quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Adamastor


Ousadia chamá-lo de Adamastor. Mestre Adamastor. Mestre da Escola de Samba X-9 Paulistana, e que tive o prazer de assistir a sua palestra. É assim, como na foto, que ele se apresenta. Com alguns integrantes da bateria acompanhando-o, também com mestre-sala, porta-bandeira e algumas passistas. Sabe aquelas passistas que a gente pensa que não existem, com aqueles corpos que a gente morre de inveja? Então, elas!

Olha, posso até estar fazendo propaganda dele, que vai lucrar até mais com isso, mas o que é bom a gente compartilha. Um show! Simples assim.

Tem gente que fala, fala, fala e não diz nada. Ele não fala nada e diz tudo! Essa é a diferença. Acredito que todos que estavam na palestra entenderam perfeitamente o recado.

Um humorista palestrante, stand up com assunto sério, um homem bem-humorado que sabe lidar com a vida, com as pessoas, com o dinheiro. Um líder, sem dúvidas.

Como eu disse, ele não falou sobre técnicas, sobre regras, sobre liderança nem nada. Chegou, deu voz de comando e todos obedeceram. Simples. Quando começou já não gostei. Gosto de ficar quieta prestando atenção e ele com a voz de comando pra gente fazer isso ou aquilo com os braços, gritar, falar e não sei mais o quê. Achei desnecessário e chato. Mas...

Na metade da palestra nos desafiou: vamos montar uma bateria de escola de samba, em dez minutos.

Oi? Isso não vai prestar. Olhei para minha amiga e disse: "Vamos embora? Não gosto de me socializar com multidão". Ela ria. Depois formou grupos e mandou cada um ensaiar sua apresentação.

"Gente, corram pras montanhas!", pensava eu, já ofegante e com começo de fobia social. "E se ele vir com aquele microfone enorme e colocar na minha boca? Desmaio na hora!". Enquanto seguíamos para a tal sala misteriosa puxei o braço de minha amiga e sugeri que procurássemos a saída e nos mandassem dali, sem deixar rastro. Ela ria.

Cada grupo tocaria um instrumento. Pensava eu com minha vasta imaginação e inocência que usaríamos a boca e o corpo para demonstrar a apresentação. Tipo jogo da mímica, que eu acho terrível! Gente tímida não se aventura a tanto. Então chegamos a tal sala e num canto estavam os instrumentos. O nosso grupo tocaria ganzá. "Acho que tocar isso eu tenho coordenação". Fiquei um pouco aliviada, mas de olho na porta de saída caso precisasse fugir pra bem longe.

Ganzá

O rapaz da bateria que toca o ganzá foi que organizou tudo. Ensinou o grito de guerra, a coreografia, o modo de tocar, o começo, meio e fim da apresentação. Tudo isso em dez minutos, gente!

E voltamos ao salão, onde as cadeiras já estavam todas encostadas nos cantos. Mestre Adamastor já estava nos esperando com o apito na boca.

Chamou grupo por grupo e cada um fez sua apresentação. Afinadíssimos! A essa hora já estava com aquele sorriso de contentamento na cara. Não vou dizer que sambei porque aí seria exagero e mentira, mas dei meus passinhos. Nem precisava, só ir no embalo que tudo contagiou.

Depois que todos se apresentaram foi a vez de todos tocarem juntos. Gente, vocês não têm noção do que fizemos. Tudo em dez DEZ minutos! Foi um show!

Depois entrou mestre-sala, porta-bandeira e por último as passistas. Simplesmente esfregaram na nossa cara aquela cor maravilhosa da pele seguido daquele corpo esculpido pela natureza. Inveja mata? Morri!

E nos últimos dez minutos que ele foi fazer a palestra. Poucas palavras e resumiu tudo, como se uma bateria fosse uma empresa, com toda a hierarquia necessária. E que funcionou com a colaboração, boa vontade e bom humor de todos. E alegria, não se esqueçam da alegria.

Um show!

Tinha que contar isso pra vocês.

Mas olha... Se tivesse mais dez minutos de palestra eu subiria no palco pra sambar, viu?

Fim.

3 comentários:

  1. Uau, deve ter sido fantástica esta experiência!
    Ouvir de perto uma bateria, das boas, de escola de samba, faz o coração da gente acelerar e até ouvimos as batidas dele junto com os instrumentos, é algo sensacional e já pude sentir de perto isto.
    Valeu a pena ter ficado então, né?
    um abraço carioca


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  2. Viva!!!!
    A ideia do cara foi ótima e o samba contagia mesmo, até quem é tímido. Em dois minutos a gente sai mandando beijinhos pra arquibancada.

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  3. hahahah eu imaginei isso o tempo todo, você ia acabar subindo ali e sambando...rsrs
    Que coisa boa, principalmente quando amigos só nos olham e sorriem, sabendo o que estão fazendo, confiando em que o final será bom...
    Também não gosto de multidão e agiria como vc, o tempo todo.
    Bobas, nós, né?
    Bj

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