segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Um Sonho (Im)Possível - Continuação


      Uma outra porta se abre e uma senhora de estatura baixa, cabelos brancos, óculos de graus tipo bifocal com armação preta, saia secretária e um blusa de tricô, de linha, bem fresca e solta, chama Lucimara para entrar, com um sorriso gentil no rosto. Ela agradece e se acomoda numa cadeira antiga, de madeira vermelha, combinando com a escrivaninha também da mesma madeira. Dá uma olhada discreta pela sala. Do lado direito uma estante enorme, de ferro cinza, acomodava vários livros, várias enciclopédias, inclusive a Barsa que era seu sonho de infância. Mas só os ricos a tinham. E do outro lado da sala, abaixo da enorme janela, um vaso com uma folhagem verde, brilhante, que mais parecia artificial de tão viva que estava. No teto, para quebrar toda aquela nostalgia, um ventilador com abas modernas, de um material acrílico e uma lâmpada bem grande. Estava desligado pois o clima estava fresco.

      Dona Damaris se sentou e já começou a ler o currículo de Lucimara.

      - Primeiro emprego, querida? - perguntou gentilmente, com voz doce.

      - Sim. Me formei há pouco. - respondeu.

      - Tão nova e já fez alguns cursos de especialização na área de Recreação?

      Lucimara sorriu e acenou com a cabeça. Estava nervosa e tinha medo de falar demais e se atrapalhar. Responderia somente o que lhe fosse perguntado.

      Dona Damaris, finalmente, perguntou-lhe quando poderia começar a lecionar, pois a substituta de uma sala de Educação Infantil já estava com o contrato vencido e precisava ocupar uma outra sala, com uma turma do Ensino Fundamental. Lucimara disse que estava livre e que poderia começar quando precisassem. Combinaram então para o dia seguinte, na parte da tarde.

      Lucimara se levantou, agradeceu Dona Damaris, apertando-lhe a mão e antes de sair lhe perguntou, com receio de levar uma bronca, sobre as aulas de piano. Dona Damaris sorriu e disse que, depois do prazo de experiência que teria que cumprir, poderia combinar com Débora, a professora, para ter aulas nos horários em que achasse melhor. E mais uma vez elogiou Lucimara pela iniciativa, pois música seria uma ótima forma de conduzir os pequenos, mesmo ela ainda não sabendo nada sobre, o clima musical é uma magia que encanta qualquer criança. Lucimara corou de vergonha e se emocionou com tanta gentileza. Se despediu e se foi.

      Passando pela enorme sala ao qual ficara esperando, se atreveu mais uma vez a espiar o majestoso piano preto, brilhante de tão limpo, ali, solitário, esperando algumas mãos que o dedilhassem e ecoasse a magia da música.

     Um sonho de infância que parecia perdido no tempo, esquecido num canto da memória, quase impossível de se tornar realidade, agora tão próximo, tão perto e tão real. É a vida que surpreende, que presenteia, que prova que nada é impossível, que sonhos não são apenas ilusões perdidas mas uma realização antecipada de um futuro que chega quando menos se espera.

      Fim.

12 comentários:

  1. Ficou linda a conclusãoi e tens razão ao final...Tudo pode ser realizado, basta sonhar e perseguir! beijo,chica

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  2. Como sempre, gostei muito! Sonhar é sempre necessário. Acreditar na sua realização é conquistá-lo.
    Beijos.

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  3. Adoro histórias com finais felizes. E de acreditar que todos os sonhos são realmente possíveis.
    Beijinho querida, e uma doce semana
    Ruthia d'O Berço do Mundo

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  4. Gostei. Mas ainda falta alguma coisa. Sei lá.... acho que sim...
    Só acho!

    Beijuxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx...

    KK

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    1. Uma história redondinha, sem problemas, sem esperas, sem sofrimentos, sem traumas, sem conflitos... tudo dando certo num certo dia de Lucimara.
      Eu escrevi assim porque muitos, quase todos, sempre comentam que gostam de finais felizes, que as coisas sempre deem certo etc....
      Não gosto muito porque a vida não é assim tão redondinha, tão fácil.
      Mas, gostei de escrever desse jeito.

      Certo, KK?
      Beijosssssssssssssssss

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  5. Muito bom o final com essa abertura para a esperança!
    ;)

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  6. Lindo texto amiga Clara. A história 'redondinha' com final feliz ficou show.
    Grande abraço, saúde e paz interior.

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  7. Quem é vivo sempre aparece
    Bjus .
    Bruxo !

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    1. Olha só quem apareceu!
      Bem vindo de volta, meu amigo querido!

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  8. Oi, Clara! Que lindo texto...Hoje, aos 38 anos, começo a me dar conta de que a vida é assim, traz novamente oportunidades que pareciam sonhos do passado de forma renovada, quando estamos abertos à elas. Um abraço!

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  9. Parabéns, Clara Lúcia, que texto bonito! Fiquei entretida imaginando a cena e isso demonstra a capacidade que tem em prender a atenção do leitor. gostei!
    super abraço carioca


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  10. Clara

    Volto para ler com mais calma e dedicação que o seu texto merece.
    Um bom dia para você.
    Bjs.

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