domingo, 11 de janeiro de 2015

Bom Dia, Amor - Conto Sensual


      O relógio despertou e imediatamente foi interrompido por João. Se esquecera de desligá-lo na noite anterior. Sábado, com permissão para ficar na cama até mais tarde, curtir preguiça e admirar sua linda Stephany dormindo.

      Morena, cabelos anelados, corpo macio, nem magra, nem gorda, mas com curvas tentadoras e provocantes. Tímida e bem-humorada, tranquila e bem resolvida na vida. Não desperdiçava tempo com futilidades ou frescuras. Não tinha medo de se entregar à paixão ou a qualquer prazer que aparecesse a sua frente. Voz macia, sensual e um olhar tão penetrante que João tinha medo, às vezes, de pensar algo indecente e Stephany ler sua mente. Tinha a impressão que ela assim o fazia, quando ele, vez ou outra, desviava seus olhos e seus pensamentos a uma outra mulher. Um doce de pessoa, desde que não invadisse sua liberdade de ser quem era e nem querer interromper algo que começara, sem tempo para terminar. Uma bruxa maléfica nos tempos em que os hormônios se exaltavam, mas mesmo assim sua beleza transbordava qualquer ensaio impertinente de um mal-estar temporário, deixando-a insuportavelmente chata. Ficava pelos cantos olhando para baixo e balbuciando palavras indecifráveis aos objetos que, mesmo estando no mesmo lugar, atrapalhavam sua passagem pelo caminho. Salvo esses dias, a mulher mais extraordinária que João já conhecera. Tinha perfeita consciência de que o amor era cego. Só o amor, pois ele via tudo, detalhe por detalhe daquele corpo moreno.

      Pelas frestas da janela, os raios invadiam o quarto quebrando a escuridão e delineando o corpo que se escondia numa camisola minúscula de seda preta. Não gostava de dormir o tempo todo grudada a João. Se espalhava pela cama, de bruços, colocando o travesseiro entre as pernas roliças. Tudo feito depois de adormecer, sem perceber. Só quando o pescoço começasse a doer que ela pegava o travesseiro e colocava sob a cabeça. Puxava o cobertor e se enrolava nele como uma lagarta, deixando João ao relento. E continuava a dormir depois de um longo suspiro.

      Os cabelos se ajeitavam em cachos bagunçados, que invadiam o lado de João e lhe incomodavam, mas que delicadamente eram retirados para continuar ornando a moldura que se formava com o rosto de Stephany. Como era lindo vê-la dormir, pensava João, com um sorriso nos lábios. Os olhos, mesmo fechados, mexiam incontroláveis... Os lábios entreabriam, como se esperassem um beijo... A vontade era de atirar naqueles lábios bem desenhados, mas o êxtase de vê-los entreabertos era maior.

      João observava a mulher, em cada pedaço, suspirava e sorria, e de leve passava o dorso dos dedos em seu rosto, pensando em seu imenso amor e ternura. Não queria perder o espetáculo de vê-la abrir os olhos e piscar calmamente, olhar para o nada, e só depois abrir um sorriso ao vê-lo. Bom dia, amor, com voz rouca... Fechava os olhos se permitindo mais cinco minutos de sono e só depois se jogava em seus braços, aconchegando sua cabeça em seu peito, sua perna sobre as suas e a mão em sua orelha, apertando o lóbulo, de leve, depois beijava seu peito, seu pescoço e encostava os lábios em seu queixo, esperando um selinho. E assim permanecia, até que João apertava-a em seus braços e amava-a com carinho, com vontade de entrar em seu corpo e não sair nunca mais. Mais uma manhã perdida de amor...

      Amor que não se mede...

      Fim.

6 comentários:

  1. Piscar os olhos calmamente é característica da ternura presa num enlace de muito amor! abraços

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  2. Clara, tu sempre arrasa nesses contos!Adorei mais esse! bjs praianos, tudo de bom,chica

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    1. Chica, querida, vc é a blogueira mais querida de todas!
      Beijos

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  3. Lindo conto de amor, com uma descrição rica de detalhes, que sentimos na cena , visualizando cada detalhe. Isto é a grande marca de um bom conto, o leitor entra em cena e revive cada instante.
    Parabens Clara, continua expert.
    Beijo

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    1. Fico muito contente quando tenho elogios, Toninho, ainda mais quando dizem que entram na história e vivenciam tudo de perto... Isso não tem preço!

      Uma ótima semana, poeta mineiro, beijos

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