quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Rainha - parte III - final

Continuação...

Leia a primeira parte
Leia a segunda parte




Depois de chorar muitos dias e sendo reprimida por seu pai que nada entendia de relacionamentos, Milene teve que contar a verdade à sua família.
A notícia de sua gravidez caiu como uma bomba naquela casa com regras rígidas e severas. Seu pai não aceitava de jeito nenhum uma filha mãe solteira, e Milene, com vergonha, não tinha coragem de contar quem era o pai. Apenas disse que o rapaz foi embora da cidade depois do rodeio e nunca mais voltou.
Como poderia uma simples caipira pobre, bater de frente com o rei da cidade? Melhor ficar calada e aguentar as consequências.
Depois de muitas brigas, agressões verbais, ameaças de morte, de afogar o seu filho quando nascesse, tanto do pai quando dos irmãos, resolveram por bem mandar Milene para longe daquela cidade, numa fazenda de uma tia-avó, que a receberia até nascer o bebê.
Milene arrumou a mala e seguiu sozinha de ônibus, apensar de seus quinze anos.
No local onde era para descer, não desceu. Resolveu seguir viagem para a cidade mais próxima e ali se arranjar como pudesse.
Ninguém saberia de seu paradeiro. Milene estava cansada de ser tratada como um traste, como um objeto e temia pela vida de seu filho, quando tivesse que voltar para a casa de seus pais.
Desceu na rodoviária de uma outra cidade pequena, comprou passagem para São Paulo e seguiu.
Sozinha, numa cidade grande, perdida, mas confiante de que, mesmo sem conhecer nada e nem ninguém, poderia começar uma vida longe de todos.
Tudo muito difícil, gente estranha, com pouco dinheiro, dormindo na rua, pedindo comida pelos bares, em troca de trabalho e...
Numa dessas noites, uma van daqueles projetos solidários da cidade, parou próximo a ela, que já estava com a barriga bem grande, de sete meses. Talvez seria a salvação de Milene e de seu filho. Chegou até eles que estavam distribuindo sopa e começou a perguntar por algum lugar em que ela pudesse ficar, em que pudesse trabalhar e depois ter seu filho.
Uma mulher, comovida com sua história, e pensando que ela fosse sozinha no mundo, a acolheu e a levou a um abrigo de adolescentes grávidas.
Lá ficou até que seu filho, ou seja, sua filha nascesse. Izabel nasceu saudável, mas bem abaixo do peso normal. Linda como o pai. Isso Milene teria que aguentar o resto da vida: ficar olhando a filha e se lembrando daquele pai que nem sequer quis saber se nasceria ou não.
Ficou no abrigo até acabar o resguardo e já foi encaminhada para uma outra fundação acolhedora, onde trabalharia e cuidaria de sua bebê, bem de perto.
Tempos difíceis para uma adolescente, mas Milene não sentia falta de sua família. Sempre a trataram como um objeto de decoração, sem um mínimo de afeto e atenção. Estava bem agora, ali com sua filha que crescia cada vez mais.
Enquanto isso, em sua cidade natal, sua mãe sofria pela falta da filha e seu pai agradecia por "aquela" ter sumido no mundo.
Milene agradecia a Deus todas as noites e pedia proteção por ela e pela filha, e que nada de básico lhe faltasse nunca. E sempre foi atendida em suas orações.
Com o passar do tempo e já com Izabel crescida, Milene arrumou um emprego em um restaurante num bairro simples. Sua filha ficava na creche e já tinha um lugar, um cômodo só seu para morar, mesmo sendo numa favela. Tinha alguns amigos que sempre a ajudavam e nunca mais teve notícias de sua família.
O dono do restaurante era um senhor, bem simpático, viúvo e que se encantara com a doçura de Milene.
Aos poucos, seu Alberto ficou sabendo de toda sua história e ficou cada vez mais encantado.
Num dia com pouco movimento, seu Alberto chamou Milene num canto e lhe fez a proposta:
- Você gostaria de se casar comigo? No cartório, tudo certinho? Eu cuido de você e de sua filha...
Milene caiu num choro e se lembrou daquele que a modificou a vida, daquele rei da cidade, daquele homem rico que a fez perder o juízo, e não conseguia responder.
- Olha, não precisa chorar, eu te dou o tempo que você quiser pra pensar... pense com carinho... eu sou sozinho também e te respeito muito. Podemos um cuidar do outro. Eu tenho condições financeiras pra te sustentar e dar estudos pra sua filha. Vai ser tudo no papel, você terá a garantia que quiser. Pense com calma e depois me responda....
Milene, assustada com tudo isso, pensou que nada poderia perder. Já que não acreditava no amor e nunca fora respeitada por ninguém, essa ideia a agradava muito.
Conversou com amigas, e também foi até aquele abrigo conversar com aquela mulher que a acolheu e que se tornara sua segunda mãe.
A mulher a apoiou e se ofereceu para ajudá-la no que fosse preciso.
- Eu aceito, seu Alberto!
Se casaram no civil, Milene foi morar na casa de seu Alberto, agora Beto para ela, e era tratada como uma rainha, assim como aquele rei da cidade era tratado. Só que agora com todo o respeito que sempre quis.

5 comentários:

  1. Gostei!!!!

    Adoro Finais Felizes.

    KK

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  2. Obaaaaaa! Mais historinhas por aqui! :) Vou deixar aqui minimizado enqto trabalho para ir espiando e lendo os capítulos! ;)
    Beijo, beijo minha Linda e excelente final de semana!
    She

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  3. Aí Clara

    Parabéns. Uma história com um final feliz.


    Um bom domingo para você.
    Beijos

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  4. Só agora consegui ler.Adorei! Ficou tri!!!beijos,chica

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  5. Clara,li atrasada, mas cheguei!...rss...gostei do desfecho para a história!Realidade, mas com final feliz!Bjs e bom domingo!

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