sábado, 21 de dezembro de 2013

Até Ano Que Vem!


E lá vem o Natal! E lá vem o tumulto! E lá vem... Bem, ele chegou... O fim do ano chegou!


Desejo a todos muita paz, sabedoria, paciência, tolerância...


Responsabilidade, bom-senso, inteligência...


Fraternidade, autoestima, relevância...


Caridade, aceitação, perseverança...


Respeito, amor, abundância...


E que tudo isso se estenda por todo o ano novo!


Não se esqueçam de agradecer, por tudo!


Nos vemos só em 2014!


Até lá então... saúde, fartura, FÉ, harmonia e juízo!




quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

A Praça


Esses dias tenho ficado sentada no banco da praça, observando tudo. Quer dizer, fico sentada e não consigo ser indiferente às coisas que acontecem a minha volta. Poderia ler um livro, mas não conseguiria me concentrar com tanto movimento me chamando a atenção.

Na praça central de minha cidade, que por sinal é linda, tem uma concha acústica que vez ou outra a Banda Marcial dá um espetáculo, aos domingos. Domingo é dia de dar voltas na praça, andar de trenzinho, ir à missa, comer churros e comprar aquelas bolonas gigantes. Tem também as bexigas voadoras que as crianças sempre deixam escapar só para ver a altura que ela alcança. Depois choram,  lamentando ter perdido a magia de segurar algo que voa lá em cima....

Praça central de Franca/SP-Blog Simples e Clara
Praça de Franca e a concha acústica ao fundo.

Bem, voltando à praça, nessa concha acústica, todos os dias no mesmo horário, uma senhora canta para quem quiser ouvir, várias músicas. Não dá para decifrar qual música, mas acho que é sertaneja, caipira, das antigas. E ela fica num entusiasmo, canta, levantando as mãos, fazendo firulas com a voz, com seu microfone que dá eco até o bairro mais distante do centro da cidade. Nunca vi ninguém reclamar dela. Canta feliz e não ganha aplausos. Apenas os pombinhos lhe proporcionam uma revoada, cada vez que ela solta um grave mais alto, ou um agudo que dá microfonia, acho que de propósito, só para ser olhada e, quem sabe, admirada... Ou aplaudida...

Hoje ela estava com um violão, mas mal dava para ouvir a melodia dedilhada. Apenas sua voz, ora em falsete, ora num grave como se estivesse dando bronca em alguém. Mas feliz. Como sempre, feliz!

Um picolezeiro, aproveitando a sombra das árvores, se sentou num dos bancos, do lado do que eu estava, e começou a filosofar: "É, ela é que é feliz... Canta, não liga pra ninguém, não dá bola se não a escutam... Apenas canta e é feliz. Enquanto muita gente amarga fica sofrendo com besteiras, ficam doentes por coisa à toa, a senhora espanta os males e canta... Queria ter a coragem dela e subir lá e cantar também...". Eu apenas acenei com a cabeça e continuei a observar a movimentação.

Depois o picolezeiro se foi e eu também me fui, cuidar da vida.

Como é interessante o ser humano, cada um cada um, cada um uma coragem, cada um nos enxergando de um jeito, cada um cumprindo suas obrigações da melhor forma possível. Enquanto isso, a senhora da concha acústica dá seu show, para quem quiser ouvir.... E aplaudir.


segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A Dureza de Ser Pobre


Sim, já não basta a dureza de ter que fazer malabarismos para dar conta de tudo, pobre que dá uma melhoradinha já é chamado de metido.

Alguns se alegram com essa melhora, outros ficam sem entender, outros ficam curiosos para saber como é que conseguiu melhorar e outros simplesmente o chamam de metido. Que dureza!

Ontem tive o prazer de ir a um restaurante bom, boa comida, boa companhia, muitos amigos novos, e uma amiga, sabendo de minha proeza, simplesmente me chamou de metida. Ah, gente, será?

Já tive pouco, já tive o suficiente, já tive muito, já tive bem pouco e já tive quase nada... Aprendi a me adaptar com a realidade e isso nunca me fez sofrer. O que me fazia sofrer era o medo de não poder contentar meus filhos com coisas que eles tinham vontade de comer. Isso é de doer o coração... Quem é mãe sabe como dói a gente ver um filho ficar com vontade das coisas. Mas mesmo passando apertos, isso nunca aconteceu, graças a Deus.

E agora que eu, digamos assim, recomecei a sair da toca, a ver gente, a frequentar lugares de lazer, de conversar com pessoas e não ficar só teclando, ainda tenho que ouvir que fiquei metida... Por ela ser minha amiga, a gente se entende e eu não me aborreço com isso, mas é chato saber que as pessoas (não ela) podem pensar isso da gente.

É o ser humano com todas suas características e a gente aprende a conviver e aceitar como são, assim como eu quero que me aceitem como sou. Simples. Só que não!

Bem, ninguém paga minhas contas e nem sequer se preocupa se preciso de alguma coisa ou não. Então, vida que segue! Cada um cuidando da sua.

Boa semana para todos!




quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Princesinha Rebelde


Participando da Blogagem Coletiva da M@myrene - 22ª Edição. 

      - Mas que droga de calçada mal feita essa! - reclamou Maria Divina, caminhando com dificuldade na calçada, quando ia até a padaria, como fazia todas as tardes, comprar pão para seu velho Tobias. - Tinha que ter uma lei exigindo que essas pessoas construam calçadas decentes!

      Como sempre fazia, por longos anos, Divina parou no semáforo, mesmo estando vermelho para os carros, olhou para os dois lados e só depois atravessou a rua, ajudada por sua bengala. Do outro lado, como faz desde a semana passada, ficou olhando por um bom tempo para um outdoor com uma propaganda de uma rede de lojas de maquiagem. A foto é belíssima e o carro chama a sua atenção. Um Dodge cor-de-rosa, com três garotas com lábios bem vermelhos. Divina suspira e segue seu rumo.

      Na lembrança, enquanto caminha até chegar à padaria, bons tempos de juventude. Juventude transviada, James Jean, velocidade, rebeldia... Tudo o que ela sempre quis mas nunca teve a ousadia de enfrentar a fúria de seu pai e ser como uma daquelas jovens de boca vermelha e olhar sensual. Era a princesinha da família. Seu pai a resguardava como um diamante, praticamente colocando-a numa redoma invisível, sem que ninguém pudesse tocá-la. Mas tudo foi em vão...

      Robson, seu único e grande amor, terno e eterno, que teve que abandonar depois de namorar escondida durante quase um ano. Mal se viam e a paixão era avassaladora. Até que um dia não resistiu e se entregou de corpo e alma. Engravidou. Ele sumiu. Ela se casou com o primeiro que apareceu, por ordem de seu pai: Tobias. O homem mais pacato, tedioso, metódico e nojento que ela já havia conhecido. Teve um aborto espontâneo e não teve mais filhos. Por sorte ou por azar, pois pelo menos agora ela teria companhia mais agradável para viver a velhice. Talvez já tivesse netos crescidos, casados e bisnetos para que pudesse enxergar e se conformar que a vida tem sua beleza, apesar das obrigações impostas por outras pessoas.

      Divina comprou o pão, voltou pelo mesmo caminho, parou em frente ao outdoor, olhou, suspirou, esperou o semáforo ficar verde para pedestre, atravessou com passos apressados, reclamou da calçada do vizinho, entrou em casa, fez o café, colocou a mesa, partiu o pão, passou manteiga e chamou seu velho:

      - Bem, vem, já tá pronto!

      - Tô indo, véia... Tô indo...

      E a vida continuava, como tinha que ser, apesar dos pesares.

      Fim.


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Como Virá o Meu Natal

Natal-Presépio-Blog Simples e Clara

Para encerrar o ano, cheio de amor e fraternidade no coração, participo da Blogagem Coletiva da amiga Rosélia, essa pessoa iluminada, que por onde passa irradia luz e espalha palavras lindas. Vamos participar? Cliquem AQUI!

Há alguns anos que o Natal em minha casa tem sido simples. Nada de exageros ou comidas que fujam do nosso cotidiano. Apenas meus filhos e eu.

Mesmo assim, são Natais maravilhosos, com alegria, com amigo oculto e esconderijo de presentes. Nós fazemos nossa festa. Ficamos juntos na ceia, que geralmente é lá pelas dez da noite, depois eles vão para a casa do pai deles e eu fico em casa, sozinha.

Podem pensar, mas você fica sozinha? Não! Nunca estou sozinha! Deus sempre está comigo todos os dias do ano!

Às vezes fazemos escolhas que chocam um pouco a normalidade de gente que acha que muita gente por perto é sinal de felicidade, de família. Pode ser que sim, mas não para todos isso funciona. Estou ótima como estou e nos divertimos muito!

Não é por falta de convites eu ir a lugares e comemorar com aquela abundância e aquela hipocrisia costumeira. Foi uma escolha minha e estou feliz com ela.

Que cada um saiba aproveitar o Natal como ele tem que ser de verdade, com o nascimento do menino Jesus, muita paz, harmonia, compaixão, perdão, mas não só no dia vinte e cinco, mas nos trezentos e sessenta e cinco dias do ano.

Um Feliz Natal a todos!


segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Vida de Malabares


Por esses dias, andando de ônibus, de manhã, entra um rapaz jovem com duas crianças, seus filhos, creio eu. Uma menina com seus quatro anos e um menino, um pouco mais novo. O rapaz estava vestido de forma simples, com roupas velhas e um pouco sujas, com um chapéu coco e carregava consigo alguns malabares na cor verde cítrico. As crianças estavam limpinhas, bem penteadas, roupas passadas, sapatos limpos, enfim, bem cuidadas. Pareciam que, apesar de bem pequenos, já estavam acostumados a "surfar" no ônibus pois nem ficaram com medo de cair quando o ônibus começou a andar. O pai carregava uma mochila cor de rosa, que deveria ser das crianças e outra sacola, com certeza com pertences seus.

Primeiro passaram as crianças por baixo da catraca, o pai orientou-os a se sentarem no primeiro banco vazio. Depois passou as mochilas e depois ele passou. Colocou as mochilas num canto, colocou o filho num outro banco, sozinho e se sentou onde a filha estava, colocando-a em seu colo. Ficaram quietos até o ponto em que desceriam. Um ponto antes o pai se levantou, pegou as mochilas, pegou na mão dos pequenos e se foi.

Fiquei pensando... De um jeito ou de outro o homem tem que se virar. Que bom ele usar o talento artístico para poder sustentar sua família, e mesmo antes de começar, tem o cuidado de deixar as crianças em algum lugar seguro. Pela mochila pensei que ele levaria os filhos a uma creche ou à casa de alguém. Não sei.

Para muitos motoristas esses artistas de rua não passam de uma amolação no trânsito, mas cada um tem sua história, suas necessidades, seu talento, seus sonhos, sua vida para continuar sendo vivida da melhor forma possível.

Só quem passa por situações de falta de alguma necessidade básica como um alimento, por exemplo, sabe como é difícil ganhar alguns trocados e fazer esses trocados se multiplicarem para sustentar muitas bocas famintas. Imagina você com seus filhos, chegar em casa, abrir a geladeira e só ver água e um chuchu. Consegue imaginar isso? Mesmo assim ainda criticam, xingam, fecham os vidros, saem cantando pneus quando eles vão de carro em carro pedir somente umas moedinhas.

Nesse mundo violento todo o cuidado é pouco, mas se o cidadão está num semáforo tentando ganhar a vida, por motivos particulares ou então por não poder esperar dias ou meses para arrumar trabalho melhor, pois a fome é diária, acho pouco provável que seja algum bandido ou vadio que só quer vida boa com os bens dos outros. Está ali, no sol quente, mostrando sua arte, sem incomodar ninguém...

Nunca concordei em ficar dando esmolas, mas nesse caso não é esmola e sim um agrado, um pagamento mínimo do mínimo por um show particular de alguns minutos que um artista gentilmente lhe oferece, em troca de uma vida digna que ele está buscando, para sua família.


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Com Que Mala Eu Vou?

Participando da Blogagem Coletiva da M@myrene
Vamos, gente, vamos escrever e participar!

      O dia estava quente, abafado, sol escaldante, asfalto soltando aquele mormaço de derreter sola de sapato e Gabriela indecisa, sem saber o que levar na viagem de férias. Depois de mais de vinte anos, depois de ser praticamente dona de casa e mãe, depois sofrer horrores, chorar pelos cantos, definhar, adoecer, finalmente conseguiu se libertar do passado carrasco que a acompanhava.

      Uma depressão deixou-a trancafiada em casa, perdendo parte de sua vida, apenas olhando as paredes descascadas de sua casa e assistindo TV, de preferência aqueles programas dramáticos que discutem a vida sofrida das pessoas. Gabriela viajava naqueles programas, chorava, sofria junto e queria, mentalmente, resolver a vida de cada um. Sofrer para quê, pensava ela, não vale a pena!

      Um dia, acordou meio atravessada, com a avó atrás do toco, chutou o balde e mandou todo mundo pras cucuias. Não queria mais ficar enclausurada num mundo só seu, com um mundo tão maravilhoso a sua volta, chamando-a, sussurrando em seus ouvidos, acenando e sorrindo, seduzindo-a dia a dia até que aceitou o convite.

      Primeira providência há seis meses: comprar passagens para uma praia paradisíaca, para ir sozinha. Segunda providência: se acabar na academia e na dieta detox! Eliminar tudo o que não lhe pertencia. Terceira providência: renovar o guarda-roupas. Pronto, teria tempo suficiente para se ajeitar.

      Os dias passaram rápido, Gabriela não mais assistiu a TV, não mais ficou enfurnada em casa, não foi à academia e não fez dieta detox, mas estava tão feliz que seus olhos brilhavam como dois faróis, na posição alta, irradiando bem-estar e bom humor por onde passava. Quantas pessoas ela reencontrou pelo caminho, tantos amigos que ela pensava terem lhe abandonado quando na verdade foi ela quem se afastou de todos. Foi recebida com abraços, sorrisos, afagos, carinhos, por todos que reencontrava. Queria levá-los todos para viajar com ela, mas tinham compromisso e diziam que na próxima oportunidade, iriam sim, todos juntos.

      Um dilema deixava Gabriela triste e sem saber o que fazer. O que levar na mala? Na verdade, na véspera de viajar, Gabriela se deu conta de que não tinha mala decente para viajar. Comprou tantas roupas e sapatos que seriam necessárias duas ou três malas para caber tudo, sem amassar nada.

      Não importava isso agora, era só um detalhe. Gabriela, então, resolveu não comprar outra mala. Levaria naquela mesmo e com o mínimo de roupas possível. Iria para a praia, então o maiô seria o que vestiria a maior parte do tempo. Um sapato fechado, um chinelo, um livro e, claro, a foto dos filhos, para não morrer de saudades.

      Tudo arrumado, na manhã seguinte Gabriela embarcaria no ônibus intermunicipal, pois a praia ficava somente a 40 km de sua cidade. Não importaria a distância e sim ir, somente ir e voltar.

      Fim.



   

Um Beijo Gosmento

Participando da Blogagem Coletiva A Vitrine dos Sonhos
Vamos começar com Era uma vez... 

      Era uma vez uma linda menina, filha de camponeses. Rebeca vivia se adentrando pela floresta atrás dos pássaros e dos animaizinhos que corriam dela, com medo. Muito carinhosa, gostava de pegá-los, quando deixavam, claro, e apertava-os aos peito, beijando e acariciando suas cabecinhas.

      Um dia, Rebeca foi um pouco mais longe e chegou perto de um riacho com águas cristalinas. "Que lindo", exclamou a menina ruiva e sardenta, se ajoelhando na beirada e se olhando nas águas, se enxergando. Achou graça pois nunca imaginara que as águas seriam espelhos. Ficou tão encantada que, como se tivesse hipnotizada, foi se abaixando até encostar os lábios na água.

      Sentiu algo roçar seus lábios, macio e gelado, bem rápido. Se assustou, se levantou e levou as mãozinhas até a boca rosada. Se abaixou novamente e foi procurar o que tinha lhe roubado um beijo. Um sapo!

      Que nojo! Rebeca começou a esfregar o dorso da mão na boca, tentando limpar aquela linha gosmenta que ficara grudada em sua boca. De nada adiantava, pois quanto mais tentava limpar, mais a gosma ia crescendo, crescendo, crescendo até tomar todo seu corpo. Depois foi encolhendo, encolhendo, encolhendo até se transformar numa sapinha, a mais linda sapinha de todos os riachos. Os lábios continuavam rosados, os cílios bem grandes e curvados, o olhar meigo e um corpo verde com pintinhas marrons, como se fossem suas sardas.

      O sapo, ladrão do beijo, rapidamente tomou-a nos braços, levou-a para dentro do riacho e nunca mais voltou com a sapinha Rebeca.

      Dizem, os moradores mais antigos, que todos os enamorados que queiram conquistar um amor, bastavam tocar os lábios nas águas daquele riacho e depois roubar um beijo da amada, para assim o encanto permanecer por toda a vida, sendo felizes para sempre.

      Fim.


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

O Segredo de Lisa Miller


Última Blogagem Coletiva do blog Café Entre Amigos. 
Vamos participar? Cliquem AQUI!

      Depois que todos foram se deitar, Lisa, descalça, caminhou na ponta dos pés para não fazer ranger o assoalho antigo do casarão da família Miller, abriu a porta e se foi, sem rumo.

      A noite estava fria, mas não caía neve, apenas uma neblina densa que dificultava enxergar a estrada coberta por flocos brancos, porém sujos e escorregadios. As botas pesadas de Lisa Miller ajudavam-na a caminhar sem se estabacar no chão e chamar a atenção de algum possível andarilho que sempre passava por aquela região. Lisa, já sabendo que exatamente naquele dia o clima estaria bom, não titubeou e seguiu seu destino.

      Desde que nascera, Lisa era uma criança especial. Com dons capazes de quebrar qualquer pedra de um coração duro e rabugento. Bastava um sorriso daquela criança e a pessoa já se derretia toda colocando para fora seu lado mais amoroso e terno. Não havia quem não se encantasse com a pequena Lisa, gorduchinha e de bochechas rosadas. Os olhos puxados e melancólicos davam a impressão de tristeza, mas nunca ninguém vira Lisa chorar por sofrimento. Chorava sim, como toda criança, mas por dor, por algum tombo, algum arranhão ou algum corte no dedinho miúdo. Inocente demais, pura ao extremo, mesmo com a indiferença de sua mãe, conseguia amá-la e acarinhá-la, sabendo que logo após levaria uma bronca e um puxão de orelha, dos fortes, provocando um vermelhidão ardido. Lisa olhava para a mãe, com piedade, se afastava segurando as orelhas com as pequenas mãozinhas frágeis e ia chorar na sua cama, que ficava num canto da sala, pois na casa não havia acomodações suficientes para todos. Os outros irmãos, todos homens e mais novos que ela, dormiam com os pais. Lisa, desde bebê, fora acostumada a dormir sozinha, na imensa sala com poucos móveis.

      Cresceu, conseguiu arrancar a pedra de gelo do coração da mãe, que se tornou voluntária num orfanato, e se foi.

      No caminho, naquela noite escura e não tão fria, Lisa Miller parou, observou se havia alguém por perto, olhou para a lua que brilhava imponente no céu estrelado, fechou os olhos e abriu os braços. Num sopro, os braços viraram asas, suas roupas comuns se transformaram numa camisola comprida e branca, brilhante como uma estrela, os cabelos se alongaram e ficaram ruivos, da cor do fogo e Lisa começou a flutuar.

      Sua missão estava cumprida. Viera especialmente para a redenção de um anjo do demônio que teimava em permanecer na Terra, há centenas de encarnações, arrancando todos os fetos que germinavam em seu ventre. Lisa Miller tinha como missão quebrar a ruindade daquela alma, com amor, atenção, afeto e caridade, até que a luz Divina invadisse sua alma e transformasse numa mãe caridosa, para muitos filhos, quase todos do coração. Assim fez, assim Lisa se foi!

      Não sentiriam sua falta, pois todo o histórico de sua passagem pela Terra seria apagado e ninguém nunca saberia que um dia existiu uma garotinha tão doce como um pão da vovó salpicado de açúcar de confeiteiro, que quando encostava na boca se lambuzava e grudava nos lábios, que depois se transformava no beijo mais doce que alguém poderia ofertar. Essa era Lisa, um anjo do amor.

      Fim.

domingo, 1 de dezembro de 2013

As Mulheres Pela Visão de Um Homem



As mulheres pela visão de um homem...Não importa o quanto pesa. É fascinante tocar, abraçar e acariciar o corpo de uma mulher. Saber seu peso não nos proporciona nenhuma emoção. Não temos a menor idéia de qual seja seu manequim. Nossa avaliação se dá de outra forma, isso quer dizer: se tem forma de guitarra... está bem.

Não nos importa quanto medem em centímetros - é uma questão de proporções, não de medidas. As proporções ideais do corpo de uma mulher são: curvilíneas, cheinhas, carnudas... Essa classe de corpo que, sem dúvida, se nota numa fração de segundo. As magrinhas que desfilam nas passarelas, seguem a tendência desenhada por estilistas que, diga-se de passagem, parecem odiar as mulheres e com elas competem. Suas modas são retas e sem formas.

A maquiagem foi inventada para que as mulheres a usem. Usem! Para andar de cara lavada, basta a nossa. As saias foram inventadas para mostrar suas magníficas pernas... Se a natureza lhes deu estas formas curvilíneas, foi por alguma razão e eu reitero: nós gostamos assim. Ocultar essas formas é como ter o melhor sofá embalado no sótão.

É essa a lei da natureza... que todo aquele que se casa com uma modelo magra, anoréxica, bulímica e nervosa logo procura uma amante cheinha, simpática, tranqüila e cheia de saúde.

As jovens são lindas... mas as de 40 para cima, são verdadeiros pratos fortes. Por tantas delas somos capazes de atravessar o atlântico a nado. O corpo muda... cresce. Não da de entrar, sem ficar psicótica, no mesmo vestido que usava aos 18. Uma mulher de 45, que entra na roupa que usou aos 18 anos, ou tem problemas de desenvolvimento ou está se auto-destruindo.

Nós gostamos das mulheres que sabem conduzir sua vida com equilíbrio e sabem controlar sua tendência a culpas. Ou seja, aquela que, quando tem que comer, come com vontade (a dieta virá em setembro, não antes); quando tem que fazer dieta, faz dieta com vontade (não se saboteia e não sofre); quando tem que ter intimidade com o parceiro, tem com vontade; quando tem que comprar algo que gosta, compra; quando tem que economizar, economiza.

Algumas linhas no rosto, algumas cicatrizes no ventre, algumas marcas de estrias não lhes tira a beleza. São testemunhas de que fizeram algo em suas vidas, não tiveram anos em formol, nem em spa... Viveram!

O corpo da mulher é o sagrado recinto da gestação de toda a humanidade, onde foi alimentada, ninada e, sem querer, marcada por estrias, cesárias e demais coisas que fizeram parte do processo que contribuiu para que estivéssemos vivos.

Portanto, Cuidem-no! Cuidem-se! Amem-se! A beleza é tudo isto.

Um texto para aumentar nossa autoestima. Lindo!
Paulo Coelho: alguns o amam, outros o odeiam. Eu gosto!