segunda-feira, 30 de abril de 2012

O homem e o ganso

Sábado, meus filhos e eu fomos a um clube thermal: Thermas dos Laranjais, que fica na cidade de Olímpia, interior do estado de São Paulo.

É a terceira vez que vamos e confesso que não estava muito animada com o passeio. Mas fui, pois conheço quase todos da excursão, e queria ficar perto de meus filhos, num passeio.

Estava um dia não muito quente, com saídas raras de sol, um friozinho de vez em quando, muita gente, mas o local é muito bem cuidado, tudo limpo, muitos funcionários para atender todas as nossas necessidades.

Mas, como boa farofeira, estava cansada e... dormi ao sol!

Uma coisa é bronzear certinho, com tudo no lugar... Mas dormir ao sol, imaginem as marcas que ficaram no meu corpo, né? Bem, mudemos de assunto.

Dentro do clube tem um mini zoológico, que é uma delícia: e num dos viveiros, com patos exóticos (coisa mais linda de se ver), e outras aves, tinha um ganso. Que coisa mais linda! Parecia um desenho! E lá dentro um homem, que tomava conta daquele pedaço. E o homem conversava com o ganso, que não saía de perto dele, e ele chamava o ganso, o ganso chegava perto e gritava (gente, como se chama o ruído que ganso faz?), então, o homem se levantou e pegou o ganso no colo.

Ah, que coisa mais fofa! Abraçava o ganso e este quietinho no colo...

Depois o homem falou alguma coisa e saiu andando.... O ganso ficou maluco, saiu correndo atrás do homem, gritando, e o homem conversando com ele, mas continuando a andar. E saiu de dentro do viveiro; e o ganso gritando no portão, o homem contornou o viveiro e o ganso acompanhando-o do lado de dentro, e gritando.... Parecia um desesperado.... E o homem nos disse que esse é um momento difícil, tanto para ele quanto para o ganso: a hora de sair de lá, seja para beber água, ou fazer qualquer coisa. Os dois sofrem.  Que coisa mais linda!

Ficamos encantados com esta cena: o homem, o ganso e o carinho deles.

Já vi muitas histórias sobre homens e gansos. Uma amiga que mora em uma chácara, tinha um ganso também: Ditinho. Coisa mais linda também! Quando ia até lá, chegava na cerca e gritava : - Ditinho! - e ele vinha com as asas abertas e gritando, até ficar perto da cerca.

Alguns devem achar estranho essa afinidade que temos com os bichos, mas aqui já estou acostumada com isso, já que em minha casa, mais parece um mini zoológico... Até peixe tem nome! O cascudo de minha filha se chama Carlos.... Pode isso? E não é assim, só colocar nomes... Nós, como boas malucas, conversamos com todos, todos os bichos! Se eles entendem? Claro que entendem! Só não sabem responder.... (pronto! olha a maluca surtando)...

O que é o carinho, o amor na vida de nós todos, não é? Gesto tão simples, que nos cativam tanto, que precisamos tanto!

Ali, naquele momento, vi o amor transbordar entre o homem e o ganso.

Ah, infelizmente não tirei fotos. Minha máquina, que tem vida própria, não quis funcionar de jeito nenhum!


sexta-feira, 27 de abril de 2012

O que assistimos na TV de hoje?

A TV aberta está um caos! Isso é fato!

Há um tempo atrás, minha filha me chamou para me mostrar esse "Pânico". Bem, se for comédia, tá ótimo, já gostei! Aí começou e ela ria e olhava para minha cara... E eu olhava para a cara dela sem entender:

- Como você consegue rir disso? Tá louca? - perguntei.

- Mãe, eles são muito engraçados! - ela respondeu ainda rindo.

- Então vai lá, deixa eles te humilharem para todo mundo ficar rindo de você depois. Vai lá! - falei séria e ela ficou com medo, pois rio de tudo, e essa porcaria, odiei.

Ela não me respondeu, pensou, e não a vi mais assistir essa bosta!

Depois colocamos TV a cabo e agora quase não assistimos TV aberta. Que ótimo!

Vou colocar uns vídeos aqui, para relembrar o que nós assistíamos anos atrás. E vocês deduzem a diferença.

Ronald Golias e a família Trapo.

Os trapalhões - Os quatro!

TV Pirata - Barbosa...

Sai de Baixo - Caco Antibes & Cia

Chico Anysio - Alberto Roberto.... "Não garavo!"


E aí, se divertiram um pouco?

Um ótimo fim de semana!!!

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Redes Sociais e opinião própria


Engraçado e fantástico como se alastra uma informação nas redes sociais. Aconteceu algo "diferente"  em qualquer lugar do planeta, o mundo fica sabendo em questão de segundos!

É a tecnologia que está andando mais rápido que nosso bom senso.

Uma coisa que não me acostumo: gente mal humorada e que deseja o mal para quem quer que seja.

Hoje em dia, uma pessoa ter dinheiro é considerada arrogante, que pode tudo o que muitos não podem. Mas se a pessoa tem dinheiro, qual o mal nisso? É proibido ter dinheiro agora? 

Estou falando do Pedro Leonardo, filho do cantor Leonardo. 

Já vi muitos comentários por aí insinuando que se ele fosse pobre, já teria morrido, que como tem dinheiro, tem o melhor do melhor.... Tudo em tom de deboche, de sarcasmo, de ruindade mesmo.

Mas é claro, não é? Imagine um filho nosso numa situação de quase morte? Não lutaríamos pela vida dele, porque a grande maioria não tem condições? Quanta hipocrisia...

Ele é um ser humano, como você, como eu, e só porque teve a sorte (ou não) de ser famoso e ter condições financeiras, é crucificado por quem nem o conhece. Só falar e a notícia se espalha do pior modo possível, porque muitos seguem uma aberração dessa. Famoso nos dias de hoje, é o que não tem medo de se expor, de falar, mesmo não colocando a cara a tapa. Aí fica fácil, já que não sai de casa, não se expõe, e não corre nenhum risco.

Quanto mais negativa for uma pessoa, mais seguidores, mais fãs, mais ibope. Hipócritas! Não conseguem sequer ter opinião própria ou compaixão por outro ser humano.

Gente mal humorada, mal amada, mal criada!

Tantas e tantas pessoas morrem nos hospitais sem ao menos serem atendidas, tantas e tantas ficam meses esperando por um exame, outras tantas não conseguem vagas para uma internação e mais um monte rouba sem que nada aconteça.

Por que essas pessoas que não têm mais o que fazer a não ser fuxicar a vida alheia, não ficam um dia, somente um dia num hospital público e contem para o mundo o que acontece naquele lugar?

Ah, mas isso não dá ibope! Claro que não! Pelo menos você, meu querido hipócrita, pensará duas vezes antes de colocar seus dedinhos preciosos e bem arrumados no seu teclado e digitar qualquer merda, uma dessas que você tem aos bilhões instaladas no seu cérebro, antes de propagar uma aberração que nada tem a ver com nada.

Semana passada aqui em minha cidade, uma moça entrou no chafariz no centro da cidade, com uma faca, dizendo que ia se matar se não atendessem seu pai no pronto-socorro. Depois que a tiraram de lá, ela disse que há três meses tentava marcar um consulta para o pai, que já é idoso, que sente dores, que tem problemas renais, e não consegue consulta em lugar nenhum na rede pública. O engraçado disso é que depois o pai foi atendido, fez todos os exames, está medicado e passa bem. Isso é o cúmulo!

Outro caso: uma filha levou a mãe que sentia dores pelo corpo, ao pronto-socorro; lá ela foi medicada e dispensada. Em casa, passou mal novamente e voltaram ao pronto-socorro de madrugada e a mulher gritando de dor, simplesmente não foi atendida. Ficou esperando naquelas cadeiras horríveis, por mais de quatro horas e nada. Resultado? A mulher faleceu ali, em agonia, nos braços da filha. É lastimável! Agora um fica jogando a responsabilidade para o outro. Não é terrível isto?

O pior de tudo é que não vão ler.... Ah, que pena!!!

Mas adorei desabafar!

segunda-feira, 23 de abril de 2012

MEME sobre o blog


Hoje participo de um MEME que uma amiga me indicou: a Smareis, que tem um blog reflexivo, inspirador... Uma delícia de visitar e compartilhar ideias com ela. Sugiro que a visitem! Vão gostar. Não acharam o nome dela interessante? Então, eu já perguntei a sua origem.... e ela ainda não me contou....

Começando então...

1)   Quando surgiu a ideia de criar um blog?
R - Foi em um dos blogs que frequento e deixo comentários, o do Giuseppe Oristanio, que também recomendo, por ele ser uma pessoa linda, simpática, ótimo ator, bom homem, e divertidíssimo. E que interage conosco, sempre.
Como eu era fã, comecei a comentar no seu blog, então pelos meus comentários, ele sugeriu que eu abrisse um blog e colocasse minhas ideias. Foi o que fiz!

2)   Origem do nome do blog.
R - Eu queria um nome que parecesse comigo, sem ter que colocar meu nome, tipo Blog da Clara, então escolhi o Simples e Clara.

3)   Você teve/tem outros blogs além desse?
R - Não. Já pensei em outros, mas acho que me consumiria pela falta de tempo e pela preocupação em colocar coisas úteis, interessantes. Então só este me basta!

4)   Já pensou em desistir alguma vez do seu blog?
R - Não, cada dia que passa gosto mais de escrever e adoro quando pessoas me visitam e deixam comentários. Conheci muitas pessoas através do blog e conheci muitos blogs interessantes que sigo também.
A troca de informações, a convivência virtual, tudo isso é simplesmente fantástica!

5)   Mande uma mensagem para seus seguidores:
R - Eu agradeço a todos que me visitam, que deixam comentários ou não, são todos muito bem vindos! Vocês me fazem muito feliz, pois quando escrevo, fico em dúvidas se vão gostar ou não, se vão voltar no outro dia ou não, e voltam! Sou muito grata por tudo, pelo carinho, pela amizade, pelas broncas, pelas correções, pelas indicações e por todo o aprendizado que tenho com todos. Beijos, beijos, beijos!

Sobre a blogueira Clara:

1   - Uma música: Começar de novo - Ivan Lins
2   - Um livro: Bíblia
3   - Um filme: Cidade dos Anjos
4   - Um hobby: Desenhar
5   - Um medo: Do silêncio
6   - Uma mania: Comer doces antes do café da manhã e fazer misturas exóticas com comidas.
7   - Um sonho: Publicar um livro
8   - Não consigo viver sem: Música
9   - Tem coleção de alguma coisa: De livros
10 - Gostaria de fazer alguma pergunta aos  próximos participantes? O que te faz seguir um blog e voltar sempre e sempre?

Agora tenho que indicar 10 blogs para o MEME....
Hmmmm. que difícil... sei que nem todos gostam, outros gostam, então deixo o espaço aberto para quem quiser fazer; é só copiar e depois me avisar. Adoraria que alguém fizesse.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

A arte de ser bocuda


Dia desses,  lendo os meus queridos que sigo, fui ao blog da Lúcia Soares Sem medida, ao qual ela questiona: calar ou falar?

E aí, como sou do time dela, das bocudas de plantão, claro que deixei meu pitaco lá. E não satisfeita, vou dar meu pitaco aqui também.

Por que realmente temos tanta necessidade de nos expressar e defender nossa opinião? O que isso mudaria na vida de uma pessoa? Eu respondo: nada!

Eu gosto de conversar, falar, ouvir, posso mudar de ideia, posso me chatear, mas... é chato mesmo ficar perto de uma pessoa que fala o tempo todo, que acha que tem razão de tudo, que vive dando conselhos. Acho que já fui assim; não é que queremos ter razão de tudo; passamos por sofrimentos e sabemos o quanto dói, então não queremos ver pessoas que amamos passar por situações parecidas, ou sofrerem, já que sabemos como é e podemos evitar uma dor alheia. Será?

Hoje sei que não é bem assim: a pessoa até escuta, mas no fundo acaba fazendo o que tem vontade, o que quer. E isto é certo! Precisamos sim passar por situações, por agonias, por dores, para podermos crescer, amadurecer. E também cada um tem uma reação para uma situação: o que é bom para mim, não é para minha filha, ou para uma amiga etc.

E quem tem este hábito de falar e se impor, geralmente tem dificuldade para ouvir e aceitar a opinião do outro. Que difícil!

Cada um tem um jeito e vai ter suas próprias dores, cada um reage de uma forma e não nos cabe mudar isto. Conselho é uma coisa, mas se impor querendo modificar o modo da pessoa pensar, é outra bem diferente. Uma atitude radical como esta, acaba afastando a pessoa do nosso convívio. Ninguém aguenta pessoas que falam demais, que são radicais demais, que reclamam demais, que são inconformadas com tudo, que se incomodam como a outra pessoa vive, o que come, o que veste, o que segue, o que faz e como faz. O que poderia interferir na minha vida, sabendo que a outra pessoa não gosta das mesmas coisas que eu? Nada!

Bom senso, aceitar as diferenças e respeitá-las, conviver da melhor forma possível, e estar sempre por perto, caso a pessoa, numa dessas quedas, precise de apoio. Aí sim, seremos indispensáveis e quem sabe, a pessoa pare e nos escute, reflita e tome outras atitudes. E o mais importante: aprender com as diferenças.

É isso então!

Um ótimo fim de semana!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Uma carta...



Sabe, me sinto voltando há uns anos, quando ainda escrevia cartas de papel... Tão romântico, onde pingava umas gotinhas de perfume, carimbava um beijo com batom vermelho... É assim que lhe respondo a carta que me enviou...


Quase não acreditei quando olhei a caixa dos correios e a vi, tão simples, com sua letra cursiva... Meu coração disparou e a primeira coisa que fiz foi cheirá-la, tirando dela um resquício de seu perfume, não aquele que colocam em vidros, mas o perfume de sua pele... Apertei-a junto ao peito, na esperança de aquietar meu coração descompassado e fiquei imaginando suas palavras escritas... Seu carinho ali, todo para mim, em algumas poucas linhas...


Mas na verdade eu queria mesmo era dizer que algo mudou em mim, desde que você chegou, com aquele beijo inesperado, roubado e devolvido, suave e loucamente molhado... Ahhhhhh !!!


Como explicar? Não sei...


Mas mesmo à distância lhe sinto aqui pertinho: seu cheiro, seu gosto, sua respiração quente perto de minha boca... Lembra que eu falava sempre que entre o amor e eu existia um oceano? Então, ele existe agora! Coisas do destino? Quando falamos algumas palavras e algum anjo passa e diz amém?


Todo esse tempo, eu aqui e você aí, um olhando pela fechadura, espiando o que o outro estaria fazendo ou o que estaria pensando... E ao mesmo tempo sentindo o calor do corpo, o toque suave, o entrelaçar das mãos... Os beijos apaixonados que expulsam a alma, com medo de um castigo por tanta ousadia... o olhar brilhante, a lágrima que não suporta tanta paixão e sai correndo em direção ao pescoço, que logo é amparada por uma boca sedenta por sentir o gosto, a boca úmida, entreaberta, com o hálito quente que derrete toda a frieza de uma incerteza que possa, por acaso, estar por ali... Se entregar? Se render? E por que não? 


Qual o sentimento mais puro e mais lindo do que o amor? 


A boca sedenta de desejo, como a boca de um bebê faminto procurando o seio da mãe, para saciar sua fome... Percorre cada milímetro do corpo, saboreando cada sabor, apreciando cada arrepio e cada suspiro... O tempo para... A respiração acelera... A explosão... O ato máximo... O prazer...


Sim, eu me rendo! Sou sua serva, sua escrava, sua dama...


Até pouco tempo atrás eu havia me rendido à solidão, à conformidade de viver sempre sonhando com algo que achava que não existia...


Fantasiava demais, queria demais, escolhia demais e claro que sabia que nada existia. Pessoa romântica tem dessas coisas, mas...  Quando menos esperamos, o que não deu certo em outros lugares, em outras camas, vem aqui e se instala no nosso peito, finca como um punhal e faz o coração disparar; a boca seca, as mãos gelam, as pernas tremem e um sorriso acanhado insiste em permanecer nos lábios. Basta ouvir uma música e pronto! Toda aquela sensação de adrenalina volta; o tempo demora o dobro para passar, os minutos são angustiantes e parecem retroceder como uma tortura da alma...


Até que finalmente tudo se torna real. 


A distância? Que distância pode haver para uma loucura? O amor é uma loucura? Sim, claro! Só quem é louco atravessa léguas em busca de um amor, só quem é louco se entrega sem medo, se perde nos abraços, nos beijos, no prazer... Um corpo grudado no outro... Uma só massa... Um só amor...


Despeço-me agora, meu amor, para que descanse seu corpo junto ao meu, em pensamento e alma... E amanhã recomece toda a tortura, toda a espera pela hora marcada e assim, repetir tudo, agora com mais intensidade e mais ternura...


De sua amada que sonha acordada esse amor platônico e real, embalada numa canção sem letra, para não atrapalhar os pensamentos e as lembranças de momentos inesquecíveis que passamos juntos, seja onde for, seja como for e seja o tempo que for. 


No amor tudo é infinito, mágico... potente... e frágil.


Beijos... milhões de beijos...

domingo, 15 de abril de 2012

Desencanto


Blogagem Coletiva da Rosélia - Blog ESPIRITUAL-IDADE

Acho essa fase muito difícil...

Tudo que acaba, sem estar programado para acabar, é sofrido e às vezes deixam marcas, feridas abertas. Aí entra o tempo e vai colocando as coisas no lugar.

Eu sou uma pessoa romântica e sonhava com um casamento perfeito, com tudo certo. E foi tudo como imaginei, e com a pessoa que eu queria. Só que o desencanto começou aí mesmo, no dia do casamento.

Primeiro que eu queria escolher as coisas todas, mas a família sempre se intromete muito e acaba fazendo o que eles bem entendem, e nós, para evitar uma briga, um atrito em pleno casamento, deixamos passar. Erro.

Cheguei na igreja e vi dois bancos lotados de padrinhos que eu não havia escolhido. Uma cunhada escolheu para mim, sem me consultar. Bem, não ia discutir ali com ela, que não gostei.

Depois, não satisfeitos, se intrometiam muito em minha casa, em minha vida e eu não gostava. Aí eu reclamava com meu marido, que não dava muita atenção. Com isso, fui chamada de chata, gênio ruim, grosseira.... tudo porque eu não queria que se intrometessem tanto. Eu queria "minhas" coisas do meu jeito.

Mas tudo isso é o meu ponto de vista. E o dele com certeza é outro. Ele cresceu acostumado a compartilhar uma vida com todos, com a família inteira; e eu sempre resolvia sozinha e tomava decisões de acordo com minhas vontades.

Mesmo meu namoro ter sido de oito longos anos, meu marido, acho que não se contentou com a vida de homem de família, continuou com sua vida de farras de solteiro. Sofri muito e quanto mais eu falava, mais ele brigava comigo.

Um ano inteiro muito difícil. Mas aguentei.

Infelizmente, por princípios que hoje acho hipócritas, aguentei tudo, ouvindo os mais velhos de que "era assim mesmo, eu tinha que me conformar". Mas como assim me conformar? Me conformar com o sofrimento?

Os anos passaram, meus filhos nasceram e tudo piorou, pois agora eu tinha que ser mãe e pai deles. O pai quase não parava em casa e o fato de eu ter parado de trabalhar fora para cuidar deles, o irritou muito, pois não tinha mais meu salário para ajudar nas despesas. Mas não precisava de meu salário. Era implicância dele mesmo.

Só sei que era muito infeliz, e não aguentando essa vida, encarei uma separação, mesmo com filhos pequenos. Foi o inferno!

Será que alguém foi culpado? Acho que não! Nós dois juntos é que não deu certo. Cada um pensando de uma forma, o orgulho, a vontade de ser tudo perfeito, talvez a imaturidade e principalmente um não aceitando como o outro era, sempre implicando, querendo mudar; acho que tudo isso influenciou para uma união fracassada.

Hoje, depois de quatorze anos separados, estou me reerguendo, meus filhos já são adolescentes, e tudo está melhorando.

Acho que esse foi o primeiro desencanto que tive em minha vida: um conto de fadas que virou vida de gata borralheira. Talvez eu tenha sonhado demais, talvez eu tenha fantasiado demais e tenha me esquecido de enxergar a verdade desde o início. Mas talvez aí vem outro desencanto de infância, onde não tive uma base de segurança com minhas decisões, que só fui perceber bem depois de tudo isso.... que doeu muito mais, que marcou muito mais. Mas nada mortal. Sobrevivi!

Não tive sorte, mas ainda estou viva e agora estou bem. Deus é Pai!

sábado, 14 de abril de 2012

Esmalte e organização



Finalmente o azul que tanto procurava!!!!

Esta semana o tema é esmalte e organização. Então, como sou uma pessoa extremamente organizada, não sabia o que mostrar.

Sempre organizo tudo em casa, como a cozinha, por exemplo, mas aí entra na rotina.

Então vou mostrar um lugar que eu não admito bagunça de jeito nenhum. Filhos são bagunceiros mesmo, porque não é toda a casa que eles têm que arrumar. Os meus aqui arrumam o quarto deles (menos minha lindinha filha que de vez em quando coloca o guarda roupa inteiro sobre a cama e fica lá por dias). Bem, mas é obrigação deles e não coloco a mão, mas encho a cabeça, sou chata, implicante, como toda mãe.

E a estante é um lugar onde está meu tesouro, meus livros, e não gosto de nada que tire o foco deles.

Só os livros e nada mais.

O esmalte é o Azul da Ludurana antialérgico, que fiquei apaixonada... amei!

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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Que venha com saúde

Uma frase que nunca concordei e que sempre "corrigi" quem me recomendava:

- Que você tenha uma boa hora e que o bebê venha com saúde!

- Não! Que eu tenha uma boa hora e que o bebê venha! Não importa se é com saúde ou não. - era o que respondia.

Aprovaram a lei do aborto para bebês anencéfalos. O que isso muda? Que a mãe não precisa ficar esperando toda a gestação, sabendo que seu filho vai morrer um dia. Todo o sofrimento da mãe, os longos nove meses, podem ser agora interrompidos.

Isso para mim não muda nada; não vou mais engravidar, e mesmo se tivesse condições de ter outro filho, jamais faria um aborto, mesmo se eu corresse risco de vida. Eu me sentiria péssima com isso. Para mim isso não condiz com o que eu acho.

Mas cada um pensa de uma maneira e o que estou expondo aqui é somente minha opinião, certo? Não quero criticar ninguém, nem apontar dedos e nem dar lição de moral, pois cada uma sabe de sua vida.

Apesar de ser católica,  acredito que existe muito mais numa vida do que um cérebro. Quanto tempo o bebê poderia viver? Já vi casos de bebês viverem por dois anos, mesmo sendo anencéfalos. Como se explica isso? A ciência diz que é devido ao tronco encefálico, mas eu acredito mesmo que nós, quando somos concebidos, já viemos programados para viver um determinado tempo.

Ninguém sabe quanto tempo ficaremos vivos e nem como vamos morrer. E se o tempo programado para nosso bebê anencéfalo for somente durante a gestação mais dez minutos de vida? E se for por dois anos? Será mesmo que temos o direito de interromper um milagre de Deus?

Li muitos comentários de mulheres que passaram por esta situação dizendo que sofreram muito com a notícia de uma gravidez com bebês anencéfalos, que esse sofrimento poderia ser evitado se a gravidez fosse interrompida. Será mesmo? Perder um filho deve ser uma dor imensa, que nem consigo imaginar, mas será que interrompendo no meio do caminho esse sofrimento seria menor? Não seria egoísmo de mãe,  querendo somente evitar a dor, sem pensar numa vida indefesa que carrega? Será mesmo que o cérebro é que comanda nossos sentimentos? E a alma? Como eu disse: cada um sabe de sua vida.

Sou completamente a favor da vida. E ninguém tem o direito de tirar a vida de outro ser. Filhos nos são emprestados, então se tivermos filhos especiais ou com "defeitos", isso significa que somos mães especiais. Se assim nos foi concedido é porque com certeza, teríamos todas as forças do mundo para sustentar a dor.

Me desculpe quem defende essa lei, mas é a mesma coisa dizer para Deus:

- Olha, meu Pai, eu quero um filho, mas se for pro Senhor me mandar um com defeito de fábrica, eu não aceito e devolvo!

Pronto, resolvido o assunto.

Isso é o que eu penso, isso é o que eu falo. E se tiver opinião contrária à minha, é muito bem vinda aqui, pois como ninguém tem nada a ver com minhas decisões, também não me cabe julgar ninguém.


Marcela, um bebê anencéfalo que viveu por dois anos, sendo amada e cuidada por uma família repleta de amor.
Eu tive notícias de Marcela praticamente mês a mês, pois a família é de uma cidade pequena, vizinha da minha. É Deus mostrando seu milagre e colocando por terra toda a ciência. Simplesmente mostrou Sua face.


Ótimo fim de semana!

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Tantos Chaplins

Texto: José Geraldo Martinez 

(Músico, arranjador, produtor fonográfico, escritor, poeta, cronista e compositor)



Ah, minha ribalta!
Chaplin um dia também a descreveu,
Com os mesmo olhos tristes a vejo e
hoje o Chaplin sou eu!

Lamentar perdidas as ilusões?
Inútil!
Parar as lembranças, recordações?
Impossível!

A saudade tem a mesma cara!
Em mim, em tu, em nós...
O vento mensageiro, a mesma melodia e voz!

"As luzes aqui também se apagam a sorrir"
Na tristeza igual de cada um...
Só mudam as histórias e os dramas,
De resto temos algo incomum!

Amizades perdidas...
No tempo, que as levou a outras terras!
Pais e mães que se despediram...
Lágrimas de saudade,
Ao eterno céu na eternidade!

"Para que chorar o que passou?"
Pura nostalgia que me infecta?
Foram sempre tão parecidos os Natais...
Para tantas famílias de uma época!

Os filhos que perdemos eram tão parecidos...
Jovens, alegres e cheios de sonhos!
Momento duro!
A cama que deixaram em dias falidos,
Cuja morte interrompeu o seu futuro...

Nossos avós eram tão parecidos...
Velhinhos grisalhos e bem vividos!
Os tios de todo mundo são iguais...
bonachões e queridos!

"Para que chorar o que passou?"
As nossas professorinhas são todas iguais!
Muda-se a língua, o país, a religião, as cartilhas e métodos...
Elas? Jamais!

A primeira namoradinha?
São tão parecidas!
No primeiro beijo, sempre o mesmo medo...
Ah, com certeza soubéssemos, nós...
Até nossos segredos!

Então por que nos matamos?
Se tão parecidos somos?
Mandamos jovens a uma triste guerra...
A uma briga que não compramos,
Por interesses outros, pudera!

Religião? Petróleo? Terras?
Racismo ainda existe?
Hão de se apagar as luzes da ribalta e
Quantos Chaplins seguiriam tristes?

Somos tão parecidos!
Mudam apenas nossas histórias e dramas...
A miséria tem a mesma cara pelo mundo!
Igual a de tantas crianças ciganas!

Ah, Chaplin, que tão triste pareceu...
Quantos iguais a ti não olham as luzes da ribalta?
Hoje, entre lágrimas tristes,
Tu, sou eu.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

As dores do mundo

Mesmo com toda a tecnologia, mesmo daqui a cem anos, ainda não inventaram e provavelmente não vão inventar uma máquina capaz de medir a dor e o sofrimento humano.

Quando eu estava na Faculdade, em uma aula, a professora que não tinha nenhuma credibilidade com os alunos - ninguém prestava atenção em nada - mas eu, como perfeita CDF,  gostava da aula dela. Não me lembro a disciplina e nem do nome dela. Voltando à aula, ela explicando o que acontece com o corpo quando machuca, quando tem uma fratura, e vendo que ninguém prestava atenção, começou a dizer:

- Quando chega o resgate, a primeira coisa é imobilizar o corpo e verificar os sinais vitais e medir o nível de dor da pessoa....

Ela parou, eu olhei para ela, ela riu e continuou explicando, e vendo que ninguém prestava atenção, começou a chamar um por um perguntando como se mede a dor de uma pessoa, qual o aparelho usado.

É claro que ninguém sabia, porque isso não existe. Enfim, o restante da aula todos ficaram quietos e deram "uma chance" para a aula dela.

É isso mesmo, ninguém sabe medir a dor que a outra pessoa está passando.

Uns são mais fortes, mais resistentes, outros são mais sensíveis e ficam dependentes de medicamentos, outros entram numa tortura tão grande que chegam a não querer mais viver e suicidam. Isso é a pior coisa que existe. Talvez a pessoa está normal, vivendo normal e de repente aparece morta de uma forma trágica dessa.

O que teria acontecido com a pessoa? O que a torturava? Será que quem convivia com ela não percebia nada? Não, nem sempre isso é possível, porque ninguém tem o dom de medir a dor do outro. O que pode ser comum a mim, pode ser torturante para o outro. Cada um reage de um jeito.

Há uns vinte anos, eu perdi um sobrinho, quer dizer, ele nasceu morto. E quem me conhece sabe o quanto  sou sensível; a dor foi tão imensa que eu não conseguia sequer entrar no quarto do hospital onde estava a mãe, que também sofria muito. Eu chegava até a porta e empacava e alguém tinha que me tirar dali, para eu não desmaiar. Não sei como tive coragem de ir ver o bebê, ali mesmo no hospital, que tinha a marca do cordão umbilical que o tinha estrangulado. Ainda me lembro da carinha dele...

E no velório, o tempo todo... o tempo todo eu chorava. A dor era imensa que eu não conseguia controlar. Uma pessoa, que não me lembro quem, veio me abraçar,  eu desnorteada e ela simplesmente me largou e disse, com toda a frieza do mundo:

- Pra quê tudo isso? Pra quê esse choro todo? É só um bebê! Daqui a pouco ela vai ter outro.

Não sei qual dor foi maior: se a perda do sobrinho ou ouvir um absurdo desse.

De todas as dores, acho que não existe dor maior do que a dor da perda. Essa é a única certeza que temos na vida, mas podemos viver cem anos que mesmo assim não conseguimos nos conformar com a perda, com a morte. Não conseguimos nos preparar para isso.

E essa dor se estende aos nossos animaizinhos de estimação. Quem tem um e ama, sabe como é dolorida a hora da partida desses fieis companheiros. Muita gente não entende essa dor e até desdenha. Mas tudo bem, cada um com sua dor solitária. Na verdade somos solitários no mundo.

Uma outra dor, que é profunda: a dor da perda de pessoas que continuam vivas. Às vezes nos afastamos de pessoas, ou vice-versa, e é dolorido sim, principalmente em datas comemorativas, como foi a Páscoa, como é nos aniversários, no Natal, ou simplesmente para compartilhar uma alegria ou uma tristeza.

Essa dor é profunda, que causa feridas, que não cicatrizam, que vai nos matando aos poucos, que mesmo quando tentamos continuar, querendo esquecer, ela sempre aparece e fica nos rondando, nos atormentando, nos arrancando lágrimas, dores....

Mas o tempo passa, e com toda a sua sabedoria, aos poucos tudo vai voltando nos eixos.... E continuamos vivendo... Como tem que ser: solitários na dor.


Como é que vamos saber o tanto que essa criança está sofrendo? Ninguém sabe, todo mundo riu, eu ri. Mas olha a carinha dele de desespero, de sofrimento. Que dó, que dó, que dó......

sábado, 7 de abril de 2012

Páscoa do Senhor

Imagine que é uma típica tarde de sexta-feira e você está dirigindo em direção à sua casa. Você sintoniza o rádio. O noticiário está falando de coisas de pouca importância. 


Você ouve que numa cidadezinha distante morreram 3 pessoas de uma gripe, até então, totalmente desconhecida.


Não presta muita atenção ao tal acontecimento e esquece o assunto. Na segunda-feira, quando acorda, escuta que já não são 3, mas 30.000, as pessoas mortas pela tal gripe, nas colinas remotas da Índia. Um grupo do Controle de Doenças dos EUA foi investigar o caso. Na terça-feira, já é a notícia mais importante, ocupando a primeira página de todos os jornais, pois já não é só na Índia, mas também no Paquistão, Irã e Afeganistão.


Enfim, a notícia se espalha pelo mundo. Estão chamando a doença de "La Influenza Misteriosa", e todos se perguntam: - "Que faremos para controlá-la?".


Então, uma notícia surpreende a todos: a Europa fecha suas fronteiras. A França não recebe mais vôos da Índia, nem de outros países dos quais se tenham comentado de casos da tal doença. Por causa do fechamento das fronteiras, você está ligado em todos os meios de comunicação, para manter-se informado da situação e, de repente, ouve que uma mulher declarou que num dos hospitais da França, um homem está morrendo por causa da tal "Influenza Misteriosa".


Começa o pânico na Europa. As informações dizem que, quando você contrai o vírus, é questão de uma semana de vida. Em seguida, as pessoas têm 4 dias de sintomas horríveis e morrem. 


A Inglaterra também fecha suas fronteiras, mas já é tarde. No dia seguinte, o presidente dos EUA fecha também suas fronteiras para Europa e Ásia, para evitar a entrada do vírus no país, até que encontrem a cura. 


No dia seguinte, as pessoas começam a se reunir nas igrejas, em oração pela descoberta da cura, quando, de repente, entra alguém na igreja, aos gritos: - " Liguem o rádio! Liguem o rádio! Duas mulheres morreram em Nova York!".


Em questão de horas, parece que a coisa invadiu o mundo inteiro. Os cientistas continuam trabalhando na descoberta de um antídoto, mas nada funciona. 


De repente, vem a notícia esperada: conseguiram decifrar o código de DNA do vírus. É possível fabricar o antídoto! É preciso, para isso, conseguir sangue de alguém que não tenha sido infectado pelo vírus. Corre por todo o mundo, a notícia de que as pessoas devem ir aos hospitais fazer análise de seu sangue e doar para a fabricação do antídoto.


Você vai de voluntário com toda sua família, juntamente com alguns vizinhos, perguntando-se, o que acontecerá. Será este o final do mundo? De repente, o médico sai gritando um nome que leu em seu caderno. O menor dos seus filhos está ao seu lado, se agarra na sua jaqueta, e lhe diz:


- "Pai? Esse é meu nome!".


E antes que você possa raciocinar, estão levando seu filho, e você grita: - "Esperem!" 


E eles respondem:  - "Tudo está bem! O sangue dele está limpo, e é sangue puro. Achamos que ele tem o sangue que precisamos para o antídoto."


Depois de 5 longos minutos, saem os médicos chorando e rindo ao mesmo tempo.


E é a primeira vez que você vê alguém rindo em uma semana. O médico mais velho se aproxima de você e diz: - "Obrigado, senhor! O sangue de seu filho é perfeito, está limpo puro, o antídoto finalmente poderá ser fabricado. "


A notícia se espalha por todos os lados. As pessoas estão orando e rindo de felicidade. Nisso, o médico se aproxima de você e de sua esposa, e diz:  -"Posso falar-lhes um momento? Não sabíamos que o doador seria uma criança e precisamos que o senhor assine uma autorização para usarmos o sangue de seu filho."


Quando você está lendo, percebe que não colocaram a quantidade de sangue que vão usar, e pergunta:  - "Mas, qual a quantidade de sangue que vão usar?"


O sorriso do médico desaparece e ele responde:- "Não pensávamos que fosse uma criança. Não estávamos preparados...Precisamos de todo o sangue de seu filho...". Você não pode acreditar no que ouve e trata de contestar: - "Mas...mas..."


O médico insiste: -"O senhor não compreende? Estamos falando da cura para o mundo inteiro! Por favor, assine! Nós precisamos de todo o sangue!".


Você, então, pergunta: - "Mas vocês não podem fazer-lhe uma transfusão?". E vem a resposta: - "Se tivéssemos sangue puro, poderíamos. Assine! Por favor, assine!”. Em silêncio, e sem ao menos poder sentir a caneta na mão, você assina.


Perguntam-lhe: -"Quer ver seu filho agora?".


Ele caminha na direção da sala de emergência onde se encontra seu filho, que está sentado na cama, e ele diz: 


-"Papai!? Mamãe!? O que está acontecendo?"


O pai segura na mão dele e fala: -"Filho, sua mãe e eu lhe amamos muito e jamais permitiríamos que lhe acontecesse algo que não fosse necessário, você entende?”. O médico regressa e diz: - "Sinto muito, senhor, precisamos começar, gente do mundo inteiro está morrendo, o senhor pode sair?".


Nisso, seu filho pergunta: 


- "Papai? Mamãe? Por que vocês estão me abandonando?".


E na semana seguinte, quando fazem uma cerimônia para honrar o seu filho, algumas pessoas ficam em casa dormindo, e outras não veêm, porque preferem fazer um passeio ou assistir um jogo de futebol na TV. E outras veêm, mas como se realmente não estivessem se importando. Aí você tem vontade de parar e gritar:


- MEU FILHO MORREU POR VOCÊS!!! 
- NÃO SE IMPORTAM COM ISSO?


Talvez isso é o que DEUS nos quer dizer:


-MEU FILHO MORREU POR VOCÊS!!! NÃO SABEM O QUANTO EU OS AMO? 


É curioso como é simples para algumas pessoas debocharem de Deus, e dizer que não entendem como o mundo caminha de mal para pior. É curioso como acreditamos em tudo aquilo que lemos nos jornais, mas questionamos as palavras de Deus. É curioso como todos querem ir para o Céu, mas nada fazem para merecê-lo. É curioso como as pessoas dizem: "Eu creio em Deus!", mas com suas ações, mostram totalmente o contrário. É curioso como você consegue enviar centenas de piadas através de um correio eletrônico, mas quando recebe uma mensagem a respeito de Deus, pensa duas vezes antes de compartilhá-la com os outros. 
É curioso como a luxúria, crua, vulgar e obscena, passa livremente através do espaço, mas a discussão pública de DEUS é suprimida nas escolas e locais de trabalho. CURIOSO, NÃO É?


É curioso como me preocupo com o que as pessoas pensam de mim, mas não me preocupo com aquilo que DEUS possa pensar de mim. 


Depois de terminar de ler esta mensagem, se realmente sentir em seu coração que deve compartilhá- la, envie aos seus amigos. Talvez eles estejam precisando, exatamente, de ler uma mensagem como esta. 
Pensem nisso...


SOMENTE REPITA ESTA FRASE E VEJA COMO SE MOVE DEUS




“SENHOR, TE AMO E NECESSITO DE TI, ESTÁS EM MEU CORAÇÃO, ABENÇOE MINHA FAMÍLIA, MINHA CASA, MINHAS FINANÇAS E OS MEUS AMIGOS. 
EM NOME DE JESUS, 


AMÉM!”


P.S. Não sei de quem é a autoria do texto.



ÓTIMA PÁSCOA À TODOS!!!

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Voltas - Parte V

Continuação...

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Leia a segunda parte
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Leia a quarta parte

Marcelo achou por bem sumir de novo, o que fez com que Cíntia ficasse desnorteada, apesar de concordar com a atitude dele.

O tempo passou e tudo foi voltando ao normal: Cíntia se fingindo de feliz com sua família, eu feliz de verdade com a minha, e sofrendo por ver minha amiga camuflando um sentimento tão lindo e verdadeiro.

Na verdade eu ainda tinha contato com Marcelo que me perguntava sobre Cíntia, mas por bem, não passava informação nenhuma.

O destino é cruel às vezes, e também conspira a nosso favor.

Numa tarde de sábado em que eu estava sozinha em casa, chega Cíntia com os filhos, carregando uma mala, me pedindo para passar uns dias em minha casa:

- O que houve, Cin? Brigou com Edu? Largou dele de vez? - perguntei assustada e colocando todos para dentro de casa.

- Eu não suporto mais essa vida... Não quero mais esconder meus sentimentos... O Edu é um ótimo homem, um excelente pai, mas não o amo. Só isso! E eu já disse isso pra ele. Ele só respondeu que isso é problema meu e que eu que tenho que resolver. Nem quis conversar nem nada! Então eu resolvi. Peguei minhas coisas e disse a ele que estaria aqui até arrumar um lugar para ficar. Os filhos vão ficar comigo e com ele, divididos, mas não quero mais sofrer com isso. Nem se Marcelo não me quiser mais, tudo bem, mas eu quero ouvir isso da boca dele. Mas pro Edu eu não volto mais. Eu posso ficar aqui só uns dias, até eu me ajeitar em algum lugar, amiga? - não aguentou e começou a chorar, me abraçando.

- Claro que pode, o tempo que você quiser... Mas me diga: você tem se encontrado com Marcelo esse tempo todo? - perguntei, com medo de escutar o pior.

- Não, claro que não, mas vou atrás dele sim e vou conversar com ele sim. E você vai me ajudar porque eu sei que você conversa com ele sempre. Pensa que eu não sei? - continuou falando e chorando.

- Tá bom, mas você vai me prometer uma coisa: promete?

- O quê?

- Vai jogar todas aquelas roupas e aqueles sapatos horrendos que você tem! Vida nova agora, tá? - e comecei a rir - Me desculpe, Cin, mas não resisti. - e caímos na risada.

A separação de Cíntia, assim como a maioria das separações, foi difícil, traumática, sofrida, mas a empolgação que ela estava em viver aquele amor da adolescência era muito maior que toda a dor que ela sentia. Nem ela e nem Edu deixaram escapar algum vestígio nos filhos. Isso foi muito bom, porque são crianças muito bem cuidadas, muito amadas e lindas.

A separação saiu em três meses. Edu ainda tentou se reconciliar, pois amava Cíntia de verdade, mas por fim percebeu que não valeria a pena ficar dando murro em ponta de faca. Foi cuidar de sua vida.

Cíntia, depois da separação, foi atrás de Marcelo, que infelizmente, já estava namorando uma outra mulher. Mas ela, decidida, nem queria saber de nada. Mesmo vendo-o junto com a moça, chegou a ele e disse que precisava conversar com ele. Marcelo marcou no outro dia e ela concordou.

Que outro dia que nada! No mesmo dia, após deixar a namorada, foi à minha casa e implorou para falar com Cíntia. Ela estava na sala e ouviu a voz dele. Correu para o portão e sem dizer nada, se atirou em seu pescoço e nunca mais saiu dali.

Eu nunca havia visto um amor tão intenso, tão verdadeiro e tão resistente assim. Minha amiga querida, sofrendo esse tempo todo, Marcelo de um lado, cuidando da família, e um dia, finalmente se encontram e explodem de emoção, de paixão, de ternura, de carinho, de amor...

Hoje em dia, os dois continuam radiantes, sempre um cuidando do outro, protegendo, e até descobrindo suas vontades para satisfazê-las. Nunca vi nenhuma briga, nenhuma discussão, nenhum motivo para ciúmes ou desconfianças.

Eu posso dizer, sem dúvidas: o amor existe e é lindo! E acompanha o tempo; fica adormecido, mas continua lá, intocável, inabalável, eterno...

Cíntia, minha amiga com gosto duvidoso, me ensinou o que é ter esperança, me ensinou que vale a pena lutar por um sentimento nobre, puro, verdadeiro, imortal...

Fim

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Voltas - Parte IV

Continuação...

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O tempo passou, 1999 e nós todos reunidos em minha casa, agora casada e com uma filha linda, com um marido espetacular, que me fez desistir de estudar e seguir carreira. Estava muito feliz sendo dona de casa, mãe e esposa. Bem, a turminha continuou e agora nos reuníamos cada vez na casa de um. Cíntia continuava casada,  tinha um casal de filhos, mas não era feliz. Seu gosto duvidoso e o bom humor ainda continuavam o mesmo. Vocês acreditam que ela ainda usa aquelas roupas de quando era solteira e que íamos nos bailes, naquele salão no centro da cidade? Ninguém conseguia fazer com que ela se desfizesse daquelas roupas, inclusive aquela calça cor de abóbora que dava para enxergá-la da lua. Mas seu marido era completamente louco por aquela maluca e fazia de tudo e até adivinhava seus pensamentos para satisfazer seus desejos.

Então, na noite do dia 31 de dezembro de 1999 todos nós reunidos em minha casa, com medo de uma explosão do mundo e daquele bug do milênio, no primeiro minuto de 2000. Ficamos numa expectativa alucinante, comendo besteiras, bebendo cerveja e rindo muito, relembrando aqueles tempos de adolescência, onde era tudo mágico, tudo infinito, tudo imenso e todos nós imortais.

Meia noite se aproximou, todo mundo se calou e... nada! O mundo não acabou!

- Não é possível! - berrou Cíntia - Como assim o mundo não vai acabar? Tá escrito, não tá?

- Aonde tá escrito, Cin ? Não tá escrito isso, que vai acabar ao primeiro segundo de 2000. Pode ser que acabe no último minuto de 2999. Quem sabe? - retrucou um de nossos amigos, caindo na gargalhada.

Continuamos nossa festa e a campainha toca. Fui ver e dei de cara com Marcelo.

- Oi, Bete... Eu sei que tá tarde, mas vi as luzes acesas e barulho de gente aí... Posso entrar? Estava caminhando por aí e queria falar com você um pouco. - ele não sabia que todos estavam em minha casa e eu não tive coragem de dizer que aquela hora não era uma boa hora, apenas lhe disse que estava com visitas, inclusive Cíntia estava com o marido e os filhos. Ele respirou fundo e pediu, por favor, para entrar e vê-la nem que fosse de longe.

Deixei-o entrar: - Gente, olha quem apareceu aqui! Benhê, você se lembra do Marcelo? - perguntei ao meu marido.

- Salve, companheiro, se achegue mais, que aqui tem cerveja para comemorarmos o não fim do mundo! - respondeu meu marido para Marcelo.

Eu olhava para Cíntia e tentava lhe dizer coisas com os olhos, mas ela, muito avoada, não entendia nada... Até que bateu os olhos em Marcelo. Pronto! O mundo realmente acabou ali. Ficaram brancos, vermelhos, azuis, verdes e de boca aberta, um olhando para a cara do outro.

- Oi, Marcelo, há quanto tempo! Como vão as coisas? - Cíntia conseguiu dizer, mas abaixando os olhos e não conseguindo encarar o grande amor de sua vida. Sim, o amor ainda estava ali, e acho que era o dia dele voltar à tona, de aparecer e transbordar aqueles corações que sangraram esse tempo todo.

Nem Cíntia nem Marcelo conseguiam disfarçar os olhares, mesmo de longe, e todos começaram a perceber até que o marido de Cíntia a arrastou para fora e lhe deu uma bronca:

- O que é isso, heim? Vai me humilhar na frente de todo mundo? Não acredito que esse cara tá aqui! Quem convidou ele? A Bete? Vamos embora agora ou então a coisa vai ficar muito feia pro seu lado! - despejou tudo isso na esposa, segurando e sacudindo seu braço.

Cíntia não falou nada, começou a chorar e achou melhor ir embora para longe daquela situação. Não conversou mais com o esposo, mas também não tirou Marcelo da cabeça. A depressão que ela tinha começou a voltar e agora ela só ficava pelos cantos, quieta, e às vezes chorando... Outras vezes ela saía sem rumo e ninguém sabia de seu paradeiro, e voltava só à tarde, na hora de buscar os filhos na escola. Minha amiga novamente murchou.

Continua...

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Voltas - Parte III

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Cíntia, aquela amiga bem humorada, piadista, desencanada com tudo, sumiu um pouco e perdeu a graça de achar graça de tudo. Caiu numa tristeza sem fim e nem nos bailes ela tinha mais vontade de ir. Evitava até sair de casa e quando saía, passava por um caminho que tinha certeza de que não veria Marcelo e sua esposa grávida. E quando via, chorava...

Imagino a dor de ver um grande amor nos braços de outra. Pior ainda, eu sabia que ele ainda amava Cíntia, mas respeitava a esposa e ficava quieto no seu lugar. Nunca disse isso para minha amiga, para não piorar a situação, mas via e convivia com os dois sofrendo, cada um num canto, pela falta um do outro. Que destino é esse, meu Deus? Era o que eu mais perguntava nas minhas orações.

O tempo foi passando e a criança nasceu. Menino. João Gabriel. Cíntia continuava muito abatida, mas ficou contente pelo filho de Marcelo e ficou mais contente ainda quando soube que eles se mudariam daquela casa para um bairro do outro lado da cidade. Até se animou a voltar a frequentar os bailes. E assim fez!

Combinamos com a turma, eu a esperei em casa, no portão, e não acreditei quando a vi aparecer lá na esquina... que roupa seria aquela e que cabelo seria aquele, Jesus?

- Jesus misericórdia, Cín, onde você vai? Num baile de carnaval? Onde você arrumou essa roupa que tem todas as cores possíveis e essa calça cor de abóbora? E esse sapato azul turqueza? Eu não acredito! Não vou andar com você assim não! Não vou mesmo! - falei brava com ela, para ver se ela se tocava que estava parecendo um ser de um outro planeta. Onde já se viu, uma blusa uns quatro números maiores que ela, comprida e toda colorida com flores horríveis. Acho que da lua dava enxergar aquela extravagância.

- Ai, Bete, que implicância comigo... Eu vi essa blusa no guarda-roupa de minha tia, de quando ela tinha quinze anos e peguei! Eu gostei, tá? Dá licença? - respondeu, mas dando aquela risadinha de bom humor. - Bete, aquele menino do banco vai estar lá hoje... ele disse que vai falar comigo... - completou, com pouca animação.

Disse à ela que ótimo, que bom que ela está superando o que passou e fomos ao salão.

Chegamos e todos da turma vieram nos cumprimentar e dar um abraço em Cíntia, que ficou muito feliz em vê-los e já fomos todos para o centro do salão dançar John Travolta, com aqueles passinhos que todos sabíamos de cor. Nos divertimos muito, exageramos no Hi Fi e não demos conta de voltar para casa com aquele salto imenso que usávamos. Tiramos os sapatos e voltamos descalças, rindo muito alto no meio da rua. E aquele moço do banco também estava nos acompanhando e de olho em Cíntia, que nem dava confiança ao menino. Mas de tanto insistir, ele conseguiu com que ela permitisse acompanhá-la até em casa.

No outro dia... - Bete do céu! Nem te conto! O menino é muito fogoso... Teve uma hora que eu pensei que ele fosse me engolir de tanto de beijar... O que que é aquilo, heim, Bete?

- Eu sei lá o que é aquilo? Você é que deve saber o que é aquilo, não eu!

- Sua besta, eu não estou te perguntando, estou te contando... - e caiu na gargalhada.

Que bom, minha amiga de volta!

- Não sei como você conseguiu arrastar o Edu vestindo aquela coisa ridícula da sua tia...

Não demorou e já estavam namorando. O tempo passou e depois de um ano, ficaram noivos e já marcaram casamento.

Ela se divertia muito com ele, dava boas risadas, mas não o amava. Nunca mais teve notícias de Marcelo. Mas sempre tocava em seu nome, perguntando se eu sabia dele ou se o tinha visto por aí. Mas mesmo tendo contato com ele, preferia não dizer nada. Naquela época, era difícil ficar dando recados de um homem casado para uma moça de família, solteira. Isso não era certo e eu sabia meu lugar nessa história. Nem ele, nem ela, tinham superado o amor que sentiam. O amor permanecia ali, como se estivesse adormecido e ambos sabiam no íntimo, que mais cedo ou mais tarde, esse amor viveria tudo o que tinha para viver.

Chegou o grande dia do casamento de minha amiga, que por incrível que pareça, ficou linda vestida de noiva,  muito bem maquiada, com sapatos lindos e um buquê de dar inveja a muitas noivas. Parecia um bolo coberto com chantilly, mas estava linda! Fui madrinha, junto com meu namorado, o Fábio, que há três meses que estávamos juntos e muito bem. Cíntia só não estava radiante; eu sabia que no fundo ela esperava que Marcelo entrasse por aquela porta, a pegasse no colo, a tirasse daquele lugar e a salvasse daquela situação.

Realmente ele apareceu na igreja, mas não deixou que ela o visse. Ele chorava num canto, nos fundos, e foi embora antes do final da cerimônia. Pronto, acabou, cada um com sua família e acabou a vida para os dois. Era essa a impressão que eu tinha quando via os dois.

Continua...

terça-feira, 3 de abril de 2012

Voltas - Parte II

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Passaram os dias e o namoro de Cíntia e Marcelo engatou de vez, o que me deixou muito feliz. Perdi minha companheira de bailes, mas ganhei mais um amigo, e agora saíamos em grupinhos. O casal sempre ficava nos cantos, namorando, e nós todos dançando, no centro do salão. Eles realmente estavam muito apaixonados; um grude só, mas mesmo assim continuavam a sair com a turminha.

Dias depois, chega Cíntia em minha casa, aos prantos, desesperada, desnorteada, querendo morrer, sumir, desaparecer. Disse que terminou o namoro porque Marcelo engravidou a ex-namorada - antes de começarem a namorar - e agora teria que se casar com ela.

Naquela época ainda era assim: engravidou tinha que casar.

Abracei minha amiga e ficamos um bom tempo ali, ela chorando e lamentando. Podia imaginar a dor que ela sentia, pelo sofrimento demonstrado, pelos soluços e pela carência de afeto. Minha amiga sofrendo sua primeira dor de amor e eu não sabendo o que fazer. Não tinha o que fazer, apenas aceitar a situação e seguir em frente.

Pedi permissão para meus pais e fui passar a noite com Cíntia em sua casa. Não dormimos a noite toda e no outro dia fomos à escola, mas não entramos para assistir as aulas. Fomos dar umas voltas no centro da cidade. Fazíamos isso às vezes, mas sempre ríamos muito de um homem que sempre ficava por ali, atirando pedras nos moleques que mexiam com ele: Geraldo Pelotão, uma figura lendária da cidade. Diziam que ele não conseguia dormir se nenhum moleque não mexesse com ele, e xingava a molecada, tacava pedras, mas nunca acertou nenhuma, porque moleque corre e Geraldo era um senhor com seus setenta anos, chapéu e cigarro de palha e muito querido por todos.

- Vorta aqui, seus muleque! Vorta aqui que eu vou batê nocêis tudo! Vorta! Seus iscumungado! - gritava ele com todos aqueles moleques que ficavam correndo, de longe, rodeando ele e gritando seu nome.

- Ô, Pelotão! Vem pegá nóis! Aqui ó! - e saíam correndo e rindo.

Cíntia não se conformava com meninos provocando Geraldo Pelotão:

- Por que ninguém ajuda o Geraldo, meu Deus? Coitado do homem, fica tentando correr pra pegar esses moleques que não têm mais o que fazer... - e dava uns gritos com os meninos, quando estes passavam por nós - Ô menino, larga o Geraldo em paz! Vai correr pra lá! Que coisa!

- Mas deixa ele em paz, Cín... Não tá vendo que ele se diverte com esses moleques? Olha lá a cara dele de satisfação! - respondia, defendendo a brincadeira deles.

Isto fez com que nos divertíssemos um pouco, apesar de ficarmos meio receosas de alguma pedra acertar na nossa cabeça. O dia estava lindo, sol brilhante e a fonte no centro da praça estava ligada, e à medida que o sol batia, formava um pequeno arco-íris de encher os olhos de quem passava por lá.

Dois meses depois, chegou o dia do casamento de Marcelo. Dei um jeito de levar Cíntia para bem longe, numa cidade vizinha, na casa de uma tia. Ficamos lá o sábado e o domingo.

Cidade pequena, gente simples, uma única praça no centro da cidade, com uma igreja, vários bancos, e um coreto onde alguns músicos ainda tocavam. Nos divertimos muito nesses dois dias. O calor era infernal, a terra vermelha deixava nossos pés encardidos, mas a comida de minha tia feita no fogão à lenha, valia por qualquer tristeza.

Cíntia já tinha até se conformado em perder aquele que ela imaginava ser sua alma gêmea.

- Eu não acredito em alma gêmea, Cín, acho que cada coisa acontece num determinado momento da vida. - tentava consolar Cíntia.

- Mas eu amo ele demais... Como é que eu vou suportar viver sem ele? - respondia toda chorosa, decepcionada e ainda com um restinho de esperança de tudo isso ser um sonho.

- E se a gente matar a mulher dele? O que você acha? A gente mata e joga o corpo num rio qualquer. Ninguém nunca vai saber. Aí você se aproxima de Marcelo de novo e se casa com ele. - comecei a falar e Cíntia me arregalou os olhos.

- Tá doida, Bete? Bate na boca três vezes! Eu, heim... - respondeu toda preocupada.

Não aguentei e comecei a rir. Pelo menos ela parou com aquelas lamúrias todas. Consegui arrancar um sorriso daquele rosto lindo, comum, mas lindo.

Voltamos para nossa cidade e a vida seguiu, um pouco triste para Cíntia, mas com a nossa turma dos bailes sempre  unida.

A pior situação não poderia acontecer, mas aconteceu: Marcelo se mudou com sua esposa para a rua de baixo da casa de Cíntia. Isso foi torturante demais.

Continua...

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Voltas - Parte I

Década de 80, 1985, discotecas fervendo, roupas coloridas, ombreiras, meias lurex e John Travolta. A adolescência nesta época ainda não era tão liberal como de hoje. Ainda tínhamos hora para voltar para casa, tínhamos que pedir permissão para os pais para poder namorar, tínhamos que pedir para sair e avisar o lugar e com quem iríamos. Bem, outros tempos.

E tinha a Cíntia, uma grande amiga de escola. Os pais dela, Antônio e Maria de Lourdes, um pouco mais rígidos  que os meus, ficavam de olho, cuidando, dando bronca, vigiando cada passo da filha. Já eu, sempre fui mais ousada, apesar de ter muito juízo, eu só avisava onde ia, com quem ia e a que horas voltaria; não esperava meus pais pensarem e quem sabe, negarem meu passeio. Me arrumava e ia.

Éramos inseparáveis, um grude só, o que causava até uma certa inveja nas outras meninas da escola. Mas tínhamos confidências secretas e uma entendia a outra apenas com o olhar.

Cíntia era uma menina estabanada, bem humorada, um pouco sem noção do ridículo, mas era minha amiga e eu a defendia sempre, de alguma piadinha maldosa, caso alguém  fizesse.

Não era bonita, era simpática, e isso a matava, porque por mais que se arrumasse, ninguém a elogiava como linda. Apenas diziam:

- Nossa, como você está bem, mocinha!

Está certo que o gosto para se vestir era um tanto duvidoso, o que não agradava aos olhos dos outros. Eu até a incentivava, indo junto comprar roupas, mas não tinha jeito. Quem não tem gosto, não tem jeito; ou a roupa não cominava, ou o sapato não combinava.

Certa vez, combinamos de sair à noite, para uma brincadeira dançante num salão no centro da cidade. E Cíntia me aparece com um sapato imenso, amarelo, mal se parando em pé:

- O que é isso, Cín? Onde arrumou esse trambolho? Que horrível! - comentei, com ar de espanto e chamando a atenção pelo mau gosto.

- Não fala assim, Bete, é a última moda em Paris, eu vi numa loja, e ainda estava em liquidação. Gostei e comprei. - respondeu, dando de ombros e nem se importando se alguém ia reparar ou não.

- Você nem está sabendo andar com isso... Como é que vamos subir esse morro todo com você com esse sapato sem noção? É claro que estava em liquidação; quem compraria isso a não ser você?

- Qualquer coisa eu tiro e depois coloco de novo. Trouxe até uma toalhinha para limpar os pés. - respondeu, dando uma risadinha, como sempre, fazendo piada de tudo.

E lá fomos nós, depois de pedir para os pais, pedir a benção e ouvir um sermão para tomarmos cuidado com a rua. Naquela época não era tão perigoso como é hoje, e podíamos sim, caminhar pelas ruas à noite, sem sermos incomodadas.

Chegamos quando tocava a seleção de "lentas". Quer dizer: ficávamos encostadas na parede esperando os moços nos enxergar e nos tirar para dançar. Eu sempre ia antes, e Cíntia ficava lá, à espera, até que por falta de opção, e quase no final da seleção, alguma boa alma a tirava. Mas pelo caminho, até o centro do salão, muita coisa acontecia: ou ela esbarrava em alguém e quase caía, ou derrubava um copo, ou tropeçava e caía em cima de alguém... nunca era um percurso normal; sempre acontecia alguma coisa, e claro, muitas risadas contidas de todos. E pelo bom humor, Cíntia nem se importava. Já tinha se acostumado com seu jeito e aceitado tudo, mesmo as risadas e gozações. Eu é que me preocupava com ela, achando que talvez ficasse magoada.

O salão era amplo, com ventiladores em todas as paredes e um globo de vidro girando no centro. Amávamos tudo aquilo. Cíntia dançou a última música da seleção "lentas" e permaneceu no centro do salão conversando com o rapaz, que era bem apessoado e parecia que tinha um bom papo. Logo arrumaram uma mesa e foram conversar num canto. Pediram Hi Fi e eu só de olho nos dois, do outro lado do salão, até que o moço, um pouco ousado, tascou um beijaço em Cíntia. Eu vibrei e comecei a bater palmas, escondidinha. Amava muito minha amiga e queria que ela encontrasse alguém sim, que se apaixonasse e fosse feliz. Eu não me importava muito com essa situação de namoro. Queria mesmo era estudar e me formar. Então preferia só "sair" com algum menino, mas sem compromisso.

No final do baile, Marcelo fez questão de nos levar para casa. É claro que voltei calada, só ouvindo o papo animado dos dois.

Chegamos à minha casa e eles seguiram o caminho...

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Continua...