segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Sorria, Alguém te Observa - Conto Sensual


      Cristina chegou em seu apartamento, tirou os sapatos na sala e caminhou até a enorme janela de vidro que pegava toda a parede. Abriu as cortinas, destravou o fecho, deslizou e deixou que a brisa invadisse toda a sala. Debruçou no parapeito e ficou admirando o por do sol ao longe, na grande metrópole que já brilhava com os faróis dos carros e com as luzes das ruas ainda tímidas, que lutavam para iluminar ainda com o sol.

      O calor sufocante fez com que Cristina permanecesse com o rosto virado para o horizonte, mas de olhos fechados, apenas sentindo a brisa do entardecer. Não se refrescou no dia quente que marcou 37º.

      Puxou uma poltrona azul que ficava perto da janela de forma que quando se sentasse nela poderia ver o céu mudando o tom de azul e, enfim, as estrelas mostrassem sua beleza. Mas o calor era sufocante, apesar da brisa que entrava no décimo segundo andar daquele edifício antigo e luxuoso.

      Tirou a blusa que colava ao seu corpo devido ao suor e jogou-a ao chão. Abriu o botão da calça jeans e se sentou relaxada na poltrona... Apesar de estar um pouco acima do peso e de não se considerar uma mulher bonita e nem sexy, gostava de seu corpo como era: tipo comum que não chamava a atenção dos homens quando andava pelas ruas, mas quem a conhecia intimamente, se apaixonava com facilidade. "Pelo conjunto da obra", dizia, para explicar o interesse que alguns homens tinham por ela e não por tantas outras mulheres lindas e de corpos perfeitos que circulavam em todos os lugares.

      Foi até à cozinha e voltou com um copo de água gelada com alguns cubos de gelo. Bebeu um gole. Outro gole... Pegou uma pedra e começou a passar em seu rosto... Com o calor do corpo as gotinhas escorriam pelo seu colo, molhando o sutiã e algumas escorregavam para o lado, pingando na poltrona. Lentamente foi descendo com a pedra pelo pescoço, pelo colo, e com a outra mão desabotoou o sutiã que tinha o fecho frontal. Não o tirou do corpo; apenas deixou que ficasse do lado dos seios... Passou o gelo em volta de cada um, sentindo o arrepio... Gemia baixinho... Gostava da sensação do gelo derretendo em seu corpo quente, emoldurando os seios... Desceu pela barriga e uma poça se formou em seu umbigo....

      Cristina olhou pela janela e viu que alguém do apartamento de frente a observava. Ficou uns instantes olhando para ver se o indivíduo desconfiasse e disfarçasse, saindo da janela. Mas não! Ele continuou olhando e debruçou no parapeito como se quisesse se aproximar mais daquela visão. Cristina ficou incomodada com a atitude do homem, mas não se deu conta de que estava com os seios à mostra. Quando percebeu cobriu-os com o braço, se levantou e fechou as cortinas. Se sentou de novo e ficou com raiva daquele homem abusado, indignada pela falta de respeito com ela, que estava dentro de seu apartamento tendo a liberdade para fazer o que quisesse.

      Deu um sorriso fazendo um gesto de não com a cabeça e começou a falar sozinha:

      - Mas como eu vou exigir respeito de um senhor que não conheço, estando semi nua? Mas que sem noção que sou!

      Voltou para a janela, já com o sutiã abotoado e agora também com a blusa, abriu as cortinas e olhou para aquele homem, prestando atenção em sua aparência. Ele, de sua janela, acenou para Cristina. Ela, sem jeito, retribuiu o aceno, mas fechou novamente as cortinas e foi tomar seu banho. Mas o homem não saía de sua cabeça. Era simpático, calvo, parecia ter estatura alta. Sim, simpático!

      A noite tomou conta da cidade e Cristina não parava de pensar naquela situação em que viveu. Quem sabe um dia conheceria aquele homem ousado, que a admirava enquanto se refrescava com o gelo, distraidamente com os seios à mostra, que se deu o direito de ter liberdade em sua casa mesmo correndo o risco de ser observada por ele e por tantos outros que também poderiam estar olhando.

      Bem, amanhã é outro dia.

      Fim.

      Texto publicado em 31 de outubro de 2012.


14 comentários:

  1. Olá que bela narrativa, e fui me refrescando do calor jundo com ela! ahh a ausadia...rs abraços

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    1. Primeiro o calor, depois o gelo pra refrescar!
      Que bom que gostou, Ives!
      Abraços!

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  2. Lindo conto e quando ousamos, temos que assumir os riscos,rs...bjs,chica

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    1. Sim, sempre tem alguém nos observando. Não assim como ela fez, mas de algum modo somos observadas, né?
      Chica, sua linda, beijos!

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  3. Clara, adoro ler seus contos! A sensualidade é maravilhosa e você conduz o leitor pegando-nos pela mão e fazendo a gente viver uma aventura e tanto. Estou aqui com calores mil! rsrs
    Bjs

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    1. Fico muito feliz com esse comentário, Roseli, acho que assim como eu mergulho na história, levo todo mundo junto!
      Beijos, querida! Que tal uma pedrinha de gelo, heim?

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  4. Clara ! Amei o seu conto ! Você tem estilo ! Parabéns e continue postando, pois quero retornar para ler mais ! Aproveito para desejar-lhe uma linda semana ! Bjs !

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  5. Muito interessante o seu conto, traz a sensualidade inerente a personagem de forma bem convidativa à leitura.
    bjs

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  6. ele fez o que tinha que fazer, ainda que dentro de casa todo o cuidado é pouco,rsrs mas eu acho que no final ela acabou gostando da ousadia,rsrs
    bjs

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    1. Sim, Jeanne, ela gostou sim, mais por não se achar tão sexy... E ele a achou sexy! Quem não gostaria?
      Beijos

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  7. Uma feliz reedição Clara, o texto é bom com imagens que se criam no envolvimento.
    Nunca podemos esquecer que alguem pode estar nos cortejando.
    Um conto de uma coisa muito comum nas grandes cidades, uma janela, uma historia as vezes com final feliz.

    Bom passear por aqui, inté mais amiga.
    Linda semana com alegria e inspiração.
    Beijo.

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