quarta-feira, 14 de novembro de 2012

QUEM TEVE ESSA IDEIA?

Eliana Teixeira, com mais um de seus contos maravilhosos!



       Papai tivera um carro como coproprietário com tio Amynthas, quando impressionara mamãe como o mais elegante rapaz da cidade. Mas nunca soube dirigir. Dirigia tratores, cavalgava como Jerônimo, mas era apenas um garboso passageiro daquele primeiro automóvel da cidade que fizera suspirar tantas moças casadoiras.


       Um belo dia, papai disse a mamãe: - Maria, estamos mais folgados de dinheiro. Acho que podemos nos permitir alguns luxos...


       Mamãe pôs-se a sonhar. Imaginou a cozinha enegrecida pelo fogão de lenha ostentando um fogão a gás novo, com um bom forno para assar seus bolos; uma geladeira nova que coubesse belas fôrmas de gelatina para encantar os filhos; colchões novos para as crianças, roupas, ah, teriam que ganhar na loteria para colocar em ordem todas as necessidades da casa e das crianças...


       De repente, mamãe pôs-se a pensar de onde surgira tão generosa lembrança de papai. Sempre tão desleixado, papai não era de se impor
tar com nossas precisões. Para ele estava sempre tudo tão bom! Mas papai já tinha saído enquanto mamãe sonhava. Mamãe fez um muxoxo e voltou ao trabalho. Descascava legumes para o almoço. Na copa, eu cortava papel Kraft para encapar cadernos, minha especialidade. Essa tarefa era sempre minha e a executava à perfeição. Todo início de ano letivo pilhas de cadernos e livros de todos os irmãos passavam por minhas mãos para as capas bem cuidadas, milimetricamente medidas e cortadas. Ainda cuidava de etiquetar, escrevendo nome, matéria, série, tudo o que importava saber para identificar o dono do caderno. Adorava meu ofício, mas estava atenta na conversa de papai e mamãe.


       Papai voltou mais tarde e encontrou mamãe com o almoço pronto e com a pulga atrás da orelha. - Netto - perguntou ela - quando disse que estava folgado e que podíamos comprar alguns luxos, você pensou em alguma coisa? - Era a deixa que papai esperava. - Pois é, Maria - disse ele - Pensei que já está na hora de comprarmos um carro - sem se lembrar do fato de que nunca aprendera a dirigir. Mamãe matou a charada na hora: - Ah, Netto, garanto que isso é ideia de Eliana! Pois se eu já custo a segurá-la a pé, como é que vai ser se essa menina estiver motorizada? Deus me livre! Pode esquecer! - E papai sorriu, fez aquela carinha de biscoito e nunca mais tocou no assunto...
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5 comentários:

  1. Lindo conto.Gostei muito de ler! beijos,tudo de bom às duas!chica

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  2. Olá, Clara.
    Belo conto; as pessoas consideradas sonsas ás vezes podem surpreender e nos ensinar uma lição.
    Abraço.

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  3. Oi Clara!
    Oi Eliana!
    Muito legais estes causos.rssss
    Boas recordações, imagino a cena.rssss
    Beijinhos!

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