse.

      Aos poucos e com o passar do tempo a dor daria lugar ao conformismo e à saudade. Doía, doía... Mas não tinha outro jeito. Esperar, viver, respirar... Morrer, assim como tem que ser. A morte em vida.

      Fim.

      Texto publicado em 02 de novembro de 2014