quarta-feira, 29 de agosto de 2012

"Blogueira", muito prazer!


Ideia da Vera Morais, que participo, com muito orgulho. Clique aqui para ver a beleza de mosaico de blogueiras.

Tudo começou em dezembro de 2010, acho que um pouco antes, não me recordo, quando acessei a internet e fiquei encantada com tudo que vi. Não que eu já não tenha contato com computador, mas isso foi em 1980 e poucos, e de lá pra cá, não tive mais acesso nenhum. Então, quando acessei a internet, um mundo novo se abriu aos meus olhos; ficava (ainda fico) o tempo todo em casa, com depressão, síndrome do pânico e sozinha. E ver um mundo aos meus pés foi mágico.

Comecei acessando YouTube, depois sites grandes como Globo, Record, Band etc, e conheci os blogs. Lia muitos e ficava imaginando como eles escreviam um blog. Não tinha a mínima ideia de como isso funcionava. Então, acessei um blog em especial: o blog do Giu, no R7. E deixei comentário.... e ele respondeu.... aí me empolguei.... comentei de novo... ele respondeu de novo.... opa! Aí começamos uma amizade virtual, que temos até hoje. E com meus comentários impertinentes e bem humorados, ele sugeriu algumas vezes que eu abrisse um blog. Hãaaaa???? Como assim????? Eu escrever um blog?

Pedi ajuda para minha filha e abri um, bem simples, no dia 22 de janeiro de 2011, o Simples e Clara, e não tinha a mínima ideia de quem iria ler o que eu escrevia. E acharam, e leram...... E quem leu, que me achou através de um outro blog que também comentava, colocou um link em seu famoso blog. Foi o lindíssimo Alexandre Mauj Imamura Gonzales, com seu Lost in Japan. Pronto! Uma enxurrada de amigos, muitos acessos e fiquei com medo: e agora? E agora, dona Clara, trate de escrever que o povo vai te ler.

Através do blog conheci pessoas de outros estados, outros países, entrei na rede social facebook onde fiz  amigos maravilhosos que deixaram de ser virtuais e agora são reais. Essa troca de informação nos blogs é a coisa mais maravilhosa que podia ter me acontecido.

A depressão foi passando, o pânico ficou com medo de minha ousadia e caçou um rumo em outro lugar e tudo está voltando ao normal em minha vida.

E sabe o que mais? Comecei a escrever contos... imagina eu escrevendo contos? E participando de um concurso e os dois contos que escrevi serem selecionados para um livro? Imaginam isso? Do nada, agora mais um item no currículo: escritora! Isso no blog da Elaine Gaspareto, que foi uma das primeiras que passei a seguir. Isso sem falar na Blogagem Coletiva de esmaltes da Fernanda Reali, que me fez olhar no espelho e me cuidar mais.

Tudo uma sequência de realizações. Um mundo novo que criamos e cultivamos com carinho.

Só lamento não ter tanto tempo para me dedicar mais a ele, fazendo mais visitas, comentando mais nos blogs que sigo e os que me seguem, escrever mais e mais... mas, enfim, é uma filhote ainda em fase de crescimento e aprendizagem.

Eu recomendo: mesmo que você não saiba o que escrever, escreva para você, como disse meu querido amigo Giu, que sempre me incentivou a escrever mais e mais.

Que essa troca de tudo que temos, aumente ainda mais nosso universo blogueiro.

É isso então!

Obrigada, Vera! Vida longa aos nossos blogs!

Um belo sorriso



      Finalmente dona Zuleica faria a viagem de seus sonhos: Aparecida do Norte.

      Cinquenta anos de casamento com seu Pedro Paulo, uma vida dura, de poucas regalias, e que os filhos fizeram uma "vaquinha" e presentearam os pais com uma viagem numa excursão. Dona Zuleica não se cabia de tanta felicidade! Economizou durante meses, só para poder comprar roupas, sapatos e... dentes! Isso mesmo, ela trocaria todos os dentes por uma dentadura. Agora era a hora, afinal queria chegar bem apresentável diante de Nossa Senhora Aparecida.

      Mas com tanta ansiedade, o tempo foi passando... passando... e no mês da viagem é que dona Zuleica se lembrou de marcar horário com o dentista. Marcou na semana da viagem:

      - Acho que dá, né, Pedro? O dentista não tinha outro horário.... também é só arrancar tudo de uma vez e pronto! Dentadura deve ter aos montes... só ir experimentando e a que couber, é essa mesmo. - conversava animada com seu Pedro Paulo, que mal lhe respondia.

      No dia marcado, lá foi dona Zuleica arrancar os dentes. Já não tinha todos, mas queria de verdade um sorriso lindo, branquinho, sem falhas.

      Mas... o dentista ainda marcou para o meio da semana, porque aquela era a primeira consulta, só para ver o que fazer, o preço e a forma de pagamento. Dona Zuleica já ficou nervosa, mas voltou na próxima consulta. Arrancou os dentes de baixo. No outro dia voltou e arrancou os dentes de cima. Pronto! Não... ainda tinha que fazer o molde e depois a dentadura. Resumindo: teria seus dentes na noite anterior à da viagem. Tudo bem, o importante é dar tudo certo. E deu tudo certo! Dona Zuleica finalmente tinha um sorriso lindo.

      No dia da viagem, acordaram de madrugada e um dos filhos foi levá-los para o local onde sairia o ônibus. E cona Zuleica quase que sem mexer a boca, pois ainda não se acostumara com a nova dentadura. Não conseguiu comer nada antes de sair... a gengiva ainda estava um pouco inchada.

      Durante a viagem, a coitada não pregou os olhos, e a viagem demoraria umas seis horas e chegariam no destino quase que na hora do almoço.

      Chegando, primeiro se instalaram no hotel e depois procuraram um restaurante para almoçar. Mas quem disse que dona Zuleica conseguia abrir a boca? Nada! Só líquidos:

      - Mas "muié", se você não comer, não vai conseguir parar em pé! - disse aflito seu Pedro Paulo para aquela esposa amada, mas teimosa como uma porta.

      - Então tapa aqui minha cara que vou tirar a dentadura para comer... - respondeu, olhando para os lados para ver se alguém ia perceber.

      O marido lhe tapou a frente e ela naturalmente arrancou a dentadura e colocou no colo, e sobre ela o guardanapo de papel. Aí sim, conseguiu comer tranquilamente, cortando os alimentos em pedaços bem pequenos para não ter dificuldade para engolir. Terminado, foi ao toilette e colocou a dentadura de volta. Pronto! Missão cumprida!

      Descansaram um pouco no hotel antes de saírem para a Igreja... - Que linda! - dona Zuleica não se cansava de dizer, olhando aquela maravilha de longe. Mas a bendita dentadura não a deixava em paz! Ficava pegando num cantinho que chegava a sangrar, afinal ela ainda estava com os pontos devido aos dentes extraídos. E ia toda sorridente, caminhando naquela passarela imensa, mas com uma dor e um gosto de sangue que a deixava inconformada.

      Chegando dentro da igreja, se sentou e começou a reclamar para o marido, que não estava mais aguentando a dor na gengiva.... e mais uma vez pediu para que ele lhe tapasse a frente para tirar aquela "porcaria". Ele fez o que ela pedira.

      - Ai, que alívio, "véio", vou guardar ela na bolsa.... depois eu coloco de novo! - e ria para o marido, que retribuía, já que conhecia tão bem aquela "pequena", como ele costumava chamá-la na intimidade até hoje.

      Mal conseguia falar pela falta dos dentes, e entre uma palavra e outra, ficava mastigando um vazio, roçando uma gengiva na outra, e completamente aflita, mas muito feliz em conhecer a casa de sua mãezinha santa.

      Assistiram à missa, rezaram bastante, tiraram fotos, mas com dona Zuleica sempre com a mão na boca, tentando esconder o murcho que se tornou o que era para ser um belo sorriso. Mas mesmo assim, estava tão feliz que nem se importou. Afinal estava na casa sagrada de sua santa de devoção, e a cada canto que conhecia, era um deslumbre de encantamento, fazendo com que seu Pedro Paulo morresse de rir da mulher, que mesmo com a boca murcha, ainda era a mulher mais linda que havia conhecido.

      Foi uma viagem inesquecível, que eles aproveitaram para comemorar uma segunda lua-de-mel, depois de cinquenta anos de uma união feliz e cheios de amor, apesar de todos os pesares.

      A dentadura? Sumiu! Dona Zuleica a perdeu não se lembra onde, e também não fez a mínima diferença. Esperaria os pontos cicatrizarem para depois colocar outra, novinha, agora com mais calma, até se acostumar com o novo sorriso.


sábado, 25 de agosto de 2012

Esmalte e ritmo musical

Rock



Foram eles os responsáveis!

Cidade do interior... família que só ouvia sertanejo... até descobrir a rádio FM e os vários ritmos, entre eles, o rock...

Mas antes disso, bem antes, ainda menina, quando ia na casa de minha avó, meu tio sempre ouvia umas músicas diferentes. É claro que nunca perguntei nada, porque não fazia a mínima ideia do que seria ritmo musical, mas gostava. E continuei gostando.

Depois, com a adolescência, época de discoteca, só gostava de ouvir música internacional. Mas o rock já estava cravado em mim. E quando ouvia algum som de guitarra, já me acendia uma luzinha e ficava prestando atenção para ver se conhecia o cantor. Naquela época não tinha acesso a nada sobre música, e fui saber nomes, bandas, cantores, bem mais tarde.

O rock é alucinante... não digo o rock metal, mas aquele som de guitarra me cativou.

U2 - um dos meus preferidos
Quando U2 veio ao Brasil, fiquei acordada assistindo na TV até de madrugada, hipnotizada...


Esses eu ouço praticamente todos os dias - Guns N'Roses

Essa música é o toque do meu celular.... adoro!

Agora uma curiosidade. Dias desses comecei a ouvir jazz. E adorei! E ninguém do meu convívio ouve jazz.... sabem porque eu adorei? Por causa dos desenhos animados: Mickey, Pica Pau... e tantos outros que tocavam jazz nas histórias. Que coisa, né? E muitos ainda pensam que criança não presta atenção ao seu redor.



Para quem gosta, é de arrepiar....


É isso então....

Mas olha que estou me esquecendo de falar das unhas.....



Esmalte Ludurana antialérgico Rosa Rei, que parece mais vermelho do que rosa, mas...

Mais ritmos, mais esmaltes, mais unhas lindas no blog da Fernanda Reali. Tá esperando o quê? Clica aí!


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Um breve futuro


Ontem, minha filha e eu estávamos no banco, e uma senhora, que não aparentava mais do que sessenta anos que estava na nossa frente, repetia seguidamente a mesma pergunta:

- Mas eu preciso da senha? Tá no meu cartão, na minha casa...

- Mas pra senhora sacar no caixa eletrônico, precisa do cartão e da senha... - insistia o rapaz que fica na entrada do banco, distribuindo senhas para todos os setores.

- Ai, meu Deus, como é que eu faço? Mas moço, e com esse cartão aqui, não serve? - insistia a senhora, mostrando o cartão antigo, vencido.

- Desculpe, senhora, mas esse cartão já está vencido. Tem que ser o novo cartão; aquele que a senhora recebeu pelo correio... - insistia o rapaz.

Até que a senhora se cansou e foi embora.

Minha filha começou a rir, não entendendo como a mulher não entendia o que o rapaz lhe falava. Não achei graça nenhuma! Expliquei que devido à idade, o raciocínio vai ficando mais lento, por isso é preciso repetir várias vezes a mesma coisa, ainda correndo o risco da pessoa idosa não entender.

Depois, voltando para casa, fiquei pensando... como será que ficarei quando for uma idosa, toda enrugadinha, com pouca audição, pouca visão, pouca coordenação, e talvez até sem esperança nenhuma de nada.

Alguém já se imaginou idoso? Será que chegaremos até que idade? setenta, oitenta, oitenta e cinco? O que passa na cabeça de um idoso com uma idade dessa? Será que a morte é tão presente, será que imaginam se existe vida após esta?

Voltando no tempo uns quarenta anos, uma pessoa com cinquenta anos era uma pessoa idosa, um senhor de chapéu, de bengala, de óculos fundo de garrafa; e uma idosa com coquinho nos cabelos, saia reta, acima do peso, sapatos baixinhos... uma avó mesmo, dessas que fazem bolo, bolinho de chuva, macarronada, e que já usam dentadura.

Mas hoje, uma pessoa com cinquenta anos é bem diferente: a qualidade de vida melhorou, a tecnologia ajuda muito, e os efeitos do tempo quase que são imperceptíveis.

Bem, daqui a pouco faço quarenta e sete.... e como o tempo voa como uma ventania, é piscar o olho e já faço cinquenta! E cinquenta não significa um ano a mais e sim um dia a menos de vida.... de um ano para o outro, pesa muito. Como crianças, bebês, que mês a mês mudam muito, crescem muito rápido, idosos também sentem esse efeito, só que ao contrário.

Espero ser uma jovem senhora, com o bom humor que tenho, sem muitas rugas, sem cabelos grisalhos e com saúde.

Vocês já se imaginaram idosos? O que imaginaram? Quem me conta?


Um ótimo fim de semana!!!


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Mulheres impossíveis

Um texto de Darcila Rodrigues.





Sorrio porque simplesmente existo. Mas já houve dias em que não pude sorrir. Meu lema é: “Aprendi a me virar sozinha...”. E faz tempo que deixei de sofrer mais que o necessário. Desculpe, eu não sirvo de exemplo. Não sou bonita, não sou rica, nem um pouco perfeita em nada. Eu apenas luto. Apenas vivo a cada dia, cada minuto e segundos sem ter aprendido o limite do impossível.

Ah! Como sou imperfeita! Tanto, que até sonho em ser importante!


Já fui Amélia e descobri que Amélias não são de verdade. Elas apenas fingem serem perfeitas para não ter que chorar o que não podem ser. Nunca fui “santa”. Sempre preferi ser a “louca”.


Amo minhas amigas (os), meus filhos e meus pais. Mas exercito o desapego. Não acredito em fronteiras. Já fui traída e só de pirraça, também trai.


Adoro dançar, namorar, viajar. Amo a liberdade e sei o preço que ela pode custar. Faça chuva ou sol estarei trabalhando sem deixar de acreditar que ser Mulher é ser especial. Que beleza é fundamental sim: de alma, de caráter. Por esse motivo não coloquei ai em cima a foto de uma miss. Pois pra ser Mulher é preciso saber dar a cara à tapa. E no dia seguinte, depois de ter chorado a noite toda, gastar “quilos” de corretivo e pó mineral disfarçando as olheiras e sorrir um sorriso colorido de gloss. Ou então, ligar para uma amiga e dizer que dessa vez não vai ser possível sobreviver e segurar a barra! Porém, na primeira lembrança de um caso verídico e engraçado cair na risada e achar a vida linda; sem ter que ter vendido a alma ao diabo.




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Compartilhar bons textos, boas ideias... eu adoro!



domingo, 19 de agosto de 2012

Por que sou ativista da amamentação?


Participo da Blogagem Coletiva do blog Desabafo de mãe.

Por que acho fundamental a mãe amamentar?

Porque o leite materno é a primeira vacina do ser humano, e também previne câncer de mama, de ovário e a obesidade infantil, ajuda a perder o peso que a mulher ganhou durante a gravidez, além de ser um dos maiores gestos de carinho mãe/filho.

Leia no blog Luz de Luma, uma explicação mais técnica, num texto excelente.

É como se desprendêssemos em doses homeopáticas de nosso filho, que depois de nascerem, ficamos com um certo vazio, então, amamentar é essa troca de energia e amor. O direito à amamentação é garantido por lei, mas muitas, infelizmente, abrem mão desse gesto por vários motivos: falta de tempo, falta de paciência, medo do seio despencar, algumas alegam que o leite é fraco (os médicos dizem que isso não existe), enfim, desculpas demais para amor de menos.

Sabiam que em cidades do interior, ainda se costuma tirar o "primeiro leite, ou leite ruim" (colostro), como eles dizem, antes de oferecer o peito à criança? Mas esse é ainda mais importante do que o leite branquinho, aquele que alimenta o bebê até os seis meses e pode se prolongar por até dois anos.

Não fui amamentada por minha mãe e não sei qual desculpa ela deu. Enfim, cada um sabe o que faz.

Meus filhos foram amamentados até os seis meses. Minha filha, a mais velha, nasceu miudinha, e só se alimentava com meu leite, como fui orientada pelos médicos, mas muitos falavam que meu leite era fraco. Não dei ouvidos e ela desenvolveu normalmente e hoje é uma moça linda. Com meu filho, a mesma coisa, só que já me conheciam e nem palpite deram. Hoje também é um rapaz lindo e saudável.

E o pai, onde entra nessa fase? Com apoio à mulher, ajudando a cuidar do bebê, e principalmente entendendo que aquele momento não é que ele esteja sendo deixado de lado, mas que é um corte do cordão umbilical, aos poucos, como disse lá em cima. Mulher que acabou de dar a luz fica frágil, carente e tem medo que o marido não entenda essa situação e deixe de amá-la.

Hoje em dia esse tabu que muitos homens carregavam, como ficar longe da mulher que está amamentando, está acabando, graças a Deus! E é muito importante acompanhar a mulher desde o primeiro mês de gestação. Acompanhar tudo de perto, durante e depois de nascer o filho, é um dos maiores gestos de amor do pai à mulher e ao filho.

Gerar um filho é estar preparada para cuidar de todas as formas, daquele ser indefeso, e abrir mão de muitas coisas para o conforto do rebento. Uma criança muda o ambiente, rotinas, alegra, dá vida e une famílias.

A mãe amamentando, olhando o bebê sugando o leite, depois adormecendo em seus braços é uma das sensações mais maravilhosas que pode sentir. E depois dessa mamada, o pai pegar o bebê, colocá-lo em pé em seu peito para que arrote e depois colocá-lo no berço é uma das demostrações mais lindas de amor...

Olha que carinha de safado.... delícia....

sábado, 18 de agosto de 2012

Esmalte e novela


A Viagem

De Ivani Ribeiro
Direção de Wolf Maya e Ignácio Coqueiro
De 1994
Com Antônio Fagundes, Christiane Torloni, Guilherme Fontes, Maurício Mattar, Andréa Beltrão, Lucinha Lins, Miguel Falabella, Jonas Bloch, Laura Cardoso e Thais de Campos, nos papéis principais.

Assisti da primeira vez e depois assisti no Vale a Pena Ver de Novo. Para mim a melhor novela até hoje, que fala do assunto vida e morte, de uma maneira delicada e envolvente. Nada é por acaso, tudo tem uma explicação que nós, na maioria das vezes, não conseguimos entender.



Quantas vezes, ao conhecermos uma pessoa, temos a sensação de já a conhecermos há anos? E quando vamos em algum lugar e a impressão que temos é de que já estivemos nesse lugar? E quando fazemos algo, uma coisa simples, como por exemplo, eu escrevendo esse post, já ter a sensação de que isso já aconteceu exatamente como está acontecendo agora?

Trilha da novela - Roupa Nova - A Viagem

Independente de religião, sem dúvidas, uma das melhores novelas já produzidas. Isso é o que eu acho!

Agora azunhas.....

Efeito coca-cola... Adorei!!!


Hoje me lembrei da misturinha e usei Ludurana antialérgico Café Brasil e Clear Poly. Amei!



Quem é noveleira e quer se lembrar de mais algumas e ainda ver mais unhas lindas, só clicar no blog da Fernanda Reali.


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Tudo mudou


Nascemos nos anos 30, 40, 50... foi barra para mudar todos os conceitos de várias gerações.
Faz apenas 50 anos que apareceu a televisão, o chuveiro elétrico, a declaração dos direitos humanos e a revista Playboy.
Casar era para sempre, sustentar filhos era somente até quando eles conseguissem emprego, as certezas duravam a vida toda e os homens eram os primeiros a serem servidos na mesa de jantar.
As avós eram umas velhinhas; hoje, essas mulheres de 40 e 50 anos viraram um "mulherão". 
Todos nos vestimos como nossos filhos. 
Não existem mais velhos como antigamente. 
Essa foi uma geração que mudou tudo.
Culpa da guerra,
da pílula,
da internet,
da globalização,
do muro de Berlim,
da televisão e da tecnologia.
Até morrer ficou diferente. Na minha rua havia uma velhinho que morria aos poucos. Ficou uns 10 anos morrendo e isto aconteceu logo depois de completar 57 anos. E hoje se morre com 80 ou 90 e é um vapt-vupt.
Com a pílula, a mulher teve os filhos que quis e ela sempre quis poucos.
Como não conseguimos mais sustentar uma família, elas foram à luta e saíram para poder pagar a comida congelada, a luz e o telefone.
Se a coisa não vai bem, é fácil a separação; difícil é pagar a pensão.
Na realidade, as mães são solteiras com 12 anos.
Depois serão chefes de família, com muitos filhos de muitos pais.
Em 50 anos tiraram a filosofia da educação básica, e como o pensamento era reprimido pela revolução, tudo virou libertação.
Psicologia da libertação.
Deu no que deu: burrice liberada, burrice eleita.
Para as pessoas de mais de 50 anos, palhaço era o Carequinha.
Hoje, o povo inteiro é meio palhaço, meio pateta.
Ladrão era o Meneghetti e o bandido da Luz Vermelha; hoje os ladrões tomaram conta dos palácios, da Câmara Federal e de uma cidade que não existia, chamada Brasília.
Ângela Guadagnin dançaria só na zona do baixo meretrício.
Presidente da República era alfabetizado.
Experiência com feijão e algodão germinando a gente fazia na escola primária e não em vôo espacial, pago a 12 milhões de dólares.
Movimento social era reunião dançante.
Dia da mentira não era data nacional.
Piercing quem usava era índio botocudo.
Tatuagem era em criminoso do bas fond.
Mansão do lago era algo de filme de terror e não lugar onde ministro divide dinheiro.
Caseiro não era mais ético do que ministro.
Quadrilha era dança junina e não razão de existir de partido político.
O Clube dos Cafajestes eram uns inofensivos playboys cariocas e não um país inteiro.
As pessoas de mais de 50 estão assim meio tontas, mas vão levando.
Fumaram e deixaram de fumar.
Beberam whisky com muito gelo e hoje tomam água mineral.
Foram marxistas até descobrirem quem eram Harpo, Chico e Groucho, e que o marxismo é um grande engodo.
Ninguém tem mais certeza de mais nada e a única música dos Beatles a tocar é "Help".
Para, Brasil, que os caras com mais de 50 anos querem descer!
Ao ler esta mensagem dá um aperto no coração só de pensar que tudo isso é verdade!
Que a nossa realidade está de fazer vergonha!
E o pior: será que alguém sabe o que é vergonha?


Autor desconhecido

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Causos da fazenda

Uma história de uma amiga querida: Eliana Teixeira.

Causos da fazenda...





      Lembramos de papai e vem sempre uma história... Papai era bom contador de histórias, mas as melhores são aquelas em que ele próprio é o protagonista; nestas, mamãe é invariavelmente a narradora debochada.

      Lembrava-me outro dia do caso do “Chicoespirra”, corruptela de Shakespeare, no dicionário de Dona Maria. Papai era dado a papéis dramáticos, digamos assim... Mamãe sempre o chamava de “Chicoespirra” quando ele se desmanchava em manhas.

 
      Em minha infância, morávamos em Sete Lagoas/MG durante as aulas e vínhamos para a fazenda apenas nas férias. Naquela época, a condução mais fácil entre a fazenda e a cidade era o caminhão leiteiro, de modo que, na lata de 5l de leite que papai mandava todos os dias pra nossa casa, iam e voltavam amarradinhos com cordão, os bilhetes que papai e mamãe trocavam entre si.


      Mamãe escrevia com frequência; papai, em geral, atendia a seus pedidos, que, no mais das vezes, se referiam às necessidades de frutas, arroz, feijão, ovos e galinhas pra filharada. 

      
      Aos domingos, quase sempre papai ia pra cidade e nos acompanhava à missa das 8h e depois nos levava à Sorveteria Nevada, o que o tornava um deus; mamãe era uma bruxa, porque a ela cabia a vara de marmelo que nos vergastava as canelas.


      Papai raramente escrevia, por isso mamãe sempre ficava apreensiva quando vinha na lata de leite um bilhete da fazenda, mais habituada que estava a mandá-los.


      Certa feita veio um desses bilhetes e, para desespero de mamãe, o bilhete de papai dizia apenas: “Maria, aconteceu uma tragédia. Netto”. 


      O caminhão de leite passava pela fazenda por volta das 7h da manhã e recebíamos o leite pela hora do almoço. Mamãe dava aulas à noite, de modo que, provavelmente, passara a noite em claro quando, às 5h da manhã do dia seguinte, tomou o caminhão de leite rumo à fazenda. “Aconteceu uma tragédia..., aconteceu uma tragédia...”. Mamãe tentava adivinhar, no pior dos mundos, que tragédia poderia ter acontecido na Lagoa Grande.


      Imagino o rosto de mamãe... Bem sei a expressão de seu rosto quando está assustada ou temerosa de alguma desgraça... 


      Mamãe chegou aflita, correu atrás de papai e, resfolegando, perguntou: Netto, pelo amor de Deus, o que foi que aconteceu? E papai, dramaticamente:


      - Uma tragédia: o irmão de Lecy fez mal à empregada de Márcia e Márcia obrigou o rapaz a casar na delegacia...


      Mamãe olhava papai com ares de interrogação, esperando pela tragédia... Mas era isso. Vaqueiro desonra doméstica e casa à força – moda de antanho essa, de casar na delegacia.


      Tragédia? Talvez pr’o vaqueiro, mas galinha que acompanha pato morre afogada...


      Ah, mas quase aconteceu uma tragédia de fato... Mamãe teve tanta raiva, mas tanta raiva da preocupação que papai lhe causara com o bilhete tragicômico, que lhe sapecou o apelido de “Chicoespirra”, que até hoje perdura.


      Ah, quanta saudade de "Chicoespirra"...




segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Magia



"Magia para mim é mais que fazer encantos. 
Magia para mim é alçar vôos, ir ao mais profundo da alma, buscar as causas da dor do ser humano. 
É dar a mão a quem precisa, é proteger não com pozinhos e amuletos...
É dar às pessoas o poder de se autoconhecerem, de entender os sinais e reconhecer de onde vem o perigo.
É ensinar pela palavra que cura, é ter mãos que curam, 
é limpar as feridas do corpo e da alma.
Não é dizer aos quatro ventos que tem poder... que tem presságios, que tem arrepio, que antevê o futuro...
É guardar bem fundo os segredos e usá-los em prol do BEM, em silêncio.

Magia é Amar.
E amar muito, um amor que luta, que não receia o perigo nem a maldade.
É ser a mais poderosa fada, sendo a mais terna bruxa, pois sua força vem do coração, suas armas são: o AMOR, o AMOR e o AMOR!!!"


Este é um texto de amiga mais do que especial, é uma mainha que adotei, que amo, que me faz tão bem.

Indico o blog dela que é repleto de luz, poesias, pensamentos, crônicas, enfim, um blog para você visitar e se sentir bem. E leia o post completo, que fez com que ela, inspiradíssima, escrevesse esse texto lindo.

O link - http://memoriasdevidaspassadas.blogspot.com 

Tem pessoas que são assim mesmo: irradiam luz por onde andam, fazem o bem sempre, nos transmitem paz, nos ajudam só com seus pensamentos, mesmo estando longe... enfim, pessoas abençoadas e de bem com a vida. 

Maria Izabel Viégas é terapeuta de vidas passadas, além de muitas outras coisas. Confiram no blog dela.



sábado, 11 de agosto de 2012

Eu no recanto....



Que chique!!!!

Olha eu lá!!!



http://recantodosautores.blogspot.com.br/2012/08/recanto-entrevista-clarice-lucia-silva.html#more


Muito feliz!!!! Muito!!!



Esmalte e livros

Tema da Blogagem Coletiva desta semana: Esmalte e livros

Desde pequena já me apaixonei pelos livros. Primeiro foi a cartilha...

Z de zabumba... quem se lembra? Ninguém sabia o que era zabumba e ninguém nunca perguntou. Nem eu!



Depois, no ginásio, em colégio público, quando este ainda era exemplo e orgulho, éramos obrigados a ler um livro por mês. Aí vieram Machado de Assis, José de Alencar, Olavo Bilac - "Última flor do láscio, inculta e bela... " (me lembro até hoje de poesias que decorei), Joaquim Manoel de Macedo, Bernardo Guimarães, Júlio Verne e tantos outros.



Ficava encantada com livros, principalmente quando os via todos arrumadinhos em alguma estante. Comecei a comprá-los e organizar minha estante. Tenho o maior ciúmes deles e não gosto nem de emprestá-los. Sei que isso é um erro, que é um apego, que devemos compartilhar, mas ainda não cheguei neste estágio. São meus tesouros!

Dos clássicos, um dos meus preferidos é O Primo Basílio - Eça de Queiroz. Mas muitos outros me marcaram.

Mário Quintana também é um querido que adoro! Assim como Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes, Oscar Wilde, Fernando Sabino, Fernando Pessoa e tantos outros.

E é claro, a Bíblia, que é meu livro de cabeceira.

Confesso que estou em falta com a leitura. Fiquei muitos anos sem ler nada, devido a depressão. Com isso fiquei com uma deficiência de leitura, que divago quando leio, tendo que retornar páginas e reler, pois não me lembro o que acabei de ler. Estou trabalhando nisso e leio uma ou duas páginas por dia, mas com muita concentração. Tem dado certo!

Tem muitos livros que estão na minha lista, que pretendo ler, principalmente os atuais. Mas ainda quero ficar um pouco mais nos clássicos que tenho aqui em mãos.

O esmalta que estou usando é uma reprise, mas é um dos que mais gostei: Nina, da Ludurana antialérgico.



Mais livros, mais cultura, mais unhas lindas, tudo no blog da Fernanda Reali. Dá uma passadinha lá!

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Inocente


Este conto foi postado em 23 de agosto de 2011

      Paula era uma mulher dinâmica, bonita, bem arrumada, bem sucedida profissionalmente, ou seja, independente nos seus 36 anos.

      E hoje, não podia se atrasar para mais uma reunião com diretores de uma filial da capital paulista.

      Se aprontou, pegou todo o material necessário, beijou o marido ardentemente dizendo amá-lo e se foi.

      No trajeto para a reunião muitas coisas lhe passavam pela cabeça e a mais frequente era o quanto amava o marido Maciel.

      Maciel, 46 anos, lindo, bem humorado, bem resolvido, um gentleman, excelente marido e excelente pai. Era o retrato da família perfeita e que causava inveja principalmente nos familiares que se diziam insatisfeitos com a vida.

      Paula se lembrou de seu casamento e do quanto foi tudo perfeito, todos os amigos, família... A lua de mel dos sonhos... A casa própria... Enfim, tudo perfeito. E era impossível não se lembrar sem estampar um sorriso no rosto.

      Ao longe avistou o local de sua reunião: Motel Paradiso.

      Entrou, perguntou pelo mesmo quarto, vaga para 2 carros, uma já preenchida, um luxo só. Abriu a porta e pelo caminho até a cama, pétalas de rosas vermelhas, um balde de gelo com um champagne e uma cumbuquinha com morangos bem vermelhos e grandes. E deitado na cama, com um sorriso mostrando os dentes perfeitos e uma rosa na mão estava Adriano.

      Ah, o Adriano... A perdição em pessoa... Daqueles homens que a gente sente, quando se aproxima, pelo cheiro, pelo toque inesquecível em nossa nuca... Se aproximou, se jogou na cama e  deu-lhe um longo beijo apaixonado, quente, de tirar o fôlego. Adriano é o tipo de homem que sabe onde tocar a mulher, na hora certa, sussurrar nos ouvidos, amar enlouquecidamente até desfalecer.

      Paula e Adriano eram unha e carne no sexo. Não precisavam falar nada; um sabia exatamente o que o outro queria. Não podiam e nem conseguiam ficar longe por muito tempo. Batia a vontade, a saudade, a paixão, o desejo e se não extravasassem, morreriam.

      Ficariam horas, dias, meses enfiados numa cama de motel, mas cada um tinha a sua vida. Paula com o marido amado Maciel, e Adriano com sua boa mulher, dedicada, um exemplo: a Rafaela.

      Se sentiam culpados? Não, já tinham se conformado com a situação. Nunca sequer cogitaram a possibilidade de serem marido e mulher. O que os unia era a carne, o pecado, o sexo... Casamento é família, é união, é amizade, é amor, é respeito. E não arriscariam suas vidas felizes e confortáveis por uma paixão louca.

      Passado o tempo, 4 horas, tomaram banho, vestiram-se e foram cada um para sua família. O próximo encontro? Quando der vontade...

      Paula, chegando em casa, esperou por Maciel para o almoço que logo chegou com buquê de margaridas, sua flor preferida. Beijou-lhe ardentemente, disse que o amava e que não conseguiria viver sem ele. E ele num gesto fraterno, disse que cuidaria dela até o fim de seus tempos.

      Almoçaram, voltaram ao trabalho, agora no escritório, e são felizes cada um de seu jeito...


Assisti ao filme "Divã" de Martha Medeiros...  daí brotou este conto.
Eu não concordo com esse "respeito" de Paula e Adriano. Se a pessoa tem necessidade de uma terceira numa relação, é porque nem tudo está perfeito. Melhor pensar no caso e ser sincero consigo e principalmente com o outro.


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Maçã do amor


      Depois de uma noite turbulenta, com insônia e pesadelos, Lourdes se levantou bem cedo, se olhou no espelho e começou a chorar. As olheiras lhe deixaram mais agoniada do que estava e também mais triste e mais deprimida. À tarde seria o momento de se desfazer de todos os sonhos de uma vida: o divórcio!

      Se casou bem nova, com o primeiro namorado, o único homem de sua vida até então. Mas acabou! O príncipe se transformou num sapo e a princesa resolveu cuidar da vida sozinha. Mas nem por isso a dor era menor, pois se desfazer de um conto de fadas não estava sendo fácil.

      Ainda de camisola e descalça, foi até a cozinha e pegou uma maçã que estava numa fruteira sobre a mesa. Antes não havia reparado como seu perfume invadia a casa, antes de abrir portas e janelas. Estava reluzente e o vermelho quase bordô lhe fazia irresistível. Lavou-a e deu a primeira mordida. Se encostou na pia, fechou os olhos e lhe veio a lembrança de quando ainda namorava Pedro, de quando se conheceram num parque de diversões, numa cidade pequena, onde moravam quando eram solteiros. Naquele tempo, havia serenata no parque, em que alguém oferecia música para alguém especial. E foi o aconteceu: Pedro ofereceu uma música romântica para ela. Nem acreditou quando ouviu seu nome no alto-falante; tremeu dos pés à cabeça e ficou num canto espiando o movimento e tentando descobrir quem seria o ousado rapaz.

      Não demorou e apareceu Pedro, lindo, moreno, sorriso perfeito, de estatura baixa e um pouco acima do peso. Lourdes não resistiu a tanto encanto. Se apaixonou na hora! Mais ainda quando Pedro a convidou para dar uma volta e comer algodão doce. Ela aceitou e foram devagar, conversando e rindo de tudo, como adolescentes empolgados.

      Mas Lourdes preferiu maçã do amor ao invés de algodão doce. Sabia que iria se lambuzar, mas aquele vermelho fascinante da maçã sobre o tabuleiro daquela barraquinha e aquele perfume misturado com o doce da calda, lhe invadia as narinas e a deixava com um certo fascínio.

      E agora, nessa primeira mordida, ficou pensando como o tempo muda as coisas e as pessoas. Será que foi ela que havia mudado? Não! Pensava ela, o tempo muda tudo, transforma, acabam coisas e começam outras. Tudo faz parte da vida e do amadurecimento.

      É isso: amadurecimento. Aquela empolgação de antes, deu lugar a uma rotina insuportável, e o fato deles não terem filhos, colaborou ainda mais para o término de um amor que seria eterno, quando entraram na igreja e juraram perante o padre, no altar. Triste! Era essa a sensação que Lourdes tinha, de muita tristeza. Acabou o amor, acabou o sonho, acabou uma vida a dois. Acabou!

      Ao mesmo tempo, planejava seu breve futuro , sua mudança de vida, sua responsabilidade sozinha, emprego novo, tudo novo! Mas o coração ainda machucado. Será que um dia se esqueceria desse momento? "Isso passa!" - era o que todos diziam. Tomara que sim, porque Lourdes não era do tipo de ficar lamentando uma perda; era ativa, bem humorada e lutadora. Conseguiria sim, superar toda essa dor e desejava o mesmo para Pedro: que seja feliz!

      Deu certo! Sim, o casamento deu certo; durou o que tinha que durar... nem mais, nem menos. Acabou!

      Mais algumas horas e teria a liberdade de fazer o que bem entendesse, e Pedro também...

      É isso, como diz o poeta: "que seja eterno enquanto dure"; e que tenham forças para recomeçar sempre que necessário, não importa quantas vezes... recomeçar sempre!

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Deusa

Texto postado em 02 de maio de 2011






Todos os anos, uma vizinha minha faz excursão para Thermas dos Laranjais, um parque aquático que fica na cidade de Olímpia.

E este ano eu fui. E Dona Deusa também. Deusarina o nome dela.

Uma senhora de 62 anos, muito bem apessoada, que, segundo ela mesma se define, ainda dá um bom caldo. 

Sem contar que seu estado civil é viúva, desquitada, viúva, viúva e à procura. Sim, ela não desiste, está à procura.

E nessa excursão ela fez questão de ir, porque o cunhado da vizinha, o Seu Adalberto Ribeiro, viúvo, também ia.

Ah, há muito tempo já se olhavam, se paqueravam, já até conversavam. Mas o homem não desatolava a coitada.

No dia anterior, arrumou a pequena mala: maiô novinho, preto com bordô, lindo; rasteirinha de saltinho, porque chinelinho não ia pegar bem; saída de banho toda de crochê bege e um chapelão de palha com um lenço de seda amarrado. Fez as unhas, que eram enormes, pintando-as de vermelho paixão, pintou os cabelos de acaju e comprou um batom cor-de-boca pra combinar com a cor dos cabelos.

Mal conseguiu dormir durante a noite. O despertador tocou às quatro horas, tomou café, pegou a malinha e foi para a frente da casa da vizinha. Nossa, Dona Deusa estava simplesmente... uma Deusa.

Entrou, tomou o seu lugar, como todos, e partiram.

Levantou a cabeça, olhou para um lado, para o outro e cadê o seu Adalberto Ribeiro? Não viu...

Correu para a vizinha e perguntou o motivo. Esta, com uma cara de lamento, respondeu:

- Ah, Dona Deusa, ele não pode vir, a gota o atacou e ele não estava conseguindo colocar os pés no chão.

Voltou para seu lugar e começou a resmungar e a xingar tanto o seu "paquera" por telepatia, que a gota deve ter piorado muito.

Chegou, empinou o nariz e foi desfilar com seu maiô novinho.  Seu corpo parecia, digamos assim, uma azeitona, com as pernas bem finas, e os seios quase no umbigo. E continiou xingando o tempo todo o Seu Adalberto Ribeiro.

Andando devagar por causa do saltinho, chegou até a um escorregador onde todos estavam se divertindo.

"Quer saber, eu vou!" - pensou.  Foi, escorregou – plaft , toing - caiu como uma jaca podre. Se levantou meio zonza, todos olhando-a e rindo, principalmente as crianças (criança é cruel). Sentiu um ventinho no peito e, ao olhar pra baixo – o toing - um dos seus seios estava de fora.

Arrumou o danado e continuou xingando o seu Adalberto Ribeiro.

Andou por todos os lados, tirou fotos, comeu, bebeu, xingou muito e foi visitar o mini-bosque.

Na entrada, a placa: "Não entrar com óculos, nem bonés, nem blusas com botões". "Por que será?" - Pensou ela; e entrou.

Ah, não deu outra – vruuummm -  uma arara azul com amarelo pegou-a de jeito e tomou-lhe o chapéu.

E ela desesperada, gritou por socorro... e apareceu o socorro de nome seu Devair - que também estava na excursão e de olho nela.

Seu Devair tirou-a de lá, convidou-a para um refrigerante e quando ela se deu por conta, tinha esquecido o Seu Adalberto Ribeiro.

Chegaram da viagem já como namorados.

A primeira atitude de Dona Deusa foi fazer uma visita para seu Adalberto. E é claro, levou junto seu mais novo namorado: seu Devair:

- Ô Devinha, vamos ali na casa do seu Adalberto Ribeiro? Coitado, ele tá com gota que nem tá andando direito!

E chegando lá, não deixou por menos:

- Ô, Seu Adalberto Ribeiro, eu vim ver como o senhos está... Ah! Esse aqui é o meu namorado: o Devinha! - apresentou-o ao doente, toda feliz.

Perguntou como ele estava, deu boa noite, pegou na mão de seu Devair e se foi, toda feliz.

Mulheres, mulheres, mulheres...