sábado, 20 de dezembro de 2014

Gratidão


Gratidão, segundo Michaelis, qualidade de quem é grato, agradecimento, reconhecimento.

Seja grato!

Com tudo, a todo o momento, bom ou ruim, agradeça...

Feche os olhos e eleve seus pensamentos ao Altíssimo e agradeça...

Dores, sofrimentos, agonias, doenças, fazem parte da vida de cada um. Agradeça assim mesmo...

Não peça nada, agradeça! E espere... Levante-se e corra atrás, busque seus objetivos, com fé n'Ele, não desista!

Deus sabe de cada detalhe nosso e como um Pai carinho quer o melhor pra nós, e nem sempre esse melhor é o que queremos, mas o que ele tem certeza que nos faria melhor. Deixe de ser teimoso e agradeça pelas perdas também. E limpe a mente e espere o novo. o inusitado, sem lamentações, sem lamúrias ou ladainhas. Deus não suporta ladainhas... Ninguém suporta ladainhas, a não ser que você pague pra alguém ouvir suas ladainhas e reclamações.

Quer chorar, chore o tempo necessário, depois agradeça...

Limpe seu coração de todo rancor, ódio, vingança, inveja... Você tem inveja de quê? Não se assuste, o ser humano também tem esse sentimento, a inveja. E procure controlá-la e alcance o que é seu, por merecimento. Sim. você merece!

Tantas coisas boas acontecem na vida e não nos damos o trabalho de simplesmente agradecer. Por que? Não nos lembramos, não é? Só reclamações. "Ah, mas por que foi acontecer justamente comigo?" E por que não com você? Ou comigo? Ou com aquela pessoa?

E se você ganhasse uma fortuna, também reclamaria? "Ah, mas por que eu ganhei, e não a outra pessoa? Heim?

Agradeça e espere pelo que virá. Deus sabe das coisas e de nós. Sabe de nosso coração e do que carregamos dentro dele. Busque o que você queira, de coração aberto e pensamento positivo.

Gratidão e caridade. Caridade de coração pra coração... Sem esperar retorno. Não digo caridade de sempre ofertar algo aos pobres. Isso também, claro, mas caridade de se doar por algum tempo pra outra pessoa, seja da maneira que for. Já fez isso? Enquanto se doava pra outra pessoa pensou nos seus enormes problemas?

Agradeça, isso é o que importa. O resto virá, com certeza, bem maior e mais rápido do que você imagina. E esteja preparado pra receber o que você tanto queria. Está preparado?

Crê no Criador e se entregue de corpo e alma.

Um Feliz Natal a todos e um maravilhoso 2015, com muita luz, saúde e tudo aquilo que desejamos sempre. Se for desejo de coração é uma forma de caridade.

Voltarei só ano que vem (essa é velha, eu sei).

Amém!


terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Eça de Queiroz


O Bem e o Mal

O diamante, se tivesse vida e pudesse,
fugiria ao sacrifício da lapidação.
Nisso estaria o seu bem, pelo seu sossego.

Entretanto, continuaria a ser pouco mais
do que um seixo vulgar de ribeira areenta;
enquanto que, depois da lapidação dolorosa,
passa a ser um pedaço de luz materializada,
como que um fragmento de estrela,
de preço inestimável.

Qual era o bem? Qual era o mal?
Ora, aqui fica um incógnita
de que eu gostaria de conhecer a definição,
dada pelos sábios da Terra,
onde também tive pretensões
de saber alguma coisa...

Eça de Queiroz

domingo, 14 de dezembro de 2014

Menos de Três Minutos


O que você faz em três minutos?

Muitas coisas que levariam segundos, minutos, são deixadas pra depois por falta de tempo.

Quem é organizado sabe do valor dos três minutos. Pessoas cronometram seu tempo e fazem além do que se possa imaginar. E sempre dá tempo pra tudo!

Dá pra arrumar a cama ao se levantar, dá pra lavar a louça que sujou, guardar uma roupa, sapato...

Dá pra ouvir quase uma música antes de se levantar, passar um perfume, um batom, colocar bijuteria..

Dá pra colocar a roupa suja no sexto de roupa suja...

Dá pra dar um abraço antes de correr pra pegar a condução...

Dá pra relaxar, alongar, espichar...

Dá pra dar uma olhadinha no whatsApp , sei, quase impossível, mas dá!

Dá pra trocar de sapatos pra combinar com a roupa...

Se você deixar arrumada sua bolsa no dia anterior, dá pra dormir mais três minutos...

Dá pra jogar o lixo no lixo...

Dá pra ligar pra sua mãe pra avisar onde e com quem está e que horas voltará e como voltará.

Dá pra atender o celular e comprovar pra sua mãe que está vivo e bem...

Dá pra fechar os olhos, contar até dez e pensar se vale a pena responder a uma agressão...

Dá pra ler o final do livro pra não morrer de ansiedade até chegar nele (isso serve pra mim que leio o final antes de continuar o começo)...

Dá pra fazer uma oração...

Dá pra meditar, agradecer, agradecer, agradecer...

Dá pra fazer muitas outras coisas que antes achávamos que não dava tempo nunca, mas dá! Só questão de organizar e cronometrar o tempo. Tenha ele, o tempo. a seu favor, e não contra. Ele não para, então que entremos em sintonia. Não adianta reclamar e nem ficar mal humorado, nada vai mudar com a atitude negativa que às vezes temos. Os únicos prejudicados sempre somos nós. Nós conspiramos contra nós, sempre!

Já pensaram nisso?

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Qual Meu Maior Presente de Natal?


Participando da Blogagem Coletiva, da querida Rosélia, V Interação de Natal. Cliquem AQUI!

Meu maior presente de Natal é agradecer por mais um ano, por mais uma vitória que consegui esse ano e que Jesus entre no meu coração e saiba de tudo isso... A gente agradece e Ele nos acaricia com coisas tão espetaculares que nem sabemos como agradecer...

Da inocência do Menino Jesus, do coração puro de uma criança, que as pessoas tenham mais paciência, tolerância e respeito, principalmente quando se encontrarem nas festas com as famílias.

Faz tempo que meus Natais são só com três pessoas, meus dois filhos e eu. E têm sido bons! Tenho paz, tenho alegrias e tenho Jesus no meu presépio e no meu coração.

Agora, se alguém fizer uma bela de uma ceia pra mim, sem muito luxo, ahhhh, eu vou amar mil vezes! hehehehehehe

E se ganhar uns presentinhos também, hmmmm, tá bom, sem presentes esse ano, só abraços verdadeiros, carinhos fraternos, beijos estalados e alegrias exageradas.

Natal é isso, pelo menos no Natal, que todos tenhamos paz.

Feliz Natal a todos!


sábado, 6 de dezembro de 2014

Xícara de Ouro - 2014


É com muita honra que recebo esse mimo da Patrícia e seu blog Café Entre Amigos.

Um incentivo enorme ser escolhida entre tantos blogs maravilhosos... Muito obrigada!

A internet é fantástica, quando sabemos usar, e quando temos algum reconhecimento é maravilhoso!

Quem tem blog sabe que não é fácil mantê-lo e muito menos mantê-lo com a costumeira qualidade. Às vezes falta-nos inspiração, ou talvez queremos falar algo que sabemos que não agradaria muitos e então desistimos.

Aqui é nosso espaço, mas nem por isso devemos deixar o bom-senso de lado. Respeito é mútuo e graças a Deus ele reina absoluto por aqui.

Meus queridos leitores, comentaristas ou não, muito obrigada sempre e sejam bem-vindos!

Cliquem no link. Mais uma lista de blogs excelentes pra vocês conhecerem.

domingo, 30 de novembro de 2014

Promete?


      - Quem fala? - perguntou Alesca, segurando o celular com mãos trêmulas.

      - Rute. Quem é? - respondeu do outro lado da linha.

      - Oi, aqui é Alesca, você não me conhece, mas preciso te contar umas coisinhas. Pode me ouvir? - ainda com mãos trêmulas e com voz embargada, quase se derramando num choro.

      Rute, mesmo estranhando ouviu pacientemente. Alesca contou, com riqueza de detalhes, sobre um homem que ficara noiva. Antônio Pedro. O mesmo Antônio Pedro que vivia junto com Rute. Contou como se conheceram, de todas as promessas feitas, detalhes de como planejavam casamento e até o dia em que conheceu sua família.

      Na verdade já moravam juntos e devido ao seu trabalho, Antônio Pedro viajava semana sim, semana não, sempre voltando todo fogoso para seus braços. Abriram até uma conta conjunta e guardavam dinheiro para viajarem no fim de ano, em suas férias. Alesca era vendedora autônoma, então seus horários eram flexíveis, sem problemas para viajar e tirar uma folga de vez em quando.

      Rute ouvia e retrucava, chamando Alesca de maluca, de drogada, de imbecil, mas não tinha coragem de desligar o celular. Por fim perguntou onde conseguira seu número. "Na agenda de Antônio", respondeu de imediato. "Peguei mais alguns contatos e investiguei até chegar a você". Sentou-se na beira da calçada e desligou, indignada.

      Sabia que era verdade o que a tal de Alesca havia lhe contado. Não era a primeira vez que passara por situação semelhante ou até pior. Uma vez arrastara Antônio Pedro de dentro de uma igreja, quando estava prestes a se casar com uma zinha sem eira nem beira que encontrara pelo caminho. Desde que o conhecera já havia decidido tomar posse absoluta dele. "É meu e ninguém tasca", repetia para quem quisesse ouvir. Chorou, de ódio, de revolta, de cansaço de tanto ir atrás de seu amor, sua paixão, e nunca ser reconhecida como a única a ser idolatrada eternamente por ele. "Ah, vai ver homem é assim mesmo", pensava alto, enxugando as lágrimas que lhe borravam o rosto por causa do rímel. E imediatamente respondia que o homem dela não seria assim não, que ela daria um jeito custasse o que fosse.

      Alesca, no entanto, apesar de ter desabado num choro inconsolável, se sentiu vitoriosa. Tinha certeza que o canalha ficaria sozinho por um bom tempo e se dependesse dela não arrumaria mulher nunca mais. Ainda amava-o, mas não suportava a traição. Arrancaria o mal pela raiz e se esqueceria dele, com o tempo. Falava em voz baixa que mulher como ela não arrumaria em lugar algum, afinal canalha só atrai mulher vagabunda. Essa era sua fórmula de esquecimento, rogar praga para o resto da vida naquele que lhe roubou o coração e jogou fora. Bem feito para ele, repetia, ficou sem uma boa mulher, quem perdeu foi ele e não eu.

      Rute, ainda com os olhos molhados, ligou para Antônio Pedro e exigiu sua presença imediatamente em sua casa. Claro que foi atendida prontamente, pois quando falava "grosso" ele obedecia, para seu bem. Ele gostava, e como gostava dessa disputa entre fêmeas por seu macho.

      Ainda demorou um bom tempo até o canalha aparecer para, mais uma vez, se fazer de vítima. Assim que colocou os pés para dentro, Rute foi logo lhe arrancando as roupas e arrastando-o para o chão, no tapete já surrado, imitação de persa, comprado em vendedor porta a porta.

      Ele, como um bom obediente e temeroso com a braveza da mulher, concordava com tudo, beijando-a em todas as partes do corpo. Ela, fazia-o prometer mais uma vez que nunca mais repetiria a safadeza de traí-la com qualquer ordinária que ele encontrasse pelas ruas. Mulher dele era só ela.

      E, claro, pela milésima vez, obedecia, feliz.

      Fim.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Um Fiapo de O Tempo e o Vento


      Toda a gente tinha achado estranha a maneira como o capitão Rodrigo Cambará entrara na vila de Santa Fé. Um dia chegou a cavalo, vindo ninguém sabia de onde, com o chapéu de barbicacho puxado para a nuca, a bela cabeça de macho altivamente erguida, e aquele seu olhar de gavião que irritava e ao mesmo tempo fascinava as pessoas. Devia andar lá pelo meio da casa dos trinta, montava um alazão, trazia bombachas claras, botas com chilenas de prata e o busto musculoso apertado num dólmã militar azul, com gola vermelha e botões de metal. 

Tinha um violão a tiracolo; sua espada, apresilhada aos arreios, rebrilhava ao sol daquela tarde de outubro de 1828 e o lenço encarnado que trazia ao pescoço esvoaçava no ar como uma bandeira. Apeou na frente da venda do Nicolau, amarrou o alazão no tronco dum cinamomo, entrou arrastando as esporas, batendo na coxa direita com o rebenque, e foi logo gritando, assim com ar de velho conhecido: 


– Buenas e me espalho! Nos pequenos dou de prancha e nos grandes dou de talho! 

– Pois dê. 

Um pouco de Érico Veríssimo. Um trecho do livro O Tempo e o Vento. 
História belíssima e digna de ser lida.

Obs: Trecho retirado da net, portanto se algo não condiz com o livro estou à disposição para fazer a correção. Quando li o romance, peguei emprestado e na verdade não me lembro muito da história contada. Só fui recordar quando assisti à minissérie. Isso faz tempo...

domingo, 23 de novembro de 2014

Ser ou Estar Sozinha?


"Você é bonita, por que não arruma um namorado?" Esta é a frase que mais ouvi nos últimos 15 anos.

Gostaria que tivessem me perguntado se estava bem, se precisava de alguma coisa, não sei... Mas depois de tanto tempo chego à conclusão de que a vida se resume em relacionamentos. Assunto mais comentado em todos os lugares.

Existe a alma gêmea? O parceiro perfeito? Você seria a alma gêmea de alguém? O(a) parceiro(a) perfeito(a) pra alguém? Geralmente procuramos quem se encaixa melhor nas nossas exigências, mas nunca pensamos em nos encaixar da melhor maneira na vida de alguém. A velha mania de querer mudar o parceiro.

Pra quem ainda me faz essa pergunta, estou bem, estou sozinha, mas não solitária. Preciso dessa solidão pra me sentir bem. Se aparecer alguém, que seja bem-vindo e que acrescente e compartilhe vida comigo. Se não, tudo bem também. Isso não me causa sofrimento.

Não é fácil viver sozinha, tenho minhas carências, mas jamais colocaria minha felicidade e meu bem-estar nas mãos de uma pessoa. Isto é de minha competência e responsabilidade. Assim como não daria felicidade embrulhada num pacote a ninguém.

"Mas você não sai, não vai passear, não vê gente, não conhece gente nova, não faz amizades, não dança, não se entrosa, não conversa, não se diverte..." Gente indignada com minha vida...

Nunca fui de badalações e nem de frequentar lugares tumultuados, exceto os shows que eu ia. Tenho uma certa fobia social. Sou assim mesmo, caseira, tranquila, quieta, porém, minha mente faz todas as vezes de uma vida agitadíssima. Sou feliz assim, acreditem!

Com o tempo me descobri metódica. Não gosto de mudanças na minha casa, nem de bagunças e nem de nada que possa me estressar. Metódica e chata. E com isso não sei se conseguiria conviver com outra pessoa novamente. Por um tempo pode ser, mas a liberdade que tenho dificilmente seria capaz de compartilhar, ou perdê-la.

Isso é definitivo? Não! A única certeza é que tenho dias a menos de vida e esse dia pode ser hoje. Amanhã não sei. A maturidade às vezes castiga a gente. Tem o lado bom, o da sabedoria, da leveza, da tolerância, do conhecimento acumulado, dos valores que realmente valem a pena, enfim, velhice tem o lado bom. E o lado ruim é que é muito breve também. A vida é muito breve, em todas as suas fases.

Digamos que sei de minha vida, mas não sei do querer da vida dos outros. Sei o que quero e o que não quero, mas não tenho controle sobre as pessoas. Então não dá pra programar nada envolvendo outras pessoas, ainda mais as que ainda não conheço. Como programar começar namorar, casar etc? Procurando? Hmmmm, acho que não sei fazer isso não. Não mais. Deixa assim como está.

Ah, sim, já amei muito, poucos, mas muito. Tenho um amor eterno, antigo, bem lá do comecinho, que continuará sendo eterno, tenho um platônico que continuará sendo platônico, tenho um carnal, que ainda tenho esperanças, e tenho esperanças de um novo amor sim. Contraditório? É, pode ser. Mas confesso que tenho um pouco de preguiça... Preguiça de sofrer caso não dê certo. O último relacionamento é sempre o mais sofrido, o mais dolorido e o que nos faz repetir novamente que nunca mais, mas coração é traiçoeiro, tem vida própria, samba no peito da gente e teima em querer quem não se deve querer. Finca o amor na cabeça da gente e nem lavagem cerebral é capaz de tirar. A gente tenta ter os pés no chão, mas não adianta, o coração domina tudo! Não procuro, mas quem sabe alguém esteja procurando desesperadamente por mim em algum lugar do planeta? E perdeu o mapa? Então!

Depois de tantas besteiras, vamos pra última semana de novembro e logo dezembro, natal etc... Pra completar, não gosto das festas de fim de ano... Esquisita, eu.

Boa semana pra todos!



terça-feira, 18 de novembro de 2014

Milagre Divino


O milagre da vida!

Primeiro uma "sementinha" que cresce rapidamente, depois vem o bebê e nos enche de sentimentos jamais experimentados até então. Nasce um filho e nasce uma mãe.

É como se o mundo parasse e Deus estivesse ao nosso lado, sorrindo, passando a mão na nossa cabeça e dizendo no nosso ouvido: "cuide bem dele".

O amor é tão intenso que não cabe dentro da gente. Eu sempre disse que mãe deveria ter vários corações espalhados pelo corpo, pra dar conta de tanto amor e tanto cuidado.

Se eu tivesse poderes, concederia ao homem uma única oportunidade de gerar uma vida. Não com todas aquelas dores, isso não. Mas sentir no ventre um ser crescendo, se fazendo, coração pulsando e depois a maior mágica de todos os tempos, o nascimento. Ficariam loucos, tenho certeza!

Eu e meus filhotes



domingo, 16 de novembro de 2014

Tempo de Colheita


      Roberto, mais uma vez saiu batendo a porta, irritado, daquele lugar que vez ou outra cumpria a obrigação de visitar. O asilo era bom, limpo, idosos bem cuidados, onde seu pai, seu Arnaldo estava morando há cinco anos, depois que sua esposa falecera. No começo relutou em aceitar, mas não tinha outra alternativa: ou ia para o asilo ou viveria sozinho em sua casa, e, como precisava de cuidados o tempo todo, aceitou contrariado se mudar para o Lar da Melhor Idade.

      Sempre que Roberto aparecia, Arnaldo quando o via de longe já se levantava e ia encontrá-lo. Abraçava-o e chorava, dizendo que ali era maltratado e que ninguém gostava dele. Roberto sabia muito bem o motivo de ninguém gostar de seu pai, que era o cão em pessoa! Mas como era um lugar pago, tinham que aguentá-lo enquanto estivesse vivo.

      Arnaldo não se conformava em ter deixado sua casa para viver no meio de pessoas estranhas:

      - Beto, eu quero ir embora daqui... Eles ficam me olhando de longe e cochichando... - resmungava para seu filho.

      - Mas pai, não tem jeito: ou fica aqui ou vai viver sozinho até morrer. - respondia Roberto secamente.

      Quando Roberto finalmente entrou em seu carro, mais uma vez começou a chorar. Não por piedade, mas por raiva, pelo modo como sempre fora tratado por ele. Era o mais velho de três irmãos, todos homens, e sempre ouvia que tinha que dar o exemplo, portanto, não podia fazer nada que desonrasse a sua conduta. Quando jovem não podia sair para lugar nenhum e nem namorada podia trazer em casa. Era briga na certa com seu pai que não media esforços para ofendê-lo diante da namorada. Isso deixava-o revoltado, mas por respeito ao pai, aguentava calado.

      Lembrou-se de um dia em que levou sua namorada, que hoje é sua mulher, para almoçar com sua família, por insistência de sua mãe Leonora. Relutou até o último minuto, mas acabou concordando para agradar sua mãe. Chegando lá, todos à mesa, Arnaldo fitou o olhar para Roberto e começou a sessão de humilhação na frente de todos:

      - Sabe, Elaine - disse para a namorada de Roberto - esse daí é o filho mais ingrato que um pai pode ter. Imagine que ele recebe o ordenado dele inteiro e nem dá nada para mim? Eu que sustentei esse vagabundo até hoje, comeu, bebeu, vestiu e agora é isso daí... Tá doidinho para casar e sumir daqui. A obrigação do filho é entregar todo o ordenado para o pai. O pai é que sabe o que fazer com o dinheiro da casa, e como ele ainda vive aqui, de graça, tem que me entregar o dinheiro e ficar quieto. E ainda agradecer por ter uma casa para viver.

      Pronto! Foi o suficiente para que Roberto se levantasse, puxasse Elaine pelo braço e fosse embora dali na mesma hora. Elaine não sabia o que dizer, ficou indignada e concordou que seria melhor ir embora e não voltar mais. Nunca passara por situação mais constrangedora e entendia Roberto de ficar estressado por causa do pai. Era uma mulher doce, mas sabia que não precisava ouvir asneiras e nem humilhações de ninguém.

      Com os outros irmãos era a mesma coisa, só que como eles já presenciaram a situação do irmão, não levavam ninguém para conhecer sua família.

      Quando sua mãe morreu, ainda suportou "aquele velho", como costumava chamar por mais alguns meses. Mas a convivência era tão insuportável que não pensou duas vezes em pagar um asilo para colocar aquele filho que não era de Deus, como assim definia seu pai.

      E hoje, por obrigação e por ter prometido à sua mãe que cuidaria do pai, ainda o visitava, mesmo sabendo que ficaria completamente estressado. Era impossível não sair de lá xingando, berrando e desejando a morte daquele ser que só sabia humilha-lo. Os outros irmão nunca apareceram para ver o pai, e isso irritava-o ainda mais, pois sabia que esse carma ele teria que carregar até o último suspiro "daquele velho".

      Mas quando voltava para casa, sua filha Juliana vinha correndo lhe abraçar, fazendo com que se esquecesse de todos os transtornos, todos os traumas e todos os desgostos que passara até hoje por culpa daquele que deveria amá-lo, mas a único sentimento que via em seus olhos era ódio, rancor e arrogância.

     Depois do aconchego da filha e da paz que havia em sua casa ficava mais aliviado, pois voltaria naquele lugar tempos depois, talvez uns dois meses depois, e não se esquecia de fazer orações para que Deus finalmente tivesse misericórdia e levasse-o para a morte. Orava também para que conseguisse perdoá-lo quando partisse e que tivesse paz para onde fosse. Era o que desejava ao pai.

      Tempos de colheita, seu Arnaldo.

      Texto publicado dia 27 de agosto de 2012.


   

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Depois, quem sabe...


      Mesmo calçando sapatos de salto alto, Monique correu para seu o prédio onde ficava seu apartamento, numa sangria desatada. Trêmula, não conseguiu chamar o elevador, então arrancou os sapatos e subiu pelas escadas. Fôlego de maratonista que nem ela sabia possuir e com as chaves na mão, abriu a porta e correu para a janela que dava para a rua de onde chegara. Uma garoa deixava o tempo cinzento e frio, e com sua respiração deixava a janela embaçada. Trocava de lugar a cada embaço, mas não queria perder de vista o homem idolatrado por anos, que nem imaginava que ela possuía e guardava a sete chaves esse sentimento. Amor platônico e eterno, repetia ela, em pensamento.

      Ele ainda era visível, de longe, caminhando tranquilamente, de cabeça baixa e mãos nos bolsos. A brisa úmida fazia com que seus cabelos brilhassem. Ele brilhava por onde passava, pensava Monique, apaixonada. Uma lágrima rolou, depois outra e logo o choro compulsivo e descontrolado tomava conta da situação.

      Monique se jogou no sofá, abraçou a almofada azul céu de cetim e desabou num choro dolorido. Não se conformava com a situação de não tê-lo por perto, por toda a vida, ou talvez por algum tempo. Como seria se não tivesse terminado tudo há exatos oito anos? Amava-o tanto que preferiu abrir mão de seus sentimentos do que tornar a vida do amado um caos, pelo ciúme excessivo que sentia. Queria seu bem e não sua tortura. Se afastou de forma brusca, sem dar chances para uma explicação. Não tinha explicação. Ela decidiu pelos dois e não havia o que discutir.

      Nesse tempo todo muitos homens já haviam passado pela sua vida, mas nenhum chegava aos pés de Danilo. E coincidência ou não, todos eram muitos parecidos fisicamente com ele. Estatura mediana, magro, cabelos negros e anelados, poucos pelos pelo corpo e uma pele branca, rosada quando permanecia alguns minutos ao sol. Mãos com unhas bem cuidadas, pés idem, e nunca, jamais, deixava de usar perfume amadeirado. Dormia e amanhecia perfumado. Parecia TOC, mas não se sentia bem quando uma pequena gota de suor se atrevia a atravessar sua nuca. Ficava inquieto até se banhar e se perfumar novamente. Adorável, sedutor, tranquilo... E sem atitudes. Não era homem de iniciativas, apenas concordava, pois não gostava de discussões infundadas e todas as discussões que tinham eram infundadas. Por esse motivo Monique tomava as atitudes que lhe convinha. Sempre.

      Hoje cruzara com ele na rua, se cumprimentaram e ela correu para seu apartamento. E chorou as lembranças não vividas, os beijos não dados, os carinhos não trocados, o amor que não se acabara com o tempo... Estaria ele casado? Não queria saber. Melhor assim, cada um no seu canto. Aparentemente estava bem e feliz e isso era o que importava. Saber ou deduzir que o amor de sua vida estava bem e livre de seu ciúme perturbador.

      Continuaria vivendo e procurando alguém que preenchesse o vazio provocado por ela mesma, mas foi uma decisão sem volta. Melhor assim. E continuou chorando, encharcando a almofada que agora abrigava suas lágrimas, fazendo rodelas de azul céu escuro, sem estrelas para contar o tamanho da dor da solidão daquele momento. Melhor assim, repetia...

      Assim que viu Monique, Danilo tremeu, perdeu os passos, mas continuou firme em sua direção, cumprimentou-a, abaixou a cabeça e seguiu. Olhou para trás e não mais viu Monique. Chorou, quieto, sem temer que alguém presenciasse e quem sabe lhe perguntasse de qual mal sofria. Mal de amor eterno, mal de abandono, mal de desprezo pela mulher amada, responderia sem medo.

      Reconhecia que era covarde e que não tivera a coragem de procurá-la, respeitando sua vontade e também querendo vê-la feliz e em paz. Amava-a tanto que não se atreveria nunca a perturbar sua felicidade e sua vida. Viveria até os últimos minutos com lembranças tortas e mal-resolvidas. E assim quis, assim foi feito. Repetia, incansavelmente pelas ruas úmidas. Vez ou outra arrumava os cabelos, enxugava a testa com o dorso da mão e continuava cultivando as lágrimas que caíam, uma a uma, discretamente.

      Queria ter a coragem de dizer que a ainda amava-a e sempre a amaria, eternamente. Mas foi melhor assim, apenas um oi e a vida seguiria seu destino. Cada um na sua vida, com seus outros amados, com suas alegrias, com sua paz. Assim ela quis, e assim foi feito.

      Fim.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Marlon Guido


Meu nome é Marlon Guido, sou filho de dona Marta e até hoje me lembro de coisas e fatos que se deram em minha vida, ocorridos quando eu ainda era bebê. Um deles, me lembro nitidamente, ainda ia fazer dois anos de idade, minha mãe confraternizava com amigos, sentados numa mesa às margens do Rio Paraíba do Sul, em São João da Barra, quando ela me pegou no colo e em fração de segundos me atirou lá dentro do rio. Caí próximo ao dique e logo a fadiga de estar bebendo água e tê-la entrando no meu nariz já tinha tomado conta de mim. 
Minha mãe foi mãe solteira, me teve aos 18 anos e, expurgada de casa, foi para o Rio de Janeiro comigo nos braços, e só voltou a ter contato com a família quase dois anos depois. Até um ano e meio de idade eu não tinha nome. Passeando comigo no carrinho, na rua, as pessoas brincavam com o filhinho de Marta e perguntavam: "qual o nome dele"? "Sorvete. Ele ainda não tem nome", dizia minha mãe. Pois bem, o tempo passou, minha mãe prosperava dia após dia, como vendedora, galgava postos cada vez mais altos nas empresas à nível nacional, como o grupo Garavelo na época, Golden Cross, foi gerente de banco e aparentemente era muito requisitada. Também, foi "Garota Alternativa", "Garota Objetiva", garota isso, garota aquilo, era um monte de concursos de beleza que hoje correspondem a esses novos que lançaram aí. Mamãe era de fato uma mulher muito bonita, eu a amava e passava horas olhando-a como se o tempo parasse. 
No decorrer de toda sua vida, todas as suas atitudes comigo foram no sentido de me fazer virar homem o quanto mais rápido possível. Era como se ela quisesse que eu fosse precoce em tudo, até na natação, como já relatei. Seu desejo era, que meu nível de entendimento, visão de mundo e defesas, fossem aguçados ainda que totalmente fora da minha capacidade. 
Depois de termos a vida que pedimos a Deus, de obtermos tudo aquilo que sempre queríamos, numa fração de pouquíssimo tempo minha mãe já havia se tornado totalmente dependente do álcool A rapidez com que aquela mulher obteve a ascensão foi a mesma do fracasso. Das reuniões nos restaurantes chiques no Rio de Janeiro pros pedaços de pedra embaixo da ponte da Lapa, acompanhada de outros alcoólatras e que muitos deles moravam ali mesmo. Foram quase quinze anos, onde ela parecia ter como objetivo o suicídio lento, regado pela bebida e pelo cigarro. 
Algumas manias ela nunca perdeu, como a de viajar por exemplo, só que agora nós não andávamos mais nos leitos dos ônibus e nem nos carros, mas nos caminhões de carona, onde eu passava noites em claro vigiando-a, a fim de coibir aquele momento em que o motorista mudaria a marcha e levemente se aproveitaria pra tentar alisar sua perna. Era quando eu sempre simulava uma tosse pra que ele percebesse que eu estava acordado e vendo, a fim de quebrar o clima e ele interromper a empreitada. 
Eu tinha um ciúme da minha mãe que não gosto nem de me lembrar. Eu tinha um cuidado com ela que minha disposição de levar dias acordado e sem me alimentar direito era abastecida pelo simples fato de saber que alguma coisa poderia lhe acontecer no momento em que eu dormisse, ou que me enfraquecesse por falta de comida. Minha saliva era suficiente e me manter longos minutos sem piscar era uma estratégia para espantar o sono. 
Ruas, becos, vielas, favelas, prédios abandonados, obras inacabadas, terrenos, rodoviárias e ate beiras de praias eram lugares comuns onde passávamos horas, dias e até meses. 
Muita coisa não dá pra ser explicada por aqui, mas o que eu quero trazer à tona, sem o mínimo constrangimento, é que eu amo minha mãe cada vez mais a cada dia, ainda que ela já não esteja mais aqui na terra há mais de dez anos. pois a cada momento em que me lembro dela, me lembro também de cada ato dela comigo durante o tempo em que passamos juntos. Parecia que ela já sabia que me deixaria cedo demais e talvez eu não estivesse ainda preparado pra enfrentar o mundo sem ela, sozinho. Mas sobrevivi, e tenho certeza que tudo que ela fez me ajudou, me preparou, me fortaleceu, até os atos mais loucos. Agradeceria a ela desde o dia em que me jogou naquele rio, onde alguns longos segundos depois, um cara que provavelmente estava sentado naquela mesa com ela, pulou e parece que posso sentir ate hoje suas mãos nas minhas costelinhas, me subindo de volta à superfície. Não sei quem ele é, mas tenho certeza que conta isso ate hoje, se estiver vivo. 
Agradeceria também a todas as noites nas rodoviárias, testemunhando aquelas cenas e fazendo feições de quem poderia fazer mal a qualquer um que se aproximasse dela, mesmo estando totalmente temeroso e indefeso, mas sabendo que havia um Deus que nos protegia e nos guardava, senão Ele sabia que pra mim não tinha sentido Ele não proteger nós dois, então que eu ficasse desprotegido, e não ela. 
Agradeceria também pelo nível de realidade que ela me ensinou a viver, por me ensinar a analisar as pessoas, as coisas, os ambientes, o "feeling" pra detectar os mínimos detalhes e fatos que se dão num curto espaço de tempo entre pessoas, sem que elas percebam que foram vistas e "lidas", me facilitando reações e me permitindo elaborar situações pra me safar do que quer que seja e progredir em qualquer necessidade. 
Eu ficaria aqui por horas, até dias, contando coisas que provavelmente você só verá em filmes, alguns até baseados em fatos reais, mas sem o teor e a veracidade do relato sendo contado pelo próprio autor da história real. Se valorize mais, vencer na vida é uma questão de visão, talvez você já seja um vencedor e não reconhece isso... ‪#‎Amor‬

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Este é Marlon Guido, de Campos de Goytacazes, RJ, amigo virtual querido, desses que a gente esbarra por aí e nem imagina que teve uma história dolorida. Rapaz sério de olhos brilhantes, olhos que falam e sentem, ternura que esbanja por onde passa, rapaz que sentiu as muitas dores na carne, na alma, e nunca se deixou abater. Vive como tem que viver, com Deus no coração sempre, valorizando o que é de valor e agregando o que lhe convém. Simples, como tem que ser. Um vencedor, produtor rural, que vive e faz a diferença por onde passa. Respira com vontade, com garra e nunca, jamais, desiste de seus sonhos e objetivos. Teve um anjo cuidador, sua mãe, mesmo, às vezes, com atitudes duras, e foi um anjo pra ela, cuidando-a com tanto cuidado como se tivesse a impressão que se quebraria caso alguém lhe encostasse um dedo. Ainda vamos ouvir falar muito dele. Guardem seu nome!

Obrigada, Marlon, por me permitir compartilhar sua vida.





terça-feira, 4 de novembro de 2014

Qual a Maior Dor do Mundo?

Alguém consegue medir a dor? A minha dor é maior que a sua dor? Qual a maior dor do mundo?

Abertura do Programa do Jô, após perder seu filho Rafinha. 

Não dá pra saber o tamanho da dor de um pai quando perde um filho... Como ele diz, é uma inversão natural da vida...

Assistam! Cliquem no link abaixo.





terça-feira, 28 de outubro de 2014

Atração Avassaladora - Conto Sensual


      Local de trabalho, uma sala, muitas mesas, muitos trabalhando e Miguel não conseguia se concentrar. A sua frente estava sentada, toda concentrada, quer dizer, tentando se concentrar, Rafaela. Faz um bom tempo que trabalham juntos, mas uma atração avassaladora os pegou de jeito e nem conseguiam mais disfarçar.

      Rafaela levantou-se e foi até a cozinha tomar um café. Miguel chegou logo em seguida e puxou-a num canto, assustando-a. Imobilizou-a e quase beijou sua boca desenhada com batom vermelho. Ela provocava com esse batom. Vaidosa ao extremo, tinha o corpo delineado com exercícios físicos, coxas roliças e essa boca carnuda, provocante, irresistível para Miguel. Os dois se olharam, ouviram alguém se aproximando e se largaram. Tomaram o café e voltaram para suas mesas.

      No decorrer do dia não pararam de se olhar, trocaram sorrisos, piscadinhas e Miguel, discretamente, colocou um bilhete em sua mesa. Ela leu e sorriu. Acenou que sim com a cabeça e continuou trabalhando.

      Marcaram de se encontrar bem tarde da noite. Rafaela, para não incomodar os pais que sempre dormiam cedo, não fez barulho no portão. Preferiu pular o muro. E na esquina já avistou o carro de Miguel piscando os faróis. O coração disparou, o estômago gelou, as pernas tremeram, mas ela conseguiu caminhar, apesar de seu salto alto, até o carro.

      Mal Rafaela entrou e Miguel já puxou-a para si e beijou-a, longamente, intensamente, desfrutando daqueles lábios provocantes, carnudos e vermelhos... O gosto daquela boca lhe invadiu e quase não acreditou que estava com Rafaela em seus braços. Um perfume sensual, amadeirado, um vestido de tecido sedoso que fazia com que escorregasse suas mãos descobrindo as formas escondidas e perfeitas de Rafaela. Sim, ela sabia provocar quando queria, e sempre queria. Isso deixava Miguel louco, excitado, incontrolável, como um animal quando encontra sua fêmea no cio, que caminha como uma loba ao seu redor, oferecendo seu odor e dificultando o abate.

      Rafaela sequer conseguia respirar de tanto que Miguel apertava-a. Conseguiu desgrudar sua boca da dele, jogou a cabeça para trás e respirou ofegante. Miguel abocanhou seu pescoço, mordiscou sua orelha e colocou seu queixo em sua boca, se deliciando de cada milímetro de seu rosto. As mãos nas costas subiam e desciam até alcançarem a calcinha minúscula, que sentia com o toque suave no vestido. Começou a gemer em seu ouvido apertando-a mais e mais. Rafaela, quase sufocada, sussurrou que poderiam ir a algum lugar mais confortável. Miguel, relaxando os braços, respirou fundo, fechou os olhos e concordou. Segurou o rosto dela entre as mãos, beijou-a mais uma vez, colocou o cinto de segurança e pediu para que ela fizesse o mesmo. Foram para a casa dele. Mas antes perguntou se havia algum problema pois seu amigo dormia em sua casa, num outro quarto, mas que já sabia que ele a levaria para lá. Ela disse que tudo bem e se foram.

      Entraram, foram direto para o quarto e entre beijos, abraços, carícias tiraram as roupas. Isso demorou um bom tempo. Finalmente se deitaram na cama e o jogo de sensualidade não terminou.

      O fato do amigo estar dormindo no quarto ao lado os excitavam mais ainda... A sensação de perigo, de alguém espiando... Uma loucura deliciosa.

      Nenhuma palavra... Havia uma sintonia onde um sabia o que o outro gostava. Um fazia o que o outro queria... Beijos, bocas, apertos, momentos de explosão, carícias, carinhos, olhares, sussurros... E tudo recomeçava. A noite não teria fim se não fossem os primeiros raios de sol que espiavam pelas frestas da janela sussurrando que o dia acordava. Ainda entre beijos e carícias, Rafaela disse que teria que ir. Nunca havia passado a noite fora de casa e não havia dito aos pais que sairia. E também queria sair antes que o amigo de Miguel acordasse.

      Os corpos colados, bocas sedentas, abraços apertados, os dois lamentaram que o dia anunciava o fim de uma noite inesquecível, e avassaladora, intensa e apaixonante. Não combinaram nada, apenas se despediram dentro do carro com um beijo leve. Rafaela pulou o muro novamente e entrou em casa sem fazer barulho. Despencou em sua cama estampando um um sorriso besta nos lábios. Lábios carnudos, provocantes, vermelhos de beijos... Sim, Rafaela sabia provocar e Miguel adorava essa provocação.

      Um outro encontro? Quem sabe? Só o tempo diria. Ou a atração não suportar a distância e tudo se repetir na próxima noite.

      Fim.

      Texto publicado em 21 de agosto de 2013

domingo, 26 de outubro de 2014

A Outra - O Que Aconteceu com Norma


Por sugestão de uma leitora, sobre o texto ANTERIOR, conto o que aconteceu com Norma quando chegou em casa após ver o marido com a amante.

      Norma se trancou no quarto e se jogou na cama. Chorou como uma criança quando vê seu brinquedo preferido se quebrar durante a brincadeira. Soluçava até quase perder o fôlego. Pegou um travesseiro e abraçou-o contra o peito, enquanto as lágrimas escorriam e molhavam a cama. Aos poucos foi se acalmando até dar um suspiro de "basta dessa palhaçada". Mesmo assim ainda ficou quieta, de olhos fechados, se lembrando do casamento perfeito que tivera nos primeiros dois anos. Eram apaixonados demais e não conseguiam ficar por muito tempo sem se falar. Era tudo o que sempre quisera, desde pequena, com seu príncipe encantado.

      Abriu os olhos e observou todo o quarto, em cada canto, cada detalhe, a começar pelo papel de parede no teto, com fundo azul e margaridas miúdas brancas. Fechou os olhos e sorriu se lembrando da cara do marido quando bateu o pé porque queria o teto decorado e não as paredes.

      Os olhos alcançaram o porta-retratos sobre o criado-mudo. Uma foto da Lua de Mel em Cancun, programada desde o namoro. Uma lágrima escorreu pelo canto dos olhos. Foram felizes, muito felizes. Mas acabou. Seu marido, seu homem, seu protetor não tinha mais interesse por ela. Chorou novamente, apertando os olhos e abraçando o travesseiro. Ainda amava-o, mas sabia que não tinha controle sobre ele e sobre suas vontades e sentimentos. Poderia até lutar para um possível resgate de uma felicidade que há tempos se acabara. Mas o cansaço e o desgaste da relação fizeram-na tomar outra atitude. Sentou-se na beira da cama, enxugou as lágrimas e, decidida, reviveu.

      Pegou as malas e, cuidadosamente, colocou suas roupas, todas dobradas, seus pertences, seus sapatos e perfumes, seus livros, só alguns, e, claro, suas revistas preferidas ainda não lidas. Gostava de acompanhar novelas por elas e não pela TV. Sabia da vida dos artistas e era muito fã de José Mayer. Seu marido José, nos momentos de intimidade, era chamado de Mayer, e deixava-o lisonjeado. Quem sabe se todos os elogios durante todo o tempo fizeram-no se sentir convencido e cafajeste? Acabou!

      Continuou a arrumar as malas, trocou de roupa, passou apenas um batom vermelho, prendeu os cabelos num coque alto e esperou por José, sentada na cama, olhando para o nada e pensando em tudo. Pegou o computador e acessou todas as contas em que sabia as senhas. Transferiu todo o dinheiro para uma conta que José não sabia e mudou as senhas. "Ele que se vire para sobreviver", pensou, com seu lado diabólico aflorado. Correu no escritório e pegou a escritura da casa, apertou-a no peito e voltou ao quarto. Isso não significava nada, mas ela não tinha trabalho fixo e a partir de agora teria que se virar para viver. E José tinha como se abastecer a hora em que quisesse. Uma vingança bem de leve, só para não dizer que saiu com uma mão na frente e outra atrás. Sorriu, mesmo sabendo que essa atitude não atingiria o ego de José. Questão de sobrevivência mesmo e de cansaço de uma situação rotineira e sem volta. Não queria mais voltar àquela casa. Foram momentos bons e felizes que ela se lembraria. Mas sabia que o fim se aproximava e agora era a hora de colocar um ponto final nessa história.

      Ouviu o barulho do carro entrando na garagem, levantou-se, suspirou, fechou os olhos e encarou a realidade. Acabou, pensou ela, repetidas vezes.

      Fim.

      Este texto é referente ao momento em que Norma entrou em seu quarto e o final, quando se deparou com José está no texto anterior, AQUI.


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

A Outra



Participando da Blogagem Coletiva do Blog Mesa de Conversa, de Carlos Hamilton. Ele começa uma história e nós terminamos. Vamos?

José sempre foi um homem mulherengo. Tinha desculpas pra tudo. Se uma mulher ligasse pra ele e Norma, sua esposa, estivesse ao seu lado, logo dizia que era a mulher do patrão dando ordem. Se chegasse tarde em casa, dizia que pegou engarrafamento.
Trabalhando há mais de 15 anos como motorista particular de um advogado, quase sempre não dormia em casa. O advogado era muito procurado e só vivia viajando a trabalho. Norma já se acostumara com aquela rotina. Era desconfiada porque muitas amigas sempre diziam que José tinha outra. Uma amiga até já havia visto ele com uma mulher passeando no shopping, mas Norma sempre dizia: "No dia que eu vir esta sujeita, a cobra vai fumar..."
Outro dia, Norma achou uma carta e uma foto dentro da mala de viagem dele:
- José, quem é esta mulher, posso saber?
- Não sei, onde você encontrou isto?
- Encontrei na sua mala. Esta aqui é ela, não é?
- Ela quem, Norma? Já estou cansado deste seu ciúme besta. Quer saber? Você passou do limite. 
Norma guardou aquela foto e memorizou a face da sujeita. Dias se passaram e José passou uma semana sem ir em casa, foi exatamente nesta semana que Norma foi ao supermercado fazer compras. Ao entrar no setor de frutas e legumes, Norma deu de cara com José e a outra... Conheceu ela rapidamente. Era ela a mulher da foto. Norma sentiu as pernas tremerem pela primeira vez, seus olhos encheram-se de lágrimas, uma gotinha deixou banhar pela face e um sentimento de raiva tomou conta do seu corpo.

Aqui minha continuação...

Norma chegou perto do casal, olhou a moça de cima a baixo, olhou pro marido e se foi. Sem olhar pra trás e enxugando as lágrimas, se esqueceu das compras. Chegou em casa e se trancou no quarto.
Depois de um bom tempo, José chegou com a cara mais lavada do mundo, bateu à porta de seu quarto e chamou pela mulher. Ela, em silêncio, abriu a porta. Apenas disse-lhe que estava indo embora daquela casa e que ele fizesse bom proveito com quem ele achasse melhor.
José viu algumas malas arrumadas, aliás, todas as malas do casal estavam enfileiradas no chão.
Norma, sem olhar para o marido, carregou as malas, uma a uma, colocou-as no porta-malas e as que não couberam colocou-as no banco de trás do carro. Antes de entrar e ir embora deu um sorrisinho e soltou a bomba para José:
- Ah, sim, querido, antes que me esqueça, eu transferi todo o dinheiro de nossa conta para uma outra conta minha, particular, que você não sabia que existia. E, claro, mudei todas as senhas. Vire-se! E também estou levando os documentos dessa casa que está no meu nome, lembra? Você fez questão de colocá-la no meu nome... Então, não quero mais ela, mas quero o dinheiro dela. Vou procurar um advogado, aliás, o melhor da cidade, e vendê-la pelo melhor preço. Quando estiver vendido lhe passo sua parte, amor...Boa vida pra você, José! E para suas milhares de mulheres. Beijos, amor...

Fim.


terça-feira, 21 de outubro de 2014

Puro-Sangue - Conto Sensual


Cavaleiro sem camisa pertence ao Blog Simples e Clara

      Olhando no horizonte, verdes de vários tons se contrastam com o azul claro do céu. Dias de verão, sol quente, uma leve brisa abafada que não é capaz de refrescar nem um corpo nu, Selena, sentada em uma poltrona de madeira, se abanava com um papel tentando ter um pouco mais de frescor naquela varanda do sítio de seu pai.

      O calor era tanto que, mesmo sem se movimentar, o suor lhe escorria pelo rosto pingando um a um em seu colo coberto por um vestido fresco, de alcinhas, acinturado e com saia rodada. Azul, para combinar com o par de brincos com pedras água-marinha que brilhavam como seus olhos acinzentados e pequenos.

      Num desses olhares perdidos algo lhe chamou a atenção. Um cavaleiro, bem ao longe, depois da cerca, cavalgava tranquilamente com seu cavalo que era tão brilhante e musculoso quanto os que corriam livres em sua propriedade.

      Apertou os olhos para ver melhor aquela figura masculina, tão másculo quanto o cavalo, sem camisa, pele brilhante pelo suor, enfrentando a quentura do sol da tarde.

      Uau, disse em voz baixa, que paisagem é essa que eu nunca havia visto? Se ajeitou na cadeira e parou de se abanar. O rapaz passou rente à cerca e foi-se, sem ao menos lhe dar a chance de ver seu rosto.

      De longe percebeu aqueles braços fortes, morenos, aquele peito inflado, as coxas roliças, mesmo sob o jeans surrado e desbotado.

      Tão rápido como veio foi-se. Selena levantou-se e ficou olhando até perdê-lo de vista. E lamentou por nunca ter aprendido a cavalgar, como seu pai tanto insistia. Adoraria ter aquele homem como professor...

      Selena tinha pavor de altura e talvez seria este o motivo de nunca querer subir num cavalo. Fechou os olhos e se imaginou naquele cavalo, tendo o professor em sua garupa, segurando suas mãos, respirando bem perto do seu pescoço em que ele mesmo colocou os cabelos castanhos e cacheados para o outro lado.

      Seus braços fortes enlaçavam sua cintura fazendo com que sentisse aquele corpo colado ao seu. Mesmo nas alturas não sentiu medo... Vez ou outra fechava os olhos e sentia a brisa a tocar-lhe o rosto e esvoaçar seus cachos, confundindo com a respiração quente a lhe fazer cócegas no ouvido. A respiração ficava cada vez mais ofegante quando o rapaz lhe dava instruções de como conduzir o animal. Falava sussurrando, quase lhe beijando... Ela apenas acenava com a cabeça e continuava a cavalgada, com calma.

      Olhava para o lado e sentia ainda mais de perto aquele rosto com a barba por fazer, quase lhe roçando a bochecha, aquela boca lhe chamando para um beijo, mas não se permitia ter a ousadia de ir além de seus bons modos de moça de família.

      Selena, ainda sonhando, voltou a se abanar com o papel; deu uma olhada em volta para ver se o rapaz estaria voltando e nada viu. Então fechou os olhos e continuou seu sonho.

      Ainda cavalgando, se distanciaram da casa e da visão de algum curioso. O rapaz tirou suas mãos das de Selena e começou a percorrê-las por aquele corpo quente, sobre o vestido fresco, levemente sobre o abdômen, abraçando-a com um pouco mais de força. Depois subiu até seus seios fazendo com que Selena jogasse a cabeça para trás apoiando-a em seu ombro. Sem pedir licença beijou-a, longamente, lábios quentes, apesar do hálito fresco, como se tivesse tomado água gelada naquele momento. A cada passada do animal seu corpo grudava mais no de Selena, que sentia toda a sua excitação. As mãos do homem, incontroláveis, percorriam os seios e o meio de suas pernas levando-a quase ao delírio, com gemidos baixos e respiração acelerada. O coração disparado, a pele arrepiada e sussurros no ouvido se confundiam com o barulho das araras que farreavam nas árvores dedurando a indecência da cena que estavam vendo. O cavalo, agora sem comando nenhum, cavalgava sem destino certo enquanto os dois se amassavam sobre ele...

      - Selena! - ouviu seu pai lhe chamar.

      - Oi - respondeu num impulso, se assustando e se ajeitando na cadeira.

      - Vou ali no sítio aqui do lado chamar Rogério para dar uma olhada no Poderoso. Hoje ele não tá bom! - disse-lhe o pai. - Quer vir comigo?

      - Não, papai, o sol está muito quente. Vou ficar por aqui mesmo. Quem é Rogério? - perguntou.

      - É o filho do Teobaldo, que se formou em Veterinária e está aqui esses dias. Não viu ele por aí galopando, filha?

      - Não sei, papai, não o conheço e acho que não prestei atenção - respondeu tentando disfarçar a respiração ofegante.

      Selena respirou fundo e ficou imaginando seu pai lendo seus pensamentos e dando-lhe uma bronca do tamanho de Poderoso. Respirou aliviada e continuou a se abanar com o papel.

      Depois de um tempo Selena viu seu pai e o suposto Rogério entrarem pela porteira. Quase teve uma síncope quando reconheceu o seu cavaleiro sedutor como sendo Rogério. Levantou-se rapidamente e correu para dentro de casa com medo e com vergonha de ter tido pensamentos pervertidos com aquele que agora cuidaria dos cavalos de seu pai. Rogério... E agora? Voltaria para a varanda ou ficaria espiando pela janela da cozinha?

      Depois de um tempo e quando Rogério já estava indo embora, Selena voltou à varanda, sorrindo e acenando para seu pai, que retribuiu. Este puxou Rogério até a varanda para apresentar-lhe sua filha que ficaria por ali por um mês, de férias da cidade grande.

      - Selena, esse é o Rogério que lhe falei.

      - Como vai, Rogério. - Selena cumprimentou-o com um sorriso aberto e, disfarçadamente, olhou-o de cima a baixo comprovando que sua imaginação era quase verdadeira. Ele era mais lindo do que imaginara.

      Depois se despediram e Rogério seguiu para seu sítio. Ela seguiu-o com os olhos e ele, quando chegou na porteira, olhou para trás e sorriu para ela.

      Selena respirou fundo e começou a se preparar para subir num puro-sangue orientada por um professor mais que especial. Mas essa é uma outra história.

      Fim.

      Texto publicado em 05 de janeiro de 2014.

domingo, 19 de outubro de 2014

Beijo Inesperado


      Nunca havia estado naquele hotel, mesmo sendo de minha cidade. Era antigo e até um pouco medonho, com aquele elevador suspeito, com a porta entrelaçada. Arrisquei, pois a vontade de chegar lá em cima era maior que meu pavor de altura.

      A porta se abriu no andar escolhido, respirei fundo e fui. Olhei para um lado, para o outro e nada. Arrisquei ir pela esquerda. Os números dos quartos iam aumentando. Então fui para o outro lado. Quando me virei dei de cara com ele, parado, braços cruzados e sorrindo... Gelei.

      Ele se aproximou, me olhou de cima a baixo, sorriu de novo, disse algumas palavras que não me lembro de jeito nenhum, segurou meu rosto com suas mãos e ficou olhando meus olhos, lendo meus pensamentos. Seu olhar era tão penetrante que nem me dei conta de que ainda estava segurando uma pequena mala em uma das mãos e um bolsa na outra.

      Com os polegares acariciou meu rosto e me beijou. Primeiro ternamente, depois foi intenso, roçando seu nariz no meu e me ofertando todo seu sabor. As mãos ganharam minha cintura e então me lembrei de soltar a mala e a bolsa e entrelaçar meus braços em seu pescoço. Me perdi, me entreguei por completo naquele momento. Seu corpo grudado ao meu provocou arrepios e pernas trêmulas. Quanto mais me abraçava mais me perdia no mundo...

      Não sei quanto tempo durou o beijo, mas foi eterno... Sim, era amor.

      Fim.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Debate Político


Como todo mundo é especialista em um assunto em foco no momento, também me incluo. Sobre debates já declarei AQUI que não assisto, porém tenho assistido neste segundo turno. E é exatamente como imaginei, joga-se a batata quente na mão do outro e espera-se a resposta. Vence quem tem o melhor argumento e consegue convencer.

Ainda acho que debate não vence eleição. Muito menos pesquisas eleitorais.

Quem já está com o candidato decidido enxerga o debate a favor de seu candidato e a tendência a mudar de ideia é praticamente nula. É quase uma cegueira provisória. Difícil é constatar que pessoas que pagam impostos e que batalham dia a dia pra sobreviver idolatram o candidato que nem conhece. Defendem tanto a ponto de brigarem por partido político. Completamente desnecessário.

Cargo político é cargo de funcionário público. A diferença é que não é escolhido por concurso e sim por votação. E nós é que pagamos salário e mordomias. E são eles, os políticos escolhidos por nós, que aprovam ou reprovam leis. E são sempre a favor deles, sempre.

Repetindo o que disse no texto do link acima, nunca houve tanta denúncia de corrupção como está tendo agora. Nunca houve tanto "eu não sabia de nada", "isso nunca existiu", "é perseguição", como está tendo agora. Desvios milionários, enriquecimento rápido, enfim, tudo esfregado na cara daquele cidadão comum que trabalha dia a dia pra sobreviver, aquele mesmo que briga por um político ou um partido e é tão inocente a ponto de pensar que quem se elege irá beneficiá-lo assim, da noite pro dia. E está tão tão cego que ainda defende, achando comum todo esse extravio de dinheiro e de caráter, colocando como desculpa que fizeram e melhoraram o Brasil. "Rouba mas faz". Alguém se lembra dessa frase?

Propostas de governo já fizeram durante o horário gratuito e, claro, se forem discutir tais projetos, não vão aceitar modificações de um partido concorrente. Então debate é isso que estamos vendo mesmo. Uma briga diplomática, com tempo marcado pra conseguir concluir um raciocínio.

O que tenho percebido nas redes sociais, além da intolerância, muitos "juízes" desse jogo chamado política. Bom isso, significa que estão atentos e dando opiniões, muitas vezes não aceitas, mas debatendo o tema, o foco do momento.

Mas não podemos ser hipócritas e achar que todo cidadão, principalmente a grande massa votante, também assiste e entende o debate. E sabemos também que a grande maioria vota em quem está liderando nas pesquisas, pois assim pensam que não perderiam seu voto. Pena... Mas já é um passo enorme que damos. Agora falta somente não nos contentarmos com tão pouco a ponto de deixarmos pra lá tantas denúncias e votarmos por medo de mudar. Mudança gera um desconforto, mas o time que está jogando não está ganhando faz tempo. Então a hora é agora de revertermos a situação e começar uma longa caminhada pra termos um país decente, com todas as maravilhas escondidas em cada pedaço de chão, cada povo honesto e trabalhador e governantes capazes de trabalhar direito, pensando no coletivo. Sim, tudo isso é possível.

E que Deus nos proteja de nós! Amém!

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Relações Amorosas


Em 2011, quando escrevi o texto Amor Psicopata, não tinha ideia da repercussão que teria com tantos comentários, lamentações, pedidos de socorro, ajudas, enfim, um tema polêmico que me colocou no meio da história.

Os casos são parecidos e o texto é sobre homem psicopata. Mulheres psicopatas também existem, claro, mas acho que o homem psicopata faz a mulher, além de correr o risco de morte, ficar profundamente frustrada.

Mulher é sonhadora, cuidadora, muitas ainda querem o príncipe e, claro, acham que conseguem modificar a essência, a naturalidade do homem. Tentam até as últimas consequências e acabam frustradas. Não é somente em caso de psicopatia, mas de relacionamentos em geral.

A maioria procura alguém nesse Universo que possa fazer parceria, união, casamento, ou chamem como quiserem. A maioria procura um amor, isso é fato.

E ficam frustrados quando acham que encontram mas não conseguem lidar com os fantasmas do passado ou com os defeitos do atual. E se for mulher, tentam a mudança. O homem até pode concordar, mas só vai se modificar caso queira realmente. Será que vale tudo por um amor? Até mesmo abrir mão de sonhos, ideologias, modo de pensar e ser? E por que é tão difícil aceitar o parceiro ou parceira como é? Se conheceu dessa maneira por que modificar? Para melhorar o quê?

Muitas vezes cria-se um robô companheiro, mas só na aparência, pois sufocado ou sufocada acaba voltando a ser o que sempre foi, longe dos olhos amados.

Cada um tem uma maneira de ser, de agir, de pensar e querendo modificar pode parecer, e eu acho que é, uma falta de respeito ou falta de autoestima suficientes para se garantir com uma pessoa que lhe incomoda com certas atitudes.

O amor por si só nos modifica de alguma forma. E o amor próprio deveria prevalecer sempre. Não é egoísmo e sim autoestima.

Como amar o outro se não se sente o amor próprio? Como compartilhar uma vida se a própria vida não tem rumo? Passar a viver em função do outro? Ter a vida do outro como sendo a sua? E quando tudo virar tédio, vai fazer o quê?

Tentar agradar o parceiro ou parceira causa uma cobrança futura que, com certeza, gerará discussões e até a separação. É um fardo muito pesado ter que carregar a felicidade do outro nas costas. Ninguém é capaz disso.

Mulher é uma caixinha infinita de lembranças e cobranças. O homem é prático e simples. E ambos querem parceiros que os entendam. Simples!

Muitas pessoas ainda me escrevem pedindo conselhos ou opiniões sobre relacionamentos.

Difícil dar palpite em algo que não tenho competência. Encaro tudo como um bate-papo, uma conversa informal, talvez mostrando algo que a pessoa que está amando não consegue enxergar. O amor é cego, como diz o ditado. Se me pediu conselho é porque algo não está bem. Então respondo de forma clara e rápida, sem rodeios ou ladainhas.

Relacionamentos ainda é assunto para uma vida inteira. E que bom quando se encontra um(a) parceiro(a) que seja capaz de suportar nossos defeitos e nossas manias. E continua nos amando apesar dos pesares.

Quer um conselho que sempre dou? É grátis! Se ame primeiro antes de querer ofertar o amor a quem mereça seu amor. Se respeite primeiro, aprenda a dizer não quando é não e sim quando é sim. E viva as diferenças com muito bom humor. Consegue? Meio caminho andado para tudo dar certo. Boa sorte!


sábado, 11 de outubro de 2014

Dia da Criança


A mais remota lembrança de minha infância acho que eu tinha uns quatro anos. Me lembro que brincava sozinha, pelos cantos da casa, com minha boneca. Aliás, a lembrança que tenho de minha boneca Susie era essa, quando ganhei-a de Natal. Queria muito, e deu certo!

Mas acho que um pouco antes da Susi eu brincava com panos, tecidos velhos, pregava-os na cabeça com pregador de roupa e subia e descia as escadas, como se fosse uma noiva. É essa a lembrança mais remota que tenho.

E brincando com a Susie eu queria trocar de roupinha, dar banho, mas não tinha nem roupinha e nem uma vasilha ou cumbuca, ou banheira que coubesse minha Susie. Já tinha uns seis anos, me lembrei agora, e pegava revistas velhas, papel velho, cortava tiras e pregava um sobre o outro com sabão em pedra molhado, pois não tinha cola pra colar. E colava esses retalhos de papel um pouco molhados, na boneca. Pegava escondida um pouco de farinha de trigo e misturava com água e estava pronto o leite. Me lembro que um dia cortei seus cachos. Na minha inocência eu pensava que cresceriam. A franja praticamente sumiu e atrás ficou parecendo um capacete, pois o cabelo não caia mais sobre as costas. Ficavam levantados. A Susie eu guardei comigo até ficar moça. Depois ela se desfez, quebrou toda. Lamentei muito, mas tive que jogar fora. A carinha era essa da foto, mas não tinha vestido lindo assim, vermelho. Não me lembro da roupa original dela... Minha Susie...

Agora, criatividade eu tinha quando brincava com terra. Amava terra! Com minhas panelinhas, pratinhos e toda louça de plástico, ficava no quintal e fazia bolinhos com terra. E pra confeitar pegava lodo e musgo que ficava grudado no muro e espalhava por cima. Depois, um graveto bem pequeno e fino era a vela e umas florzinhas enfincadas pra não ficar muito vazio. E pegava formigas, muitas formigas, matava-as e colocava em outra vasilha. Eram os petiscos. E haviam os tatuzinhos (coitadinhos), que eu não perdoava. Olha, acho que já contei essa história por aqui, e, por favor, não me julguem! Mas pegava escondida o álcool e fósforo e queimava os tatuzinhos, besouros, lesmas e o que aparecesse na frente. Mas não havia sensação mais medonha do que colocar fogo em taturanas, principalmente aquelas peludas. As verdes eram horrendas e demoravam mais para se queimar.e morrer. Que horror, gente! Imaginem o perigo do álcool mais fósforo nas minhas mãos tão pequenas? Bem, graças a Deus passou e nada de ruim aconteceu.

Uma de minhas travessuras preferidas era escorregar na terra. Terra, sempre a terra. Em frente de onde eu morava havia uma casa em construção. E tinha um barranco que pra mim era enorme, mas era pequeno, aos olhos de um adulto. E escorregava várias vezes naquela terra densa e avermelhada. Imaginem como ficava minha bundinha? Então, isso era o terror pra minha mãe. Simplesmente ela me puxava pelo braço e me jogava dentro do tanque de lavar roupas. Que alegria! Mas acho que até hoje ela nem imagina que eu amava tomar banho no tanque. E ficava imersa naquela água fria, por um bom tempo, de molho, pra desencardir. Me lembro como se fosse ontem...

Tive uma infância muito simples, mas muito rica. Criatividade era o que não me faltava. Apesar das travessuras sempre obedeci e respeitei meus pais. Naquela época bastava um olhar e a gente já entendia o recado. Obedecia por medo...

Quando era um pouco mais velha, vez ou outra eu fugia pra casa de minha tia que morava na mesma rua. O lugar era um paraíso! Um quinta imenso, árvores e mais árvores: bananeira, pé de jatobá, pé de jambo, goiaba, cana de açúcar e... Jabuticaba. Ah, que árvore enorme!

Minhas primas Regina, Rita, Lúcia, e Laurene e Elaine eram ainda pequenas, subiam em questão de segundos, e ficavam lá no topo chupando as mais docinhas, maiores e mais brilhantes. E eu, sem ter noção que tinha fobia à altura, empacava no primeiro "degrau" da árvore e nada me fazia ir para cima ou descer de vez. E minha prima Regina descia, grudava em mim, colocava um pé acima e pedia pra eu colocar também. Eu colocava, mas empacava de novo. Por fim ela desistia, apanhava um punhado e levava pra mim. E riam de meus gritos de pavor na esperança de alguém ir me resgatar e me tirar daquela altura estonteante. Minha tia Cida, lá da casa, ficava gritando perguntando o que estava acontecendo. Mas ela sabia o que era. E ria também.

Que tempo maravilhoso! Que infância rica e alegre. Criança é sempre alegre!

As casas onde morávamos já não existem mais. Nem o imenso quintal, nem as árvores... Mas a lembrança é eterna. Que bom!


A árvore era bem parecida com essa, com "degraus" que facilitavam a subida. Menos eu que não conseguia de jeito nenhum!

Dia das crianças e dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Minha mãe espiritual que me protege desde quando nasci, mesmo antes de me dar conta que ela é a mãe de Jesus e muito antes de ser católica de coração. Amém!



terça-feira, 7 de outubro de 2014

Ilusão Verdadeira


      De olhos fechados, sentiu seus braços deslizarem por sua cintura num abraço suave. Seu corpo se achegou devagar, grudando em Ester, Arrepiou, mas continuou de olhos fechados e imóvel. Respirou fundo... Suspirou... Abriu os olhos e a sensação do abraço ainda estava lá. Ester não tinha coragem de se cobrir com o cobertor felpudo. Mais um suspiro e uma lágrima rolou.

      O quarto já não guardava o breu da noite sem lua, quebrado por um raio fraco da manhã. Imóvel, só movia os olhos para os lados, temendo se desfazer do momento mágico e medonho. Seu medo ainda era maior que a saudade. Esperaria, como de costume, o abraço se esvair no ar, o corpo ficar mais leve, mesmo em repouso, pelo afastamento do toque sutil e quente dele. A respiração era lenta e fria que perturbava sua nuca e o sussurrar de sua voz em seu ouvido era indecifrável. Estava dormindo, ele.

      Ester fechou os olhos e chorou. O corpo imóvel grudado ao seu permaneceu por mais alguns minutos. E entre uma piscada e outra desapareceu. Era como se sua alma saísse de seu corpo, parecendo flutuar. Então puxou o cobertor e se cobriu até as orelhas. Chorou mais um pouco, molhando a fronha bordada com as iniciais P&E. Paolo...

      Ainda com o cobertor tampando todo seu corpo, alcançou um porta-retrato no criado-mudo de mogno encerado e lascado nas beiradas. Herança da avó que fez questão de passá-lo para a neta preferida, doce e medrosa. Dizia que sempre que sentisse medo à noite bastaria tocar o criado-mudo e o medo passaria.

      Ester, desde criança, não suportava dormir sozinha num quarto escuro e fechado. Corria para a cama dos pais e depois para a da avó, quando esta ficara viúva e fora morar com os pais dela. Ouvia muitas histórias de fantasmas puxando-lhe os pés ou as orelhas e era suficiente para cultivar um trauma absurdo da noite sozinha num quarto escuro. Todos riam, mas a avó sempre consolava-a dizendo que eram anjos protetores, sem necessidade de temê-los. Mas quem conseguia colocar uma explicação confortável na pequena cabeça de Ester?

      Sua avó faleceu, Ester se casou e em pouco tempo ficou viúva. Paolo se foi, num acidente estúpido de carro provocado por um bêbado inconsequente e que também falecera.

      Olhou a foto de Paolo sorrindo, fechou os olhos e via-o repetindo inúmeras vezes que amava-a além da vida, além da eternidade. Era seu protetor, seu amigo, seu amor...

      E vez ou outra, talvez quando os céus permitiam, sentia Paolo abraçando-a ternamente, por alguns minutos e sentia o eu te amo em sua nuca, como sempre fazia ao se deitarem. Sabia que era Paolo.. O toque, o cheiro, a maneira como entrelaça seu braço em sua cintura, era ele... Sentia medo, pavor, mas era um momento só seu, incapaz de ser compartilhado com mais alguém. Um momento que não se sabia por quanto tempo duraria. Talvez a eternidade... Talvez até amanhã, talvez nunca mais... Paolo.

      Fim.

domingo, 5 de outubro de 2014

4.9 Com Louvor!



No dia 06 de outubro, quase meio século de vida. Acho que já falei isso ano passado, e já faz um ano... Que bom que estou envelhecendo e bem!

Passei por tantas situações, sofrimentos, alegrias, decepções, amores, trabalhos, apertos... E Deus sempre me cuidando, como um Pai carinhoso, dizendo não quando é não e me enchendo de mimos quando é sim. Pena que nem sempre percebo de imediato. Demora a cair a ficha e às vezes até levo uns chacoalhões, mas depois me entrego por completo. Bendito Deus que me ama incondicionalmente!


Depois que sopramos as velinhas dos quarenta modificamos muito, tanto na aparência quanto na mente. Eu digo que a cabeça é que determina o que sejamos. Tem dias que estamos velhas, tem dias que estamos bebês, tem dias que queremos usar minissaia e sair por aí. Bom senso nos acompanha também, graças a Deus!


Também digo que quando se faz quarenta, uma sacolinha com várias coisinhas, várias complicações de saúde aparecem. E acabamos por agregar a farmácia na nossa lista básica de necessidades diárias. É só fazer um acompanhamento regular, tomar medicamentos nas horas certas, obedecer uma vida regrada e sadia, não extrapolar e fica tudo bem.


Gente, odeio foto minha! Mas digamos que estou treinando pra me aceitar mais... Ufa! Não é fácil!
Outra coisa maravilhosa quando passamos dos quarenta e beiramos os cinquenta é que muitos "problemas" praticamente somem. E a gente fica se perguntando como é que por tanto tempo nos preocupamos com nada? É isso! Um foco imenso em torno do nada!


Bom humor! Ah, como faz diferença ter bom humor! Ria de si, seja besta de vez em quando, fale bobagens, gargalhe sem medo, tire traumas, preconceitos, autopunição e autocrítica de sua vida... Viva, e viva bem! Espalhe amor, espalhe o bem, esqueça as ruindades e os sofrimentos, foque no sim, no bom, no correto, no querer, fazer e ter... A vida é muito curta e beirando os cinquenta não podemos vacilar mais. É perda de tempo! Não reclame.... Agradeça, por tudo!


Que Deus me proteja, me guarde, me guie, me ame e me deixe envelhecer bem e com saúde. O resto a gente corre atrás!

Parabéns pra mim!

Fala a verdade, tô bem nas fotos?

Aos meus queridos leitores, meu muito obrigada, sempre e sempre. São bem-vindos todos os dias!