segunda-feira, 5 de novembro de 2012

E agora, meu velho? - Parte I



      Casados há cinquenta e três anos, Leonardo e Leonora, que eram os opostos em gênios e manias, viviam tranquilamente, com seus três filhos: Augusto, o mais velho, Vicente e Antônio, o caçula.

      Leonora, uma mãe carinhosa e muito sábia, se via com seus quatro homens e pensava que não seria como as outras mães que existem por aí. Não seria por seus filhos serem homens que teriam que viver às custas de mulheres para sobreviver onde quer que fosse. Desde pequenos, achando ruim ou não, os meninos aprendiam de tudo sobre trabalho doméstico, desde limpar casa, lavar louça, até pregar um botão ou fazer uma bainha de uma calça. E tinham que fazer tudo perfeitamente, sendo vigiados pelos olhos críticos da mãe, que era carinhosa sim, mas bastante enérgica com todo este aprendizado. Se não faziam direito, não podiam sair para brincar com os outros meninos da rua.

      Cresceram homens de bom caráter, assim como era toda a família; as brigas existiam entre irmãos, mas nada que não fizessem as pazes depois. A carga de dar o exemplo ficou por conta do mais velho, que era o mais exigido, o mais solicitado e o mais vigiado dos três. Com o do meio, nem era tanto assim. Mas com o mais novo, talvez por cansaço dos pais, já que o mais velho daria o exemplo sempre, tinha passe livre na vida. Então por esse motivo, as desavenças eram enormes entre eles. Leonardo, por sua vez, aconselhava como podia, como achava que era o correto e ponto final. Não se discutia uma decisão de pai.

      Apesar de toda rigidez numa educação corretíssima, os meninos sempre davam um jeito de aprontar, como era comum, mesmo quando já eram jovens: ora passavam o fim de semana sem darem notícias, ora chegavam bem tarde sem avisarem e ora faziam intrigas para culparem o outro. Bem, isso era por conta do mais novo, que não via limites em seus atos, então se achava livre para fazer o que bem entendia. Digamos que era o rebelde da família. Mas como colocaram o exemplo no mais velho que carregava nas costas todas as responsabilidades de mostrar aos irmãos mais novos como fazer tudo corretamente, todos tinham a esperança de que um dia Antônio aprendesse, com essa experiência, a viver corretamente, como vivia toda a família.

      Leonora fazia sua parte, com toda doçura de uma mãe cuidadora e rigidez de dar autonomia aos filhos, para que sempre saibam o que fazer quando estiverem ganhando o mundo, longe dela. Leonardo, um homem bem rígido, bravo, durão, forte, corretíssimo, que transmitiu aos filhos o que aprendeu, e como todo pai, achou que era assim mesmo. E fez o que pode para criá-los com uma educação baseada nos princípios da verdade, do bom caráter e bons modos, sempre, independente de onde estivessem. Era um pai que educava com o olhar matador, que não precisava de palavras para negar o que os filhos queriam, e estes, por sua vez, o respeitavam, mais pelo medo, mas mesmo assim era o herói como muitos pais são.

      O filho mais velho, Augusto, se casou e teve a oportunidade de trabalhar fora do Brasil, nos Estados Unidos. Não pensou duas vezes, fez as malas e se preparou para partir...

Continua...

11 comentários:

  1. Como o casal, só tive homens... E acho que nem saberia criar mulher rsrsrsrs.

    Vou aguardar a continuação...

    Clara, tenha uma semana luz!

    Bjãoooooooo

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  2. Muito legal e vamos acompanhar...Será boa! beijos,chica

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  3. Oi Clara
    Muito bom o conto! Nos prende do começo ao fim, pena que não teve fim kkkkkk. Agora é só esperar pelas cenas do próximo capítulo.
    Bjos. Fique com Deus.

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  4. Pronto, outro conto da Clara que vou ficar ansiosa esperando o final! Pois até agora adorei!
    beijos
    Adriana

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  5. OI Clara!
    Existe sempre uma ovelha negra.rsss
    Evamos esperar para ver no que vai dar.rsss
    Beijinhos e uma linda semana!

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  6. Olá, Clara.
    Muito bem estruturado seu conto, fico no aguardo da sequência.
    São tantas as histórias que ocorrem em cada família que muitas delas acabam despercebidas, embora não menos interessantes.
    Abraço.

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  7. Quero ver no que dá essa história... sigo já para a segunda parte.
    Beijo
    Ruthia d'O Berço do Mundo

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  8. Uma replica de varias familias que conheço Clara.
    Vamos seguir no desvendar das emoções.
    Um terno abraço.

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  9. Querida Clara,essa semana me atrasei nas visitas mas adorei esse conto que iniciou,sempre muito bem escrito e voltarei nesse final de semana pra ler as outras partes com calma!Amanhã seu texto sai no Recanto!bjs e meu carinho,

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  10. Hoje cheguei pra ler, vi as chamadas mas gosto de ler tudo de uma vez. No final comento mais. Já sei que vou gostar da história.
    Beijo!

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  11. Hoje cheguei pra ler, vi as chamadas mas gosto de ler tudo de uma vez. No final comento mais. Já sei que vou gostar da história.
    Beijo!

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