segunda-feira, 29 de julho de 2013

Papa Francisco


Em pouco tempo ele já causou praticamente uma revolução na igreja. Ontem, na entrevista, disse que a igreja tem que ser viva, que tem que acompanhar as mudanças no mundo, que antes as regras impostas eram adequadas mas que agora o mundo é outro e é necessário rever conceitos.

Olha, eu confesso que antes, quando eu era pequena, tinha medo de padre, não digo medo, mas não entendia direito qual o significado da igreja. Só sei que quando ia às missas com meus pais não podia falar nada, nem olhar para os lados, não podia perguntar nada e não sabia a hora de sentar, levantar, sentar, levantar. Apenas tinha que ir, ficar sentada e calada. Cresci e não fui mais à missa nenhuma. Não entendia nada e não sentia necessidade de estar num lugar que, para mim, não fazia diferença nenhuma.

Mas mesmo assim, me casei na igreja católica. Mas ainda não me importava com os sacramentos e nem nada. Queria era entrar na igreja, vestida de noiva. Ainda não tinha feito a primeira comunhão. Naquela época, de minha infância, os pais batizavam e logo a seguir crismavam os filhos. E a primeira comunhão meus pais não me conduziram a fazer. E eu nem tinha ideia do que seria primeira comunhão. Só via fotos de meus tios, primos, com aquela roupa branca, uma vela nas mãos e me diziam que era a primeira comunhão. Mas como não podia perguntar nada para meus pais, ficava por isso mesmo.

Bem, me casei, separei e aí o sofrimento aumentou. Sem saída, sem ninguém para perguntar, para lamentar, para chorar junto comigo, procurei a igreja. Aliás, foi ouvindo Padre Marcelo e depois Padre Fábio de Melo que reencontrei a igreja católica. Me entreguei! Minha vida mudou num giro de 360º. Nunca mais fui a mesma pessoa. Estava me tornando até meio "carola" de tanto que sentia necessidade de estar na casa de Deus, orando, lamentando, buscando soluções e respostas.

Com o tempo fui percebendo que não adiantava estar somente na casa de Deus, tinha que ter Deus junto comigo sempre. Ele não estava só lá onde O procurávamos, Ele está em tudo o que fazemos, desde que O coloquemos em todos nossos atos. Fiz a primeira comunhão! E fui enxergando como era a vida de fiéis que comandavam a igreja, o que falavam, etc. Quer dizer, fui observando à minha volta o que acontecia. Sim, tinha o dízimo, mas não era obrigatório. Eu pagava sim, mas um valor tão mínimo que o retorno que tive por estar na casa de Deus, foi infinitamente maior do que o valor que eu pagava. E algumas frases que eu ouvia dos missionários, me deixavam intrigada.

Aqui perto de minha casa tem as comunidades, que fazem parte da Igreja que fica longe daqui. Então era numa dessas comunidades que eu frequentava. E sempre chamavam os fiéis para participarem da celebração. Eu sou tímida, tenho voz baixa, não gosto de andar no meio da multidão com todos me olhando. Não me sinto bem. Eu sou assim. E sempre me chamavam para participar da celebração e eu dizia que não, que preferia só assistir de onde estava. E sempre ouvia "você ainda não aceitou Jesus". E isso me deixava revoltada. Como assim não aceitei Jesus? Quer dizer que para aceitar Jesus eu tenho que fazer tudo o que me pedem? Bem...

Numa outra ocasião, a presidente (sim, tinha essa hierarquia também), começou a nos falar, antes da celebração, que o "povo" não participava de nada, não colaborava em nada, que ninguém fazia nada naquela comunidade. Achei isso um horror e vi muitos indignados pela forma com que nos tratavam, sem ao menos saber o que se passava com cada um.

Outra coisa que eu não gostava: tinha festa das crianças, então o dinheiro arrecadado, parte dele era usado para fazer festas comemorativas para a comunidade. Tinha bolo, balas, salgadinhos, tudo que criança gosta. E numa dessas festas, fui com meus filhos, que eram pequenos e que faziam o catecismo. Então, a pessoa que organizava tudo começava a servir (claro que todos ajudavam a servir, inclusive eu), cortava o bolo, um pedaço para cada um e depois ela escondia tudo dentro de um cômodo. Tinham crianças que não haviam ganhado nem bolo nem bala nem nada, então eu, inconformada, fui perguntar onde estava o bolo. A moça grosseiramente me disse que eles já estavam cheios que podiam ir embora e que a festa havia terminado. E lá dentro da mesa estava o bolo, com menos da metade cortado. Fui até  lá e cortei o bolo e entreguei para as crianças que ainda não haviam ganhado o bolo. Depois ajudei a limpar tudo e no final, vi cada missionário com um pacote com bolo, salgado, bala, refrigerante, levando embora para suas casas. Aí fiquei indignada de vez.

E assim fui abandonando a comunidade porque na casa de Deus é tudo compartilhado e acolhido. Se tem essa hierarquia e essa discriminação, eu não faço parte.

E agora ouvindo o Papa Francisco falando de humildade, acolhimento e compaixão, fiquei com esperanças de que a igreja mude de alguma forma e acolha melhor a quem procura uma palavra, um carinho, um abraço ou seja, que sinta Jesus dentro do coração, bem lá no íntimo, e O leve para todo lugar onde estiver.

Que Deus proteja nosso Papa, que Nossa Senhora o cubra com seu manto sagrado e lhe abençoe. Amém!

Para quem não viu a entrevista ontem, no Fantástico, clique AQUI!


15 comentários:

  1. Tem muitas coisas na Igreja que nos afstaram dela. Não as frequento, apenas quando tenho vontade. Não preciso delas pra estar em contato com o Alto!

    mas esse papa é um amor e gostei dele desde logo. Viva o Papa Chiquinho! beijos,chica

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    1. Me afastaram, Chica... mas Deus não se afasta da gente de jeito nenhum!
      Tbm amei o Papa! Que Deus o abençoe!

      Beijos

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  2. Este Papa é uma pessoa que encanta pela sua postura sempre voltada para a simplicidade, para o verdadeiro amor. Fará muito bem à igreja Católica, ao Mundo.
    Beijos,
    Élys.

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    1. É simples e sensato nas suas palavras. Que Deus o proteja pra continuar nos passando todo esse carisma com bons ensinamentos.

      Beijos

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  3. Lendo seu post , (caí aqui por acaso), fiquei pensando em quantos erros tem as igrejas, religiões, etc. Esse fato do bolo que vc falou , já aconteceu aqui na minha cidade. As pessoas (grande maioria) querem tirar vantagem em tudo. Isso dói. Sou extremamente religiosa. Tenho e vivo de fé. Mas não consigo participar de nenhuma comunidade religiosa. Já tentei várias vezes. Já fui da turma ali do altar, de organizar missas , etc. Desisti , não por timidez, pelas coisas erradas (no meu conceito) que via ali. Inclusive por parte dos padres.Hoje só participo das missas. Oro a Deus e tenho minha fé.Não envolvo na comunidade e nem tenho amizade com os padres. Não consigo. (fiz esse comentário o pra vc saber que em todos os lugares são assim).

    Estou admirando esse Papa.Adorei tudo que vi dele até agora.



    Bjs Luzia Lira

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    1. Bem-vinda, Luzia!

      Engraçado que alguns voluntários sempre acham que são donos do templo e querem que as pessoas obedeçam eles. Isso eu não admito mesmo!
      Tem que goste de participar e tem quem goste apenas de assistir, no seu canto, quieto. Eu sou assim. E tenho Deus comigo por onde eu for.

      Beijos e obrigada pelo comentário!

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  4. Oi, Clara!
    Não sou uma pessoa religiosa e sim espiritualizada, enfim, descobri agora que sou muito feliz assim e quando olho pro céu, para natureza e para a beleza dos seres que nela habitam, vejo Deus e isso me satisfaz imensamente.
    A visita do papa trouxe luz a muitos que precisavam e uma enorme esperança para os mais jovens,principalmente.
    um grande abraço carioca


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    1. Tbm aprendi a ser espiritualizada, Beth, gosto da igreja católica, mas tbm gosto dos ensinamentos espíritas. Me identifico com os 2.
      Deus está em nós e não nos templos.

      Uma boa semana, beijos

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  5. É amiga Clara, algumas pessoas são iluminadas.
    Este homem está fazendo a diferença.
    Grande abraço, saúde e paz interior.

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  6. Clara,
    Lendo o seu testemunho lembrei muito de mim... Eu também quando criança ia a missa e tinha medo do Padre. Aquele homem todo de preto que não ria nunca, só olhava com aquela cara séria... Mas continuei indo para a missa sempre. E há uns 5 anos atrás comecei a ir a missa diária. E com isso fiquei amiga dos padres e pude notar que eles são seres humanos como a gente. Tem seus defeitos e qualidades. Mas dentro da Igreja ainda tem muita gente que se acha "Dono da Igreja" e não deixa a gente ajudar e nem colaborar. E nesse ano deixei de ir a missa diária... Essas "Donas da Igreja" me fizeram afastar de missa mas não de Deus. E espero que os Padres e esses leigos sejam mais humildes e sigam o exemplo do Papa Francisco.
    Beijos
    Adriana

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  7. Oi, Clara! Interessante a maneira como levou o texto.
    O início fala daquela igreja que conhecemos quando criança que mais oprime do que acolhe, e dos ritos que são mais sociais do que religiosos.
    A reaproximação de Deus em um momento difícil foi narrada de maneira bela, mas infelizmente o homem, mesmo que esteja na igreja, não deixa de ser homem, com suas falhas e ambições.
    Sua decepções certamente são as mesmas de muitas outras pessoas...assisti a entrevista e embora não tenha mais me afastado da igreja após experiências de fé (embora não seja mesmo uma carola), senti que o novo Papa pode trazer um sopro de esperança à essa nação que não consegue mais acreditar.
    Um abraço!

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  8. Querida, muito tocante a forma como se abriu connosco em relação a algo tão íntimo como a fé. Eu não sou religiosa, ainda que acredite num Ser Superior, mas também gosto deste Papa, da forma como se entrega. Há dias perguntou "quem sou eu para condenar os gays" e isso foi tão diferente do que a Igreja sempre disse que eu fiquei parada por momentos, na dúvida se tinha percebido direito...
    Espero que ele continue nesse caminho, confortando milhões de pessoas.
    Beijinho, querida, e uma doce semana
    Ruthia d'O Berçoo do Mundo

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  9. Oi, Clara!
    Eu também espero de que a igreja mude de alguma forma com esse novo PAPA, e acolha melhor a quem procura uma palavra, um carinho, um abraço ou seja, que sinta Jesus dentro do coração, bem lá no íntimo, e O leve para todo lugar onde estiver.
    Escreveu lindamente seu texto. Eu me vi no seu texto dentro e fora.
    Parabéns!
    Eu sou do tipo, sigo Jesus, não religião.
    A humildade é a maior força para resgatar alma perdida, o Papa foi feliz quando falou em humildade.
    Deixo um beijo e desejo de uma ótima semana!
    Ja tem atualização, passa lá.
    Abraços!

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  10. Oi, Clara!
    Nasci em lar católico e tenho dois tios que são sacerdotes, mas eu me rebelei, de certa forma. Desde que passei a ter um olhar mais crítico sobre tudo o que influencia a nossa construção, passei para o Deísmo. Estou em paz com Deus e com todos aqueles que veiculam a sua palavra de forma dígna! Ah, esse Papa é um fofo!!
    Boa semana!!
    Beijus,

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