sexta-feira, 18 de julho de 2014

No Ônibus


      Hoje lotado, vidros fechados por causa do frio... Dá pra imaginar a situação, não é?
      A gente olha pra um lado e pro outro, um olhando na cara do outro com aquela angústia de querer que metade do ônibus desça no próximo ponto. Menos nós que esperamos até o ponto em que descemos. 
      Fui até o fim e parei onde estavam sentados a mãe e seus dois filhos. Ela segurava no colo uma menina com seus 3 anos mais ou menos. Quietinha e olhando todo mundo. Seu irmãozinho que estava no banco do lado tinha uns 5 anos talvez. Dormia, com a cabeça apoiada no ombro da mãe e com a boquinha aberta nem se importando com o tumulto a sua volta. Dormia tranquilamente. A mãe segurava suas perninhas que estavam cruzadas pra evitar que ele se escorregasse e ela não conseguisse segurá-lo. No chão duas mochilas e do lado da mãe, espremida, estava sua bolsa que também não era pequena. e apoiada nas suas pernas estava um sacola de supermercado quase cheia. Não usava aliança.
      Deve ter ido trabalhar e depois deve ter buscado as crianças em alguma creche.
      Tem coisas que são assim, custosas, sofridas, mas não há opção. Tem que ser assim. Todos os dias ela deve fazer esse trajeto com as crianças. Dois trajetos, ida e volta.
      Depois a menininha levantou a cabeça e começou a conversar com a mãe, falando baixinho e rindo. Vez ou outra tocava seu rosto com as mãozinhas minúsculas e com unhas bem aparadas. Depois se deitava e continuar com o olhar curioso na multidão.
      Sorri pra ela... Ela colocou o dedinho na boca e tapou os olhos, olhando por entre os dedos, envergonhada. Olhei para a mãe e ela estava com os olhos fechados. Cansada...
      O ônibus não estava mais tão cheio e meu ponto chegou. Olhei para a menininha e sorri de novo. Ela colocou o dedinho na boca e sorriu timidamente. Desci.
      A vida como ela é. Talvez ela não ache que seja dureza essa rotina. Talvez ou com certeza nunca teve uma vida diferente...



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Meu meio de transporte até o trabalho é o ônibus. E como boa observadora não deixo de reparar nas pessoas que de alguma forma me chamam a atenção. Então compartilho, antes no facebook, mas agora resolvi postar no blog. São momentos, instantes, cliques de vidas diferentes que dividem um mesmo espaço. Basta prestar atenção e soltar a imaginação.
Essa de hoje me chamou muito a atenção. A mulher e suas crianças...


6 comentários:

  1. Já passei por isso por três anos e sei bem essa sensação de ônibus lotado, vidros fechados... Você me fez recordar! Um abraço!

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    1. É a vida como ela é. Tem que ser feito e tem que ser assim, pelo menos por enquanto. Vidas diversas num espaço nem tão confortável. Bom pra quem observa, como eu, e transforma em contos...
      Querida, uma ótima semana!

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  2. Vida cotidiana. Li no FB e acho que deve trazer para cá, fica bem guardado, melhor lido, Clara.
    Também sempre fui boa observadora e me pegava pensando quem eram aquelas pessoas com a qual eu cruzava todos os dias, inventava histórias, imaginava suas vidas.
    Gosto demais de como vc retrata com precisão o que vê.
    Beijo e boas observações, para nos trazer boas histórias como esta.

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    1. Um elogio vindo de vc só me engrandece e me faz te agradecer sempre, Lúcia. Eu observo tudo mesmo e até "entro" nos pensamentos das pessoas e transformo em escritos... um ótimo exercício!
      Beijos, maninha e ótima semana.

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  3. Como você disse, Clara
    Talvez essa mãe nem ache dureza essa rotina.
    Eu morro de dó!
    Boa semana para você
    Beiinhos de
    Verena e Bichinhos

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    1. É a vida e não temos escolha. Tem que fazer e tem que ser assim, pelo menos por enquanto.
      Beijos, querida!

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