quinta-feira, 5 de abril de 2012

Voltas - Parte IV

Continuação...

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O tempo passou, 1999 e nós todos reunidos em minha casa, agora casada e com uma filha linda, com um marido espetacular, que me fez desistir de estudar e seguir carreira. Estava muito feliz sendo dona de casa, mãe e esposa. Bem, a turminha continuou e agora nos reuníamos cada vez na casa de um. Cíntia continuava casada,  tinha um casal de filhos, mas não era feliz. Seu gosto duvidoso e o bom humor ainda continuavam o mesmo. Vocês acreditam que ela ainda usa aquelas roupas de quando era solteira e que íamos nos bailes, naquele salão no centro da cidade? Ninguém conseguia fazer com que ela se desfizesse daquelas roupas, inclusive aquela calça cor de abóbora que dava para enxergá-la da lua. Mas seu marido era completamente louco por aquela maluca e fazia de tudo e até adivinhava seus pensamentos para satisfazer seus desejos.

Então, na noite do dia 31 de dezembro de 1999 todos nós reunidos em minha casa, com medo de uma explosão do mundo e daquele bug do milênio, no primeiro minuto de 2000. Ficamos numa expectativa alucinante, comendo besteiras, bebendo cerveja e rindo muito, relembrando aqueles tempos de adolescência, onde era tudo mágico, tudo infinito, tudo imenso e todos nós imortais.

Meia noite se aproximou, todo mundo se calou e... nada! O mundo não acabou!

- Não é possível! - berrou Cíntia - Como assim o mundo não vai acabar? Tá escrito, não tá?

- Aonde tá escrito, Cin ? Não tá escrito isso, que vai acabar ao primeiro segundo de 2000. Pode ser que acabe no último minuto de 2999. Quem sabe? - retrucou um de nossos amigos, caindo na gargalhada.

Continuamos nossa festa e a campainha toca. Fui ver e dei de cara com Marcelo.

- Oi, Bete... Eu sei que tá tarde, mas vi as luzes acesas e barulho de gente aí... Posso entrar? Estava caminhando por aí e queria falar com você um pouco. - ele não sabia que todos estavam em minha casa e eu não tive coragem de dizer que aquela hora não era uma boa hora, apenas lhe disse que estava com visitas, inclusive Cíntia estava com o marido e os filhos. Ele respirou fundo e pediu, por favor, para entrar e vê-la nem que fosse de longe.

Deixei-o entrar: - Gente, olha quem apareceu aqui! Benhê, você se lembra do Marcelo? - perguntei ao meu marido.

- Salve, companheiro, se achegue mais, que aqui tem cerveja para comemorarmos o não fim do mundo! - respondeu meu marido para Marcelo.

Eu olhava para Cíntia e tentava lhe dizer coisas com os olhos, mas ela, muito avoada, não entendia nada... Até que bateu os olhos em Marcelo. Pronto! O mundo realmente acabou ali. Ficaram brancos, vermelhos, azuis, verdes e de boca aberta, um olhando para a cara do outro.

- Oi, Marcelo, há quanto tempo! Como vão as coisas? - Cíntia conseguiu dizer, mas abaixando os olhos e não conseguindo encarar o grande amor de sua vida. Sim, o amor ainda estava ali, e acho que era o dia dele voltar à tona, de aparecer e transbordar aqueles corações que sangraram esse tempo todo.

Nem Cíntia nem Marcelo conseguiam disfarçar os olhares, mesmo de longe, e todos começaram a perceber até que o marido de Cíntia a arrastou para fora e lhe deu uma bronca:

- O que é isso, heim? Vai me humilhar na frente de todo mundo? Não acredito que esse cara tá aqui! Quem convidou ele? A Bete? Vamos embora agora ou então a coisa vai ficar muito feia pro seu lado! - despejou tudo isso na esposa, segurando e sacudindo seu braço.

Cíntia não falou nada, começou a chorar e achou melhor ir embora para longe daquela situação. Não conversou mais com o esposo, mas também não tirou Marcelo da cabeça. A depressão que ela tinha começou a voltar e agora ela só ficava pelos cantos, quieta, e às vezes chorando... Outras vezes ela saía sem rumo e ninguém sabia de seu paradeiro, e voltava só à tarde, na hora de buscar os filhos na escola. Minha amiga novamente murchou.

Continua...

9 comentários:

  1. Bom dia!!! Ai que dó dela coitada!!! Mas o Marcelo tbm tava procurando né não!!!
    Já que não deu certo deixa ela em paz,viver a vida dela.
    Com isso ela vai sofrendo, porque poderia ter vivido uma outra vida com ele, com seu amor!!!!è sofrimento demais !!
    Bjs

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  2. Afff...quanto sofrimento dessa Cinthia! Ninguém merece isso. Fico só lembrando da história de alguém (euzinha) que vivi uma coisa assim também. Mas não sei se ainda me abalaria tanto. Se bem que nos vimos há uns dias atrás e foi bem desconcertante. É ruim mesmo...
    Beijos
    adriana

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  3. Oi Clara!
    Menina, que suspense! Estou torcendo por este amor!rss
    Beijinhos!

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  4. clara você tem a arte de contar história. que bom. isso é tao preciso. rubem alves se diz hoje um contador de historia, acho que é por isso que eu o admiro tanto. lindo caminho. parabens. abraços lamarque

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  5. Olá,Clara!!

    Puxa...situações assim complicam a vida...
    Um belo texto!
    Feliz Páscoa!!Que seja de amor,paz e renovação!
    Beijos!

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  6. Ainda bem que o mundo não acabou rsrsrsr
    E vamos saber o final da história.
    Curiosidade mata a gente srrsrs
    Beijos.

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Uma história muito bem contada! Adorei e voltarei para ler a continuação.
    Uma Páscoa feliz.

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  9. Olá!
    Boa noite!
    Desejar uma Feliz Páscoa!
    Beijos
    (voltarei com mais vagar, para ler)

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