sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Inocente


Este conto foi postado em 23 de agosto de 2011

      Paula era uma mulher dinâmica, bonita, bem arrumada, bem sucedida profissionalmente, ou seja, independente nos seus 36 anos.

      E hoje, não podia se atrasar para mais uma reunião com diretores de uma filial da capital paulista.

      Se aprontou, pegou todo o material necessário, beijou o marido ardentemente dizendo amá-lo e se foi.

      No trajeto para a reunião muitas coisas lhe passavam pela cabeça e a mais frequente era o quanto amava o marido Maciel.

      Maciel, 46 anos, lindo, bem humorado, bem resolvido, um gentleman, excelente marido e excelente pai. Era o retrato da família perfeita e que causava inveja principalmente nos familiares que se diziam insatisfeitos com a vida.

      Paula se lembrou de seu casamento e do quanto foi tudo perfeito, todos os amigos, família... A lua de mel dos sonhos... A casa própria... Enfim, tudo perfeito. E era impossível não se lembrar sem estampar um sorriso no rosto.

      Ao longe avistou o local de sua reunião: Motel Paradiso.

      Entrou, perguntou pelo mesmo quarto, vaga para 2 carros, uma já preenchida, um luxo só. Abriu a porta e pelo caminho até a cama, pétalas de rosas vermelhas, um balde de gelo com um champagne e uma cumbuquinha com morangos bem vermelhos e grandes. E deitado na cama, com um sorriso mostrando os dentes perfeitos e uma rosa na mão estava Adriano.

      Ah, o Adriano... A perdição em pessoa... Daqueles homens que a gente sente, quando se aproxima, pelo cheiro, pelo toque inesquecível em nossa nuca... Se aproximou, se jogou na cama e  deu-lhe um longo beijo apaixonado, quente, de tirar o fôlego. Adriano é o tipo de homem que sabe onde tocar a mulher, na hora certa, sussurrar nos ouvidos, amar enlouquecidamente até desfalecer.

      Paula e Adriano eram unha e carne no sexo. Não precisavam falar nada; um sabia exatamente o que o outro queria. Não podiam e nem conseguiam ficar longe por muito tempo. Batia a vontade, a saudade, a paixão, o desejo e se não extravasassem, morreriam.

      Ficariam horas, dias, meses enfiados numa cama de motel, mas cada um tinha a sua vida. Paula com o marido amado Maciel, e Adriano com sua boa mulher, dedicada, um exemplo: a Rafaela.

      Se sentiam culpados? Não, já tinham se conformado com a situação. Nunca sequer cogitaram a possibilidade de serem marido e mulher. O que os unia era a carne, o pecado, o sexo... Casamento é família, é união, é amizade, é amor, é respeito. E não arriscariam suas vidas felizes e confortáveis por uma paixão louca.

      Passado o tempo, 4 horas, tomaram banho, vestiram-se e foram cada um para sua família. O próximo encontro? Quando der vontade...

      Paula, chegando em casa, esperou por Maciel para o almoço que logo chegou com buquê de margaridas, sua flor preferida. Beijou-lhe ardentemente, disse que o amava e que não conseguiria viver sem ele. E ele num gesto fraterno, disse que cuidaria dela até o fim de seus tempos.

      Almoçaram, voltaram ao trabalho, agora no escritório, e são felizes cada um de seu jeito...


Assisti ao filme "Divã" de Martha Medeiros...  daí brotou este conto.
Eu não concordo com esse "respeito" de Paula e Adriano. Se a pessoa tem necessidade de uma terceira numa relação, é porque nem tudo está perfeito. Melhor pensar no caso e ser sincero consigo e principalmente com o outro.


11 comentários:

  1. Lindo conto e tantas vezes real...beijos,chica

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  2. Nunca assisti o filme, mas tenho o livro e sou super fã da Martha, acho que ela consegue traduzir muito de relacionamentos. Bjs Clarinha, ótimo conto!

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    1. O filme é ótimo, e Lilia Cabral dá um show como sempre.

      Ótimo fim de semana!
      Beijos

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  3. Isso é pra mim??

    Responda com sinceridade? Pois da primeira vez que li, me identifquei muito!! Com o Adriano, claro.

    Mas estou começando a achar que sou o Maciel.

    ahahahahahahahhahahahahahahhahahahahahahha...

    Beijuxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx...

    KK

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    1. Coisas da vida, KK....

      Um dia Adriano, outro dia, Maciel.... fazer o quê, né?

      kkkkkkkkkkkkkk

      Beijos

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  4. Olá querida Clara, como vai ?

    Seu conto ficou maravilhoso, muito bem escrito e acredito que seja o retrato de muitas relações por aí ! Não assisti ao filme, mas sua postagem descreveu com beleza a situação. Concordo contigo que quando existe a necessidade de uma terceira pessoa, a relação não está mesmo muito bem... Eu já me senti atraída por outra pessoa, justamente quando meu casamento estava em crise, mas quando ficamos bem novamente, não tive mais esta necessidade. Acho que na época era algo ligado a minha auto estima, etc, felizmente não segui em frente, pois acredito que depois de uma traição, fica difícil, eu não conseguiria mais ser a mesma com meu marido.
    Não condeno quem vive desta forma, cada um sabe de si, só acho injusto com o outro que nãos abe de nada... Conheço um casal que tem a relação aberta, os dois sabem de tudo, aí já acho mais justo, assim as pessoas tem liberdade de escolha e não são enganados :)
    Muito bom mesmo, adorei !

    Grande beijoooo e bom fim de semana :D

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  5. Clara, muito bem escrito o seu conto.
    Eu também penso como você: não tem necessidade de uma terceira pessoa. algo não deve estar bem. Uma mentira é sempre uma mentira. Até quando os personagens do conto, levarão adiante esse desejo desenfreado? Haverá sempre o dia da descoberta!
    Existem muitas pessoas vivendo uma paixão assim na vida real e cada um sabe da sua vida e de seus desejos. Como viver assim?

    beijos e boa fim de semana
    Zizi

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  6. Clara,tb não concordo com a infidelidade.Ainda mais hoje em dia,quando as relações são tão abertas e as mulheres bem mais independentes.Se acabou o casamento,melhor terminar antes de partir pra outro.Adorei seu conto e hoje vc está no Recanto tb!bjs,

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  7. Nem sei que dizer da hipocrisia deste mundo.
    À segundas e sextas com o marido e os outros dias com o amante e nunca está satisfeita porque vivem de ilusão.
    Mas há disto na vida real e dizem que são felizes. Que agora está a moda.

    Prefiro morrer sem as modas mas sabendo que nos amamos sem nenhum outro a meter-se pelo meio e a fazer-se de valentão.

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  8. Gostei da consrução Clara,ficou muito bom.E na vida real estas coisas acontecem.
    Não há amor né?
    Um abraço e parabens.

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